Capitulo 15
Paloma passou o restante do dia tentando ligar para Cali, mas a garota não a atendeu. Ficou imaginando o que estaria passando dentro daquela cabecinha loira depois de Andréia atender seu telefone. Aquilo acontecera por um vacilo seu. Não havia mais nada entre ela e Andréia, mas convencer Cali disso seria um verdadeiro desafio.
Era noite quando Paloma enfim chegara a sua casa, após um dia puxado. Passou pelo apartamento de Cali que aparentemente não estava lá. Ela decidiu, então, pedir a ajuda de Fábio. Logo, Paloma relatou para o amigo os últimos acontecimentos.
- Cara, você tem um problema - Considerou Fábio.
- É o que estou dizendo, gênio. - Disse Paloma, impaciente. - Parece que ela está me evitando.
- Então, o que você vai fazer sobre isso?
- Você vai fazer, Fábio. Quero que faça a Cali abrir a porta para mim.
- Desculpe, Paloma. Mas não vou me meter nessa confusão. Você que tem que se entender com ela.
- Por favor, Fábio!
- Não, Paloma - Negou Fábio, enérgico - Vocês duas são muito complicadas!
- Está bem, você tem toda razão. Eu estou sendo covarde, mas é que ela mexe demais comigo. - Confessou Paloma. - Aquela garota me enlouquece!
- Isso é amor, Paloma. Você não pode fugir disso.
- Eu não estou mais fugindo, Fábio. Tentei fazer isso ficando com a Andréia e só piorei as coisas. –-Reconheceu a garota, tristemente - Bem, vou lá. Uma hora ou outra ela vai ter que abrir aquela porta.
- Boa sorte, querida- Desejou Fábio, sincero. - E trate de se acertar logo com essa menina!
***
Para a surpresa de Paloma, Cali a recebeu prontamente. A loirinha não parecia nada feliz e foi logo falando de sua insatisfação.
- Por que ela atendeu seu telefone? - Acusou Cali.
Paloma suspirou.
- Estávamos almoçando e precisei ir ao banheiro, havia esquecido o celular... - Explicou Paloma.
- E estava almoçando com ela, não é?
- Sim, você sabe que treinamos juntas - Falou Paloma, com cautela. - Cali, não precisa sentir ciúmes da Andréia, confie em mim!
- Em você eu confio, eu não confio é nela!
Paloma ficou mais calma com as palavras de Cali. Mas a batalha ainda não estava ganha, Cali parecia muito inquieta.
- Então, foi por causa disso que não atendeu meus telefonemas? - Perguntou Paloma.
- Desculpe, não conseguia falar com você sabendo que estava com a Andréia. Não fico tranquila com ela do seu lado o tempo todo. Aposto como fica dando em cima de você...
- Não se preocupe com ela.
- Ela dá em cima de você? Seja sincera, Paloma.
- Andréia sempre foi assim, mas não deixo ela se aproximar.
- Eu sabia! - Disse Cali.
- Cali, estou falando a verdade. Você não precisa se preocupar.
- Eu sei. Mas não consigo me controlar sabendo que tem alguém do seu lado - Reconheceu Cali - Além do mais, não consigo esquecer que somente duas noites atrás você estava com ela.
- Mas não estou mais com ela. Estou com você aqui e agora.
Cali que tinha evitado olhar para Paloma desde que ela chegara, decidiu encará-la.
- Eu sei disso - Disse Cali, gentil - Eu não sei o que está acontecendo comigo, eu nunca tive ciúmes. É um sentimento novo para mim. Aliás tudo tem sido muito novo para mim.
- Eu entendo, Cali. Mas ainda tem uma coisa que quero te dizer e não quero que fique chateada comigo, por favor.
- E o que é? - Perguntou Cali, curiosa.
- Bem, surgiu um problema com nossos patrocinadores e eu precisarei viajar amanhã para a capital.
- E você pretende ir sozinha? - Perguntou Cali já adivinhando o que Paloma diria a seguir.
- Não, Andréia terá que ir comigo.
- Não acredito!
- Entenda, Cali. Temos os mesmos patrocinadores...
- Vocês vão de carro? - Interrompeu Cali.
- Sim.
- No seu carro?
Paloma confirmou mesmo diante da incredulidade de Cali.
- Que legal! Você duas sozinhas, durante horas no mesmo carro - Constatou a garota - Onde vão ficar?
- Num hotel - Disse Paloma.
- Quando você volta?
- Espero estar de volta no sábado se tudo correr bem. Na pior das hipóteses, estarei aqui no domingo.
- Ainda não acredito que você vai passar esse tempo todo com ela. E longe de mim...
Paloma aproximou-se da garota mais baixa, queria desesperadamente tocá-la. Passara o dia inteiro pensando em Cali, mas as circunstâncias impediram-nas de se encontrarem durante aquele dia. A noite passada havia sido perfeitas para ambas. Não tinham palavras para descrever a paz que haviam dividido naquele momento.
Cali não fez objeção quando Paloma a abraçou. Ela estava cansada depois daquele dia. Havia passado por muito estresse diante dos ciúmes que começou a sentir de Paloma. Mas desejava poder está novamente nos braços aconchegantes dela.
- Senti saudades - Sussurrou Paloma ao ouvido de Cali.
Cali estremeceu ao senti o hálito quente de Paloma em seu pescoço.
- Eu também senti saudades.
As duas desfizeram o abraço e ficaram-se admirando um instante.
- Cali, eu... - Disse Paloma, acariciando o rosto da garota mais baixa. - Eu...
- Porque não me beija logo? - Perguntou Cali, séria.
Paloma não esperou nem mais um instante antes de colar seus lábios nos de Cali que a recebeu ávida. As duas beijaram-se demoradamente.
- Você tem que ir agora - Anunciou Cali, de repente separando-se de Paloma que a olhou sem entender nada.
- Paloma, não esqueça que você tem que viajar amanhã com... com
Cali não conseguiu pronunciar o nome de Andréia.
- Não esqueci - Disse Paloma, desapontada - Mas pensei que poderia ficar aqui com você hoje.
- É melhor não - Disse Cali, sem dá mais explicações.
- Não estou te entendendo Cali, achei que estava tudo bem entre nós...
- E está, meu bem - Disse Cali segurando a mão de Paloma. - Mas é que ainda não digeri essa sua história com a Andréia... quando você voltar conversaremos melhor.
Paloma olhou-a confusa, mas não queria insistir nessa história.
- Tudo bem, eu vou embora.
- Espero que tenha uma boa viagem, Paloma - Desejou Cali, com amargura.
- Obrigada.
- Boa noite - Disse Cali, dispensando Paloma.
- Boa noite.
***
Paloma saiu cedo no dia seguinte e não viu mais Cali antes de viajar.
Aquela viagem seria muito inoportuna para Paloma por vários motivos. Ficar tantos dias longe de casa, logo quando ela estava tentando se entender com Cali era um deles. Além do mais, teria Andréia o tempo todo ao seu lado, não que a garota não fosse boa companhia, porém não poderia confiar que Andréia não tentaria agarrá-la. Ultimamente, a garota estava se saindo uma pessoa muito assanhada para o gosto de Paloma.
Seus medos se confirmaram.
Nos primeiros dias na capital tudo corria bem para Paloma. Ela e Andréia renovaram seus contratos com alguns patrocinadores e estavam a ponto de fechar um novo patrocínio. O único incômodo para Paloma foi não ter recebido nenhum telefone de Cali. Conseguira notícias suas somente através de Fábio. O amigo mal vira Cali aqueles dias, a garota parecia estar bastante envolvida com o projeto de Bob e não parava em casa.
No segundo dia na cidade, Paloma decidira ir dormir cedo apesar do insistente convite de Andréia para levá-la a uma balada LGBTQIA+ local. A verdade era que estava cansada de Andréia que não perdia uma oportunidade de insinuar-se para ela. A garota parecia não ter entendido nenhum dos foras que Paloma lhe dera. Tinha-se tornado cada vez mais inconveniente, parecia que aquela viagem significava para Andréia a última esperança de convencer Paloma de que deviam ficar juntas.
Após tomar um bom banho, Paloma apagou as luzes e deitou-se para dormir na cama de solteiro no quarto em que estava hospedada com Andréia. Na escuridão, ela pensou na falta que Cali lhe fazia. Queria beijá-la novamente e tê-la em seus braços. Adormeceu com a imagem de Cali em sua mente e logo estava tendo um de seus sonhos molhados com ela.
No sonho, Cali aparecia em sua cama e a beijava como da primeira vez, só que agora estava deitada sobre Paloma que a puxava cada vez mais para si. Paloma ofegava, entregando-se cada vez mais ao beijo enquanto sentia uma mão curiosa remexendo o seu sex*.
De repente, Paloma acordou dando-se conta que não estava sonhando...
- Você! - Gritou ela, assustada.
Andréia estava completamente nua em sua cama.
- Por que parou, amor? Estava tão bom... - Disse Andréia, com descaramento.
Paloma empurrou a garota deitada sobre ela para o lado, ficando em pé de um salto.
- Porr*, Andréia! Por que fez isso? - Perguntou Paloma levando às mãos a cabeça.
- Porque eu quero você e você me quer, linda. Volta para cama e vamos terminar o que começamos...
- Não vamos terminar coisa nenhuma - Disse Paloma, furiosa - Volta para sua cama Andréia e para de invadir meu espaço pessoal sem permissão.
Andréia não se deixou abalar pela irritação de Paloma.
- Eu quero você agora, Paloma. Volta para cá, eu sei que você estava gostando!
Paloma não conseguia acreditar na ousadia de Andréia, ela já havia ido longe demais com aquele jogo de sedução. Era hora de dá um basta de vez naquilo.
- Olha aqui, Andréia. Não me interessa que motivos levaram você a fazer isso, mas nunca pensei que você fosse capaz de jogar tão baixo invadindo assim a minha privacidade. Se você tem ainda um pingo de dignidade vai sair agora mesmo da minha cama.
- Desculpe, Paloma. Mas não tenho mais dignidade desde que me apaixonei por você.
- Andréia, chega, não vou mais passar a mão na sua cabeça. Você vai sair da minha cama agora e pelo amor de deus coloque sua roupa!
Andréia obedeceu. Seu último tiro não havia acertado o alvo. Era hora de dar-se por vencida.
Quando Andréia enfim retirou-se de sua cama. Paloma voltou a enrolar-se com seus lençóis e evitou Andréia. Acreditava que ela não seria mais tão cara-de-pau de se meter em sua cama novamente.
Paloma não conseguiu voltar a dormir. Andréia aproveitara-se de sua fragilidade já que Paloma estava entregue a sonhos com a única garota que desejava em sua vida. “Droga! Droga! Droga!”, Pensou, frustrada.
Naquele noite, Paloma tomou uma decisão. Resolveria tudo o que pudesse na sexta-feira e viajaria de volta para casa no sábado sem Andréia. Não era educado de sua parte negar carona a alguém, mas Andréia fizera por onde merecer àquilo. Precisava voltar para Cali e dizer tudo o que estava engasgado em sua garganta. Precisava dizer que era por ela que seu coração batia mais forte.
Fim do capítulo
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Marta Andrade dos Santos
Em: 23/11/2022
Eita Andreia tu é um caroço sai fora encosto.
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