Capitulo 55
CAPÍTULO 55:
AS GUERREIRAS
No momento em que o grito de Gilles pedindo socorro, foi ouvido entre um corpo de demônio sendo exterminado ou rasgado, dependendo da loba que lutava. Quando todas se viraram e viram Gilles com um corpo em suas pernas e o sangue lavando o solo, as lobas enlouqueceram correndo de um lado a outro.
Eu também me virei para avisar que estava bem, que ninguém tinha me acertado e já estava voltando para ajudar a loba que tinha sido ferida e estava caída, quando vi meu corpo coberto de sangue estirado bem próximo ao local onde eu estava.
― Não...Não. eu não morri, eu não posso morrer...tenho uma vida inteira pela frente...uma missão. Tenho um propósito de vida e o meu é resgatar o anjo, ter uma filha e liderar um exército. Não cabe nos meus planos morrer, jamais esteve nem nos meus pesadelos, afinal o que diabo está acontecendo?
Sentei bem próximo a Esther que ainda continuava sentindo dor, quem sabe ela, Agatha ou Gilles poderia me sentir, fiquei observando Agatha passar uma pomada no peito de Esther e dar massagem, Esther gritava de dor enquanto Agatha passava o creme em seu peito para aliviar a dor.
Ameth fez um círculo de gelo sólido ao redor de todas nós e passou para apoiar meu corpo enquanto Gilles pulava para fora do círculo e liberava fogo por todo o descampado, tudo virou uma grande fogueira, as casas abandonadas não suportando o calor vieram abaixo, ouvia-se gritos horríveis dos monstro que ainda restaram sendo queimados, quando tudo ficou em silêncio e só o lamento do meu povo era ouvido, Gilles caiu sem forças fora do círculo, Agatha passou caminhando atravessando o gelo que derretia abrindo passagem, pegou Gilles e colocou em seu ombro, voltando para onde estávamos.
― Esther melhorou? Acha que já pode caminhar? Temos que sair daqui, não é seguro, todos devem ter visto o fogo da Gilles.
Rapidamente minha beta se levantou.
― Estou bem, nunca estive doente, Ameth você ajuda a Nahemah. ― E virando-se para a filha de Lúcifer, que por sinal já estava bem melhor, com a parte do pé que foi amputado já quase todo completo se regenerando. ― Sem gracinhas dessa vez, eu não estou com paciência e peça a qualquer anjo ou demônio para devolver minha alfa, caso contrário, você morre hoje e da forma como eu te matar, garanto que não volta mais.
Nahemah olhou para Esther muito séria e falou.
― Chame sua alfa pela ligação de vocês, tente encontrar a alma dela no submundo e traga de volta.
Esther só olhou atravessado e continuou com as ordens.
― Jana me ajude a colocar as armas da Nara nas minhas costas, e você carregue a da Gilles vou colocar uma nuvem de pó cobrindo a todas nós, esse pó vai te dar alergia Nahemah, não tussa ou se cose vai ser rápido. Vamos usar os teletransportes já conhecemos a montanha, vamos ficar no mesmo local onde fizemos o ritual.
Na mesma hora Agatha desapareceu, Ameth aos prantos ajudava Nahemah a ficar de pé, colocou a deusa no ombro olharam para todo lado tentando fugir de emboscadas, e também sumiram.
Eu não ficaria de forma alguma longe delas. Quando pensei em me teletransportar eu já estava lá, cheguei primeiro do que minha beta, comigo no ombro, estava morrendo de medo de ficar só.
Fiquei olhando todas chegarem e não reconheci o local onde estava, não era o mesmo onde foi feito o ritual, esse estava bem mais diferente e escuro assim mesmo Esther depositou meu corpo no chão e tirou a tampa dos potes rasgou com os dentes mesmos a sua garrafinha de água e foi misturando pó lá dentro e veio para onde meu corpo permanecia inerte.
― Agatha me ajuda a passar esse creme no peito dela no local da ferida, isso vai ajudar a cicatrizar. — Enquanto passava procurava em todas as direções, talvez ela estivesse tentando se comunicar através da nossa ligação que tal se eu desse uma ajudinha?
― Esther aqui do seu lado eu não consigo entrar na sua mente, mas você pode entrar na minha. Vamos lá madrinha, você é a mais foda de todas as bruxas, tenta! ― Toquei em seu braço em vão, ela nada sentiu, nem sequer olhou para onde eu estava.
― Ela não vai te ouvir. — Se não tivesse sentada tinha caído de susto e medo, Nyxs quando me viu assustada sentou ao meu lado e continuou o que dizia. ― Mesmo que vocês duas tenham a ligação de betas e alfa, nós estamos em um mundo paralelo de espera, quem está onde elas estão não podem ter contato, ver ou sentir quem está desse lado. ― Nyxs chegou mais perto e já foi logo cruzando nossos dedos, eu olhei meio de lado para as mãos ligadas e a mesma sensação de paz que eu tinha quando ela aparecia, eu estava sentindo agora, um monte de perguntas veio na minha cabeça e na mesma hora passou, em não conseguia lembrar o que iria perguntar. ― Eu também queria ter as respostas para suas perguntas, mas não tenho. ― Nyxs soltou minha mão, quando ia pedir para ela não me deixar ali sozinha, ela sentou atrás da minha costa e me puxou para ficar entre suas pernas, e para mim naquele momento foi como voltar pra casa, tudo nela me lembrava minha casa minha reserva o lugar eu gostaria de ficar, estava tão aconchegante, que foi impossível não fechar os olhos com sono, engraçado que desde que começou essa jornada louca era a primeira vez que eu sentia sono, soltei o peso do corpo no dela e abracei seus braços que estavam me abraçando me ajeitando mais em seu peito.
― Acorda Nara, não dorme. — Ouvi a voz melodiosa da loba prateada longe e foi como uma carícia manhosa, que invadia tudo em mim, tentei abrir os olhos, mas estavam muito pesados. ― Abra os olhos meu girassol, você não pode dormir, a flecha que te acertou contém veneno de freixo, se dormir ele se espalha mais rápido.
Eu ouvia tudo e sentia ela beijando meu rosto, pescoço, e olhos, mas foi quando sua boca encostou na minha que tudo mudou, um fogo começou a queimar subindo dos meus pés e ameaçando incendiar, mas ela parou o que estava fazendo e o fogo aos poucos foi morrendo, ouvi a voz de outra pessoa, eu queria tanto abrir os olhos, a voz era da minha beta até que enfim, ela tinha encontrado um meio de chegar até a minha mente.
― Acorda ela vadia, ela não pode dormir. ― Por quê minha beta gritava assim com a Nyxs?
― Já tentei de tudo, ela está mole, sem reagir, eu não sei mais o que fazer. Cadê Heloise e companhia por que ela está demorando? ― A voz da Nyxs parecia desesperada, eu a sentia chorando e suas lágrimas molharem meus ombros se eu tivesse forças eu beijaria cada olho prateado em forma de agradecimento por seu cuidado comigo, ela era tão parecida com Ameth sua mãe, como eu fui egoísta das vezes em que a vi, neguei a minha amiga a visão da filha, talvez esse fosse o meu castigo, passos soaram adentro o lugar onde eu estava.
― Ainda bem que chegou, trouxe as ervas? ― Esther falava com a pessoa que acabou de chegar.
― Trouxe sim. Para onde foi a Iara? Essas ervas têm que ser piladas por ela e pela INAE, elas duas têm o dom herdado da mãe, embora não gostem de usar, mas nesse caso é exceção, elas vão fazer pela nossa alfa.
― Ela foi soprar no ouvido da mamãe para onde levar o corpo da alfa.
Mas o que diabos estava acontecendo. Quem eram essas pessoas? Será que eram demônios com as vozes da minha beta para poder terminar o serviço. Eu tinha que acordar, eu precisava abrir os olhos, antes que terminassem de me matar.
― A pulsação dela está bem fraca, a quanto tempo ela dorme? ― A voz da pessoa parecia com a de uma médica com tanta pergunta. ― Termina logo isso INAE, a Esther conseguiu te ouvir?
Espera quem diabos era essa INAE e a tal da Iara? Se tivesse forças eu perguntaria a Nyxs, mas se estavam com ela talvez não fosse demônios querendo me matar, ainda bem, ia só tirar uma sonequinha estava muito cansada.
― Porr* Nyxs acorda tua parceira, ela não pode dormir. Conversa com ela!
― Heloise nunca mais repita isso, ela pode ouvir tudo que a gente fala.
― Que escute qual o problema? Vai mentir pra ela até quando?
― Ela é feliz no mundo dela com a garota que a loba dela escolheu, nunca vai me ver da mesma forma.
― Escolheu mas não reivindicou, elas nunca completaram o laço, nunca fizeram o ritual de acasalamento. Nunca proferiram as palavras mágicas e sabe por quê? Porque no fundo a loba sabia que ela não era a sua companheira de alma.
― Mas a Nara não sabe disso, ela acha que está tudo bem e é feliz assim, eu não vou intervir na vida delas e ponto final.
― Nem que seja para salvar a vida dela? E quanto a Nalum já pensou que a sua atitude pode também prejudicar a sua filha? Nyxs ela está morrendo, ela precisa que faça o que tem que ser feito, depois você terá o resto da vida para tentar explicar e se ela te odiar, você também vai aprender a conviver com isso. ― Eu queria tanto saber quem falava, essa voz eu não conhecia.
― Não me peça isso Heloise, seria tirar dela o poder de escolha, eu não tenho esse direito.
― Mas mulher ela também te quer, só não sabe disso! Nós vimos como ela fica quando está perto, ninguém tem aquele tesão do nada.
― Eu sei, mas eu precisava de tempo para poder conquistá-la e fazer coisas que as pessoas apaixonadas fazem, até ela começar a gostar de mim.
― Mas tu não tens esse tempo vadia, a vida dela está acabando, olha lá o desespero do nosso povo. ― A garota com a voz que eu já tinha escutado, mas não sabia de quem era, falou.
Eu queria também ter olhado para ver as pessoas que amo, mas não vi, estava sem forças para olhar para qualquer lugar, tudo que eu queria era me estirar por completo e permanecer abraçada a Nyxs seu cheiro e sua pele me deixava calma.
― Passa ela para meus braços Nyxs vou voar até aquela caverna, ela não pode ser teletransportada está muito fraca. Você e as gêmeas se teletransportarão, nosso povo vai ficar bem pertinho, as sombras da minha mãe vão saber onde estamos.
Senti um corpo macio me abraçar e ouvi o bater de asas, sabia que estava voando, só não sabia se era pra cima ou pra baixo, fui depositada em cima de algo que parecia folhas, o cheiro de plantas da Amazônia invadiu o ambiente.
― Nyxs abra a boca da Nara e coloca a calda das folhas dentro tenta fazer ela engolir pelo menos um pouco.
Senti mãos cheias de calos acomodar minha cabeça em suas pernas pegar, meu queixo e lábios e com carinho forçar para abrir em sentidos contrários, um líquido amargo tomou conta da minha boca e lá ficou, não desceu como era de esperar. As mãos massageavam toda a parte da minha boca na intenção de fazer o líquido descer, mas nada acontecia, senti uma mão esfregar um líquido gelado em cima do meu peito do lado onde fica meu coração e não acontecia porr* nenhuma.
― Abre mais Iara! Corta na largura de três dedos na vertical, isso aí maninha, Nyxs mastiga a tanchagem quando estiver bem triturado cospe na mão e coloca aqui onde a flecha entrou e soca bastante com os dedos.
Eu ouvia tudo, algumas coisas entendia outras não, mas sabia que aquele grupo ali era as descendentes, as filhas do meu povo, as guerreiras, estava faltando as filhas da Ananya.
― Olha Nyxs suas irmãs chegaram trazendo todas, conforme estava escrito, vão ficar lá fora próximo a nosso povo, assim que terminar aqui, também vamos pra lá. Para que vocês tenham privacidade.
Ouvi elas falarem que todas estavam ali onde estava Nalum que eu não ouvia sua voz, queria ouvir o som da sua gargalhada, e dizer o quanto ela se parecia com meu pai, ia falar da saudade que eu sentia, queria dizer tantas coisas que eu não disse, a chuva começou a cair fraquinha em cima de mim o cheiro de hortelã e canela subiu com o cheiro de chuva.
― Não está adiantando Heloise, ela está morrendo.
― Pare de chorar e tome uma atitude, foi para isso que recebemos permissão para viajar para o passado.
Acho que eu estava delirando, não entendia mais nada, só pedaços de conversas, mas sabia que se a Nyxs não tomasse uma atitude eu morreria e eu não queria morrer.
Fim do capítulo
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