Capitulo 54
CAPÍTULO 54:
FREIXO
Todas nós olhamos ao mesmo tempo, lá embaixo, no local onde forjamos as espadas, no pé da montanha, tinha virado um campo de concentração para todo tipo de ser do submundo, arrastando alguém que eu achava que nunca fosse se deixar ser aprisionada. Um dos demônios mais altos colocava Nahemah, que pelo jeito que estava sendo carregada, deveria estar desmaiada.
O monstro deitou o corpo da deusa do quadril para a cabeça em cima da peça de ferro, a parte inferior dos membros ficou pendurada com as pernas e coxas separadas e os braços e o pescoço presos a correntes, seria impossível ela se mexer sem quebrar o pescoço.
A maneira como a depositaram e o fato dela estar nua não restava dúvidas do que pretendiam fazer com a rainha da sedução, a filha de Lúcifer tinha levado uma surra e tanto, um demônio ou vários a torturam com um prazer doentio para deixá-la naquele estado.
Momentos antes ela tinha nos dito que estava cansada e queria pedir perdão e ganhar o direito de uma vida nova, terá sido esse o motivo de não ter reagido? Quem será que a torturou dessa forma e por quê? Sua cabeça estava torta de uma forma errada, faltando a metade de uma das pernas e os braços quebrados, completamente nua, e muitos dos demônios também nus, eu tinha certeza, que ali todos os machos iam ter sex*, independente de ela estar consciente ou não, pelo semblante deles, aquele ato seria uma desforra, uma maneira de descontar cada vez que foram rejeitados ou quem sabe até menosprezado, uma vez que nenhum deles tinha algo que pudesse afirmar ser belo e Nahemah parecia ser uma amante exigente.
― Vamos descer. ― Nem vi quando dei a ordem ou quando as palavras foram puxadas da minha boca.
― Está mesmo querendo descer e comprar uma briga que não é nossa? Porque se for isso eu estou dentro. ― Gilles já estava de pé ao meu lado.
― Quando precisamos ela ajudou, não podemos deixar que eles transem sem o seu consentimento. O que me diz Esther? ― Tudo que minha beta fez foi olhar a multidão lá embaixo exibindo aquele sorriso sinistro e cheio de dentes, quando me encarou novamente foi para falar o que eu já sabia.
― O que eu digo, se não fosse forçado ela até gostaria de trans*r com aquela multidão ali… mas à força, sem direito de escolha e após ser espancada, não é justo, vamos descer sim e por favor não mate nenhum, arranque no tronco o pau e os ovos, com o pau vou jogar um feitiço eu mesma vou sentar cada um em cima do próprio pau e obrigar eles a goz*rem para ver se é bom. ― As meninas pularam um passo para trás olhando minha beta tentando saber se o que ela falava era verdade.
― Não se preocupem, ela está falando a verdade, vamos correndo já que não podemos nos teletransportar e pra baixo todo santo ajuda.
Correr era nosso maior prazer, com armas extras e adrenalina a mil, ora eu liderava a alcateia, ora eu ficava para trás, o cheiro da caça atiçava nosso olfato, que diferencia cada tipo de sangue que circula na veia da caça, também dava para sentir o mau cheiro de macho excitado, do fedor de suor e testosterona no ar, também dava para sentir o cheiro angelical doce de hortelã, será que algum daqueles desgraçados tinha copulado ou violado um corpo puro?
― Oi.
Ao ouvir a voz grudada no meu ouvido bem ao meu lado, eu me assustei e esqueci para que lado estava correndo.
― O que está fazendo aqui? ― Eu perguntei no meio de uma batalha emocional entre assustada, nervosa e ansiosa.
Ela não respondeu pegou minha mão e entrelaçou nossos dedos sempre sorrindo, acho que ela sabia, que dentro de mim estava explodindo uma chuva de fogos, não sei explicar direito, mas é algo parecido com subir um local bem alto e despencar lá de cima sem paraquedas, ou a emoção muito parecida de quando desci num tobogã uma vez quando fui na cidade dos homens.
― Eu vim proteger você. ― Ela falou olhando de rabo de olho, para o meu lado enquanto corríamos.
― Se for só isso, pode voltar, eu tenho minha beta, para esse tipo de coisa. ―Eu queria mesmo que ela fosse embora, mas quando falei minha voz saiu irreconhecível, saiu como se eu pedisse para ela ficar, acho que foi a forma como ela me olhou que deixou minha voz mole.
― Pode ser, mas minha avó não segura sua mão assim. ― Ergueu nossas mãos para que eu visse, foi então que a ficha caiu, sua avó era minha beta, sua mãe minha melhor amiga e eu uma loba laçada ali de mãos dadas como uma adolescente, com uma garotinha que ainda deveria ser uma criança. E pior, eu estava indo para uma batalha e não para um cinema, puxei minha mão, resolvida a acabar com essa brincadeira. ― Medrosa…
A ponta da sua língua circulou minha orelha no momento em que ela falou isso, aquilo que eu tinha entre as pernas ficou duro como pedra, chegando a doer, Nyxs segurou novamente a minha mão olhando para o meio das minhas pernas, farejou o cheiro no ar e sorrindo sumiu.
― Cara eu já vi de tudo nessa vida, mas alguém ficar com tesão numa corrida é a primeira vez. ― Esther me olhava sem acreditar no que estava vendo.
― Estamos todas sentindo Nara, pensando em comer qual daqueles demônios ali na frente? ―Ameth perguntou mais adiantada e todas riram, eu fiz de conta que não estava nem aí, mas a voz da Nyxs ficou gravada na minha memória.
“— Medrosa…”
Eu nunca fui medrosa, nunca tive medo de nada, logo não me atingia.
Foquei somente no que estava por vir ali na frente e foi o suficiente para acalmar as batidas do meu coração, que não sei porque estavam aceleradas além do normal, lutas como aquela,eu travava com humanos, com seres de outras raças, desde os meus quinze anos, não era novidade para todas nós, mas não era motivo para ficar nervosa, aos poucos a adrenalina do combate me atingiu, minha loba pinoteia querendo tomar a frente, eu já tinha visto ela nessa alegria antes, a briga entre nós duas estava acirrada, quando cheguei no terreno plano, quem assumiu foi eu e não a loba, a desgraceira já estava rolando com lobas e demônios numa luta corporal sem palavras, só o tilintar das espadas e machados se ouviu, e gritos, muitos gritos.
Gilles liberou as sombras que estavam barbarizando sufocando as vítimas enquanto ela mesma correu de encontro a Nahemah que estava desmaiada.
― Esther um pozinho aqui cairia bem, não dá para tocar nessas correntes. ― Gilles gritou passando por baixo das pernas de um demônio de duas cabeças que se aproximou na intenção de pegá-la desprevenida, as sombras seguraram em seus braços prendendo-o no chão vi a espada da Gilles subir mais alto que sua cabeça quando o grito ecoou não foi o do seu oponente mais o da Esther, que esqueceu da ordem que deu, e passou o machado das filhas partindo demônio em duas partes que se debatia no chão espalhando tripas por todo lugar, ela olhou pra mim e tudo o que disse quase me faz rir.
― Que bosta esqueci que não era para matar. ― O semblante feroz transparecia tudo menos arrependimento, no mesmo instante, ela limpou uma parte do sangue do corte superficial em seu braço com o gume do seu machado e limpou o mesmo na roupa do morto e já correu mais para a frente onde estava Agatha com duas facas uma em cada mão enfiav* na garganta de outro.
Quando dei atenção para o meu perímetro, surgiu um demônio do nada e por pouco não arrancou meu braço, se Ameth não tivesse gritado do lado onde lutava com duas fêmeas,
― Cuidado Nara, à sua esquerda! ― Agora eu estaria aleijada. Virei para minha direita voltando com a espada do gelo para esquerda.
― Laevataein é com você.
Senti quando a espada assumiu o comando decepando os dois braços do demônio de só vez com um golpe preciso reto de cima para baixo, sem deixar defesa para o oponente. Os cotocos de braços foram congelando para dentro das veias que pararam de derramar sangue, ele olhou pra mim surpreso e irônico ao mesmo tempo.
― Acho que sua espada não merece o nome que tem, como pode ver parei de sangrar vadia. ―seu sorriso zombeteiro não deixou ele ver o óbvio.
―Se enganou, ela merece o nome que tem, se ainda não viu, você está morrendo em pé, olhe direito para o que sobrou dos seus braços.
Foi então que ele parou de sorrir e ficou olhando os pedaços caindo em pedras de gelo que se espatifavam no chão molhando o solo quando derretia. Dei um tchauzinho com as pontas dos dedos e pulei para o próximo, ainda ouvi ele praguejando.
Esse meu oponente parecia entender muito bem como duelar e a dança das espadas, empunhava o cabo da sua com a mão direita na parte superior do cabo e com a esquerda na parte inferior próximo do pomo tendo assim uma amplitude maior, seus pés faziam a dança sem parar no local o que me deixava em alerta esperando o primeiro golpe para neutralizar ou atacar.
Sempre de olho na posição dos seus pés quando ele deu dois passos à frente, eu dei dois atrás na defesa, eu esperava que ele viesse para cima, e foi exatamente isso que ele fez, deu dois passos à frente assumindo a liderança do duelo, lançando a espada em minha direção com um reto de cima pra baixo e voltando com outro reto esse de baixo para cima, o filho da puta estava me colocando numa posição delicada e acuada.
O demônio sorrindo de contentamento crente que me derrubar era questão de segundos, lançou uma diagonal de esquerda me deixando sem ação, eu tinha que pensar rápido para atacar, por enquanto só ele usava os golpes invadindo meu espaço e dominando por completo o combate, eu jamais invadiria a mente de um adversário para saber qual seu próximo passo, mesmo que isso me tornasse vencedora do confronto.
Em um combate de espada onde os dois estivessem jogando limpo usando só técnica e astúcia eu seria a perdedora se usasse dos meus dons para trapacear. Meu oponente usou um golpe em que eu sempre usava para vencer os adversários nas aulas de esgrimas estava aí o seu erro.
Ele ergueu a espada para me atacar por cima e me esfaquear no tronco se conseguisse abriria um rasgo que levaria tempo para cicatrizar, mas quando a lâmina desceu eu fiz o bloqueio com a Laevataein e fui afastando a espada para o lado e para baixo. Com os ombros empurrei meu adversário para trás foi como ver uma estrela cadente e perder o momento do pedido, quando ele olhou para minha mão a Laevataein tinha empalado seu corpo ainda em combate.
Puxei a espada com força que foi rasgando as entranhas do meu oponente, que estava virando um bloco de gelo, ali não tinha mais nada para continuar a luta.
Saltei por cima dos pedaços de corpos e fui saltando para onde minha família terminava com o restante que ainda estava com vida, não vi Ameth e nem Jana no meio delas.
― Gilles cadê a Ameth e Jana que não estou vendo?
― Elas estavam lá na casa do ferreiro lutando. Devem estar por lá ainda. — Gilles terminava de soltar Nahemah que estava acordando, quando nos viu ficou apavorada.
― O que estão fazendo aqui, vão embora… eles já sabem que vocês já nasceram, e que eu traí o meu povo, esse foi o castigo que meu pai me deu, vão embora. Fujam!
Seu olhar era de desespero puro, olhando constantemente para os lados e mandando irmos embora, eu iria de bom grado, mas uma coisa pedia para não abandonar a garota à sua própria sorte.
― Gilles cuide dela, vou atrás da Ameth e Jana.
Fui caminhando de encontro a Esther para avisar onde ia, quando vi minha beta tombar e cair, uma dor me partiu eu não sabia onde mais doía, fui até ela que já estava sendo carregada por Agatha, usei nossa ligação, para saber o que tinha acontecido. Não consegui ver nada, Ameth e Jana estavam bem já vinham correndo da casa do ferreiro.
Ouvi a Gilles gritando e me virei para ouvir o que ela dizia.
― Naraaaa… Acertaram a Nara!
Fim do capítulo
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