Diga meu nome por Leticia Petra e Tany
Capitulo 13 - Uma dose de coragem.
Eu me apaixonei por alguém que jamais imaginei e da formar que nunca pensei, e agora me sentia tão perdida, tão fora da minha zona de conforto. Se há algo pior do que a certeza, seria a dúvida e eu teria que conviver com ela, com a maldita duvida de como seria viver essa paixão. Não era justo, não era.
Mas é o que a Yasmin sentia? Eu estou sozinha nessa? Todo os breves momentos que tivemos, eles não foram só carnais. Não foram... não podem ter sido.
— Toma, precisa disso. – Antonella me entregou um copo com água.
— Obrigada. – Ela e Ana me encaravam.
Fazia mais de duas horas que havia deixado a casa de Rafaela, foi muito difícil e beija-la só multiplicou a dificuldade. Não consegui ir para outro lugar, Ana já me aguardava ali, desde que falei que Yasmin havia sumido, ela e Antonella esperavam por notícias.
— Ela tá bem? – Bebi tudo de uma vez.
— Sim, ela foi confrontar aquela mulher e as coisas não... – Aspirei o ar com calma. — Tá tudo uma grande confusão. Estou preocupada com ela, aquela Camille é uma louca, ameaçou a família da Yasmin e ameaçou me fazer mal também.
Elas ergueram as sobrancelhas.
— Yasmin e eu teremos que manter distância. Eu estou cansada de tantas mentiras. Cansada! – Olhei para o copo em minhas mãos. — Só que algo aconteceu...
— O que, maninha? – Mordi o meu lábio com força.
— Eu me apaixonei...
Houve um silencio breve.
— Você disse a ela? – Antonella me fez olha-la.
— Não, e não vou... isso complicaria as coisas. Essa mulher, ela não tá para brincadeira, ela foi capaz de mancomunar com a Nicole, passou vídeos íntimos dela com a Yas. Ela é uma doente...
Passei as mãos na cabeça de forma rude.
— Que raiva dessas duas. – Ana ficou de pé. — Não podemos fazer nada?
— Não, Ana, estamos de mãos atadas...
— Então é melhor vocês manterem distância. – Escondi o meu rosto no peito de Antonella. — É o seguro a se fazer, Lara.
— Como vou conseguir ficar longe dela? Vou ter que vê-la todos os dias e fingir que nada aconteceu. Por que caralh*s eu tinha que me apaixonar? – O meu peito doeu. Fiquei de pé, andei pela sala. — Tá doendo aqui... – Apontei para o meu peito.
— É necessário e é o que você terá que fazer. Eu não quero que pague pra ver, Lara. – Antonella estava séria. — Por favor.
— Lara...
— Preciso pensar um pouco. – As duas me encaravam.
Me joguei no sofá, onde permaneci por muito tempo.
— Já é muito tarde, são quase três da madrugada, vou fazer algo para comermos. – Antonella beijou a minha testa.
— Vou com você. – Ana me olhou. — Toma banho...
— Farei isso.
As duas deixaram a sala.
Tomei um longo banho e depois fui para a cozinha comer a massa que Antonella havia preparado. Por mais que tentasse, não conseguia pensar em outra coisa que não fosse no ocorrido daquele dia, as palavras de Yasmin, os vídeos...
Estava a ponto de explodir com tanta informação.
— Tudo bem, Antonella? Você ficou calada. – Ana segurou a mão de Antonella por cima da mesa.
— Eu só... desculpem. – Ela levantou, pegando o seu prato e o colocou na pia. — Fui checar as redes sociais e bem, os meus pais estão...
— Ei? – Fui até ela.
Ana ficou de pé, abraçou Antonella pelas costas.
— Não deixa eles te afetarem. – Ana falou.
— Eu achei que já tinha superado, na verdade, digo a mim mesma que sim, mas a cada foto que vejo deles se divertindo. Eu tenho uma pilha de cartões postais que nunca abri, mas no meu celular não há uma ligação, a porr* de uma mensagem...
A abracei de frente. Era raro ver a Antonella dessa forma.
— A gente te ama, Antonella. Sei que não se compara, mas a gente te ama...
— Ama muito... – Completei.
Ficamos daquela forma por um tempo.
No dia seguinte.
Passei a manhã na casa de Antonella, mas quando a tarde chegou, decidi ir até o hospital e conversar com o meu pai sobre o ocorrido de ontem. Precisava lhe dar uma explicação, ele merecia depois de depositar tanta confiança em mim.
Vi Nicole na entrada, porém apenas ignorei. Peguei o elevador e para a minha sorte, estava vazio.
— Papai, podemos conversar? – Entrei e não esperava encontrar Patrick ali.
— Oi, filha... – Ele veio até a mim, me abraçando. — Senta.
— Oi, Lara. Não tive oportunidade de agradecer, a Nicole ficou muito feliz pela escolha que você e a Yasmin fizeram. – O sorriso falso me deu asco. — Tenho certeza que a sua namorada e a Nick se darão muito bem na diretoria.
— Tivemos ótimas razões. – Patrick colocou as mãos nos bolsos do jaleco.
— Espero que essas razões não sejam esquecidas. – Uma ameaçada velada. — Bem, preciso voltar a minha sala.
Ele deixou o consultório do meu pai e levou consigo a minha coragem.
— Então, filha, como está a Yas? Vocês duas passaram essa noite juntas? – Mordi a bochecha por dentro.
Contaria mais uma mentira.
— Sim, papai, mas a gente brigou. – Ele franziu o cenho.
— Por causa de ontem? – Ah, papai, me perdoa.
— Não, foi por uma bobagem, mas logo a gente se acerta. – Isso nos daria tempo.
Assim não estranhariam tanto nosso afastamento.
— Filha, espero que se acertem logo. Conversei com o Alonso e ele me contou de como vocês duas se olham com admiração. Nem todos tem sorte de um amor reciproco. – Você é a pior pessoa do mundo, Lara. — Sobre ontem, saiba que entendo totalmente. Tudo bem se não estava se sentindo preparada, mas sei que em breve, este hospital estará nas suas mãos. Nas suas e nas de Yas...
Se possível, a minha culpa só aumentava.
— Você é a melhor pessoa que existe, papai. Eu sou muito sortuda...
Me agarrei a ele.
— Filha, queria a sua opinião. Daqui a alguns dias é o aniversário da sua irmã e eu ainda não consegui pensar em algo bom o suficiente. Tem alguma ideia?
— Quer imitar o meu presente? – Ele gargalhou.
— Imitar não... talvez sim. É difícil, a Ana não é o tipo de pessoa que a gente pode agradar facilmente. – Ana fugia do obvio.
— Bem, a Ana adora tenis, papai. Antonella quer a levar a uma boate de gente adulta pela primeira vez...
Continuamos a conversar.
Ao chegar à recepção, avistei uma silhueta conhecida. Me aproximei e obtive a certeza de quem se tratava. O sorriso perfeitamente alinhado se exibiu, um abraço apertado foi trocado.
— Pintou o cabelo. – Cat riu.
— Cansei do rosa, resolvi voltar para o discreto castanho. É tão difícil te achar, Lara, até cheguei a pensar que você estava se escondendo de mim.
— Tive alguns dias agitados. Me desculpe por isso... – Notei o olhar curioso de alguns funcionários. — Vamos sair daqui?
— É o que desejo, vir aqui te convidar pra almoçarmos. Quero passar um tempo grudadinha, sem pressão. – Eu deveria aceitar?
— Vamos, acho preciso mesmo relaxar um pouco. – Caterine sorriu outra vez. — Estou de carro. Onde vamos comer?
— Estava pensando em comida japonesa. Lembra daquele restaurante que frequentávamos?
— Faz muito tempo que não vou. Vai ser ótimo.
O restaurante era bonito, refinado e muito discreto. Fizemos os nossos pedidos, eu queria estar inteira ali, mas não era bem assim. Aqueles olhos verdes me assombravam, aquele tom brincalhão e o “chatinha” que já não me irritava tanto assim.
— Estou ficando com ciúmes, quem é essa mulher que tá te tirando daqui? – Fui pega no flagra.
— É uma longa história. – Cat saiu de seu lugar e sentou ao meu lado.
— Olha, se não é a doutorazinha. – Franzi o cenho, encarando a mulher que acabava de parar ao lado da nossa mesa.
O seu olhar desdenhoso percorria de Cat para mim.
— Não desejo ser incomodada por você. Saia daqui... – Falei entre os dentes. —Tá me perseguindo?
Qual a possibilidade de nos encontramos por acaso?
— Nossa, doutora, que agressividade. Só queria cumprimenta-la, saber se gostou do conteúdo de qualidade que a minha nova amiga te mostrou. Se quiser, eu tenho uma extensa coleção. A Yas adorava as nossas produções caseiras...
Apertei o punho, o meu peito queimava em ódio e a vontade absurda de encher a cara dessa piranha de porr*da foi intensa, tanto que fiquei de pé para socar a sua cara, mas fui detida por Cat.
— Ui, a gatinha tá brava. – Eu queria quebrar aquele sorriso debochado.
— Acho que é melhor a senhorita sair daqui. – Cat falou.
— Espero que o recado tenha sido bem dado, doutorazinha. – Ela ignorou a Caterine. — Fica longe da minha mulher...
A desgraçada se afastou.
— Filha da puta. – Passei as minhas mãos tremulas pela cabeça.
Eu tremia de ódio.
— Lara, o que foi isso? — Encarei Cat.
— Essa puta faz parte da longa história.
— Eu quero saber, me conte... – Aspirei o ar com calma.
Contei desde o início, não deixando de fora o fato de estar envolvida emocionalmente, Caterine ouviu tudo atentamente, não me interrompendo em momento algum.
— Lara, o mais seguro é ficar longe dessa tal de Yasmin. Essa mulher parecia estar com sérios problemas mentais, não brinca com ela. – Eu sabia bem disso.
— Eu vou fazer isso, eu só... não queria deixar a Yasmin sozinha nessa. – Lamentei.
— Ela tá colhendo o que plantou, Lara. Deve arcar com as consequências de seus atos. – Encarei Cat.
Eu não pensava dessa forma.
— Me desculpe a sinceridade, mas ela precisa resolver as próprias questões, mesmo que você goste dela, precisa pensar em si mesma e na sua segurança em primeiro lugar. – Olhei para um ponto qualquer.
Toda a minha fome foi embora, eu só queria ir para casa e permanecer lá.
Levei Cat até o hotel, conversamos outras coisas no caminho. Ela lembrou do aniversário de Ana e disse que iria visita-la no decorrer da semana. Voltei para casa, Ana já havia chego há algumas horas e se exercitava no jardim. A minha mãe ainda estava fora, o que era ótimo, não estava afim de mais uma conversa desagradável.
Resolvi me juntar a ela.
— Já tá tão perceptivo a mudança. – Terminava de amarrar o meu cabelo.
— Também notei, me pesei outra vez e ganhei mais um quilo e meio. O personal falou que eu tinha facilidade em ganhar massa. – Ela sorriu.
— Almocei com a Cat, ela disse que virá te visitar. – Passei a me alongar.
— Vou convida-la para a boate. – Yasmin estaria lá?
— Dona Ana?
— Mulher, me chama de Ana...
— É o habito... tem uma moça na portaria, ela disse que se chama Rafaela e queria vê-la.
Ana e eu nos encaramos.
— Pode liberar a entrada, por favor. – Ana mordeu o lábio. — O que ela quer?
Disse mais para si mesma.
— Você vai ficar bem? – A fiz me olhar.
— Eu espero que sim. – Me recordei da conversa com Antonella.
— Vai recebe-la, eu fico aqui. E Ana?
— Sim?
— Não deixa o que sente te controlar. – A minha irmã acenou em concordância.
Ela se afastou, entrando em casa e eu apenas continuei os exercícios, não iria atrapalhar. Desejei ligar para Yasmin, queria saber como ela estava, porém achei que não seria inteligente.
De repente, uma lembrança me veio a mente.
— Então você vai se tornar uma médica? Igual aos nossos pais? – Os fios vermelhos eram assanhados pelo vento forte e frio.
— Acho que sim, eu gosto de como eles ficam de jaleco. Quem sabe um dia não trabalhe no hospital? Seria muito legal.
— Acho que você vai ser uma médica muito legal, daquelas que dão pirulitos pra todos os pacientes. – Os olhos verdes brilharam.
— Por que você é ruiva? O seu pai, até seu irmão nasceram assim. – Yasmin sorriu.
— Papai disse que é de família, algo como sermos descendentes de um lugar que eu não lembro o nome. Tem uma pronuncia esquisita...
— É muito bonito.
— O seu é mais, ele é tão preto. Os meninos do bairro ficam caidinhos... – Rimos.
— O que você tá fazendo agora? Queria tanto te ver.
Aspirei o ar com calma.
Me joguei no gramado, tentando pensar em outra coisa. Iria até o meu apartamento no dia seguinte, os outros moveis chegariam na segunda e a montagem ocorreria na terça. Entraria de cabeça no trabalho e na mudança, não daria espaço para mais nada.
Deixaria essa paixão morrer, não posso e não irei alimenta-la, mas seria certamente assombrada pelas caricias trocadas, pelos momentos que fomos interrompidas.
O meu coração reagia a ela de forma anormal, assim como o meu corpo.
— Ei...
Ana sentou ao meu lado, o semblante entristecido me doeu o coração.
— Como foi? – Ela se jogou no gramado.
— Ela me pediu desculpas pela reação que teve e por todo o desconforto depois. – Minha irmã estava com os olhos vermelhos.
— Apenas isso?
— Falou que me ver como uma irmã, dá pra acreditar? Eu a beijei e ela ainda me ver como uma pirralha. – Segurei a sua mão. — Ela repetiu que não podemos ser nada além de amigas e que se importava comigo, não queria me magoar, que eu sou uma menina ainda e todas as coisas que eu já esperava...
Ana colocou as mãos sobre a face.
— Eu sinto muito por isso. – Ela tirou o moletom por completo.
— Acho que a gente tá sem sorte no campo do amor. – O seu sorriso estava longe de ser de felicidade. Os olhos marejados estavam sem o seu brilho característico. — Nos resta ficar gostosas.
— Sinto muito mesmo, Ana, mas posso dizer o que penso? – Ela acenou em positivo. — Há um mundo esperando por você. Em breve, você terá dezoito, vai estar livre para fazer o que desejar.
— Estou mesmo tentando ver as coisas sob essa perspectiva. Acho que aconteceu o que tinha que acontecer, estou repetindo incansáveis vezes. Me resta seguir em frente... – A maturidade dela era invejável.
— Você virou uma mulher, pirralha. – Empurrei de leve a sua perna.
— Só queria que não doesse tanto. – Os seus olhos miraram o céu.
— Vem cá, deixa eu te dar colo. – A fiz sentar e nos abraçamos. — Prometo que vai melhorar. Em todo caso, eu vou estar aqui... não vou te deixar desanimar.
— E eu te amo por isso, Lara...
O resto do dia passou se arrastando, a noite os meus pais estavam em casa e aproveitei para falar sobre a mudança durante o jantar. Criei coragem, mesmo sob os olhares de desagrado da minha mãe. Ela estava louca para soltar impropérios por a diretoria ter sido repassada a Nicole.
— Eu queria dar uma notícia a vocês. – Os dois me encararam. — O meu apartamento ficou pronto, já recebi as chaves e até já comprei alguns moveis.
— Nossa, foi muito rápido. – O meu pai franziu o cenho.
Não foi tão rápido, esperei por dois anos.
— Uma hora os filhos precisam deixar o ninho, mas confesso que não estava preparado. – Ele parou de comer.
— E por que a pressa? – Essa pergunta veio de minha mãe.
— Só queria deixá-los mais à vontade, mamãe. E tem outra coisa, eu queria a sua permissão, papai, pra Ana morar comigo. Me responsabilizo totalmente por qualquer assunto relacionado a ela. Desde a escola a suas despesas.
Ana sorriu pela primeira vez desde que recebeu Rafaela.
— Ela não vai a lugar algum! – Telma ficou de pé, batendo na mesa.
— Querida...
— Eu não permito que ela saia dessa casa, Lara. – O prato, por conta do forte tapa que ela deu na mesa, caiu e se quebrou, espalhando pela sala de jantar os cacos.
— O que é isso, Telma? – O meu pai ficou de pé, os olhos arregalados.
— É por isso que quero que ela vá comigo, mamãe. – Ah, eu não podia chorar agora. — Você nos odeia. Somos as suas filhas, poxa. Eu não vou deixar a minha irmã convivendo com você. Você quase destruiu a vida dela, assim como faz com a minha todas as vezes que abre a boca.
— Lara...
— Não é nenhuma mentira, papai. – Ana afastou a cadeira. — A mamãe nos trata como se fossemos meras estranhas pra ela. Me diga, mamãe, por que nos odeia tanto? O que fizemos a você?
— Eu só quero o melhor pra vocês! – Ri em descrença.
— Você só quer o que é melhor pra você, mãe, pra sua imagem. Você odiou o meu namoro com a Yas, me disse coisas horríveis. – O choro corria livre. — Eu não entendo, não entendo mesmo, mas já cansei de tentar.
— Você queria que eu soltasse fogos? As minhas filhas são duas... duas...
— Não termine essa frase, Telma. Se há em você algum sentimento bom por nossas filhas, não fale mais nada.
— Você me disse que não me aceitava, então a partir do momento que eu deixar esta casa, não tenho mais uma mãe. Alias... – Enxuguei a face. — Eu nunca tive.
— Lara! – O meu pai me olhou como se não me reconhecesse.
Minha mãe respirava com rapidez.
— Não vou retirar o que eu disse. – Apertei os meus punhos.
— Lara, Ana, subam... – O meu pai pediu. — Vou conversar com a mãe de vocês.
A minha mãe abaixou o olhar.
“Por que ela é assim?”
— Tá bom, pai...
Peguei a mão de Ana e saímos da cozinha, subimos a escada e quando entramos em seu quarto, soltei a respiração que não havia percebido que prendia.
— Você conseguiu dizer o que estava preso. – Ana me abraçou. — Eu sabia que ia conseguir.
Fechei os meus olhos e permanecemos daquela forma.
Domingo, 4 de setembro.
Eu sentia que toda a minha energia havia sido sugada, me encarava no espelho e não me reconhecia. Olhei para a chave do carro sobre a cômoda, senti vontade de sair e me distrair um pouco. Como ela estaria agora? Eu espero que bem. Me apaixonei pela Lara, pela última pessoa que achei possível, não conseguia parar de pensar nela, tanto que chegava a ser frustrante.
Ainda sentia uma sufocante culpa, mesmo depois de ter conversado com o meu pai sobre a decisão de Lara em deixar que Nicole assumisse o cargo, mesmo depois de ouvir da sua boca que continuava a me apoiar em minhas decisões, continuava me sentindo com uma idiota, um lixo.
A sensação que poderia ter feito algo a mais, ela não me abandonava.
— Por que não liga pra ela? – Ouvi a voz de Hugo vinda do quarto. — Vocês não precisam parar de falar uma com a outra.
— Acho melhor não inflamar as coisas, Hugo. – Enxuguei o meu rosto. — A Camille, ela não blefa. Eu tô sufocando com isso...
— Nem consigo imaginar pelo o que tá passando, Yas, mas saiba que entendo o que tá fazendo. O papai e a mamãe também vão entender. – Voltei para o quarto. — Você tá pensando nas pessoas que são importantes, isso não será visto de uma forma ruim por eles.
— Tenho medo de não ser assim. Eu menti tanto pra eles, estou na mira da minha ex, Hugo, botei a nossa família em risco. Me odeio tanto por isso, tanto...
— Não seja tão dura consigo, Yas. Cometemos erros, hoje, amanhã, é como o papai disse, eles não esperam que sejamos perfeitos...
Suspirei.
— Crianças? – A minha mãe bateu, entrando em seguida. — Vamos almoçar? O pai de vocês quer comer na varanda.
Fui até ela, lhe beijando a testa.
— Você fica cada dia mais linda, mamãe. – Ela sorriu.
— Filha, você é tão igual ao seu pai. Tem uma conversa fiada... – Dona Amanda balançou a cabeça. — Por que não chama a Lara?
O que eu diria? Pensa, pensa...
— A gente brigou... – Ela franziu o cenho.
— Mas foi por qual motivo? Eu espero que não seja algo grave. Não faz três semanas que ganhei uma nora.
— Logo elas se acertam, mamãe. Casais brigam, se resolvem, fazem sex* de reconciliação. – A minha mãe gargalhou.
— É verdade, seu pai e eu, bem...
— Vamos comer? Eu estou morrendo de fome. – Hugo me salvou.
— Não queremos saber sobre como fazem sex*, mãe, preferimos imaginar que a cegonha nos trouxe. – Entrei na brincadeira, a fazendo rir outra vez.
Fui praticamente carregada por Hugo.
— Filho, estive pensando, deveria levar a moça ao hospital e já iniciarmos os cuidados necessários. – Meu pai levou uma garfada a boca.
— Estive pensando nisso, papai. Vou falar com a Carla amanhã e talvez na terça, estejamos lá. – Hugo parecia mais tranquilo sobre aquilo. — Ainda há tanta coisa para resolver.
— Vamos preparar o quarto do neném. Se me permite, filho, queria cuidar dessa parte. – Meu pai, meu irmão e eu nos olhamos. — O que? Por que se olharam?
Limpei a garganta.
— Mãe, é que... – Hugo coçou a cabeça.
— Você fica meio que obcecada e não deixa ninguém dá palpites quando se trata de decorações. – Falei o que ambos não tiveram coragem.
Minha mãe levou a mão ao peito de forma dramática.
— Eu não acredito, eu não... – Dona Amanda respirou fundo. — Talvez eu seja só muito dedicada.
— Obcecada! – Falamos juntos, rindo depois.
— Que injusto! – O meu pai se esticou para beija-la.
— Deixa o Hugo escolher também, querida. Entre em um consenso e todo mundo sai ganhando...
O meu pai sempre sabia o que dizer.
— Tudo bem... – Ela deu de ombros, olhando para nós. — Vamos escolher juntos.
— Ótimo, porque eu quero por um monte de prateleiras com carrinhos. – Ele estava zombando e ela obvio, caiu.
— E se for menina?
— Mulher também gosta de carros.
— Alonso, viu só porque prefiro fazer tudo sozinha?
Voltamos a rir, deixando a dona Amanda ainda mais irritada.
O almoço ocorreu tranquilo, não houve nenhum assunto desconfortável, assim não precisaria inventar ainda mais mentiras. Camille me ligou incontáveis vezes, eu precisava fazer alguma coisa. Mas o que? Uma ideia arriscada passou por minha cabeça, entretanto, teria que pensar em todos os pros e contras, o que menos desejava era atrair ainda mais problemas. Procurar a Luna poderia ser útil, ela é a única pessoa que pode me ajudar.
Segunda, 5 de setembro.
A minha mãe decidiu me levar até o hospital, pois depois de muito drama, a convenci a me deixar ir trabalhar, eu não queria ficar o dia em casa, porém fui obrigada a usar a cadeira de rodas, já que o meu tornozelo ainda estava inchado.
Não encontrei Lara no caminho e isso me deixou um tanto triste.
— Não se excede, filha. Fiz uma comidinha pra você almoçar e vê se come tudo, você mal tocou no café da manhã. – Ela me entregou uma bolsa térmica. — Vou dar um beijo no seu pai.
Estávamos na porta da diretoria.
— Obrigada, mamãe. – Ela me beijou a testa.
Respirei fundo algumas vezes, pois iria enfrentar a desprezível da Nicole. Abri a porta, indo direto para a mesa que ocupava. A sala estava passando por mudanças, havia alguns homens tirando os moveis e a decoração.
Fingi que estava sozinha.
— Esvaziei a sala do lado, você vai ocupar ela agora, Yasmin. – A encarei.
Ela esperou que eu esperneasse, pois a sala era um ovo, porém não o fiz.
— Ok. Vou procurar alguém para limpar e passar o meu computador pra lá. – Voltei a minha atenção para a tela.
— Vou deixar esse hospital ainda melhor, Yasmin. O que fizeram ontem...
— Para o inferno com essa conversa fiada. – Me afastei com a cadeira. — Por sua culpa...
Respirei fundo, controlando a minha ira.
— Vou falar com o pessoal do TI.
Deixei a sala, indo para o elevador e desci dois andares onde ficava a sala do TI, falei com o encarregado e imediatamente ele mandou alguém para retirar o computador e instala-lo na minha nova sala. Pedi ao pessoal da limpeza para retirar um pouco da poeira. Uma mesa simples já havia sido posta.
— O que tá fazendo aí? – Olhei para o lado.
— Tenho rinite. – Apontei para dentro da sala.
Antonella, de uma forma muito natural, se apoiou no “braço” da cadeira de rodas.
— E como você tá? – Olhávamos o pessoal da limpeza fazendo um trabalho impecável. — Vou ter que te dar uma das minhas fotografias. Vai ficar lindo naquela parede ali...
Sorri.
— Já estive melhor. – Seu braço rodeou o meu ombro. — Eu vou adorar, você tem talento pra fotografia.
— Sinto vontade de esganar aquelas piranhas. – Essa mulher é uma figura.
— Pode ter certeza que nada me daria mais prazer. – Suspirei. — Como ela tá?
Antonella demorou alguns segundos para responder.
— A Lara é a mulher mais forte que conheço, mas ela tá sentindo falta das implicâncias de vocês. – A minha pele arrepiou, o coração deu um leve solavanco.
— Também sinto falta. A Lara entrou na minha vida, eu não queria que fosse dessa forma. – Antonella apertou meu ombro de leve. — Não quero que ela fique no meio desse vendaval, dessa merd* que foi minha culpa.
— Não se cobre tanto, Yas, você é uma das melhores pessoas que já conheci e é um ser humano. Se lembra disso, invalida.
— Eu gosto de você, sabe...
— Totalmente reciproco, ruiva. Vai estar na boate no domingo? – Passei as mãos sobre as coxas cobertas por um jeans escuro.
— Acho que não é uma boa ideia. Ficarei devendo a Ana... – Mordi o canto da unha. — O aniversário será na quinta, certo? Vou mandar um presente.
— Quer uma dica? Compre tênis, o mais bonito que você achar. A Ana ama tênis...
— Vocês duas se dão tão bem, é bom de ver a relação de vocês. – Antonella sorriu.
— Amo a Ana de todo o meu coração. Ela é uma menina maravilhosa e sinceramente, espero que supere a Rafa. No dia do jogo, era visível o desconforto dela. – Franzi o cenho. — Diga a ela que não dê falsas esperanças a Ana.
— É algo que ela quer evitar e ela tem feito isso, juro. – Antonella me encarou.
— Se mudar de ideia sobre a boate... – Ela pegou o celular e logo senti o meu vibrar. — Esse é o endereço. Quer comer?
— Você não iria fazer algo ali? – Apontei para a sala da megera.
— Sinceramente, eu não estou muito afim. – Antonella levantou e se colocou atrás da cadeira. — Vou comer primeiro e depois passo por esse suplicio. Sinto muito por você, vai ter que aturar essa mulher todo dia.
Grunhi.
— Você poderia ter se candidatado, os seus pais não são acionistas?
— Prefiro ficar rodeadas das minhas crianças. Esses cargos de liderança não são a minha praia, invalida.
Ri.
— Esse apelido idiota...
— Quando seu pé sarar, arranjamos outro...
Descemos para o primeiro andar e precisávamos passar pela recepção para chegar à lanchonete e foi quando vi a Lara entrar, absolutamente linda. A blusa preta de gola alta dava a ela ainda mais sensualidade, a deixava um insulto a sanidade de qualquer ser, o meu coração disparou, era insano demais, mas logo em seguida os meus olhos foram capturados pela figura ao seu lado.
As duas não haviam nos vistos ainda, pois conversam de forma animada.
— É a Cat. – Foi o que pensei.
Então elas nos viram e o sorriso na face de Lara se desfez. Me recordei dela dizendo que ambas não haviam trans*do, mas será que não? E por que não? O sentimento que estava nutrindo era somente meu.
Pensar nas duas trans*ndo me deu uma agonia, raiva, ciúmes puros.
“Porr*...”
— Bom dia, meninas. – Antonella falou.
— Antonella, quanto tempo. – Ela e a mulher de cabelos curtos e castanhos, se abraçaram.
Desviei o olhar de Lara.
— Essa é a Yasmin, a ruiva mais gata desse prédio. – Antonella me apresentou, já que o gato parecia ter comido a língua de Lara.
Ou melhor, a Cat...
— Prazer, Yasmin, sou a Caterine. – Por educação, apertei a mão que me foi estendida.
— É um grande prazer. – Ensaiei um sorriso. — Na verdade, sou a única ruiva desse prédio.
Eu não gostei dela.
— Como tá o pé? – Lara me encarava.
Porr*, por que ela tem que ser assim tão... linda? Eu queria dar uma resposta atravessada, um “não é da sua conta” ou “não melhor que você, pelo que parece”, mas a única coisa que consegui dizer e em um tom de voz gentil foi:
— Sinto saudade de andar sem ser rebocada. – Ela sorriu.
“Onde tá a minha capacidade de implicar com ela?”
Naquele instante, constatei que a esquecer não seria tão simples assim.
— Vamos, Antonella? Você paga. – Desviei o olhar.
— Até depois, meninas... vou alimentar esse ser.
“Não, eu não iria ficar criando um monte de situações, se ela está com outra pessoa e longe de qualquer perigo, isso é o suficiente. Tem que ser o suficiente.”
Eu odiava essa sensação de descontrole, era odiável me sentir tão... entregue.
Argh!
Passei o pequeno lanche inteiro sendo alvo do sorriso debochado de Antonella, ela havia percebido a minha mudança de humor e se divertia com isso. Se Rafaela estivesse ali, certamente seria mais uma.
Quando voltei para a minha sala, estava tudo impecável, agradeci as meninas e passei a trabalhar. Hora ou outra, me pegava pensando em Lara, mas quando percebia isso, mergulhava nas planilhas.
A noite chegou e finalizei aquele dia. Desliguei as luzes, tranquei a porta e desci.
— Ei? – Olhei e sorri ao ver de quem se tratava.
— Letícia... – Ela se agachou, beijando a minha bochecha.
— Alguém vem te buscar? – Estávamos na entrada.
— Ia pedir um Uber. – Olhei a hora.
— Deixa que eu te levo, ruiva. – A menina era um ser muito gentil. — Ou, que tal comermos batata frita em uma pracinha aqui perto? Depois eu te levo em casa...
O meu estomago fez barulho.
— Você tocou em um assunto delicado. Eu aceito.
— Então, me permita... – Ela se colocou atrás de mim, empurrando a minha cadeira.
Fomos para o estacionamento e tivemos algum trabalho para pôr a minha nova amiga no porta malas. Deixamos o hospital, Letícia falava sobre os ocorridos, ela tinha um jeito leve.
— Chegamos. – A praça estava movimentada.
Havia muitos estudantes, pessoas se exercitando e passeando com os seus bichos.
— Recomendo a batata com bacon e queijo cheddar. – Letícia deu a volta. — É uma delícia.
— Olha, vou confiar, Letícia.
O carrinho estava cheio, pelo o que parecia, Letícia tinha toda razão. Pedimos o que ela recomendou e não me arrependi, pelo contrário, pedi mais um sob o olhar divertido da garota.
— Este virou um dos meus lugares preferidos. – Ela sentou em um dos bancos de concreto.
— O meu pai costumava me trazer aqui, ele costumava tirar um dia na semana pra fazer isso, mas você sabe, a vida de adulto corrompe a gente.
— Nem me fale, acabamos perdendo até mesmo o habito de olhar pro céu. – Letícia olhou para o alto.
Ouvimos um miado.
— Ei, quem é você? – Uma bolinha de pelos amarela se enroscou na minha cadeira de rodas.
— Parece que você foi adotada. – Franzi o cenho, pegando o pequeno e colocando sobre as minhas pernas.
— Você me adotou? – O bichano voltou a miar. — O que eu faço?
Letícia riu.
— Vai leva-lo pra sua casa. – Ergui as sobrancelhas.
— Eu não sei cuidar de bichos, mas vou leva-lo e quem sabe arrumamos um lar pra você. Como vou te chamar? Que tal tigrão?
Letícia gargalhou.
— Eu adorei...
Passamos em um supermercado, compramos alguns saches e ração para filhote, uma caminha, esse foi presente de Letícia, e shampoo. Eu não sabia o que a minha mãe pensava sobre animais, mas seria temporário.
— Bem, você e o tigrão estão entregues. – Letícia estacionou em frente à casa dos meus pais.
— Obrigada pelo passeio, estava mesmo precisando de um pouco de ar fresco. – Nos encaramos.
— Fico feliz em saber, Yas. – Uma lembrança me atingiu. — É sempre bom estar com você.
Lara, eu, os gemidos em seu carro.
“Inferno.”
— Vou tirar o seu veículo do porta malas. – Letícia saiu do carro.
Abri a porta e com cuidado, passei para a cadeira de rodas, não queria forçar o pé e ficar mais algum tempo sem me mover sem restrições. Letícia empurrou a cadeira até a porta.
— Te vejo amanhã, Yas. – Ela se agacho e o que seria um beijo inocente na bochecha, se tornou um selinho. — Me desculpa, você virou ao mesmo tempo e...
— Ei? Tá tudo bem. – Sorri.
Ela mordeu o lábio, estava sem graça.
— A gente se vê amanhã, doutora Letícia.
— Até amanhã, Yas...
Fim do capítulo
Oie
Soltando agora porque amanhã pelo dia e noite não terei tempo.
Bem, sei que muitas acham pouco 2 caps por semana, mas é o que podemos oferecer.
Tenho um trabalho, a Tany também, há dias que estamos esgotadas. Acreditem, nos esforçamos muito pra escrever cada cap. Estou atualmente sem note e uso o da Tany que mora há 4 horas de onde vivo, só para vocês terem uma pequena noção do quanto gostamos de escrever para vocês.
Bem, boa madrugada e aproveitem o cap.
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Dessinha
Em: 22/11/2022
Aí meu coração com essa Letícia na área, que a Uasmin não seja bons e faça besteiras ainda mais!
E a Ana vai beijar muitas gatas nessa festa, não é autora? Porque sobresta assim, a gente só é visto quando tem concorrência hehe. E se a Rafa não ver, aí tem Antonella toda maravilhosa pra dar esse consolo, né? Kkkk mentira, irmã não pode. Mas enfim que a Ana beije muito nessa festa que eu já tô orando pra ver.
Resposta do autor:
Será que a Yas vai dar essa chance pra Leh? Ela tá bem próxima mesma, mas acho que a Yas tem apenas um carinho de amiga.
Ana pegando geral??? haha. Bom ela tá livre né e ainda vai ta rodeada de mulher bonita. Depois de um fora. Só resta ela aproveitar sua festa..
Aproveite o cap que vem aí.
Abraços
Ps. Tany
patty-321
Em: 21/11/2022
Tranquilo autora, agradeço. Yas e a Lara vao mesmo se afastar e não fazer nada sem lutar? E a Letícia chegando perto, abre o olho, Lara.
Resposta do autor:
Yas e Lara vão enfrentar muitas situações pesadas. Vai ter momento que a distância vai se manter necessário, mas não se preocupe, se o sentimento permanecer elas irão dar um jeitinho.
abre o olho dona Lara, não vai perder essa ruiva maravilhosa em rs.
Um abraço, logo sai o próximo cap.
Ps. Tany
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Lea
Em: 21/11/2022
Aquele obrigada,por vocês nos entregarem um trabalho tão bonito. Obrigada pela dedicação!
*
Agora fica Lara sofrendo de um lado e a Yasmin sofrendo do outro.
*
Lara falando "forte" e sem medo com a mãe. Adoro!
É Ana Clara,pelo jeito a Rafaela só vai enxergar algo quando você estiver com outra pessoa! (Aí vai ser tarde demais)
*
Camille não está perdendo um passo das meninas!
Letícia vai ser o próximo alvo da Camille!
Resposta do autor:
Obrigada querida leitora por entender nossos dias..
Lara e Yas vão precisar ser fortes pra encarar tudo que vem por aí se realmente quiserem manter o sentimento que tá sendo aflorado.
Lara tendo pulso forte, encarando seus medos. Se libertar das suas amarras é bom de mais. Nossa menina é maravilhosa.
Rafa e Ana, elas irão ter que tomar uma atitude, precisam resolver essa bagunça rs.
Camille tá disposta a tudo pra ter a Yas de volta, seu jogo só tá começando.
vamos de próximo cap??
Um beijo
Ps. Tany
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JeeOli
Em: 21/11/2022
Não gosto muito da Letícia ainda, mas espero que isso mude...
Ana sofrendo e isso me dá um aperto no coração, Rafa acho que não sofreu menos indo ter essa conversa, mas talvez as duas tenham se conhecido no momento errado...
Resposta do autor:
Espero que mude sua ideia sobre Letícia, ela é uma boa garota, tem sido uma boa amiga pra Yas nesse momento.
Ambas estão nesse dilema. Na verdade ninguém gosta de magoa o outro, assim como é ruim ser magoado por quem você gosta. Talvez não fosse o momento delas. Mas vamos ver o que tem pra acontecer.
Um Abraço.
Ps. Tany
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