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Diga meu nome por Leticia Petra e Tany

Ver comentários: 5

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Palavras: 4693
Acessos: 3197   |  Postado em: 14/11/2022

Capitulo 10 - Passado.

      Encarava a taça vazia em minhas mãos que antes estava pela metade do liquido rubro, enquanto um emaranhado de sentimentos açoitava a minha cabeça sem dor ou piedade. Antonella me olhava com certa pena, em silencio, aguardava pacientemente que eu abrisse a boca.

Deixei a taça no criado mudo ao lado do sofá.

— Yasmin e eu quase trans*mos em meu carro, ou melhor, a gente ainda iniciou alguma coisa. – Aspirei o ar com calma. — A Cat ligou, ela quer me ver e eu não consegui dizer nada de decente, nem sei o que senti. A Yasmin mudou, ficou fria de repente e eu estou enlouquecendo, sem saber como agir. Desculpa atrapalhar a sua trans*.

Falei em um folego só.

— Tudo bem, isso é bem mais importante. – Ela me serviu outra taça. — Você sente atração pela Yasmin e bem, obviamente ela por você. A Cat, que lugar ela ocupa?

Fechei os olhos, sentindo o efeito do álcool.

— Ela foi o meu primeiro amor, a gente viveu tanta coisa boa. – O vinho descia cada vez melhor. — A Yasmin, ela mexe com a minha libido, com a minha cabeça, mas eu não sei se há algo mais. Há pouco tempo, a gente não fazia parte da vida uma da outra, não nos gostávamos e agora...

Soltei um grunhido.

— Encontra a Caterine, vê o que ainda sente por ela. Melhor a certeza do que a indecisão. Eu gosto muito da Yas, que fique claro. – Esvaziei a taça. — Mas se encontrar a sua ex for ajudar, então o faça. Vai devagar com o vinho.

— Você virou amiguinha dela também, foi? Só não basta a Ana. Parece até que aquela mulher tem um imã... – Resmunguei, fazendo a minha amiga rir.

— Antonella? Luke e eu já vamos. – Uma garota, deveria ter um pouco mais que vinte e dois anos, apareceu na sala só de lingerie.

— Tudo bem, minha linda, a gente combina uma outra vez. – Abri a boca levemente.

— Oi, amiga da Antonella... tem espaço na cama. – Antonella riu. — Podemos ficar, se for o caso.

— Não, Aline, área proibida. – Ergui as sobrancelhas. — Totalmente proibida.

— Tudo bem... – A menina riu. — Vamos nos vestir e ir embora.

Ela deixou a sala e eu olhei para Antonella totalmente besta.

— Vai tomar banho, Lara, a sua calcinha deve estar em um estado lamentável. – Tomei um grande gole de vinho.

— Cala a boca, Antonella. Não vou dormir na cama que você estava fazendo um ménage. — Fiquei de pé.

— A gente dorme aqui na sala... – Ela riu. — E eu não fiz, você chegou bem na hora.

— Você não presta... – Franzi o cenho.

— Como se você nunca tivesse feito. – Ela deu de ombros.

— Uma única vez e nem foi tão incrível assim. – Antonella tentou me beijar a testa. — Sai, nem sei onde essa boca andou.

— Você, eu sei que andou sentando pra valer na Yasmin. – Passei a minha mão sobre a nuca.

A lembrança me causou arrepios.

— Como sabe disso? – Ela sorriu.

— Bem, carro, apertado... banco, não precisa ser adivinho. – Franzi o cenho. — Deveria ter ido até o fim, talvez melhorasse o seu mau humor.

— Não vou ouvir mais nada...

— Viu? Mau humor...

      Sai da sala, encontrando a tal de Aline e o Luke no caminho, que tiveram a cara de pau de pedir o meu número, talvez achando que eu seria alguma peguete da morena na sala e toparia alguma suruba. Antonella nunca namorou com nenhuma outra mulher depois da primeira desilusão que teve. Ela chegou a noivar com um cara e a namorar outro, mas não quis se aventurar outra vez com mulher alguma. Ainda lembro do dia em que se assumiu, os pais a mandaram embora de casa por uma semana, ela se abrigou na minha. Demorou algum tempo para eles se acostumarem, até chegar ao ponto de não ligarem para mais nada.

Antonella é uma das mulheres mais forte que conheço.

      Me coloquei embaixo do chuveiro, os meus seios estavam doloridos, o meu sex* escorregadio, gemi ao toca-lo. As lembranças vivas, os dedos entrando e saindo, a boca deliciosa.

— Aaah, que droga. – Apressei o banho.

Troquei de roupa rapidamente e voltei para a sala.

— Já tomei banho, tá? Já pode me tocar. – Antonella havia colocado alguns travesseiros no tapete felpudo.

Dentei sobre o seu peito.

— Você tá sempre me dando colo. – Fechei os olhos.

— Somos irmãs, sempre vou tá aqui. – Ela me beijou a testa. — Posso te fazer um pedido?

— Claro...

— Não magoa a Yas, ela é uma pessoa legal.

Não respondi, apenas me mantive em silencio, pensando na ruiva.

“Não a magoar... quando chegamos aqui, a esse nível de complicação? Esse bendito acordo.”

 

      Antonella e eu acordamos cedo, havia algumas cirurgias mais simples na parte da manhã, então as seis e meia já nos encontrávamos no hospital. Recebi uma mensagem de Cat, combinando a minha ida até o hotel a noite e depois de muito pensar, resolvi que iria.

Por que sentia que era errado e precipitado? Isso martelava em minha cabeça.

— Doutora Lara, desculpe a inconveniência, mas queria saber como a dona Yasmin está? – Uma enfermeira me perguntou.

Estava na lanchonete, comendo qualquer coisa. Quando a Yasmin teve tempo de fazer tantas amizades?

— Ela tá muito melhor, Silvia, a torção tá um pouquinho feia, mas nada que um repouso não resolva. – Pude ver alivio em sua face.

— Graças a Deus. – Ela sorriu. — Obrigada, doutora. Ficamos preocupadas, ela é uma pessoa tão gentil.

— Por nada, Silvia. – Ela tem uma facilidade de entrar na vida dos outros. — Sim, entendo o encantamento, ela é uma ótima pessoa.

— Ah, perdoe a sinceridade, mas vocês duas fazem um casal muito bonito. – Quase me entalei com a salada. — Vocês, mesmo sem intenção, deixaram o ambiente mais acolhedor.

Oh, meu Deus.

— Vou dizer isso a ela, Silvia, tenho certeza que a Yasmin vai ficar feliz em saber disso. – Sorri.

A mulher sorriu outra vez e se afastou.

      Continuei a comer, notando que algumas pessoas me olhavam. Tentei não dar importância, a minha cabeça já tinha coisas demais. Pensei em mandar uma mensagem para Yasmin, perguntando como ela estava, mas acho que seria ignorada.

Cutuquei a salada.

      De repente, a minha mente se inundou de imagens da noite anterior. Eu podia sentir o gosto de sua boca, podia ainda ouvir o som da sua respiração, os seus dedos entrando e saindo de mim, o meu coração batendo igual louco. Se houvéssemos tido só mais uns minutos, ela teria me feito desmanchar em seus...

“Para, Lara, só para.”

— Conversei com a Ana. – Antonella sentou ao meu lado.

As unhas bem feitas batia contra a mesa.

— Ela me pediu pra indicar outra nutricionista. – A nossa vida amorosa não andava das melhores.

— Vai demorar um tempinho, mas eu sei que ela vai conseguir esquecer. A Rafa agiu certo, a Ana ainda é menor de idade. – Antonella torceu o beiço.

— Sim, nesse ponto você tem razão. Quando ela fizer dezoito, vou leva-la a uma boate pra comemorar. Ela vai poder beijar a boca que quiser... – Levei um pouco de salada a boca, já havia perdido o sabor. — Você pode ir, mas já tá com muitas mulheres na sua vida.

Rolei os olhos.

— E falando nisso, olha lá uma delas. – Antonella apontou discretamente.

Olhei para trás e senti um frio forte na barriga.

      Yasmin entrou na lanchonete, ela estava de cadeira de rodas e Hugo a empurrava, mas ao seu lado Letícia se fazia presente. Algumas pessoas foram até ela, outras me olharam discretamente. Os ruivos recebiam toda a atenção das mulheres a sua volta. Parei de olhar, voltando a minha atenção para a salada murcha.

Não estava preparada para vê-la hoje.

— Eles estão vindo. – É claro que ela teria de vir.

— Meninas... – Hugo foi o primeiro a falar.

Ao menos Letícia não veio junto.

— Oi, irmãos ruivos. Desfilando a beleza de vocês por aí? – Antonella sorriu.

— A de vocês ofuscou a nossa, sem dúvida. – Hugo brincou de volta.

Então encarei Yasmin.

— Oi, Lara. – Ela estava séria.

Mordi a bochecha por dentro.

— Oi... – Tentei sorrir. — Como tá o pé?

— É, como tá o pé? – Antonella reforçou.

— É, como tá o pé? Conta pra sua namorada ortopedista que você caiu do balanço e se machucou. – Franzi o cenho.

— Você tá me saindo um belo de um fofoqueiro. – Hugo apertou a bochecha dela. — Eu sou a sua irmã, seu vendido. Deveria ser leal a mim.

— Eu posso dar uma olhada? – Yasmin voltou a me encarar.

— Não, eu tenho uma hora marcada com uma outra ortopedista. Ter pai médico e irmão médico é uma droga as vezes. – Achei fofo, quase a beijei ali mesmo.

Espera... calma aí, Lara.

— Não esqueça da namorada médica e uma nova amiga médica. – Antonella falou, piscando para ela.

— Meu Deus, só falta eu virar médica. – Hugo e Antonella riram, deixando a ruiva com uma falsa carranca.

Aquela frieza já estava me afetando, ela nem ao menos me dirigiu um olhar decente.

— Ah, não esqueçam do jogo amanhã. Já contei ao papai que vocês irão assistir conosco. – Hugo piscou. — Soube que a minha cunhadinha é cruzeirense, que triste.

— Elas podem ir em um passeio romântico ver o cruzeiro na segunda divisão. – Antonella completou.

— Alguém já mandou vocês tomarem naquele lugar hoje? – Perguntei, despertando a risada de ambos.

      Yasmin permaneceu calada, enquanto os dois não paravam de zombar da gente. Ao se despedirem, fui novamente tratada com muita frieza, ela quase não me olhou nos olhos e querendo ou não, a sensação foi péssima. O nosso intervalo chegou ao fim e como não havia mais nenhuma cirurgia aquele dia, resolvi ir para casa.

— Tá toda arrumada assim pra quem? – Ana se jogou em minha cama.

— Vou encontrar a Cat. – Me virei para olhar para a minha irmã

— O que? Espera, você e a Yas estão namorando e você vai ver a sua ex? – Ela ficou incrédula.

— Ana, o namoro é de mentira. – Passei minha mão na lateral do meu pescoço.

— Ainda assim, pra todos, vocês namoram e não é justo você ser vista com outra. – Ana ficou brava para valer.

Suspirei.

— E se fosse ela a se encontrar com uma ex? – Olhei as horas.

— Eu preciso fazer isso. – Ana ficou de pé.

— Você deveria honrar o acordo, Lara...

A minha irmã deixou o meu quarto e deixou também uma dúvida em minha cabeça, que quase me fez desistir, quase, mas quando relógio marcou dezoito horas, deixei a mansão para ir ao hotel.

— Boa noite, a hospede Caterine Gusmão me aguarda. – O homem elegante sorriu.

— Boa noite, o seu nome, por gentileza.

— Lara Pinheiro... – Ele checou em um tablet.

— A senhorita Gusmão lhe aguarda no quarto andar, suíte quarenta e dois.

— Muito obrigada.

      Entrei no elevador, as minhas mãos suavam, mas era somente isso. Cheguei ao andar, caminhei pelo corredor até a suíte 44, batendo na porta. Pouco mais que cinco segundos se passaram e a porta se abriu.

— Lara...

— Caterine...

      Ela me olhou da cabeça aos pés, me abraçou forte pela cintura. Fiquei momentaneamente parada. Os fios curtos e pitados de rosa clarinho, cheiravam a shampoo. Ela exalava frutas frescas, talvez fosse o sabonete.

— Que saudade. – Ela se afastou, segurando a minha face com ambas as mãos. — Como pode? Você tá ainda mais linda.

— Obrigada. – Sorri. — Você tá ainda mais bonita.

— Entra, por favor. – O seu braço rodeou a minha cintura.

Ela estava com o roupão do hotel.

— Estou louca pra saber tudo sobre você... – Cat me puxou para sentar ao seu lado no sofá. — Nunca esqueci de você, Lara. Vasculhei a internet atrás de você, meu anjo. Nossa, eu não vou cansar de dizer, como você tá linda.

— Você me pegou de surpresa. Achei que já estaria casada e com filhos... – Ela sorriu, segurando a minha mão, fazendo carinho no dorso. — Lembro que era um dos seus desejos depois que estivesse advogando.

— Eu bem que tentei, mas não tive sorte. Me separei faz dois anos e desde então, estou só. E você? Como você é linda, meu Deus.

— Eu não sou muito de romances duradouros, acho que você foi a única namorada que tive. – Cat sorriu. — Mas acho que tenho uma novidade.

— Qual?

— Está olhando para uma mulher assumida. – Abri os braços de forma teatral, a fazendo rir.

— Oh meu Deus, a sua mãe deve ter surtado. – Suspirei.

— Ela surtou mesmo, não fala comigo direito, anda fingindo que nada aconteceu quando o meu pai está por perto...

— E o que te levou a tomar essa decisão? Você sempre morreu de medo dela.

Mordi o lábio, lembrando da ruiva irritante. Eu deveria contar?

— Você continua com essa mania... – Cat tocou o meu lábio.

 Sua outra mão tocou o meu rosto e a comparação foi inevitável.

— Eu sempre fui louca por sua boca. - Esperei alguma reação do meu corpo, era o meu primeiro amor bem a minha frente, mas nada aconteceu.

      Impulsivamente, beijei Caterine, que no mesmo momento retribuiu. Não, aquele beijo não me causava nada. Não deixava a minha pele em brasas, o meu desejo aflorado, em absoluto nada. Não que a Caterine não beijasse bem, só não era igual quando...

“Droga, não é como quando estou com ela...”

 

 

      O meu irmão fazia uma leve massagem em minha perna, o gesso estava incomodando bastante, coçava e o tornozelo latej*v*. Queria que fosse somente esse o problema, mas a realidade é que não parava de pensar na Lara. Aquela maldita mulher, que naquele momento deveria estar com outra.

Sabe-se lá o que estariam fazendo agora, sozinhas e... que raiva!     

— Inferno. – Resmunguei.

— Doeu? – Hugo me olhou preocupado.

— Não, não é isso. – Cobri os meus olhos com o braço.

Meu celular passou a vibrar, porém o ignorei.

— Faz quantos dias que vocês estão fingindo esse namoro? Uma semana, dez dias? Yas, já parou pra pensar na possibilidade de estar apaixonada? – O olhei imediatamente.

— Apaixonada? – É claro que não.

— Sim, apaixonada. – Hugo parou a massagem. — Olha como você tá, maninha. Tá agoniada, quase dá pra ver o que você tá imaginando. E a forma como vocês duas se olham, cara, dá pra sentir que alguma coisa tá rolando.

— É tesão, Hugo.

— Desde quando tesão deixa alguém assim? Você é uma mulher muito inteligente, Yas, sei que vai se tocar.

Ele ficou de pé, esticando as costas.

— Se precisar, me chama... vou voltar pros estudos. – Com cuidado, ele colocou a minha perna sobre duas almofadas.

— Obrigada, maninho...

— Pensa no que falei.

Ele deixou o quarto.

— Apaixonada? Eu nem... – Cobri o meu rosto com as mãos. — Não, tudo menos isso...

      O quanto irônico seria? E quem se apaixona em dez dias? Eu não devo levar isso a sério, ainda mais quando a chatinha estava muito bem nos braços de outra. Peguei o celular, desbloqueei a tela e havia muitas mensagens no WhatsApp e a maioria era de Letícia. Passei a responde-la, colocando a minha atenção na conversa. Ela era divertida, sempre muito leve, mandou muitas fotos dos seus dois gatos.

Ela me ligou via videochamada.

— Como tá o pé? Tá fazendo as compressas certinhas? – Ela estava usando um moletom do Harry Potter.

— Sim, mas ainda não tá fazendo o efeito desejado. Se um dia eu fosse até o seu quarto, o que encontraria aí? o Harry Potter de papelão? – Letícia gargalhou.

— Você vai encontrar uma coleção grande, isso é bem verdade. – Sorri. — Vai me dizer que nunca teve nenhum ídolo que te fez colecionar coisas?

— Bem, eu tenho a coleção completa de dvd’s e cd’s do Rebelde. – Letícia não polpou o folego e riu mais uma vez. — Me recordo de chorar no primeiro show. Cheguei em casa rouca e de olhos inchados.

— Deus, eu consigo imaginar... – Dei de ombros.

— É o nosso segredo, então vê se guarda direitinho. – Letícia mostrou o mindinho.

Continuamos a conversar, não sei precisar por mais quanto tempo.

 

      Acordei cedo, pois aproveitaria a carona do meu pai até o hospital, a ortopedista me pediu para voltar. Esperei na recepção, coloquei os fones e para o meu desprazer, Nicole sentou ao meu lado. Consegui ignora-la por um tempo, mas aquilo já estava ficando ridículo.

Ela não tinha nada melhor para fazer? Talvez sex* matinal resolvesse. Daria essa dica a ela.

— O que você quer? Não tem trabalho? – Ela cruzou as pernas sem pressa nenhuma.

Nicole estava sempre impecável, as unhas sempre feitas em cores discretas, os inseparáveis terninhos femininos, o cabelo, ela vivia no salão?

— Ontem vi uma cena muito curiosa, sabe. – Olhei para o papel em minha mão.

Ainda havia mais duas pessoas para serem atendidas.

— Sua namorada estava saindo de um quarto com uma mulher. Elas pareciam bem intimas, os cabelos estavam molhados... – Amassei a senha. — Parece que a sua beleza não é o suficiente, né? Sua namoradinha já tá até pulando a cerca.

— Com todo respeito? Por que você não vai pra puta que te pariu? – Falei baixinho.

Isso só fez o sorriso de Nicole aumentar.

— Aliás, o que você estava fazendo em um hotel? Anda mesmo empenhada em descobrir algum podre e tá até perseguindo a Lara? Ou será que nutre alguma paixão por ela? Sinceramente, você não tem uma vida pra tomar conta?

— Paixão pela Lara? Por Deus, quanto absurdo...

— Senhorita Leal? A doutora não pode vir, teve um mal estar, mas já encaminhamos a senhorita pra doutora Lara. – QUE ÓTIMO!

— Tudo bem. – Fiquei de pé com o auxílio da muleta.

— Corninha... – Quantos anos eu pegaria se tacasse a muleta na cara dessa mulher?

Aspirei o ar com calma.

— Qual foi a última vez que fez sex*? É terapêutico, talvez possa resolver essa sua vida tão amarga. Se me permite a dica, tenta com uma mulher, a gente sabe fazer maravilhas...

A face de Nicole ficou rubra.

— Delicioso. – Sorri como nunca.

A recepcionista trouxe uma cadeira de rodas e me levou até a sala de consulta, que estava vazia.

— A doutora já vem. Você quer alguma coisa, Yasmin?

— Não, eu agradeço. Muito obrigada. – A mulher baixinha e de feições gentis, deixou a sala.

      Olhei ao redor e tudo era a cara da pessoa que o habitava. Havia um quadro muito bonito, uma fotografia em preto e branco. Seria em algum lugar na Grécia? As ruas em pedraria, as casas brancas, um mar de tirar o folego ao fundo. Deveria ter um metro de altura e o mesmo em largura.

Deveria ser ótimo trabalhar olhando para essa obra prima.

— A Antonella visitou a Grécia ano passado e me trouxe essa fotografia. – Levei a mão peito, assustada.

— Assim vou ter que ir direto pra cardiologista. – Lara fechou a porta.

O perfume marcante entrou junto e eu me xinguei mentalmente por gostar tanto.

— Desculpe, não foi a minha intenção te assustar. – Me obriguei a olha-la.

      E porr*, tinha como ela ser menos linda? A doutora ficava um atentado a sanidade de jaleco, cabelos presos e de óculos. Por um momento, esqueci da raiva que andava fazendo morada em meu peito.

Maldito desejo.

— Doutora, ando sentindo dores e os remédios não estão fazendo efeito prolongado. – Fui direto ao ponto, pois se enrolasse, acabaria beijando aquela mulher e esquecendo que ontem ela esteve com outra.

Pensar nisso me causava tanto desconforto.

— Vou dá uma olhada, ok? – Apenas concordei com um gesto.

      Lara me ajudou a sentar em um lugar mais confortável e com todo cuidado, retirou a bota ortopédica que a outra médica optou depois de retirar o gesso. Deitei, olhando para o teto e sentindo as mãos de dedos longos tocando o meu tornozelo.

Novamente, o que aconteceu no carro me açoitou.

“Não é hora pra isso.”

— Isso tá roxo, você tá tomando todos os remédios de forma correta? – Lara surgiu em meu campo de visão.

— Sim, o analgésico e desinflamatório. – Sua expressão era nitidamente de dúvida. — Vai ficar aí me encarando?

— Por que ainda tá tão brava comigo? – Aspirei o ar com calma.

O que diria? Que estou agindo como uma completa imbecil por estar morrendo de ciúmes de algo que não é meu? Ou melhor, alguém.

— Às vezes, só queria que você continuasse sendo a chatinha da Lara. Bem mais... — Fácil de lidar.

Segurei a lapela do jaleco, a puxando levemente.

— Tô com uma puta vontade de bater em você. – A minha voz saiu baixa.

Lara abriu a boca de leve, sua mão direita se apoiou ao lado da minha face.

— Eu até aceito que me bata, mas tem que ser no momento apropriado. – Porr*, eu não esperava por essa resposta.

Senti uma pressão louca em meu sex*. Eu estava sendo cruelmente seduzida.

— Eu quero dar pra você, Yasmin, mas tem que ser tão gostoso quanto no carro. – Lara prendeu o meu lábio inferior entre os dentes e o puxou. — E quero que você dê pra mim, enquanto diz o meu nome.

Segurei a sua nuca.

— Então, mesmo depois de ter dado pra outra ontem, ainda resta tanto fogo? – Lara ergueu as sobrancelhas. — Ela não foi capaz de te deixar satisfeita?

Eu queria que ela negasse, que dissesse que nada aconteceu, pois eu estava sedenta por beijar aquela boca até não sentir mais os meus lábios, mas os ciúmes me impediam de fazê-lo.

— Doutora Lara, eu trouxe o seu café. – Fechei os olhos, soltando a lapela do jaleco e sua nuca.

— Pode entrar, Lídia. – Lara continuou a me olhar.

— Bom dia, Yasmin... como está o tornozelo? – Lídia me entregou uma xicara com café.

O cheiro estava incrível.

— Ela anda fazendo arte... – Lara sentou no sofá de couro.

— Obrigada, Lídia. – Provei e estava muito bom. — Foi só um pequeno descuido, mas logo sara. E este café tá maravilhoso.

— As meninas adoram, pois sabemos o quanto o café daqui é ruim. Olha, o meu primeiro pedido pra vocês como diretoras é que tirem aquele negócio horrível da copa, aquilo é uma ofensa para o café. – E era.

— A Lara vai cuidar disso, não é? – A encarei, que continuava a me olhar com malicia.

O que essa mulher está aprontando?

— Com toda a certeza, seu pedido é uma ordem, Lídia.

Tomei todo o liquido, incapaz de dizer qualquer coisa. A porta foi aberta e Antonella entrou.

— Sabia que as encontraria tomando o melhor café do hospital. – Ela veio até a mim, me beijando a testa.

— Chegou na hora certa, Antonella.

“Isso, pois se eu ficar a sós com a sua amiga, as coisas não vão terminar bem.”

— Na hora certa...

      Antonella é uma mulher muito espontânea, naturalmente sedutora. Acho que nem ela se dava conta disso. Em pouquíssimo tempo, desenvolvemos uma conexão inexplicável e com toda a certeza, apesar de Lara, seguiria investindo nessa tão inesperada amizade.

— Bem que senti o aroma. Cadê o meu? Preciso de cafeína, tenho um longo turno. – Ela sentou ao meu lado.

— Vou buscar. – Lídia deixou a sala.

— O que exatamente você fez pra voltar aqui? – As duas me encaravam.

Eu estava sendo intimidada?

— Fui brincar no balanço com a Rafa, ela estava um pouco bêbada e me empurrou com muita força, caímos... – Lara me encarava com a sobrancelha erguida. — Depois que eu fiz o mesmo com ela.

— Quantos anos você tem mesmo? – Rolei os olhos.

— E porque a Rafa tava bêbada? Não parece muito a dela. – É claro que eu não diria o motivo.

— Ela anda sobrecarregada, o chefe dela a deixa louca. – Tomei o restante do café.

— Um cafezinho pra doutora. – Lídia voltou com o café, me salvando do interrogatório.

Lara continuava a me olhar.

“Inferno de mulher.”

— Isso é um dom, Lídia, você é maravilhosa. – Antonella falou e deixou a outra toda sem jeito.

— Ah, doutora, assim fico convencida.

— Mas é para ficar... – Falei. — Tá muito bom.

      A consulta chegou ao fim, Lara me passou um analgésico mais forte e a própria fez questão de me levar até o carro de aplicativo que havia pedido, pois ainda não podia dirigir. Me acomodei no banco de trás com a minha muleta, a abraçava como se aquilo pudesse me proteger do furacão Lara.

— Ainda vou poder assistir ao jogo com vocês? – Ela me perguntou da janela.

— Não tem um lugar melhor pra ir? – Lara sorriu.

Um sorriso lindo, sedutor.

— Melhor que torcer contra o Atlético? – Essa mulher seria a minha perdição.

— Não esqueça de ir com a sua camisa do Cruzeiro. – Ela voltou a sorrir e nesse momento, a ficha caiu.

Miseravelmente, eu havia me apaixonado por essa mulher.

— Até a noite. – E essa não é uma boa conclusão.

— Até a noite, doutora... – Ela se afastou.

      Me encostei no banco por completo, um pouco assustada com a óbvia descoberta. Lara sentia algo além de atração? Não, preciso ser um pouco mais cuidadosa. Não poderia arriscar a minha mente e o meu coração, não quando ainda me recordava de todas as vezes em que jurei que não voltaria a estar nos braços de Camille e vergonhosamente, quebrei a promessa em todas elas.

Eu estou com medo.

 

— Come esse sanduiche, fiz agorinha. – Isadora colocou o prato a minha frente.

— Parece uma delícia. – Dei a primeira mordida.

— Eu conversei com a minha filha, ela ficou muito feliz, chorou igual uma boba. – Isa cortava algumas cenouras.

— Tenho certeza que ela deve estar muito aliviada. Como falei, ter uma nora só têm vantagens. – A mais velha ergueu as sobrancelhas. — O quê?

— Você se comporte. – Ela me ameaçava com uma cenoura.

— Estou morto de fome, por favor, alguém me alimenta. – Hugo tomou o meu sanduiche.

— Ei?

— Não comecem, tem mais dois ali. – Isadora nos olhou de cara feia.

— É esse esfomeado, sem educação. – Hugo piscou para mim.

— Estou em fase de crescimento. Ah, eu vi a irmã da Lara, ela estava saindo de uma academia e tá muito bonita. Não que ela fosse feia, mas tá parecendo bem mais bonita. – Franzi o cenho.

— Nem se atreve, Hugo. – O empurrei de leve.

— Oh, não, não, ela deve ser menor de idade, eu jamais faria algo assim. Relaxa, maninha...

— Continue pensando assim, mesmo depois que ela fizer dezoito. – Ele sorriu.

— Protegendo a cunhadinha, que bonitinho...

Apenas continuei comendo, o ignorando.

— Aproveita enquanto pode, Isa, o papai vai tomar de conta da cozinha hoje. – Hugo tentou pegar meu outro sanduiche. — Aí.

Bati em sua mão.

— Tem outro ali. – Ele riu.

— Deus, vocês não têm jeito...

Fim do capítulo

Notas finais:

Boa noite, minhas deusas.

:)


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Comentários para 10 - Capitulo 10 - Passado.:
barbara7
barbara7

Em: 16/11/2022

Nossa, eu super apoio tem um extra gente, sério mesmo ! Tô pirando com esse enem.


Resposta do autor:

O Extra vai rolar, vocês merecem, estamos felizes por estarem acompanhando e comentando. Não se preocupe que vai dar tudo certo, vai se sai bem no Enem. Muita sorte pra você querida.

um beijo.

Ps. Tany.

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Tazinha
Tazinha

Em: 16/11/2022

Meninas, por favor postem um extra amanhã junto com cap novo. Porque de quinta para segunda demora muito, só tem essa história aqui pra gente ler no site e ainda Enem super estressante. Por favor 


Resposta do autor:

Eu sei bem como é fazer esse Enem já passei por essa tormenta, mas no fim deu certo. Boa sorte pra tu meu bem.

eu e a Leh, iremos dar esse extra pra vocês amanhã.

obrigada por comentar.

Ps. Tany

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Dessinha
Dessinha

Em: 15/11/2022

Estou começando a entender o título.. nossa, que perspicácia, adorei! Também não creio que a Lara foi até o fim com a ex namorada, de infância... mas, pode ter sido esclarecedor para ela, no entanto, da medinho... beijos, queridas! 


Resposta do autor:

Olha muito bom saber que conseguiu entender o título. Lara fez o certo em ir ver a ex, pra eliminar qualquer dúvida. 

Sem medo, bora deixar rolar que tem muita surpresas boas.

bjos Querida Leitora. 

Ps. Tany

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patty-321
patty-321

Em: 15/11/2022

Louca pra ver essa noite esportiva. Será que a lara dormiu com a cat? Não creio


Resposta do autor:

Vai ser uma noite muito boa para nosso casal. Será que Lara foi mesmo capaz de dar essa chance pra Ex???

Logo vai poder matar a curiosidade. 

Cap novo saindo em breve.

um Abraço querida.

Ps Tany

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Silvanna
Silvanna

Em: 14/11/2022

Me acabei agora! Kkkkkkkkk

O menáge da Antonella! "Onde andou essa boca?"kkkk


Resposta do autor:

Antonella e Lara Amizade que deu super certo. O menáge da Amiga foi boa em rs.

pronta para o próximo cap???

abraços..

ps. Tany

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