Inflamável por HumanAgain
Capitulo 32 - Setembro
O sol mal havia dado seu primeiro sinal de vida e Narael já estava nas ruas, carregando uma bolsa a tiracolo e uma sacola na mão direita. Os passarinhos anunciavam o início da primavera e as pessoas pareciam mais leves, cumprimentando-a assim que passavam por ela. Este era o clima que Narael Wuri queria para o seu país.
Havia combinado de se encontrar com Arien no cemitério. Não é um lugar particularmente aconchegante para encontros, mas a jovem Eran queria gastar algum tempo prestando um tributo aos seus irmãos mortos.
Ela estava se recuperando bem do baque, considerando a crueldade a que fora submetida. Depois de dois meses, Arien conseguia tocar no nome de Júnior, Kyedar, Ashlor, Lochiar e Ethel sem chorar. O sorriso voltou ao seu rosto e as cores novamente voltaram a enfeitar o seu ser. A vida continua, afinal.
Enquanto Arien retomara seu emprego numa fábrica de roupas, Narael fazia a vida vendendo suas pinturas para todo o reino. Ser filha de uma das governantes ajudava em sua popularidade, sem sombra de dúvidas, mas as pessoas realmente pareciam apreciar as obras da garota de fogo. Diziam que ela iria estar nos livros de história um dia, com seu olhar crítico sobre as mazelas que açoitavam o mundo.
Quando chegou ao imponente cemitério, Narael suspirou fundo. Era sempre difícil realizar este ritual, e ela o fazia com frequência; caso não o completasse, sentiria-se vazia no final do dia.
No automático, Narael caminhou até a lápide de seu interesse. Não demorou muito a deparar-se com o luxuoso túmulo de Digan Wuri. Após sua posse, Loenna fizera questão de recolher os ossos do guerreiro e enterrá-lo da maneira mais magnífica e honrosa possível; tinha muito carinho pelo pai da princesa.
Narael abriu a mochila, tirou dela algumas flores que havia recolhido nos jardins da mansão Nalan e as depositou em cima da lápide de seu pai. Embora não fosse muito religiosa, ter conhecido o espírito de Julien era o suficiente para convencê-la de que havia vida após a morte.
— Pai, se estiver aí… Ou em qualquer outro lugar… — murmurou a garota, em silêncio. — Espero que esteja orgulhoso de mim. Eu te amo.
A garota quase levou um susto ao sentir um cutucão em suas costas. Achou, por um momento, que fosse seu pai a chamá-la; contudo, quando se virou, notou que era apenas Arien, utilizando trajes simples e com ares de cansada.
— Desculpa… — disse a Eran. — Te assustei?
— Um pouco — admitiu Narael. — Mas é bom te ver. Como você está, Arien?
Arien repousou as mãos ao lado da barriga e emitiu um longo suspiro. Aquele assunto ainda mexia com ela, seria ilógico dizer que não.
— Eu chorei um pouco — confessou. — Ainda sinto a falta dos meus irmãos. Eles eram minha família, e vê-los deformados daquele jeito no formol… Foi assustador.
— Imagino. — Diziam que os fracos são aqueles que choram. Narael, ao contrário, acreditava que fracos eram aqueles incapazes de sentir qualquer coisa. — Mas como está sendo para você? Passar esses dias na casa de Soraya…
— Ah, quanto a isso, não posso reclamar. Ela me trata como se eu fosse uma princesa — brincou a jovem. — Acho que realmente gostaria de ter netos. Nassere é um pouco mais contido, mas também é muito gentil comigo. Serpente acertou muito em sua escolha para a minha nova família.
— Que bom! — Narael estava genuinamente feliz. — Eu espero que tudo dê certo para você, Arien. Você merece ser feliz.
— Obrigada. Você também — agradeceu, cordialmente, a garota Eran. — E, não que eu esteja curiosa, mas o que tem nessa sacola?
Narael agradeceu a garota pela lembrança. Quase havia se esquecido!
— É um presente. Para ti. — E tirou do plástico um quadro pintado por si mesma. — Eu que fiz. É para que se lembre de mim em todos os momentos.
Arien tomou a pintura em mãos. Era um belo retrato feito a óleo sobre tela, onde via-se Narael e a garota Eran abraçadas. Nele, via-se um enorme sorriso no rosto de ambas as garotas, e seus traços joviais eram destacados.
— Não sei se é do seu agrado, mas eu fiz de coração. — Narael esfregou o braço. — Sei que talvez seja melhor ganhar jóias, mas…
— Narael — interrompeu a moça. — Isso é muito melhor do que qualquer jóia. Está lindo! Muito obrigada!
E, de forma tenra e calorosa, Arien abraçou Narael. A jovem Wuri sentiu o calor que irradiava de seu corpo para o da parceira; elas tinham algo intenso e verdadeiro, e isso não se podia negar.
— Você é um cristal muito precioso — continuou Arien, beijando Narael na bochecha. Ela precisava se pôr na ponta dos pés para fazer isso. — Eu sou muito grata em tê-la ao meu lado.
— Ora, eu… — Havia algumas coisas que Narael precisava dizer para Arien, mas, por algum motivo, elas não conseguiam deixar sua garganta naquele momento. — Eu também. Você é muito preciosa, Arien.
A garota Eran sorriu. Lançou uma última olhadela para o quadro e o abraçou, como se fosse uma pessoa de verdade.
— Eu preciso ir agora — despediu-se. — Soraya precisa de ajuda para fazer pão. Diz que não tem força nas mãos, e eu acho que é um favor muito pequeno em comparação com tudo o que ela tem me feito.
— Claro. Claro. — Aquelas palavras iriam morrer na boca de Narael? Seria ela covarde a este ponto? — Eu… Até mais, Arien. Nos vemos mais tarde.
Arien acenou para Narael e virou-se de costas, afastando-se lentamente da pintora. E Narael sentiu-se um pouco estúpida. A chance de confessar-se estava ali; quanto tempo mais ela iria adiar? Quanto tempo mais ela iria negar seus sentimentos?
Não. Não havia tempo para medos e incertezas.
— Arien — chamou a garota Wuri, enquanto a amada andava por entre os túmulos. A garota cessou seus movimentos no mesmo instante. — Quer ser minha namorada?
Arien virou-se de imediato. Era curioso pensar que havia conjecturado todo um futuro com Narael, mas jamais acreditou que um pedido de namoro seria factível. No entanto, ela estava ali, dizendo as palavrinhas mágicas, acalentando seu coração.
— Você está… — Ela quis confirmar, apenas para ter certeza de que não estava sonhando. — Me pedindo em namoro?
Narael assentiu.
— Eu refleti muito sobre isso nos últimos meses. — Depois que fora dispensada das suas antigas obrigações, uma vez que não mais seria sucessora, Narael tinha bastante tempo ocioso. — E conclui que te quero ao meu lado. Para sempre. Como minha namorada, e não somente como uma amiga.
Arien abriu um sorriso gigantesco. Correu até a agora namorada e a presenteou com um demorado beijo. Sua língua dançava com a de Narael, explorava cada centímetro daquela boca que tanto desejava, e nada era mais certo do que o amor que sentia pela princesa.
— Você sabe… — Logo que o beijo se partiu, Arien pôs-se a encarar Narael nos olhos. Tendo Arien pouco mais de um metro e cinquenta e Narael mais que um e setenta, era necessário que a jovem Eran se colocasse na ponta dos pés para se perder na imensidão castanha que eram suas íris. — Que eu sou louquinha por você, não sabe? Desde a primeira vez que eu te vi…
— Eu sei. E é recíproco. — Narael segurou Arien pela cintura. Estava um pouco envergonhada, se sentia estúpida. Mas, afinal, o amor era eficiente em deixar as pessoas um pouco estúpidas. — Sempre foi.
Arien sorriu. Desenhou as feições de Narael com o polegar, e nada naquele momento poderia deixá-la mais feliz. Ciente de que estava diante do amor de sua vida, Arien roubou da pintora mais um demorado beijo. E, neste, as duas se mantiveram por longos segundos.
— Se você quiser… — Com malícia, Narael voltou seus lábios aos ouvidos da agora namorada. Sussurrava baixo, como se estivesse contando um segredo. — Hoje a mansão Nalan ficará praticamente vazia. Todo mundo vai estar no conselho, e nós podemos aproveitar o quarto sozinhas. O que me diz?
Arien deixou escapar uma sólida gargalhada. Não era tão ingênua quanto parecia, sabia o que a amada insinuava nas entrelinhas.
— Narael, Narael… — Arien deslizou o polegar pelos lábios de Narael. — Você está brincando com fogo…
Uma chama viva e intensa brotou da mão esquerda de Narael. Arien quase levou um susto, mas logo que observou aquele festival de cores tremulando pelos dedos da amada, se pôs a rir.
— Assim? — provocou a princesa.
— Exatamente assim. — Arien piscou em devolutiva. — Eu dou um jeito de passar lá mais tarde, tudo bem? Acho que precisamos de um tempo sozinhas. Se cuide, namorada.
E, desta vez mais leve, Narael acenou para Arien. Seria um longo futuro a ser desbravado, e ela estava ansiosa para começar seus desafios.
***
Darian estava ajeitando sua gravata em frente ao espelho.
Seu rosto anguloso era muito mais proeminente quando o rapaz fazia a barba. Seus olhos se destacavam mais quando ele usava lápis e sombra. Darian nunca fora um moço muito bruto, no final das contas; ele gostava da maneira como os traços ditos femininos se modelavam às suas feições. Achava que não era um rapaz vaidoso, mas, no final das contas, o garoto apenas não tivera a oportunidade de se produzir como gostava.
— Magenta ou vermelho? — perguntou aos fantasmas que habitavam a sua cabeça.
— Sei lá, Darian — Julien isentou-se da resposta. — Não entendo de batom. Sequer sei o que é magenta!
— Nunca fui muito de batons, mas, na minha opinião, magenta é horrível — palpitou Loenna. — Sou suspeita para falar isso, porque tenho um fraco por mulheres de lábios vermelhos. Acho que você vai ficar bem com um vermelho coral…
— Magenta, então. — Darian se decidiu, contradizendo a opinião de sua alma penada pessoal.
— Eu não sei porque você me pediu um palpite… — queixou-se Loenna.
Darian esboçou um sorrisinho triunfante — era tão aborrecido por aqueles fantasmas que o gostinho de driblar suas vontades era doce — mas, antes que pudesse tingir os lábios, ouviu batidas na porta.
— Pode entrar — anunciou Darian, torcendo para que não fosse Eliah. A mãe de Narael não era muito adepta das feminilidades do garoto; dizia que ele era homem e deveria se portar como tal. Para a sorte do rapaz, ela não tinha poder nenhum sobre ele.
Quem adentrou o quarto, contudo, foi Narael. Ela trazia um quadro em mãos e enfeitava o rosto com um sorriso singelo. Desde que voltara a pintar, aquele bom-humor era rotineiro na garota do fogo.
— Oi, Darian. — A moça notou que o rapaz havia se produzido. — Você está bonito hoje.
— Só hoje? — brincou o moço.
Narael riu baixinho e entregou o quadro que havia acabado de pintar para Darian. O rapaz o tomou em mãos e apreciou seus traços: Era uma pintura dele com Faer, ambos abraçados.
— Antes que vá para a reunião do conselho, eu resolvi trazer este presente para você. — Narael sorriu com o canto da boca. — Fiz de coração.
O rapaz perdeu a fala ao vislumbrar a beleza do quadro de Narael. A moça era realmente muito talentosa. Não se via um defeito sequer na obra.
— Narael… — Seu rosto adquiriu uma tonalidade vermelha. Por mais que não estivesse mais apaixonado por ela, Darian ainda deixava sua timidez vir à tona quando conversava com a jovem Wuri. — Não precisava. Isso está muito lindo, eu… Meu Deus, Faer vai adorar!
— Claro que precisava — retornou Narael, aos risos. — Hoje é nosso aniversário, besta.
Darian piscou por um momento. Se deu conta de que havia perdido completamente a noção do tempo.
— Já é setembro? — Os meses se passaram num pulo. Narael assentiu ao questionamento do rapaz. — Meu deus, eu nem tinha ideia…
— Parabéns para você, nessa data querida… — cantou Julien. — Muitas felicidades, muitos anos de vida!
— Passou rápido, né? — atestou Narael. — A primavera já está chegando. Parece que foi ontem que passávamos frio no casebre de Merit…
— Merit, meu deus! — lembrou-se Darian. — É aniversário dela também. Onde será que ela está?
— Ela tem te dado notícias? — Narael quis saber. Darian negou com a cabeça.
— Estou preocupado com ela, mas confio que esteja bem — disse. — Ela disse que iria me visitar de tempos em tempos. Tomara que cumpra sua promessa.
— Já ouvi isso antes — grunhiu Loenna, lembrando-se do tempo que havia ficado afastada de Serpente.
— Não jogue areia nas expectativas do menino! — repreendeu Julien.
Darian revirou os olhos. Aquele falatório na sua cabeça iria deixá-lo louco cedo ou tarde.
— Será que vocês não podem calar a boca… — E ergueu suas mãos para o alto. — Por um mísero minuto?
Narael reprimiu uma risada. Ter uma família de espíritos te atormentando não soava divertido, mas, olhando de fora, era um pouco engraçado.
— Eu não sei como você aguenta, Darian… — e balançou a cabeça.
— Esse é o meu segredo. — Darian deu de ombros. — Eu não aguento.
Mordendo os lábios para não rir, Narael assentiu. Apesar de tudo, Darian parecia estar lidando bem com a família que se alojava em seu corpo; ela tinha certeza de que não aguentaria.
— Então está certo, Darian. — Narael acenou para o rapaz. — Nós conversamos depois da reunião.
E despediu-se do rapaz, abrindo um sorriso tenro. Depois que ele havia começado a sair com Faer, lidar com o quase-romance que os dois tiveram se tornou bem mais fácil.
Narael ainda tinha algumas coisas para arrumar em seu quarto, então tomou o caminho de seu dormitório. Eliah certamente a azucrinaria por uma semana se descobrisse que estavam próximas às dez da manhã e a moça ainda não havia feito sua cama.
Contudo, ao entrar em seu quarto, Narael conseguiu distinguir uma silhueta; praguejou baixinho, pensando ser sua mãe, mas quando acendeu as luzes, deparou-se com Aya, que segurava um pacote.
— Bom dia, sapequinha! — Aya sorriu. Embora ainda estivesse magra, havia ganhado um tanto de peso desde o funeral de Loenna. Com algum tempo, logo voltaria ao seu corpo anterior. — Feliz aniversário!
Os olhos de Narael brilharam em êxtase. Com vigor e ânimo, a garota abraçou Aya, apertando seu corpo rente ao dela até que não houvesse mais espaço entre as duas. Talvez Deus a houvesse punido com uma mãe severa, mas, ao menos, lhe dera uma amiga carinhosa.
— Muito obrigada, Aya… — As lágrimas escaparam por seus olhos. — Você é incrível… Isso é pra mim?
— É claro que é. — Aya lançou uma piscadela. — Eu comprei para você. Espero que goste.
Narael abriu o pacote e deparou-se com um vestido florido vermelho. Ele era exatamente do seu tamanho, porque Aya sabia as suas medidas; e a moça não sabia como expressar maior gratidão.
— Eu não tenho palavras para dizer o quanto você é importante para mim. — Não era apenas um vestido, mas um ato de carinho que aquecia o coração da jovem. — Isso aqui é lindo… Meu deus, você tem um ótimo gosto.
— É claro que eu tenho. — Aya piscou. — E, se quer saber, eu acho que Arien irá adorar te ver com essa peça.
A enfermeira sabia do envolvimento afetivo de Narael com a Eran, porque, além de Darian, era a única a quem a pintora confiava o suficiente para confidenciar seus sentimentos. Narael ergueu uma sobrancelha com a provocação, mas não se sentiu ofendida.
— Ela irá — garantiu. — Uma pena que agora você esteja usando números menores, porque eu adoraria te emprestá-lo para seduzir Nidea.
De Aya, irrompeu uma gargalhada. Não havia contado para sua protegida sobre sua vida afetiva, mas é claro que Narael sabia; duas mulheres não se trancam juntas num quarto para fazer crochê, afinal.
— Você está bem saidinha pro meu gosto, viu? — brincou Aya. — Mas eu gosto que esteja assim. Era deprimente te ver sempre aborrecida com aquelas aulas e obrigações estúpidas.
— Eu acho que finalmente encontrei o significado de “felicidade”. — Narael estava radiante. — É tão incrível poder dar voz aos meus verdadeiros desejos, ao invés de ficar presa a algo que me sufoca…
— Eu estou muito alegre com isso, minha querida. — Aya esboçou um genuíno sorriso. — Você merece o melhor.
E, num ato de delicadeza, Aya beijou a testa de Narael. A garota sorriu com aquela demonstração singela de afeto.
— Mudando um pouco de assunto… — Narael tamborilou os dedos na coxa. — Você tem tido notícias de Serpente?
— Querida, ninguém nunca tem notícias de Serpente — lançou Aya. — Ela é uma incógnita.
— Que pena. — Narael deu de ombros. — Gostaria de saber como ela está…
— Ah, ela está bem, pode ter certeza. — Aya piscou. — Agora, minha querida, se me permite, eu vou ter que ir embora. A reunião do conselho é em dez minutos e eu não posso me atrasar.
Aya levantou-se de uma só vez e, com um aceno de mão, despediu-se de Narael. Tê-la por perto era tão gratificante…
— Até mais, Aya! — disse. — Boa reunião!
***
À noite, um homem gordo de roupas formais corria em velocidade máxima. Interpunha-se a carroças, cavalos e pedestres; algumas senhorinhas o xingavam enquanto o magnata passava por elas como um foguete. Apesar da força de vontade, não estava em seu melhor preparo, e o joelho já começava a ceder.
— PEGA LADRÃO! — berrou o homem, completamente vermelho, a careca brilhando de suor. — PEGA! PEGA!
Do outro lado da avenida, Serpente corria com um saco de moedas em mãos, acompanhada de Merit. Alguns policiais — estes com melhor preparo físico — perseguiam o casal e empunhavam suas armas, com o objetivo de fazê-las se entregar.
No entanto, Gillani Gaspez jamais havia se entregado em toda a sua vida.
Enquanto Serpente teria fôlego para uma perseguição de mais alguns minutos, Merit já estava completamente exausta. A ladra não era estúpida, notou que a parceira vacilava. Buscando, então, cessar a caça implacável, Serpente apontou para uma viela estreita que irrompia da grande avenida.
Não foi necessário sugerir duas vezes; Merit mergulhou de cabeça no beco escuro e escondeu-se atrás de uma lata de lixo. Serpente, que só usava roupas pretas, não teve dificuldades em camuflar-se no breu, tapando a boca de Merit para evitar que a amante fizesse barulho.
Os policiais seguiram seu rumo em linha reta, sequer cogitando vasculhar aquela travessa. Serpente ainda manteve Merit calada por um minuto, o tempo necessário para que o magnata passasse, a tropeços, por elas. Quando notou que seus perseguidores foram despistados, as ladras permitiram-se suspirar em alívio.
— Meu deus, Serpente… — Merit limpou o suor que escorria de sua testa. — Eu estou muito fora de forma…
— Você já está cansada? — provocou a outra. — Nós mal saímos de Carmerrum. Aqui em São Tobotrea, a polícia costuma ser mais atlética, viu?
Merit pôs a mão no peito, sentindo que seu coração iria sair pela boca.
— Vou precisar de muito mais tempo para me acostumar com isso — disse, esbaforida.
Serpente abriu um sorriso tenro, encarando-a com seus olhos escuros. Depositou um selinho na boca de Merit e acariciou seus cabelos úmidos.
— Você se arrependeu de ter fugido comigo? — Afinal, mesmo Serpente tinha suas inseguranças.
Merit sorriu de forma acolhedora, beijou Serpente de forma intensa e voraz e, com um olhar malandro, respondeu:
— Nem por um segundo, minha esposa. — E deslizou os dedos pelos cabelos escuros da mulher. — Nem por um segundo.
Fim do capítulo
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kasvattaja Forty-Nine
Em: 14/11/2022
Olá, tudo bem?
Rainha morta, Rainha posta?
Autora, que história alucinantemente DE-LI-CI-O-SA de se ler... Maratonei — kasvattaja aproveitou a ponte do ''feriado prolongado'' — para ler tudinho a sua história.
Gostei.
Ela foi muito bem escrita e parabéns pela sua fértil imaginação.
''Manda'' outras.
É isso!
Post Scriptum:
''Não extingua sua inspiração e sua imaginação; não se torne o escravo do seu modelo. ''
Vincent Willem Van Gogh,
Pintor.
Resposta do autor:
Você não tem ideia do quanto estou feliz em ouvir isso!
Gostei bastante do seu comentário! Fico muito grata que goste das minhas histórias ?? um abraço!
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