• Home
  • Recentes
  • Finalizadas
  • Cadastro
  • Publicar história
Logo
Login
Cadastrar
  • Home
  • Histórias
    • Recentes
    • Finalizadas
    • Top Listas - Rankings
    • Desafios
    • Degustações
  • Comunidade
    • Autores
    • Membros
  • Promoções
  • Sobre o Lettera
    • Regras do site
    • Ajuda
    • Quem Somos
    • Revista Léssica
    • Wallpapers
    • Notícias
  • Como doar
  • Loja
  • Livros
  • Finalizadas
  • Contato
  • Home
  • Histórias
  • Inflamável
  • Capitulo 9 - Com a cabeça a prêmio

Info

Membros ativos: 9524
Membros inativos: 1634
Histórias: 1969
Capítulos: 20,491
Palavras: 51,957,181
Autores: 780
Comentários: 106,291
Comentaristas: 2559
Membro recente: Thalita31

Saiba como ajudar o Lettera

Ajude o Lettera

Notícias

  • 10 anos de Lettera
    Em 15/09/2025
  • Livro 2121 já à venda
    Em 30/07/2025

Categorias

  • Romances (855)
  • Contos (471)
  • Poemas (236)
  • Cronicas (224)
  • Desafios (182)
  • Degustações (29)
  • Natal (7)
  • Resenhas (1)

Recentes

  • Entre nos - Sussurros de magia
    Entre nos - Sussurros de magia
    Por anifahell
  • 34
    34
    Por Luciane Ribeiro

Redes Sociais

  • Página do Lettera

  • Grupo do Lettera

  • Site Schwinden

Finalizadas

  • Armadas do amor
    Armadas do amor
    Por CameliaA
  • O
    O Amor Não Existe
    Por Endless

Saiba como ajudar o Lettera

Ajude o Lettera

Categorias

  • Romances (855)
  • Contos (471)
  • Poemas (236)
  • Cronicas (224)
  • Desafios (182)
  • Degustações (29)
  • Natal (7)
  • Resenhas (1)

Inflamável por HumanAgain

Ver comentários: 1

Ver lista de capítulos

Palavras: 3752
Acessos: 444   |  Postado em: 13/11/2022

Capitulo 9 - Com a cabeça a prêmio

— Ainda falta muito para chegar?

Eram três da tarde e o sol em Carmerrum estava à pino. Narael sentia as dores em suas pernas após caminhar por quase duas horas, e Arien apoiava-se na amiga para disfarçar o desconforto. A única que parecia plena era Serpente; Era surpreendente imaginar que se tratava de uma mulher com cerca de cinquenta anos.

— Vocês já estão cansadas? — Serpente, com um sorriso sarcástico e uma erguida de sobrancelha, levou o cantil de água que carregava consigo à boca. Narael e Arien haviam obtido um para si também; Com as poucas moedas que Serpente tinha, ambas o compraram de um mercador que vendia bugigangas no caminho. — Ainda não chegamos nem na metade do caminho.

Narael arregalou os olhos, espantada. Arien se desequilibrou de imediato e quase estatelou-se no chão; O corpo das garotas já começava a ceder e a longa caminhada era um grande martírio. Mais que o dobro daquilo? Certamente não aguentariam.

Serpente observou a reação de suas companheiras, achando graça. Enfim, resolveu confessar:

— Estou brincando. — E todos os músculos do corpo de Narael relaxaram. — A estalagem é logo ali. 

Serpente apontou para um canto ao fim da rua e todo o alívio de Narael fora convertido em medo ao se deparar com o nível da instalação em que ela e Arien passariam os próximos dias.

Num canto escuro da avenida, havia uma casa que parecia abandonada; Era quase como se saída diretamente de um filme de terror, a sua fachada caía aos pedaços e as janelas estavam todas quebradas. Havia muitas pichações cobrindo as paredes, uma delas dizia “perigo” em vermelho e não deixavam o local muito convidativo. Com algumas lâmpadas baratas, o dono da pousada havia chamado atenção para seu pequeno comércio. Elas pareciam não funcionar em sua totalidade, piscando periodicamente ou brilhando de uma maneira fraca. 

Não parecia ser um local muito agradável de se estar.

— É lá que nós vamos ficar? — Narael estava apavorada. Deitar-se num local tão pavoroso fazia seu coração disparar. — Não é um tanto quanto… Inóspito?

— E você esperava um hotel cinco estrelas? — Serpente não era nem um pouco delicada no deboche. — É uma estalagem barata onde uma pessoa como eu dorme de graça.

A jovem Wuri engoliu em seco. Arien, contudo, parecia preocupada com outra coisa:

— Eles aceitam Eran por lá? — Perguntou a garota, tensa. Não seria a primeira vez que seria mal vista em algum lugar por conta de sua marca no braço.

— Eles aceitam qualquer um. Eles me aceitaram, e eu sou uma criminosa. — Brincou Serpente. — Se bem que, agora, vocês também são, então estamos no mesmo barco.

E Narael, ainda que horrorizada pelas condições grotescas do local, via-se sem alternativa; Era isso ou dormir na rua. Por um momento, amaldiçoou a si mesma por ter pouco controle de seus supostos poderes, e se culpou por ser a causadora de toda essa tragédia.

Conforme a caminhada trazia o trio para perto da estalagem, Narael passou a notar também o encardido das paredes; Elas eram recobertas de mofo. Havia inúmeras baratas em diversos pontos da madeira, e Narael tinha horror a baratas. O cheiro do local era parecido com o de esgoto, indicando que suas condições sanitárias também eram péssimas. 

Tampando o nariz e encarando o rosto amedrontado de Arien — Seus lábios já ficavam brancos com a força da mordida; Suas sobrancelhas arqueadas escondiam um olhar perdido e preocupado. —, Narael seguiu em frente. Era por ela que a garota estava fazendo isso; Por sua melhor e talvez única amiga. 

Serpente tomou a frente, como tinha de ser; Abriu o portão sem grandes dificuldades — E o fato dele estar destrancado não era bom sinal. — E seguiu por um corredor em que se via flores secas e mortas em toda sua extensão. Era uma atmosfera tão mórbida que fazia Narael questionar se dormir na rua era realmente uma opção tão ruim.

Não tinha porta na entrada, apenas uma enorme abertura que levava à uma sala fedida e cheia de teias de aranha. Havia um balcão onde um homem magro, idoso, sujo e mal vestido jogava cartas consigo mesmo, algumas cadeiras espalhadas e um tapete velho que um dia fora branco, mas agora só se via uma cor turva incapaz de ser identificada.

O homem segurava um cigarro nos lábios e não parecia ter notado a presença de Serpente ou das meninas. Via-se em seu semblante um nítido desânimo.

— Mok? — Serpente chamou. — Mok, eu estou de volta.

O tal Mok ergueu os olhos por meio segundo, apenas para retorná-los ao seu jogo de cartas logo em seguida.

— E pelo visto trouxe visitas. — Ele respondeu, assoprando a fumaça do cigarro. — Não sabia que você gostava das mais novas, mas não tenho nada a ver com isso. Por favor, não façam barulho. A última que você trouxe gemia como uma…

— Não as trouxe aqui para trans*r, Mok. — E Narael imediatamente sentiu-se ultrajada com a proposta. Quem ele estava achando que ela era? — Essas garotas precisam de um lugar para ficar.

Mok ergueu o olhar por um milissegundo novamente. Não parecia muito interessado em Narael, Arien ou Serpente.

— Não sei se acredito. Mas a sua vida sexual é problema seu. — Ele deu de ombros. — Espero ao menos que elas paguem. O benefício gratuito é apenas para você.

Narael se viu aliviada ao perceber que não poderia permanecer na estalagem, mas Serpente se pôs na frente:

— Elas vão dormir no meu quarto. — Respondeu a mais velha. A garota Wuri não tinha certeza se gostava dessa ideia, mas Arien animou-se e abriu um sorriso. — O preço é o mesmo se não ocuparmos mais quartos.

Mok deu de ombros e soprou mais um punhado de fumaça.

— Você é quem sabe. — Para ele, nada daquilo importava. — Espero que não me peça para apresentar o quarto às suas convidadas, porque…

— É exatamente o que eu espero. — Serpente sorriu. — Vamos lá, Mok, você é o dono da casa.

Mok bufou, impaciente, apagou seu cigarro no balcão e jogou o restante dele no chão. Fez um sinal para que as meninas o acompanhassem e sua expressão não era muito convidativa; Ele achava tudo aquilo uma tortura.

— Vamos lá, venham comigo. — Ele grunhiu. — Não esperem que eu chame duas vezes.

Narael e Arien não ousariam deixar bravo o dono mal-encarado da estalagem. Sem que ele precisasse chamar de novo, as duas já haviam se colocado detrás do magrelo pelo corredor. Serpente vinha por último, caminhando com um olhar travesso.

As paredes eram bem gastas, rachadas e com um cheiro forte de mofo. Todo o corredor era escuro e Narael soltou um grito com duas baratas que escalaram seu pé. Era uma cena mortificante, com direito à ambiente de casa mal assombrada de filmes de terror.

Trocar a mansão Nalan por aquele lugar era um choque imenso.

— É aqui. — Mok parou em frente à uma porta rachada e pichada, onde se via o número 23 entalhado na madeira. — Se eu não me engano, esta aqui é chatinha de abrir. Serpente?

A mais velha tirou de dentro da calça uma chave solitária e brilhante. Abriu caminho por entre Mok e as meninas e logo a inseriu na fechadura da porta envelhecida.

De início, como Mok avisara, a porta não cedeu; Serpente apoiou seus ombros nela, aplicando força, e após algum esforço conseguiu abri-la. Logo Narael se deu conta de que estava diretamente no inferno.

Havia uma série de garrafas de cerveja espalhadas por todo o cômodo; Algumas embalagens de alumínio de marmitas velhas já começavam a feder em cima de uma velha mesinha de centro. Não havia cama, o colchão era velho, furado e sem lençol, e a lâmpada falhava de tempos em tempos. O guarda-roupa era inexistente por ali, Serpente guardava todos os seus conjuntos de roupas pretas em cima de uma cadeira; Um conjunto de adagas e punhais os acompanhava. Junto ao colchão velho, se via um pequeno saco de moedas. Ao canto, uma segunda porta rangente se punha na parede, era possível que fosse a entrada do banheiro.

Havia também um barulho irritante saindo de algum lugar, era como se algum bicho estivesse caminhando por entre a tubulação da estalagem; Narael não sabia exatamente dizer qual.     

    — Bem, não sei como Serpente vai acomodar mais duas pessoas no ovo que é este local… — E, de fato, espaço não era algo que existia com abundância. — Mas aqui está. Espero que vocês não nos dêem problemas, porque…

Mok parou no exato momento em que focalizou o rosto de Arien. Ela lhe despertou alguma emoção, Narael não entendia o porquê. O singelo semblante da garota Eran lhe desorganizou os pensamentos e o fez franzir a testa.

— Eu já vi você em algum lugar. — Disse ele, por fim.

Arien, espantada, negou com a cabeça. 

— Tenho a mais absoluta certeza que não nos conhecemos. — Disse ela. — Você me desprezaria se assim fosse.

E, claro, a garota se referia às suas origens Eran; A marca no braço estava escondida e muito bem escondida, mas seguia por ali. E a população em geral não gostava deles, por que Mok seria diferente?

— Ninguém tem o poder de ser desprezado por mim. Eu sou simplesmente indiferente a qualquer coisa. — Mok deu de ombros. — Mas, de qualquer forma… Você não apareceu no jornal? Acredito que sim. Só não me lembro qual a matéria que lhe dizia respeito.

O barulho ficava cada vez mais forte. Era uma surpresa para a garota Wuri que apenas ela conseguisse notá-lo; Talvez os demais estivessem absortos por demais em outras coisas.

— Jamais apareci no jornal. Meu pai queria me preservar da mídia e meus irmãos tomaram cuidado para seguir seus passos. — E Arien convenientemente ocultou o fato de que era uma Eran. — Tenho certeza que você se enganou, porque…

E, naquele mesmo momento, o autor do barulho irritante caiu do teto diretamente nos pés de Narael: Um rato gordo, peludo e imundo.

A garota urrou de medo e nojo; Era um animal asqueroso. Seu grito estridente ecoou por todo o corredor e o coração disparou de medo. Mas esta sequer foi a pior parte de sua reação: Narael soltou uma intensa e vermelha chama que escapou de sua mão e atingiu de uma só vez o teto acima de si. 

Mok não notou o que estava acontecendo de imediato; O vislumbre do incêndio apenas chegou à sua mente quando um segundo grito de Narael vibrou pelo ambiente.

— Mas o que… — E imediatamente virou a cabeça para cima. — O QUE VOCÊ FEZ? MEU DEUS, ALGUÉM CHAME OS BOMBEIROS?

A este ponto, alguns dos residentes já haviam escutado os gritos e se assustado com o clarão que vinha do corredor; Muitos abriram suas portas para entender o que acontecia. Cerca de dois ou três homens e uma moça se depararam com uma imensa chama devorando a base do teto de Mok.

— ALGUÉM ME AJUDE! — Mok corria de um lado para o outro, desesperado. — ELA VAI DESTRUIR A MINHA CASA E VAI DESTRUIR A VIDA DE VOCÊS TAMBÉM.

Serpente não movia um dedo; Recostava-se na parede e observava toda a cena com olhos travessos e um meio-sorriso brincalhão. Meia dúzia de moradores e moradoras já tinha entendido o que acontecera e buscavam água dentro de seus quartos. 

Uma mulher trouxe um enorme balde recheado de muita água. Dois homens encheram quatro tigelas com uma água marrom e turva e uma senhora idosa trouxera um pano molhado.

Os três montaram em cima de seus colegas de quarto ou vizinhos e de uma só vez lançaram a água no mar de chamas. O pano enganchou-se nas vigas inflamadas do teto e apagou uma parte do fogo; O jato de água que irrompeu dos recipientes fora suficiente para fazer todo o restante do fogo se extinguir. E, então, o desastre causado por Narael Wuri fora controlado.

Mok reservou alguns segundos para respirar fundo e limpar o suor da testa. Os moradores comemoravam e elevavam aqueles que haviam ajudado no combate ao incêndio ao status de heróis; Os aplaudiam e os veneravam. Era uma pequena festa da qual as garotas até mesmo cogitaram participar.

Mas logo a alegria virou raiva.

— Como isso aconteceu? — Perguntou um moço barbudo, indignado com o resultado. Pedaços do forro do teto ainda despencavam sobre o lugar onde as chamas haviam criado vida. 

O dono da estalagem logo se deu conta de que os autores do crime estavam com ele. Apontou seu dedo magro e seboso para Narael num tom acusatório.

— FOI ELA! — Berrou. — ELA QUASE COLOCOU FOGO NA CASA DE VOCÊS. 

Cerca de doze olhos irados voltaram-se para Narael. Ela estava realmente em apuros, e seu estômago começou a se revirar. Como se safaria daquela?

— Calma aí, Mok. — Para a alegria da garota Wuri, Serpente interveio. — Ela ainda está comigo. E eu vou defender a garota. Você não vai fazer nada com ela. 

Desta vez, os olhares acusatórios foram destinados à Serpente. Os moradores da estalagem barata não se sentiram nem um pouco confortáveis em ter um dos seus defendendo uma incendiária.

— Nesse caso, você vai ter que ir embora! — Berrou a mulher do balde ao fundo.

— Nunca confiei nela. — Respondeu um homem mal encarado. — Nunca achei que fosse uma boa ideia acomodar uma CRIMINOSA.

E, pelo clima que havia se formado, Serpente notou que todos os seis moradores que ali estavam concordavam com os apontamentos dos outros dois. Narael encolheu-se de medo; O que aquela mulher seria capaz de fazer com ela após a garota ter causado sua expulsão?

Sem ter para onde fugir, Serpente ergueu uma sobrancelha. Sabia que não poderia ficar mais ali.

— Mok? — Apesar de tudo, era uma pergunta que já vinha com uma resposta.

O olhar de Mok dizia tudo. Mesmo ele estava irado com Serpente e suas visitas inoportunas, e não era de hoje…

— Eu sou muito grato a você por ter salvo minha vida naquela briga de bar, Serpente… — Mok soava como se tivesse ensaiado seu discurso antes. Era algo difícil de se dizer. — Mas não dá mais para te manter aqui, mulher. Você é simplesmente imunda, não segue absolutamente nenhuma regra, tem problemas com a polícia e traz mulheres toda semana. Agora, você excedeu todos os limites ao trazer uma incendiária para cá. Sabe-se lá o que essa menina tem no corpo, se é o demônio ou sei lá. Eu sinto muito, Serpente, não dá mais para continuar.

Apesar de tudo, Mok estava retraído como um gatinho assustado. Ele tinha medo de Serpente, Narael notou; O que aquela mulher esconderia consigo? Devia Narael ter medo dela também?

Serpente contraiu os lábios e, sem muita cerimônia, descruzou os braços. Pareceu não estar surpresa, muito menos desapontada, apenas… Cansada. Adentrou seu quarto, juntou suas roupas em uma sacola preta, embolsou o saco de moedas e pôs os punhais e as adagas junto à sua cintura. Parecia já ter feito aquele ritual algumas outras vezes.

— Eu e as meninas vamos embora. — Serpente fez um sinal para que Narael e Arien a seguissem. — Até nunca mais, Mok.

O dono da pensão mordeu os lábios, com medo de uma represália, mas Serpente nada mais fez além de virar-se de costas e deixá-lo sozinho com seus hóspedes revoltosos. Arien não hesitou em segui-la e Narael, assustada, fez o mesmo. Era o fim da estadia de Serpente na estalagem imunda.

As três percorrem o corredor, passaram pela recepção de Mok — Onde o cinzeiro e as cartas de baralho ainda marcavam presença. — E por fim se viram de volta à rua. Narael e Arien estavam novamente sem ter um lugar para ficar e agora tinham um terceiro elemento com elas.

— Muito bem… — Ao contrário do que Narael esperava, Serpente estava sorrindo. — O que diabos foi aquilo na estalagem? 

— Eu… — As bochechas de Narael estavam vermelhas. — Eu tenho esse poder às vezes. Não sei se é um poder ou uma maldição. Eu… Sou como um lança-chamas. Mas imprevisível.

— Uau. — Serpente assoviou. — Isso é realmente impressionante. Nunca vi coisa igual, mas, se me permite, não me surpreende. Já vi de tudo nessa vida.

— A Narael não se controla muito. — Arien falava demais. Estava deixando Narael ainda mais envergonhada. — Ela quase incendiou o quarto por culpa disso. 

— Isso é um problema. — Serpente ameaçou uma risada; Os lábios formavam um divertidíssimo sorriso. — Vamos ter que lidar com isso daqui em diante.

— Me desculpe… — Ansiosa por mudar de assunto, Narael logo se adiantou. — Por ter causado a sua expulsão. Eu não queria isso…

— O que? Aquilo? — Serpente fez um gesto com a mão para que as meninas não se preocupassem. — Ah, aconteceria cedo ou tarde. Eles não me suportavam ali, sabe? Aliás, ninguém me suporta. Nunca fiquei três meses em um só lugar ou mesmo em uma só cidade, porque tenho problemas com a polícia. 

— Você é daqui? — Questionou Arien.

— De Carmerrum? Sim. — Serpente assentiu. — Mas estive fora por alguns anos. Vivi a vida pelo mundo, já estive em todos os lugares… Dormi até no meio do lixo dentre minhas aventuras. Conheci pessoas, lugares, vivi romances e acontecimentos que vocês sequer podem imaginar. Resolvi voltar para casa porque, veja bem, eu estou ficando velha e aqui conheço bem… Talvez ganhe uns pontos com as pessoas se souberem quem sou eu.

— E… — Narael ergueu a sobrancelha. — Quem é você?

Serpente soltou uma risada suave. 

— Eu lutei na guerra ao lado de Loenna Nalan e lhe ajudei a trazer a vitória. — Disse ela, e Arien fez uma careta. — Depois de então, resolvi viver minha vida como uma aventureira mundo afora. É divertido, se você estiver disposta a isso.

— Você conheceu Loenna? — Era a dúvida que pairava na cabeça de Narael. Loenna certamente não era uma boa pessoa, mas talvez houvesse sido uma inspiração no passado. 

Serpente soltou uma risada brincalhona, como se algo dito por Narael fosse muito engraçado.

— Você nem tem ideia do quanto, minha querida. — E a garota Wuri sentiu um nó se formando em sua garganta; Não estava diante apenas de uma conhecida de Loenna, mas de uma amiga íntima. Isso não poderia ser bom sinal.        

— O que você faz para ser tão procurada? — Arien estava assustada, mas sua admiração por Serpente era notável. 

— Sou ladra, não contei? — Disse Serpente, como se fosse óbvio. Arien, entretanto, não tirava os olhos do punhal. — Sim, tudo bem, eu já cometi assassinatos. Mas não é recorrente e eu não faço sem razão.

Arien e Narael se entreolharam. A pergunta era óbvia: Deveriam confiar em uma assassina? A Eran, já entorpecida pelos feitos da criminosa, tendia para o sim; Narael, que tinha seu receio quanto aos estranhos, se contentava com o não. 

— Bom, ainda temos que procurar um lugar para ficarmos. — Serpente pôs o saco de moedas e roupas nas costas e seguiu caminho em frente. — Se vocês não estiverem muito ocupadas discutindo minha ficha criminal, podemos tentar algum outro lugar. 

Arien fez que sim e seguiu Serpente; Narael, que até o momento hesitava, não viu outra alternativa. Caminhou rente à assassina e torceu para que ela fosse piedosa com duas garotas que conhecera no mesmo dia.

Mas, antes que a jovem Wuri pudesse dar dois passos para frente, uma folha de jornal voou diretamente para seu rosto. Narael a puxou irritada e estava prestes a gem*r um palavrão; Foi quando se ateve ao conteúdo do jornal.

Era uma foto de Arien, esmaecida em tons de preto e de branco; A manchete do dia lhe trazia a notícia mais desagradável que poderia aparecer.

Arien Eran era procurada e o prêmio por sua cabeça era mais de duzentas e cinquenta mil moedas de ouro. Ela era, agora, uma fugitiva; E uma fugitiva a um preço caro.

— E então? — Serpente recostou-se num poste. — É para hoje?

— Arien… — Narael ignorou o chamado impaciente da criminosa. — Veja isso. É importante.

Arien puxou a folha de jornal para si e levou um susto ao ver seu rosto estampado na folha de capa. Lágrimas começaram a escorrer pelos seus olhos e ela se via perdida, sem ter o que fazer; Era uma garota sem lar com a cabeça posta à prêmio. 

— Duzentos e cinquenta mil… Foi por isso que Mok me reconheceu. — Disse, com a voz embargada. — Eu estou perdida, Narael. Perdida.

Serpente desconfiou que algo de errado vinha daquelas páginas e puxou a folha de jornal para si. Observou com cautela a foto de Arien e o prêmio que via atrelado a ela e assoviou lentamente.

— Uau. Duzentos e cinquenta mil moedas de ouro. Nunca ofereceram esse prêmio pela minha cabeça. — Ela riu; Narael, entretanto, não achava engraçado. — Isso muda a coisa um pouco.

— Por quê? — Arien perguntou.

— Porque, agora que você é procurada, não é em qualquer lugar que podemos ficar. Veja bem, quando isso se popularizar, muita gente vai correr atrás de sua cabeça. — Explicou Serpente. — E, se me permite, duzentas e cinquenta mil moedas de ouro é um preço muito alto.

— Por que deveríamos confiar em você? — Narael rugiu. — Você é uma criminosa procurada pela lei. E se nos entregasse para ganhar dinheiro e se safar? Quem garante que isso não vai acontecer?

— Ninguém garante. — Concordou Serpente. — Mas vocês não têm escolha.

E, nisto, Narael contraiu os músculos. Não via outra opção além de concordar com a mais velha; O que seriam delas sem Serpente? Duas garotas foragidas em Carmerrum, sem teto e sem comida. Ao menos a criminosa lhes providenciara comida e estava atrás de um teto. Era uma situação extremamente desfavorável para elas: Morrer nas mãos de Serpente ou morrer de fome e frio?

  — Bem… — Ainda na defensiva, Narael questionou Serpente. — Você vê algum lugar seguro para ficarmos, então?

 

— Somente um. — Ela sorriu. — Espero que não tenham problemas com mosquitos. 

Fim do capítulo


Comentar este capítulo:
[Faça o login para poder comentar]
  • Capítulo anterior
  • Próximo capítulo

Comentários para 9 - Capitulo 9 - Com a cabeça a prêmio:
Lea
Lea

Em: 17/11/2022

As loucuras da Loenna saíram do controle.

E a Serpente, será que entregará as garotas,por causa do dinheiro??


Resposta do autor:

hahahahahah só o tempo dirá... 

 

E sim, a Loenna está bem alterada. Ela precisa parar com esse complexo de grandeza.

Responder

[Faça o login para poder comentar]

Informar violação das regras

Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:

Logo

Lettera é um projeto de Cristiane Schwinden

E-mail: contato@projetolettera.com.br

Todas as histórias deste site e os comentários dos leitores sao de inteira responsabilidade de seus autores.

Sua conta

  • Login
  • Esqueci a senha
  • Cadastre-se
  • Logout

Navegue

  • Home
  • Recentes
  • Finalizadas
  • Ranking
  • Autores
  • Membros
  • Promoções
  • Regras
  • Ajuda
  • Quem Somos
  • Como doar
  • Loja / Livros
  • Notícias
  • Fale Conosco
© Desenvolvido por Cristiane Schwinden - Porttal Web