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Inflamável por HumanAgain

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Palavras: 4821
Acessos: 440   |  Postado em: 13/11/2022

Capitulo 6 - Uma intrusa na mansão

Narael gostava de pintar coisas bonitas. Entre elas, estava o rosto de Arien; A garota não sabia o porquê, mas desde que havia despertado lhe brotara a vontade de criar uma tela com as feições da amiga. 

E elas eram, de fato, adoráveis. A pele de Arien era negra de um tom mais claro; Seus cabelos eram escuros e pequenos cachos que cresciam para cima formavam uma coroa ao redor de sua cabeça, os olhos pequenos e amendoados lhe passavam a ideia de inocência; Estes, tão escuros quanto os cabelos. Narael optou por representar um sorriso nos belos lábios de sua nova amiga, que seria capaz de ofuscar o sol. Sorriu; Suas mãos sujas de tinta denunciavam a pintura bem feita.

Seu talento jamais fora reconhecido por Eliah, pensava Narael. A ela, pouco importava se a filha tinha um apreço natural pelas tintas e pelos pincéis, desde que ela seguisse à risco sua grade de aulas. Mas, afinal, quando que sua mãe a havia apoiado em alguma coisa?

Narael limpou suas mãos numa toalhinha que guardava junto à suas outras obras. A pintura de Arien ainda não estava terminada; Faltava o acabamento. Mas isto ela faria outro dia, pensou. Estava cansada das aulas que havia tido durante o dia inteiro e já era perto da hora do jantar. Limpou o suor que escorria na testa, contemplou sua obra mais uma vez e estava prestes a descer as escadas do sótão, quando o temível barulho de alguém subindo as escadas invadiu seus ouvidos. 

A jovem gem*u de descontentamento. Somente uma pessoa a buscava no sótão, e essa pessoa era Eliah; Sempre para dar-lhe uma bronca. Mas o que fizera de errado desta vez? Narael havia frequentado (de corpo presente apenas, é verdade; Sua mente estava nos irmãos bonitos e grossos de Arien Eran.) todas as aulas do dia, comparecera à tediosa reunião e somente se voltou aos seus pincéis quando todos os seus compromissos foram encerrados. Havia, claro, mais uma porção de coisas erradas feitas pela jovem Wuri que Eliah poderia ter descoberto somente agora, mas seria esse o caso? Se pôs ponderando todas as vezes em que sumira misteriosamente da aula, ou quando fugiu pela janela na ocasião em que Eliah a havia colocado de castigo. Preparou sua defesa mentalmente…

E a porta se abriu.

— Narael… — Foi a primeira palavra de Eliah.

— Eu não fiz nada! — Ela rapidamente se pôs em modo de defesa. — É tudo mentira do…

Havia no mínimo umas dez pessoas que poderiam ter revelado verdades inconvenientes para Eliah, e Narael poderia citar o nome de cada uma delas.

Mas, de qualquer maneira, não seria necessário.

— Eu sou tão ruim assim? — Eliah parecia frustrada. — Você realmente não fez nada dessa vez, Narael. Mas tem visitas.

Imediatamente, a garota lembrou-se de Arien. Como poderia esquecer! Ela havia combinado com a amiga na última terça-feira!

— Você sabe quem é? — Narael já sabia quem possivelmente estaria lá fora, mas ainda assim queria confirmar.

— Uma tal de Arien. Ela não me disse o sobrenome. — E a jovem já suspeitava do porquê. — Parece uma boa garota, acabou de voltar do trabalho. Vá recebê-la, por favor.

Alegre, Narael desceu as escadas. Seus olhos brilhavam e os lábios pela primeira vez em muito tempo se abriam em um sorriso; Tinha o pressentimento que sua amizade com Arien teria um futuro longo e próspero. Abriu a porta da sala e sem demora dirigiu-se ao belo portão da frente, guardado por mais um dos discípulos de Lenrah. Ele trajava roupas um tanto quanto despojadas e carregava uma arma na cintura.

Mas sua atenção não estava no subordinado de Lenrah; Do outro lado do portão de ferro, estava ela, a sua amiga Arien. 

A garota parecia cansada, mas feliz; Usava roupas casuais e seus cabelos estavam despenteados. Sustentava um sorriso sereno nos lábios e um colar com um pingente de coração lhe ornava o pescoço. Não fora burra; Se preocupou em usar roupas de mangas longas para evitar que os residentes da mansão Nalan vislumbrassem o falcão que tinha no braço.

— Arien! — Exclamou Narael, alegre. — Maraya, você pode abrir o portão para mim?

O subordinado de Lenrah assim fez e logo não havia nenhuma barreira física separando a jovem Wuri de sua amiga. 

Recebendo-a com um abraço, Narael notou que o odor de suor era levemente presente no corpo de Arien; Fora de fato um árduo dia.

— Me desculpe, eu não tomei banho. — Disse Arien, como se lesse mentes. — Acabei de voltar do trabalho. Achei que ficaria muito tarde se eu passasse em casa para me banhar.

— Não tem problema. — Para Narael, apenas a presença de Arien bastava. — Você não se esqueceu e isso para mim já é especial.

A jovem Eran sorriu. Cumprimentou Maraya e pediu licença para adentrar a mansão Nalan, que logo foi concebida por Narael.

— Eu morava aqui quando nasci. — Sussurrou a garota. — Eu, meu pai e meus irmãos. Mas meu pai morreu… E perdemos nossa casa.

Narael não tinha palavras para responder à amiga. Pensou se não estaria sendo inconveniente em trazê-la justamente para o cenário de seus primeiros dias, perdido de uma forma trágica. Perguntou-se se estar ali com Arien era de fato uma boa ideia.

— Você está se sentindo mal aqui? — Afinal, Narael não queria causar gatilhos em sua mais recente amiga. — Podemos ir tomar um sorvete se você quiser. Sair daqui, ir para qualquer outro lugar…

— Não estou. Eu era muito jovem quando fui embora, sequer tinha completado 2 anos de idade. — Arien parecia deslumbrada com as dimensões do local. — Quero conhecer melhor a minha antiga casa. Aliás, o que é isso nas suas mãos?

E, de súbito, Narael notou que tinha manchas de tinta nas palmas das mãos. Sentiu-se uma péssima anfitriã; Que descaso de sua parte receber a amiga sem sequer lavar as mãos!

— Ah… — Narael sorriu com o canto da boca. — É tinta. Eu… Sou pintora.

Arien abriu um imenso sorriso; Parecia empolgada.

— Pintora? — Afinal, descobrir coisas novas sobre as pessoas era sempre gratificante. — Que legal! E o que você pinta?

Você, pensou Narael.

— Gosto de pintar coisas, paisagens e pessoas. — Se dependesse de Narael, Arien jamais veria a pintura que a jovem havia feito dela. Aquilo lhe constrangeria demais. — Esses dias, eu pintei o meu pai. Gosto de imaginar como ele seria.

— Que legal! — Arien bateu palmas. — Aposto que você é muito talentosa. Eu gostaria de ver suas obras.

— Talvez um dia. O sótão está trancado agora e minha mãe está com a chave. — Mentiu ela. — Você não quer conhecer um pouco dos residentes da mansão Nalan? Exceto por minha mãe e Loenna, eles são legais. 

Arien fez que sim com a cabeça. 

— Eu mal posso esperar para isso! — Disse ela.

***

A dupla mal precisou adentrar a mansão Nalan para conhecer seus residentes. Ainda na varanda, Fowillar encontrava-se esparramado em uma cadeira, fumando seu costumeiro cigarro. O olhar do rei Nalan estava perdido em algum lugar distante e sua atenção certamente não estava no presente. O forte cheiro de cigarro era bem característico do marido de Loenna.

— Fowillar? — Chamou Narael. O rei levou um susto e remexeu-se na cadeira; Enrijeceu seu corpo todo, como se esperasse alguma ameaça iminente.

— O que? — E só então pareceu notar a presença de sua afilhada. — Ah, é você, Narael. Uma boa noite.

— Você não… — Os olhos da garota se fixaram no cigarro. — Tinha parado de fumar?

Foi quando Fowillar se deu conta de que estava com um cigarro em mãos. Antes mesmo de voltar-se a ele, o pequeno tubinho branco já havia sido lançado na grama do jardim às suas costas.

— Eu tinha. — Ele limpou a garganta. — É claro que eu tinha. É que hoje é sexta feira, veja bem, e eu me dei o direito de… Ah, bobagem. Esqueça isso, Narael. Quem é a garota?

— Essa é Arien, minha amiga. — A jovem apresentou sua mais nova amiga ao padrinho. — Arien, esse é Fowillar. Ele e Loenna são meus padrinhos. 

Arien ofereceu a mão para o rei Nalan, mas o braço de Fowillar estranhamente a chamava a atenção.

— Prazer em conhecê-la, Arien. — Fowillar apertou a mão da garota Eran. — Sinta-se em casa! Eu sou Fowillar, e…

— Então você é realmente um Saphira.

Fowillar estava de regata; O desenho da safira no braço era bem evidente e ele não poderia esconder. De fato, Fowillar era um Saphira, Narael sempre soube disso. Havia sido expulso da família muito antes da guerra, e os residentes da mansão Nalan diziam ao povo que a razão para isto fora o fato de Fowillar ter se apaixonado por Loenna. A julgar pela relação de ambos — Que se parecia muito mais como uma relação de amizade do que com uma relação de casal. —, Narael duvidava um pouco. Era mais provável que o alvo de suas paixões fosse o chefe da guarda real, Lenrah Moran.

— Eu assumi o sobrenome Nalan ao me casar com Loenna. — Aquele assunto era um tanto quanto delicado para Fowillar. — Não me reconheço mais como Saphira.

— Eu sou Arien Eran. — Disse ela, séria. — Loenna nos odeia. Uma hora, o seu casamento com ela não terá valor algum, e ela o perseguirá também. 

Fowillar piscou. Não acreditava que Narael havia trazido uma Eran para casa e acreditava menos ainda que esta Eran estivesse fazendo previsões sobre o que aconteceria futuramente com ele; Previsões, por sinal, bem pessimistas.

— Convença ela de que também somos humanos antes que seja tarde demais. — Arien não mudou o seu tom de voz por nem um segundo sequer. — Por favor. Nem todos nós somos ruins, e você sabe disso.

— Arien, eu… — Fowillar não sabia o que dizer. Reprovava as atitudes de Loenna acerca de seus inimigos antigos, mas jamais havia cogitado a hipótese da esposa se revoltar contra ele também. Para Fowillar, seu sangue Saphira havia se perdido em um passado distante. — Eu não posso…

— Arien. — Prevendo que nada de bom sairia daquela conversa, Narael puxou a amiga pelo braço. — Eu tenho outras pessoas para te apresentar. Venha, vou lhe mostrar meu avô Euler. 

Arien concordou com a cabeça. Ainda manteve seus olhos fixados na marca de Fowillar por alguns segundos, mas foi obrigada a desviá-los do rei no momento em que ele buscou outro cigarro em seus bolsos. 

Narael suspirou em alívio ao sentir que aquela conversa nada confortável havia se encerrado por ali; Existirá um momento mais propício para que as reflexões de Arien sejam trazidas à tona, e esse momento não será agora.

— Se eu conheço meu avô… — Euler era seu avô de consideração. Não era biologicamente pai de Digan, visto que o tão valente guerreiro havia sido abandonado na porta do homem quando ainda era um bebê de colo, mas após criá-lo por tantos anos, Euler Christol se considerava pai de Digan Wuri; Consequentemente, Narael era sua neta. — Ele está no quarto dele fazendo alguns levantamentos. Ele é bem divertido, vai gostar de vê-la. 

Após percorrer a sala e um longo corredor com nada menos que dez quartos, Narael se prostrou em frente àquele que sabia pertencer a Euler. Arien a seguiu durante todo o trajeto e parecia animada para conhecer o conselheiro de Loenna Nalan.

— Ele também é conselheiro de Loenna. — Disse ela. — Mas não adianta muito, porque ela não o ouve. 

Narael bateu duas vezes na porta do quarto de Euler com o punho fechado. O som surdo da madeira conseguiu chamar a atenção do velho, que disse, com sua voz rouca:

— Pode entrar.

Ao abrir a porta, Narael confirmou suas suspeitas; Euler estava sentado em frente a uma mesinha de madeira, iluminado apenas pela luz de uma vela, escrevendo algumas coisas terrivelmente chatas em um papel; O avô de Narael gostava de burocracia, era a sua melhor especialidade.

— Boa noite, princesa. — Disse Euler, desviando sua atenção dos papéis por um breve momento. — E temos visitas!

Arien dirigiu-se ao senhor de careca brilhante e barba rala e ofereceu-lhe a mão.

— Arien. — Apresentou-se. — É um prazer…

— O prazer é todo meu. — Ele sorriu. — Meu nome é Euler Christol. Eu sou conselheiro de Loenna Nalan e nas horas vagas cuido dessa papelada imensa. É um trabalho um pouco chato, mas eu fui feito para ele.

— Ele é pai de Digan. — Disse Narael, inflada de orgulho. — Se ser filha de Digan já é uma grande honra, imagine então ser pai…

— Digan era a minha criança. — Euler coçou a barba. — Ele foi um excelente nome na revolução.  

— A revolução… — Arien suspirou. Apesar de entender as motivações da revolução, não achava justo o que havia se sucedido à ela. — Você acha justo? O tratamento que deram para os Eran após ela? E os Kantaa… Os Saphira…

Narael queria colar a boca de Arien com um imenso rolo de fita crepe. Por que ela tinha de levantar esses questionamentos à sua família?

— Eu… — Euler se via em uma situação complicada. Lutara sua vida toda por essa revolução, mas não podia negar que depois dela as coisas haviam tomado um rumo um tanto quanto cruel. — Eu acho que a revolução foi necessária. Não era justo o que acontecia conosco antes dela. Mas…

Arien ergueu uma sobrancelha.

— Mas? — Euler não estava interessado em continuar a frase; Arien teria de pressioná-lo.

— Mas quanto mais você olha para o abismo, mais o abismo olha de volta para você. Aquele que luta contra monstros deve acautelar-se para não se tornar também um monstro. — Era o que estava entalado na garganta de Euler. — Eu e Loenna temos discordâncias. Entretanto, no fim do dia, não sou eu quem está no poder.

— Arien. — Narael chamou novamente. — Eu tenho que lhe mostrar uma pessoa especial ainda. Venha, vai ficar tarde.

Arien concordou e seguiu Narael para fora do quarto de Euler. Pelo horário, Aya estaria na cozinha, e era lá o seu próximo destino. 

Antes de prosseguir, porém, havia uma coisa que a jovem queria dizer para Arien.

— Você poderia… — Ela não sabia as palavras a usar para que soasse menos rude. — Parar de trazer assuntos sérios para as pessoas da mansão?

Arien deu de ombros.

— Apenas queria fazê-los pensar. — Disse, simplesmente. — Mas, se te incomoda, eu posso parar. Não quero constrangê-la.

Narael sentia-se mal. Todos os questionamentos levantados por Arien eram absolutamente pertinentes, mas será que a responsabilidade por instaurar o caos na família real recairia sobre a jovem Wuri? Qual seria o custo dessas perguntas? 

A garota balançou a cabeça, evitando pensar muito no assunto. Não estava certa se Loenna estava disposta a mudar sua forma de governo e duvidava que as opiniões de Fowillar e Euler fizessem alguma diferença nisso. Arien estava se constrangendo à toa, no final das contas.

— A cozinha é por aqui. — No meio de seus pensamentos, Narael apontou para um cômodo guardado por uma imensa porta de madeira. De lá, saía um cheiro delicioso de frango assado. Raramente Loenna ou Eliah tomavam a frente da cozinha, geralmente os pratos mais deliciosos da mansão Nalan eram preparados por Aya. 

E, ao abrir a porta, Narael confirmou suas suspeitas; Era lá que Aya estava. A enfermeira trajava um avental branco e, com uma luva gigantesca, tirava do forno uma assadeira contendo um delicioso frango assado. 

— Aya! — Chamou Narael. 

Sem demora, Aya pôs a assadeira em cima da pia e voltou-se a Narael. Um sorriso acolhedor se formou em seus lábios.

— Oi, sapequinha! — Ela disse, gentil. — Você está acompanhada hoje!

— Esta é Arien. — Narael apresentou a amiga. — Ela veio conhecer a mansão. 

Arien sorriu, ofereceu a mão para Aya e esta a tomou na sua, cumprimentando a garota.

— Prazer em conhecê-la, Arien. — Disse Aya, serena.

— O prazer é meu. Você é muito bonita, Aya. — Foi a primeira coisa em que a Eran reparou. 

— Obrigada, minha querida. — Aya agradeceu o elogio. — Você não quer ficar para jantar? Temos frango.

Narael imediatamente fez uma careta com a ideia. Não que lhe desagradasse jantar junto a Arien, longe disso; Mas unir Loenna e uma Eran na mesma mesa era de um potencial catastrófico gigantesco. Aya, que não via a marca nos braços cobertos da menina, não tinha ideia do quão desastroso o seu convite poderia ser.

Arien, contudo, não parecia tão ciente assim dos riscos.

— Eu vou adorar. — Ela respondeu. — A sua comida parece uma delícia.

***

Estavam todos reunidos na mesa: Lenrah, Eliah, Loenna, Fowillar, Euler, Aya, Narael e Arien. Euler e Fowillar não emitiam uma palavra; A presença de Arien era desconfortável para eles. Loenna e Eliah, ao contrário, a ignoravam totalmente; Já Aya mantinha uma conversa animada com a convidada.

— Você é daqui de Quentin Nalan, Arien? — Dizia Aya, sorridente.

— Eu nasci aqui. — Respondeu a menina, e Narael torcia para que ela não entrasse em detalhes sobre sua origem.

— Que legal. — Aya levou uma garfada de frango à boca. — Neste bairro mesmo?

— Literalmente aqui. — Fora a resposta de Arien. — Nesta casa.

E, embora a conversa fosse com Aya, a jovem Eran encarava Loenna com um olhar ameaçador. Seu desprezo pela rainha era nítido apenas na ferocidade de seus olhos.

Narael praguejou baixinho. Se Loenna descobrisse que dividia a mesa com uma Eran, aquele jantar não seria tão pacífico; No entanto, ela parecia mais compenetrada em sua conversa com Eliah sobre as finanças do que nas frases de Arien.

— Como assim? — Aya franziu a testa. 

Arien abriu a boca para responder, mas naquele exato momento Loenna pareceu se lembrar de que havia uma nova integrante à mesa.

— Garota, me passe o sal, por favor? — Pediu ela para a jovem. A Eran fez uma careta, mas não se opôs ao pedido. — Obrigada. Qual o seu nome, à propósito?

Arien apertou os olhos e trincou os dentes. 

— Arien. — Para alívio de Narael, ela parou no primeiro nome.

— Tem algo de errado, Arien? — Loenna notou que o comportamento da jovem para com ela não era dos mais amistosos. 

— Eu não gosto de você. — Disse ela, simplesmente.

Loenna ergueu as sobrancelhas.

— Muita gente não gosta. — E pôs uma pitada de sal em sua salada. — Eu não posso fazer muita coisa para mudar isso.

Narael suava frio. Um desastre estava em iminência de acontecer; Apenas uma palavra a desgraça estava feita.

— Você pode fazer, sim. — Devolveu Arien. — Você só não quer. 

Desta vez, Loenna pareceu confusa. A filha de Eliah queria tirar Arien dali o mais rápido possível.

— Eu não estou entendendo. — Respondeu Loenna.

— Você matou o meu pai. — A voz de Arien era carregada.

Pronto. À partir dali, Narael sabia que seria só uma questão de tempo. Estapeou a própria têmpora, tentou cutucar as pernas de Arien por baixo da mesa, mas a Eran parecia convencida em levar aquilo para a frente.

— Eu matei muita gente. — Admitiu Loenna. — Mas eu duvido um pouco que seu pai seja um deles. A menos que você…

— Eu sou Arien Eran. — Para o terror de Narael, Arien disse seu nome completo. — Filha de Morius Eran. 

Foi a vez de Loenna apertar os olhos e trincar os dentes. Narael sabia que a rainha não iria deixar barato.

— O seu pai… — Ela disse, com ódio. — Matou o meu irmão.

— Você mata muitos dos nossos todos os dias. — Apesar de não poder negar a última informação, isso não era tudo que Arien tinha a dizer. — Por motivos torpes e irrelevantes. Eu estou errada, senhora Nalan?

— Se vocês não tentassem usurpar a MINHA coroa… — Loenna ergueu o tom de voz. — Isso não seria necessário.

— Não queremos essa maldita coroa. — Rosnou Arien. — Só queremos ser tratados como seres humanos.

— JÁ CHEGA! — Loenna se pôs de pé e deu um soco na mesa. — Quem trouxe esta Eran nojenta para a minha mesa?

Euler e Fowilar se entreolharam; Em seguida, voltaram-se para Narael, mas ninguém disse uma palavra. Nem mesmo Arien.

— Quer saber? Não importa. — Resmungou a rainha, tomada pelo ódio. — Levem essa menina para as masmorras. Lenrah!

Arien arregalou os olhos; Lenrah hesitou antes de se levantar, mas era um fiel subordinado a rainha: Tomou sua lança em mãos e se pôs ao lado de Arien, lançando um olhar que pedia a colaboração da menina. 

— Loenna… — Aya também se levantou. Lenrah estava com uma das mãos no braço da Eran quando a enfermeira se manifestou. — Isso é ridículo. Você não pode prender a menina.

Loenna ergueu uma sobrancelha.

— Não posso prender uma de nossas maiores inimigas, Aya? — Debochou a rainha.

— Não. Você não pode prender uma garota de vinte anos apenas porque ela afirmou não gostar de você. — Aya respondeu, e Narael suspirou em alívio. Alguém tinha que peitar Loenna, afinal. — Governar não é simplesmente acabar com todos que não concordam com você.

— Ela é uma ameaça! — Loenna apontou para Arien. 

— É mesmo? — Aya não estava com paciência para os caprichos de Loenna. Não desta vez. — Me diga exatamente o que ela está ameaçando.

Silêncio. Ninguém ousou dizer uma palavra. Loenna retorceu os próprios lábios e engoliu as palavras inflamadas que iria dizer; Uma chama de esperança se acendeu em Narael. Será que a rainha finalmente teria bom senso?

— Você tem razão. — Respondeu Loenna, após um longo minuto. — Eu não devo prender a garota.

Arien suspirou de alívio e Narael embarcou junto com ela; Finalmente a rainha havia dado voz à razão.

Mas o alívio durou pouco.

— Quem eu devo prender é você, Aya. — Loenna apontou para a enfermeira.

Mesmo Lenrah, já acostumado com os mandos e desmandos de Loenna, pareceu surpreender-se. Narael mordeu o lábio com tanta força que chegou a sangrar; Sabia que, nos últimos dias, Aya e a rainha não estavam se dando muito bem, mas a este ponto? 

A enfermeira piscou algumas vezes. Seu choque não a permitia exprimir emoção alguma. 

— Isso é… Ridículo. — Apesar da seriedade da rainha, sua decisão parecia-se como um deboche. Aya custava a acreditar que fosse real. — Vai me prender por me opor a uma decisão sua?

— Eu vou te prender por me desafiar em absolutamente tudo. — E Loenna reforçava sua ordem. Ela não estava brincando. — E não é de hoje, Aya. Você contesta todas as minhas decisões, me questionando perante a todos. 

— Se você fosse mais razoável, eu não te questionaria. — Respondeu Aya, ríspida. — Não preciso dizer o quão longe você está indo, não é? Olhe só o que está prestes a fazer!

— Eu devo prezar pela minha segurança. — O clima era tenso; Ninguém além das duas ousava dizer uma só palavra. — E se você rebelar-se contra mim e me destituir do poder? Não posso acobertar o inimigo dentro de minha própria casa.

— E por que você acha que eu faria isso? — A cada palavra de Loenna, o choque de Aya crescia. Como pode ser paranóica a este ponto? 

— Você tem dado sinais, Aya. — Disse Loenna. — Muitos sinais.

— Ah, é? — Se Aya iria para a prisão, então que fosse sem nada entalado na garganta. — Não querer trans*r com você é um deles? 

Nisso, a cozinha experienciou seu mais mortífero silêncio. Loenna tentava controlar suas expressões faciais, mas as veias de seu rosto latej*v*m e o vermelho cobria todo o seu rosto. Ela estava consumindo-se em raiva. Aya havia tocado em seu ponto fraco.

Cansada de tentar se conter, a rainha deu um soco na mesa, forte o suficiente para derrubar seu cálice de vinho; O tinto da bebida manchou a toalha branca.

— JÁ CHEGA! — Esbravejou Loenna, impaciente. — Nossa vida sexual não deveria ser trazida à tona, Aya. Mas isso não importa, porque ela acaba aqui. LENRAH! Leve esta traidora para a prisão. AGORA!

Lenrah travou por um momento. Não havia se dado conta ainda; A ordem que recebera era bem clara, mas levar Aya para a prisão era a última coisa que ele se imaginava fazendo.

Loenna notou sua incerteza; Isso só serviu para deixá-la mais irada.

— Você ouviu o que eu falei, Lenrah? — Perguntou ela, ríspida, sem permitir contestações.

O chefe da guarda pareceu se dar conta a quem ele servia.

— Sim, minha rainha. — E, trêmulo, dirigiu-se a Aya. A enfermeira não ofereceu resistência; Levando seus braços para trás, Lenrah foi obrigado a murmurar: — Me desculpe por isso, Aya.

Aya lançou um olhar piedoso a Lenrah; Sabia que, se não colaborasse, Loenna iria apelar para a força. E assim puniria ambos: Aya por ser petulante, Lenrah demonstrar fraqueza.

— Você vai se arrepender disso. — Disse ela à rainha enquanto era conduzida ao porão pelo chefe da guarda real. — Eu garanto que vai, Loenna. 

— Felizmente para mim, sua garantia não vale de nada. — O olhar de Loenna era cruel. Ela havia se tornado literalmente a rainha louca. — Eu espero poder tirá-la da prisão um dia, Aya. Mas, com esse comportamento, eu não acho que vá ocorrer.

Sem sequer trocar um olhar com a — Agora Narael sabia que era verdade. — amante, Aya saiu pela porta da cozinha com um vacilante Lenrah agarrando seus pulsos. O olhar de Loenna manteve-se firme na mulher que abandonava aos poucos sua casa e sua vida; Quanto mais baixo o som dos passos de Aya se tornava, menos ela fazia parte da vida de Loenna.

Para Narael, entretanto, aquilo era um circo dos horrores. Perdera sua melhor amiga e confidente, fora incapaz de tomar uma atitude; Tremia da cabeça aos pés, sabia que não poderia intervir. Era apenas uma jovem de 19 anos, por que Loenna a ouviria? No mínimo, seria desacreditada; No máximo, seria presa também. 

E era doloroso de lembrar que tudo aquilo havia se desenrolado por causa da visita trazida por ela. Narael era a grande culpada, essa era a verdade; Seus olhos se enchiam de lágrimas. Por que ela havia deixado isso acontecer?

— Bem… — Insensível como uma rocha, Loenna não parecia minimamente abalada por sua decisão. Era quase como se Aya não representasse nada para ela. — Eu deveria prender a Eran também, mas eu estou misericordiosa hoje. Por favor, tirem esse projetinho de desgraça daqui antes que eu resolva reverter minha decisão.

Eliah olhou feio para Narael, e sua mensagem era clara. Você quem fez a desgraça; Agora, desfaça-a.

— Venha, Arien. — Sôfrega, Narael limpou as lágrimas dos olhos. — Eu vou te levar para fora.

Percebendo talvez que havia arranjado confusão demais, Arien fez que sim e levantou-se junto com a amiga. O caminho até o portão dos jardins fora percorrido em silêncio; Narael não queria falar sobre, e Arien tinha medo de ser culpada pelo desastre ocorrido na mesa.

Após cruzarem o portão, as duas ainda permaneceram em silêncio, encarando-se por alguns longos segundos. Foi de Narael que partiu a iniciativa para quebrar o gelo:

— Bom… Obrigada por me visitar… — A jovem Wuri esfregou os próprios braços. — Não vou dizer para que volte sempre, porque…

— Não vou voltar. — Arien sentia-se envergonhada. — Foi um erro tentarmos conhecer famílias que nos odeiam. Eu sinto muito...

Tristonha, Narael fez que sim.

— Aya era minha segunda mãe. — Uma lágrima escapou de um de seus olhos. — Minha amiga, minha confidente… Eu não sei o que vou fazer sem ela.

— Ela vai voltar. — A promessa de Arien, porém, soava irreal. — Eu juro para você. Loenna não vai conseguir se manter longe de sua amante por muito tempo.

— É o que eu espero, Arien. — Ao fechar os olhos, mais lágrimas escorreram de Narael. — É o que eu espero…

E, num abraço tenro e singelo, Arien envolveu a amiga, torcendo para que dias melhores viessem. Agora, Narael tinha ela e somente ela; Sua maior confidente estava na prisão e restava somente o consolo de Arien.

 

Uma amizade selada por duas famílias que se odiavam. Quase como o Romeu e Julieta da era moderna, mas sem o romance. 

Fim do capítulo


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Comentários para 6 - Capitulo 6 - Uma intrusa na mansão:
Lea
Lea

Em: 17/11/2022

Loenna se tornou um nada,sei que ela sofreu e muito,mas não justifica tudo de horrendo que ela está fazendo.

Prender Aya,que absurdo! 

Por um momento pensei que,ela fosse mandar matar a Arien!


Resposta do autor:

Ela quer estar acima de tudo e todos. Deixou o poder subir à cabeça.

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