Inflamável por HumanAgain
Capitulo 4 - Cigarros e bebidas
— Você não aprende mesmo, não é, Narael? — Eliah suspirou fundo. Não parecia surpresa, apenas cansada e decepcionada.
— Eles espancaram o homem! — Ajoelhada, a jovem juntava as mãos em sinal de súplica. — Eu precisava ajudá-lo!
— Não, Narael, você não precisava. Primeiro porque já tinha compromissos, segundo porque não devemos nada aos Eran. — E o fato de se tratar de uma família tão odiada pesava mais para Eliah do que a ação de Narael em si. — Como punição por ter desrespeitado às suas obrigações mais uma vez, eu terei que trancar você neste quarto por essa noite inteirinha. Está de castigo, garota.
— Mas isso não é justo! — Gem*u a moça. — Eu tenho 19 anos, não 12. Você não pode me tratar como se eu fosse uma criança.
— Você agiu como uma criança e assim será tratada. — Foi a última frase proferida por Eliah antes que a mesma se esvaísse pela porta do quarto. — É o último aviso, Narael. Da próxima vez, terei que tomar medidas drásticas.
E, de uma só vez, bateu a pesada porta de madeira; A jovem conseguiu ouvir ainda os sons da chave sendo passada pela porta. E logo se deu conta de que estava completamente sozinha, apenas ela e seus pensamentos.
— Como se fizesse alguma diferença. — Ela murmurou, baixo o suficiente para que ninguém a escutasse. — Eu já não saio de casa. Vivo por essas aulas e preparações estúpidas.
Entretanto, ainda que dissesse o contrário, fazia diferença. Narael costumava pintar até dormir; A relaxava e ajudava a dissipar os pensamentos ruins. Estar uma noite toda longe das tintas e dos pincéis era quase tão torturante quanto as aulas sobre Carmerrum providas por Loenna Nalan.
Sem ter outra opção, Narael abriu a gaveta de sua mesinha de cabeceira. Lá dentro havia um pacote de cigarros roubado de Fowillar — Que alegava não estar mais fumando, porque Loenna se incomodava com o cheiro, mas por algum motivo seus compartimentos estavam sempre abastecidos de novos cigarros. —, a que ela evitava ao máximo recorrer; Sabia que, uma vez que o usasse com frequência, não conseguiria abandonar. Contudo, em momentos onde não havia para onde correr, a garota só tinha essa opção; Por mais que lhe queimassem a garganta, os cigarros a ajudavam a relaxar.
No entanto, Narael tinha de fazer isso com cautela; Na mansão Nalan, não a deixavam fumar. Diziam que era uma atividade exclusiva de homens, ou de mulheres que viviam da noite. Aya tinha outras razões para isso: Alegava, com todas as letras, que o cigarro não era benéfico para sua saúde (Apesar de não ser levada muito a sério; Afinal, o que poderia aquele bastãozinho fazer de mal?) , e ficaria muito decepcionada ao ver sua pequena fumando. Não, Narael não queria decepcionar Aya, de forma alguma.
Ela mal havia tirado o isqueiro do bolso quando um barulho de chave sendo passada na porta tomou o ambiente; No impulso, a garota teve de retornar seus cigarros à gaveta. Não sabia quem estaria por trás da porta, mas certamente não iria gostar de vê-la com eles.
E era justamente Aya; Trazendo um prato de estrogonofe, arroz e rúcula. Um dos pratos preferidos de Narael, sem dúvidas.
— Boa noite, sapequinha. — E, ao que parecia, Narael tinha sido eficaz em esconder a cena do crime. — Pedi à sua mãe para trazer-lhe o jantar. Acabou de sair e está quente.
Depois de tanta desgraça, Narael se permitiu sorrir. Sentir o carinho que Aya tinha por ela sempre seria agradável e acolhedor.
— Obrigada. Eu estava com fome. — Com fome de cigarros, mais especificamente falando. — Como estão as coisas lá na cozinha?
Aya suspirou fundo. Entregou o prato a Narael, que se pôs a comer.
— Eu não estou conseguindo olhar nos olhos de Loenna. — A dor em sua voz era evidente; Certamente a rainha havia sido alguém muito importante na vida da enfermeira antes. — Está alegando que os Eran estão te sondando e que devemos ficar de olho, para caso não tentem nada contra ti.
— Eu praticamente não conversei com os Eran. — Apenas com Arien, mas ela parecia ser uma boa pessoa. — Somente socorri um homem ferido.
— Eu sei, minha querida, e isso demonstra nobreza de sua parte. — Aya sorriu. — Mas Loenna está irredutível. Ela entendeu o que aconteceu ontem como um ataque.
— Está bem longe de um ataque, se quer saber. — Se alguém havia tentado atacá-la, estes seriam os vendedores que tentaram surrar Arien. — Eu só ajudei pessoas que precisavam de ajuda. Mas e minha mãe, o que ela diz?
— Sua mãe… Honestamente… — Aya se repreendeu. Sabia que não deveria passar impressões negativas sobre Eliah para Narael. — Bem, tudo o que ela diz é que você está fazendo de propósito para desafiá-la. E que não é a primeira vez. Com Eliah, eu consigo argumentar, mas ela também está irredutível.
— Eu gostaria que ela estivesse certa. — Disse Narael, levando uma garfada de estrogonofe à boca. — Mas foi tudo obra do acaso. E do fato de que eu não quero ser rainha.
— Eu queria poder convencer sua mãe e Loenna a desistirem dessa ideia maluca de te fazer sucessora. — Aya suspirou. — Mas eu não tenho tanto poder assim, meu anjo.
Narael deu de ombros e, de qualquer forma, agradeceu. Sabia que não havia muito que Aya pudesse fazer. Só lhe restava levar uma grande e polpuda folha de rúcula aos lábios, apreciando o gosto amargo da verdura.
— Isso me lembra, inclusive, de um assunto que eu quero tratar com você… — E, quando Aya mordeu o lábio inferior, Narael soube se tratar de algo que ela estava adiando para dizer. — Alguns transeuntes disseram que você soltou fogo pelas mãos.
E Narael ergueu a sobrancelha. Uma hora, Aya teria de saber, mas a jovem não queria que fosse daquela forma, tampouco naquele momento.
— O que minha mãe e Loenna acham disso? — Era a sua principal preocupação.
— Acham que o calor da tarde os fez delirar. — Narael suspirou fundo, aliviada. — Mas eu tenho minhas dúvidas, Narael.
— Minha mãe e Loenna estão certas. — Provavelmente essa era uma das únicas ocasiões em que a jovem diria essa frase; Ela estava mentindo, contudo. — Por que você tem dúvidas?
— Eu me lembro do que você me disse uma vez. — E, por um momento, Narael se xingou pelo fato de Aya ter a memória tão boa. — Sobre sentir o seu corpo pegando fogo. Eu não acho que foi só um sonho, Narael.
— Eu… Eu… — A jovem se via num beco sem saída. Não queria mentir para Aya, mas ao mesmo tempo não se sentia preparada para falar sobre aquele assunto. — Minha mãe e Loenna não estão certas. Mas isso é tudo que eu estou disposta a dizer agora.
— Tudo bem. Isso era o que eu precisava saber. — Aya sorriu e bagunçou os cabelos de Narael. — Eu entendo se quiser guardar para si. Mas, se quiser confiar os detalhes dessa história a mim, eu não vou julgar. Já vi coisas bizarras o suficiente na minha vida e uma garota que pega fogo não é algo que me espante.
— Eu vou te contar. — Os poderes mágicos de Narael não eram, agora, de conhecimento exclusivo dela. Contudo, ela ainda era reservada quanto àquele assunto. — Quando eu compreender melhor o que acontece comigo. Por agora, eu só peço para que mantenha em segredo.
— Eu entendo. — E, gentilmente, Aya deu um selinho na testa da moça. — Se depender de mim, essa história não sai daqui.
Narael murmurou um tímido obrigada e envolveu Aya em um abraço tenro. Sabia que ela seria a primeira pessoa a lhe acolher e demonstrar apoio caso os poderes da jovem viessem à tona.
— Eu acho que eu vou querer ficar sozinha agora. — Afinal, Narael ainda queria fumar. — Você entende, não é?
— Entendo, minha sapequinha. — Brincou Aya. — Eu vou me retirar agora, se é assim. Espero que o jantar esteja do seu gosto, fui eu quem fiz.
— Ele está. — Aya era, além de uma ótima enfermeira, uma cozinheira extraordinária. Mesmo o mais simples dos pratos era como um banquete, se saído de suas mãos. — Obrigada.
— Não se esqueça de levar o prato para a cozinha amanhã de manhã. — Lembrou a enfermeira, levantando-se. — Até mais, Narael.
— Até. — Narael acenou para Aya uma última vez antes da enfermeira partir, deixando consigo apenas os sons da porta sendo trancada.
A jovem suspirou fundo; Agora, era apenas ela e ela. Metade de seu jantar ainda estava no prato, mas a garota não tinha o menor apetite. Não queria fazer essa desfeita para sua confidente e melhor amiga, então precisava arrumar uma maneira discreta de se livrar dela.
Lembrou-se da janela; Estava destrancada. Narael apoiou-se em cima da cama e levantou o vidro que a separava da noite estrelada. Torcendo para que, em algum momento da madrugada, o cachorro farejasse carne e encontrasse os restos daquele jantar antes de Aya, Narael despejou o conteúdo do prato diretamente no jardim.
E foi quando se deu conta de uma coisa. Ela não estava presa em seu quarto.
Com um sorriso no rosto, a menina agarrou o pacote de cigarros e esgueirou-se por entre a fresta entreaberta.
Após uma camiseta rasgada e alguns arranhões, Narael Wuri estava fora de seu quarto.
***
Depois de encontrar a passagem secreta, sair da mansão Nalan fora fácil; Pediu a chave para um dos subordinados de Lenrah Moran, alegando que havia perdido a sua, e o pobre rapaz — Alheio às ordens de Eliah em relação à filha. — não hesitou nem um segundo antes de fornecer suas chaves à princesa da casa. Com algumas palavras e alguma malícia, Narael estava nas ruas.
Mas não eram as ruas o seu objetivo; A verdade é que havia um lugar que Narael gostava de frequentar quando estava triste. Nenhum estabelecimento daqueles que costumavam funcionar de noite, bares por onde rondavam os vagabundos e as prostitutas, mas sim uma bela praia na costa de Quentin Nalan. Por lá, Narael conseguia sentir a brisa fresca que emanava do mar, enquanto observava as ondas quebrando. Estas doces sensações a faziam esquecer dos problemas e plantavam imagens boas em sua cabeça, era um excelente antídoto para o estresse do dia a dia.
Após caminhar descalça e de camisola pelas ruas de Carmerrum, Narael recebeu alguns olhares de repreensão, mas ela não se importava. Não tardou a alcançar seu destino; A bela praia Suriyon Wombo, também nomeada em homenagem a um valente homem que morrera na guerra, era particularmente bonita de noite.
Sentou-se rente ao mar, um lugar em que pudesse sentir a água massageando seus pés. E, entorpecida pela maresia, Narael finalmente tirou do bolso seu pacotinho de fumaça. Puxou um dos cigarros para fora, analisou-o de todos os lados; Com um sorriso, o pôs na boca e pegou o isqueiro para acendê-lo.
Mas havia um problema: Narael não havia trazido um isqueiro.
— Droga! — Ela gem*u, apertando o chão arenoso sob seus dedos.
E sentiu suas mãos esquentarem. Encarou as próprias palmas; Não via fogo, mas sentia o seu calor. A garota tentou se concentrar…
— Venha, fogo! — Disse para si mesma.
E nada veio. Aparentemente, o fogo era um tanto quanto rebelde.
— Venha, fogo! — Repetiu, um pouco mais alto. — Merda, por que eu não consigo invocar você quando eu que…
No auge de sua frustração, Narael sentiu uma chama irrompendo pelo seu polegar. Sorridente, a garota levou o cigarro a ela, quase no mesmo segundo em que o fogo se apagou; Uma breve participação, mas satisfatória.
Afinal, quem precisa de isqueiros quando se é uma tocha humana?
Junto com a fumaça, os pensamentos de Narael vinham e se esvaíam. A cada tragada, a garota inalava uma de suas angústias; Ao expirar, todas elas se dissipavam. E assim ela ia. Fora afastada de seus amigos, uma tragada. Era obrigada a ser princesa, outra tragada. Eliah não a dava liberdade para viver como quisesse, mais uma tragada.
Era prazeroso deleitar-se daquele momento; Nada mais estava entre Narael e o horizonte. Agora era apenas ela, suas angústias, o mar e Deus. Mais uma tragada…
— Olha só quem está aqui.
Narael deu um pulo para trás. Assustada, suas pupilas se dilataram; Ela conseguia ouvir sua pressão sanguínea no ouvido. Quem a teria interrompido? Pensou em vários nomes naqueles milissegundos que se passaram: Loenna, Eliah, até mesmo Aya…
Mas era ninguém menos do que Arien Eran.
— Me desculpe. — Arien parecia tentar conter uma risada. — Te assustei?
— Bem… Um pouco. — Narael, limpando a areia de suas roupas, estava um pouco mais do que “um pouco” assustada. — O que faz aqui?
— Eu vim beber sem que meus irmãos saibam. — Só então Narael pareceu notar a latinha de cerveja que Arien carregava consigo. — Pelo visto você também está se escondendo, não é?
A jovem encarou o próprio cigarro em mãos. Não havia muito o que negar.
— Seus irmãos não te deixam beber? — Perguntou Narael. — Por quê? Você já alcançou a maioridade, não?
— Sim. Vou completar 22 no começo do mês que vem. — Arien bebeu um gole da latinha. — Eu não sei se você tem irmãos, mas, bem… É péssimo ser a caçula de cinco. Ainda mais quando você é a única mulher…
— Sou filha única. — Afinal, o pai de Narael havia morrido antes mesmo que ela nascesse. — Seus irmãos ainda te tratam como criança? Aos 22 anos?
Não é como se aquele sentimento fosse desconhecido para a jovem; Afinal, aos 19, Narael ainda era tratada por sua mãe como se fosse uma criança de 12.
— Por incrível que pareça. — Arien concordou com a cabeça. — Às vezes acho que eu nunca vou me casar. Eles afastam qualquer homem que ouse demonstrar interesse em mim, seja Eran ou não. Mal sabem eles que…
E, naquele momento, Arien se interrompeu; Era como se os seus dizeres fossem eternamente se bastar naqueles fatídicos três pontinhos.
— Que…? — Instigou Narael, curiosa.
— Deixa pra lá. — Mas o sorriso de Arien não negava; Ela esperava que a garota deduzisse sozinha.
Para sua infelicidade, contudo, Narael não tinha a mínima ideia de como completar a frase. As palavras não ditas de Arien permaneceriam eternamente nesse limbo silencioso.
A jovem deu uma tragada em seu cigarro e soltou a fumaça num fio consistente e contínuo pela boca. Ela parecia dançar à luz do luar; Formava desenhos, dissipava-se e se tornava menos densa conforme prosseguia em sua trajetória.
— Minha mãe também me trata como criança. — Compartilhou Narael. — Ela age como se eu não tivesse vontade própria e fosse incapaz de tomar minhas próprias decisões. Isso me frustra um pouco.
— Ela também afasta os garotos que se interessam por você? — Por algum motivo, a moça parecia muito interessada nesse assunto.
— Não. — Narael negou com a cabeça. — Ela me controla em outros aspectos. Já beijei alguns garotos em bailes, mas não me interessei por eles o suficiente para ir além disso.
Arien abriu um sorriso. Travessa, tomou mais um gole de sua cerveja.
— Eu acho… — E refletiu um pouco antes de prosseguir em seus dizeres. — Que a gente deveria se beijar. Eu e você.
Confusa, Narael franziu a testa; Não podia negar que aquela proposta era inesperada. Estava até mesmo incrédula que tivesse sido feita.
— O que? — Disse, apenas para ter certeza de que estava escutando direito.
— Eu estou brincando. — Arien emitiu um sorriso forçado. — Claro. Apenas uma brincadeira.
Narael não estava disposta a analisar a veracidade ou falta dela nos dizeres de Arien. Apenas se limitou a dar de ombros e aspirar a fumaça que lhe queimava a garganta.
— É frustrante viver como um ratinho engaiolado, me dedicando somente a um futuro que eu não quero ter. — Desta vez, Narael estava conversando consigo mesma, e não com Arien.
— A que se refere? — Arien passou os dedos pela areia. Depois de sua aparente brincadeira, parecia não ter coragem de encarar Narael nos olhos.
— Eu vou ser sucessora de Loenna Nalan. — E era com um grande pesar que Narael admitia isso. — Não vivo mais por outra coisa. Não tenho escolhas, não tenho opinião, não tenho sequer amigos, porque fui tirada da escola aos 12 anos e não retornei. Quase não saio de casa, porque não tenho tempo e minha mãe não deixa. Os poucos momentos de liberdade em que tenho são os que desafio as normas impostas sobre mim, como estou fazendo agora. Isso é completamente injusto…
A garota sentiu suas mãos se esquentarem novamente; A raiva corria por suas veias. Sentia-se sufocada com a pressão de se tornar uma nova rainha, com a pressão de ser uma jovem de 19 anos cobrada a ter a responsabilidade de uma mulher em seus 30, com a pressão de estar sozinha no mundo com Loenna e sua mãe, tendo Aya como seu único porto seguro. Tudo aquilo doía em Narael; Ela só queria ser livre. Somente ela e suas tintas.
— Sabe… — Arien aproximou-se da garota. — Eu queria poder te ajudar. Mas eu estou na mesma situação, me sinto presa e sufocada pelos meus irmãos, que dizem querer me proteger, porém apenas me tornam refém de seus anseios mais controladores. Eu fujo deles da mesma forma que você foge de sua mãe e Loenna…
Uma lágrima escorreu pelo rosto de Narael. Não havia esperança para o buraco em que estava metida.
— Entretanto… — Arien sorriu. — Eu posso ser sua amiga, se você quiser.
Narael se voltou à moça. Em seu rosto, estava nítido que falava sério. Parecia não ser uma jovem de muitos amigos também.
— Você faria amizade com a sucessora de Loenna Nalan? — Afinal, Loenna não gostava dos Eran, e o contrário era verdadeiro também.
— Não sei. — Arien tornou o resto da latinha em sua boca. — Você faria amizade com a filha de Morius Eran?
A jovem Wuri sorriu; Em seus ouvidos, chegara a história de que Morius Eran era um monstro, mas Arien provavelmente pensava o mesmo de Loenna Nalan. Era uma união deveras improvável, mas não impossível.
— Sem sombra de dúvidas. — E finalmente podia-se ver em Narael um genuíno sorriso.
Arien sorriu; amassou a latinha de cerveja e a deixou em um canto qualquer.
— Isso é ótimo. — Disse ela, com entusiasmo. — Você deveria vir à minha casa algum dia desses. Eu terei prazer em recebê-la.
— Vir à sua casa? — Apesar de Arien ser uma pessoa agradável, Narael não tinha certeza se estava pronta para adentrar o covil dos Eran de forma tão repentina e gratuita. — Por quê?
— Sei lá. — Arien deu de ombros. — Porque é isso que amigos fazem, talvez? Mas foi só uma ideia. Você não precisa fazer isso se não quiser.
Arien mal havia terminado de proferir suas palavras e Narael já havia se sentido mal. Que rude de sua parte! O que havia de errado em visitar os Eran? Eles eram a família de Arien, e lhe queriam o bem. Não era justo que Narael desprezasse os parentes de sua amiga de uma forma tão grotesca.
— Eu quero conhecer sua casa. — Talvez entender melhor quem eram os filhos de Morius Eran não fosse tão ruim, afinal. — Só precisamos marcar um dia…
— Amanhã? — Sugeriu Arien, sorridente.
Narael espantou-se.
— Por que tão breve? — Narael tinha compromissos no dia posterior. Não poderia se comprometer com Arien de forma tão imediata.
— Sei lá. Foi apenas uma sugestão. — A jovem deu de ombros. — Você pode escolher outro dia, se quiser.
— Amanhã. — Afinal, quem se importa com aqueles compromissos estúpidos? — É um excelente dia.
Arien sorriu. As ondas do mar também quebravam em seus pés e os sapatos já estavam encharcados.
— Vai ser um prazer recebê-la, Narael. — Disse ela. — Você já sabe onde é, não é? Espero que goste dos meus irmãos. Eles são superprotetores, mas são boa gente.
E, com uma risada, Narael selou sua recém-feita amizade com Arien. E assim se prosseguiu a noite; As duas jovens divertindo-se uma com a outra, contando piadas e reclamando de suas próprias famílias, descobrindo que tinham muito mais semelhanças do que diferenças — Apesar de uma ser Eran e, a outra, a futura sucessora do trono.
Fim do capítulo
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