• Home
  • Recentes
  • Finalizadas
  • Cadastro
  • Publicar história
Logo
Login
Cadastrar
  • Home
  • Histórias
    • Recentes
    • Finalizadas
    • Top Listas - Rankings
    • Desafios
    • Degustações
  • Comunidade
    • Autores
    • Membros
  • Promoções
  • Sobre o Lettera
    • Regras do site
    • Ajuda
    • Quem Somos
    • Revista Léssica
    • Wallpapers
    • Notícias
  • Como doar
  • Loja
  • Livros
  • Finalizadas
  • Contato
  • Home
  • Histórias
  • Inflamável
  • Capitulo 3 - Um Eran em apuros

Info

Membros ativos: 9420
Membros inativos: 1647
Histórias: 1899
Capítulos: 20,138
Palavras: 50,666,572
Autores: 761
Comentários: 105,462
Comentaristas: 2543
Membro recente: escritasimples

Saiba como ajudar o Lettera

Ajude o Lettera

Notícias

  • Desafio Uma imagem vale por mil palavras - 6ª edição
    Em 06/02/2025
  • Livro Tomada de Assalto
    Em 11/07/2024

Categorias

  • Romances (840)
  • Contos (469)
  • Poemas (224)
  • Cronicas (213)
  • Desafios (183)
  • Degustações (27)
  • Natal (7)
  • Resenhas (1)

Recentes

  • Perto do céu
    Perto do céu
    Por AlphaCancri
  • Nem o Tempo Curou
    Nem o Tempo Curou
    Por maktube

Redes Sociais

  • Página do Lettera

  • Grupo do Lettera

  • Site Schwinden

Finalizadas

  • O
    O Amor Não Existe
    Por Endless
  • Amor sem limites!
    Amor sem limites!
    Por Bia Ramos

Saiba como ajudar o Lettera

Ajude o Lettera

Categorias

  • Romances (840)
  • Contos (469)
  • Poemas (224)
  • Cronicas (213)
  • Desafios (183)
  • Degustações (27)
  • Natal (7)
  • Resenhas (1)

Inflamável por HumanAgain

Ver comentários: 1

Ver lista de capítulos

Palavras: 3665
Acessos: 487   |  Postado em: 13/11/2022

Capitulo 3 - Um Eran em apuros

— Mãe! Por favor! — Implorava Narael, em prantos. — Não faça isso!

— Eu te dei uma chance, Narael. — Eliah, séria, segurava na mão esquerda o vestido preferido da garota e na direita uma tesoura com ponta. — Te avisei de que iria fazer isso se você faltasse às aulas, não avisei? Pois bem…

— Eu só fui ao banheiro. — As lágrimas banhavam as bochechas salientes da jovem. — Por favor… 

— Você ficou uma hora no banheiro, filha? — O tom de Eliah era de desconfiança. — O professor me contou. Não somos tão idiotas quanto você acha que somos.

— Mãe… — Murmurou Narael, com a voz fanha. 

— Nada de “Mãe”. Você já é grandinha para entender que seus atos têm consequências. Eu avisei, Narael. — E, antes que a garota pudesse se dar conta, Eliah passou a tesoura por toda a extensão do vestido púrpura. A peça de roupa partiu-se no meio diante dos olhos da garota; E, como se isso não bastasse, Eliah violou novamente os restos da vestimenta preferida de Narael, cortando-lhe horizontalmente. Agora, onde antes via-se um belo vestido, não havia mais nada além de trapos que sequer teriam serventia como pano de chão.

Narael ajoelhou ao chão e tomou os restos de seu vestido preferido em mãos. Apertou-os contra o rosto e sentiu a seda acariciar-lhe a face. 

— Você sabe o quão difícil é encontrar algo bonito que me sirva… — Disse a jovem, fungando. 

— Deveria ter pensado nisso antes de fugir de sua aula. — Eliah era irredutível. — Espero que no seu guarda-roupa ainda exista algo adequado para o pronunciamento de amanhã. 

E, exprimindo uma clara confusão, Narael ergueu a cabeça.

— Pronunciamento? — A jovem enxugou as lágrimas com o braço. Não sabia a que a mãe se referia.

— Loenna irá fazer um pronunciamento amanhã e quer que você esteja lá. — Disse Eliah, ao passo em que recolhia os trapos do vestido. — Ela mandou te avisar.

— E você me diz isso agora? — A indignação de Narael era evidente. Parecia até mesmo proposital. — Depois de ter destruído meu vestido preferido?

— Mais respeito comigo, mocinha. — Eliah levantou um dedo. — Eu não tenho culpa que você não cumpre com as suas responsabilidades.

— Eu sequer fui consultada! — Esbravejou a jovem. — Eu quero que vocês parem de fazer planos para mim sem a minha autorização!

— Não olhe para mim, eu apenas repasso as informações que vem de Loenna. — Respondeu Eliah, ríspida. — Era o que eu tinha para dizer. E eu espero que isso sirva de lição, Narael. Se eu souber de mais um comportamento seu fora da linha, quem vai para o lixo é o seu estojo de maquiagem.

Vencida, Narael nada mais pôde fazer além de concordar com a cabeça. A garota não queria perder mais um item de estimação, de forma que só restava a ela seguir as regras de Eliah. 

— Passar bem, Narael. — Foi a última frase de Eliah antes de sair pela porta da frente. E a jovem soube que ela não queria conversa alguma.

Diante de tais fatos — A perda de um vestido tão estimado, a informação de que Narael estaria em um pronunciamento público sem sequer sua autorização. —, a garota só pôde se sentar e chorar. Sentia-se inútil, impotente, alguém cuja vontade própria nunca era respeitada. E desde o início fora assim; Desde quando Loenna tivera a maldita ideia de fazê-la sua sucessora. Narael não era criança… Por que seguiam tomando decisões por ela?

Interrompendo suas lamúrias e seu pranto silencioso, Narael escutou alguém bater à porta de seu quarto. Era um toc toc singelo e ressonante. Provavelmente Eliah com mais uma notícia ruim, como sempre era tudo que saía de sua boca. 

— Já estou indo, mãe. — Narael esfregou os olhos com as costas da mão, limpando as lágrimas que ainda insistiam em cair. — Espere um minuto…

Mas, quando a jovem abriu a porta, quem estava do outro lado não era Eliah; Era com a doce presença de Aya que a garota havia sido agraciada. E ela não pôde evitar de abrir um belo sorriso, de uma orelha a outra.

— Bom dia, sapequinha. — E, em uma das mãos, Aya segurava um vestido quase tão bonito quanto o que Narael havia perdido. — Eu vim lhe trazer um presente.

Com os olhos brilhando de felicidade, a primeira reação da garota foi dar em Aya um apertado abraço.

— Obrigada… — Ela murmurava, ainda com o rosto vermelho. — Como sabia que eu estava precisando de um novo vestido?

— Digamos que você não é a única que escuta conversas alheias por trás da porta. — E piscou, arrancando de Narael uma risada singela.

Quando Aya enfim entrou, Narael analisou o seu presente com olhos de águia. Era um vestido verde, feito de seda, grande o suficiente para se ajustar ao corpo da jovem. Os pequenos mimos vindos da enfermeira foram o suficiente para elevar seu astral; Ao menos uma coisa boa naquele dia tão caótico.

— Esse vestido era meu. — Pôs-se Aya a dizer. — Eu devo tê-lo usado uma ou duas vezes, mas o acho muito bonito. Talvez fique um pouco largo em você…

— Eu vou prová-lo agora. — Narael tomou a peça de roupa das mãos da enfermeira. — Muito obrigada! 

E, num ímpeto, Narael seguiu até o banheiro a fim de experimentar sua nova vestimenta. E ela lhe caiu como uma luva; Destacava suas belas curvas e a deixava ainda mais bonita. A jovem desfilou pelo banheiro por alguns instantes, apreciando-se com o novo visual, antes de enfim retornar ao quarto.

Narael mal abriu a porta e já tinha rodopiado sobre si mesma, mostrando a enfermeira o quão feliz — E bela! — havia ficado com seu presente.

— Você está incrível! — Comentou Aya, batendo palmas. — O vestido ficou muito bem em você. Aposto que vai ser a sensação do próximo baile!

— Na verdade… — E este foi o momento em que o sorriso de Narael se desmanchou. Sua pouca alegria foi embora ao lembrar que sua vontade tinha muito pouco valor por ali. — Eu terei que usá-lo amanhã. Loenna vai fazer um pronunciamento e quer que eu esteja por lá.

— Eu soube. — A alegria de Aya também havia se esvaecido. Era como se a enfermeira pudesse sentir junto com Narael. — Contei para Loenna que isso era um absurdo. Você sequer quer ser rainha, e é muito jovem para todas essas bobagens. Mas, bem, ela não escuta ninguém além de si mesma. 

Narael, apesar de frustrada, sentia-se consolada com o fato de que havia alguém ao seu lado. Sua tristeza era intensa, mas ela seria ainda pior sem Aya.

— Eu queria que você fosse minha mãe. — Ela se viu obrigada a admitir. Eliah não a entendia, não a apoiava. A única pessoa que de fato oferecia um suporte a Narael era Aya. 

Aya não respondeu de imediato, apenas encarou Narael com um olhar triste. No fundo, a jovem sabia que a enfermeira também queria ser sua mãe, pois seus laços afetivos eram fortes o suficientes para isso.

— Não é tão simples assim, Narael. — Respondeu Aya, com a voz carregada. — É fácil dizer isso quando não sou eu quem devo lhe educar. Sua mãe te ama, ela faz o que pode. Ela erra, mas tentando acertar. Eu não sei se seria muito diferente se fôssemos mãe e filha…

— Você seria muito diferente. — E disto Narael estava convicta. — Minha mãe não me apoia em absolutamente nada. Ela é uma cadelinha da rainha Loenna, que também não se importa muito comigo. Eu me sinto uma criança de dez anos; Todo mundo pode decidir os rumos da minha vida, com exceção de mim. Eu queria, pelo menos uma vez, que minha mãe me perguntasse o que eu quero, o que eu sinto. Mas ela parece não se importar…

Aya suspirou fundo. Não podia dizer a Narael que concordava, mas de fato a jovem tinha razão. Por pelo menos sete anos as vontades da garota não foram respeitadas, e Eliah endossava tal posição. 

— A natureza não me permitiu ter um filho. — Limitou-se Aya a dizer. — Já estou beirando os 44 e provavelmente este será meu destino. Não saberei quais são os desafios e as delícias de ser mãe, então não posso julgar a sua.      

  — É… — Mas Narael sabia que Aya estava dizendo aquilo apenas para não jogar mãe contra filha; A enfermeira julgava ser um absurdo tudo aquilo a que a jovem estava submetida. — Eu só queria que meu pai estivesse vivo. 

— Eu não era próxima de Digan… — Aya esboçou um sorriso. — Mas ele era um bom homem. Tenho certeza de que te amaria com todo o coração.

— Como é ter um pai? — Questionou Narael. Gostava de pensar que Digan o apoiaria; Digan, diferentemente de Eliah, estaria do seu lado. Contudo, havia partido cedo demais para que a garota pudesse aproveitar sua presença. 

Com um longo suspiro, Aya se pôs a olhar o teto. Aquele era um assunto delicado para ela também; Lembrava-se de seu pai, Marcus Gaddard, e como ele havia partido pelas mãos dos impiedosos Eran.

— Eu vivi até os 23 anos com o meu. — Disse ela, esfregando uma mão na outra. — Ele tinha seus defeitos. Mas nunca deixou de me proteger e de estar ao meu lado. Agradeço muito a ele por ter me tornado quem eu sou hoje. — E, de uma só vez, voltou-se para Narael. — Eu tenho certeza que Digan está te observando de algum lugar lá em cima, Narael. 

— É… — Narael mordeu o lábio inferior. — Pena que, lá de cima, as decisões dos mortos não afetam o mundo dos vivos.

Aya não pôde rebater. Entendia a dor da garota e via-se impotente diante de seus dramas. As únicas pessoas que ainda tinham qualquer poder sobre o destino da jovem eram Loenna e Eliah; E ambas pareciam jogar no mesmo time.

— Tenho certeza de que o destino reserva grandes coisas a você. — Disse Aya, dando-lhe um beijinho na bochecha. — Eu vou preparar a janta agora. Você quer vir comigo?

Narael sorriu; Cozinhar com Aya era uma de suas atividades preferidas. Quando as duas estavam juntas provando novos temperos e condimentos, a jovem esquecia-se do mundo.

— Com certeza. — Disse ela, com o astral renovado. — Sou apaixonada por tudo o que você faz na cozinha, Aya.

***   

— Muito bem cidadãos Carmerris! — Dizia Loenna, em um extenso auditório que comportava metade da cidade de Quentin Nalan. — Quero agradecer hoje a presença dos mais velhos e dos mais jovens. Quero que saibam que hoje é um dia especial.

Era dia três de março. Narael sabia bem o que aquela data significava; Fora quando o exército de Loenna vencera os imponentes Eran, Kantaa e Saphira. Para os que haviam dado o sangue por aquela guerra, era de fato um marco histórico. Narael, que na ocasião era apenas um embrião no ventre de Eliah, pouco se importava. Só queria sair dali e voltar para as suas tintas.

— Por isso eu venho aqui parabenizar a todos os que lutaram ao nosso lado. — E a multidão vibrou em uníssono. — Aos mais jovens, sei que seriam parte de nosso exército se tivessem a oportunidade. Todos aqui lutamos para um bem maior!

Narael esparramou-se na cadeira. Não entendia sua importância naquele pronunciamento; Era a criança da guerra, sim, mas nascera em paz. Nada tinha a ver com os louros da vitória do exército de Loenna Nalan.

— E venho aqui dizer que todos os Kantaa, Eran e Saphira que ousarem tomar o meu posto irão padecer árduamente. — As palavras de Loenna eram inflamadas; E o povo, que parecia amá-la, respondia positivamente aos seus dizeres. — Se quiserem sobreviver, que vivam em paz.

Pouco atenta ao monólogo da rainha, Narael cutucou o conselheiro Euler que sentava-se ao seu lado.

— Euler… — Murmurou ela, baixo o suficiente para que Loenna sequer percebesse.  O conselheiro voltou-se para a garota. — Eu estou com fome. Posso comprar uma fruta na feira?

A verdade é que Narael estava muito bem alimentada e saciada; Mas todos aqueles olhares apontados para si estavam deixando-a tonta e o discurso de Loenna era nada além de mais do mesmo. Seria revigorante respirar um pouco, afinal.

— Estamos no meio de um pronunciamento, Narael. — Euler devolveu o sussurro. — Você não pode esperar um pouco?

— Isso aqui vai demorar… — Ela resmungou. — Por favor, Euler, são apenas alguns minutos…

O conselheiro olhou para os dois lados. Loenna parecia tão compenetrada em seu discurso que a falta de Narael sequer seria notada.

— Vá. — Permitiu o velho. — Mas seja cuidadosa, Narael. E volte logo.

Sorridente, a jovem agradeceu Euler e levantou-se silenciosamente de seu assento, passando por Fowillar, que estava quase caindo no sono. Desceu as escadas do auditório, acompanhada de mais um brado estridente da plateia — Eles de fato amavam Loenna. — E seguiu caminho rumo à feira. Tinha algumas moedas no bolso, que seriam o suficiente para comprar uma fruta qualquer; E, no processo, se pôs a observar as ruas, becos, pessoas e vilelas deste ponto tão bonito de Quentin Nalan. 

As ruas eram revestidas com paralelepípedos e os prédios tinham todos uma coloração bege-clara. Algumas carroças passavam pelo local e vários comerciantes conversavam alegremente com os transeuntes, de forma que se via um clima ameno entre os cidadãos Carmerri de um domingo de sol.

Exceto para uma pequena dupla.

Era uma jovem com cerca de vinte anos e um homem que possivelmente estaria beirando os quarenta. A jovem era baixa, magra e aparentava fragilidade, o homem era alto, esguio e contraía os lábios num claro desgosto. Ambos tinham os cabelos encaracolados, a pele amarronzada, usavam roupas simples e gastas e traziam a marca de uma bela águia no braço; A marca típica de um Eran.

Por onde passavam, os vendedores ambulantes faziam cara feia. As mulheres fechavam as janelas, as crianças mostravam suas línguas. A menina se assustava com as claras demonstrações de desprezo, mas o homem apenas assumia uma face ainda mais carrancuda e seguia em frente. 

Até que um dos vendedores ambulantes resolveu peitar a dupla que caminhava pela rua.

— Ei, saiam daqui. — Ele grunhiu para o mais velho. — Vocês estão atrapalhando o meu negócio.

O homem estreitou o olhar.

— Peço perdão por existir. — Sua fala era carregada de sarcasmo. — Eu e minha irmã só viemos buscar um par de sapatos e já vamos embora. 

— Espero que sejam breves. Vocês não são bem-vindos aqui. — O vendedor disparou. — Deveriam ter vergonha de quem são.

— Eu sou Morius Eran Jr e não tenho a menor vergonha de quem sou, senhor. — O desprezo que o vendedor tinha por Morius era recíproco. — Minha família fundou essa cidade, se não está lembrado.

— Vocês são desprezíveis. — O clima estava começando a esquentar. Narael duvidava que aquilo se resolveria com uma conversa pacífica. — Eu tenho nojo de todos vocês, Eran. Loenna foi muito misericordiosa em permitir que criaturas tão vis sobrevivessem.

— Júnior… — A mais nova cutucou o irmão. — Vamos embora. Isso não vai terminar bem. 

Mas Júnior não foi embora; Ao contrário, encarou o vendedor por alguns segundos, demonstrando a mais pura forma de desprezo em seu olhar; E, sem que ninguém estivesse esperando, lançou uma cusparada direto no rosto do velho.

A reação a esta foi imediata; O vendedor, furioso, limpou a saliva do rosto com o antebraço e logo voltou-se ao Eran:

— Você vai se arrepender disso, seu Eranzinho mequetrefe. 

E de uma só vez levou o punho fechado para Júnior, surpreendendo-o com um dolorido soco.

O Eran não deixou barato; Devolveu o golpe num soco de igual intensidade, atingindo o olho do velho. Teria levado a melhor se a briga tivesse permanecido na base do um contra um, mas três outros vendedores ambulantes tomaram o partido do primeiro e envolveram-se na confusão; Não demorou muito para uma simples cusparada se transformar numa intensa troca de chutes e socos.

— Júnior! — Berrava a mais jovem com lágrimas nos olhos. — Saia daí! Você está apanhando!

Mas Júnior não desistia. Seu orgulho era mais importante; Apanharia até a morte se fosse preciso, mas não levaria desaforo para casa. E a irmã desesperada, descabelando-se ao ver o irmão se metendo em uma briga feroz e violenta com vendedores ambulantes, e os transeuntes nada faziam para apartá-la.

Narael também não ousou se meter na briga; Passou por ela com os olhos alheios, não devia nada aos Eran. Foi quando ouviu uma frase que, essa sim, a revoltou.

— A menina Eran! — Alguém berrou. — Peguem a menina!

Ao se virar e notar que um grupo de jovens havia cercado a garota e estavam se preparando para atacá-la, Narael percebeu que teria de intervir. Morius havia pedido pela briga, mas a menina? O que havia feito? Não era justo que ela apanhasse pela impulsividade do irmão.

Como um foguete decolando pelos céus, Narael correu até o epicentro da confusão e se meteu entre a menina Eran e os homens que pretendiam surrá-la.

— Ei. — Narael abriu passagem por entre os algozes do tumulto. — Deixem a garota em paz. Ela não fez nada.

A moça suspirou em alívio; Estava tremendo. Alguns homens notaram a coragem da jovem Wuri e franziram o cenho em sinal de confusão.

— Você não é Narael Wuri? — Questionou um deles.

— Não interessa quem eu sou. — Respondeu Narael, ríspida. — Deixem a…

— Arien. — Manifestou-se a moça. — Meu nome é Arien.

— Deixem a Arien em paz. — E ela sequer imaginou que conseguiria ser tão firme. — Ela não fez nada. Vão caçar o que fazer.

— Se é assim, Wuri, você não nos deixa opção. — O mais forte do grupelho estalou os dedos. — Teremos que surrar você também.

— Vocês não ousariam… — E, quando notou que os homens estavam vindo para cima das duas, Narael percebeu que sim, eles ousariam. Ela berrou e por um momento desejou não ter sido tão estúpida; Ergueu o braço para pedir aos moços que parassem, mas antes que qualquer palavra pudesse sair de sua boca…

Uma chama. Vermelha, vívida. Saiu de sua mão como um lança-chamas. Os primeiros homens a receberam diretamente no rosto e queimaram-se por completo, berrando de dor pelas ruas iluminadas; O restante se assustou e saiu correndo, como um bando de elefantes em uma manada, deixando Júnior e Arien enfim em paz.

Júnior estava todo roxo. Seu lábio sangrava e seus olhos estavam inchados. Não parecia ter notado o que havia acabado de acontecer; Só sabia que estava a salvo e isso para ele bastava. Desmaiou no meio da rua com todo o seu corpo dolorido e latejante.

Já Arien, assustada, focalizou Narael com seus dois olhos castanhos arregalados. A própria Wuri estava confusa do que havia acabado de acontecer; Levou a palma de sua mão aos olhos e não podia acreditar que de lá havia saído uma chama consistente. A primeira de sua vida. Pela primeira vez, viu vantagem em ter manifestações estranhas envolvendo fogo.

— O...o… — Arien, boquiaberta, era incapaz até mesmo de falar. — O que foi isso?

— Fogo. — Foi tudo o que Narael conseguiu dizer. — Eu soltei fogo pelas mãos.

E se encararam. Por ali, tudo voltara a ser pacífico; Ninguém se atentou à razão pela qual a briga havia se encerrado. Pareciam todos muito preocupados com seus próprios afazeres. O som das carroças passeando pelas ruas e dos vendedores ambulantes conversando com seus clientes era torturante.

Arien, que sentia medo de Narael, se permitiu abrir um sorriso; Havia sido salva, afinal.

— Obrigada. — E só então se deu conta do quanto aquilo era incrível. — Eu não sabia que você tinha super poderes. Isso é muito legal.

— É. Eu também não. — A jovem Wuri não conseguia parar de analisar as próprias mãos. — Já tive manifestações com fogo antes, mas nunca pensei que… Você poderia manter isso em segredo?

Arien fez que sim. Se Narael deveria confiar nela, porém, apenas o tempo diria.

— Eu sou Arien. Me chamo assim porque sou do signo de áries. — A Eran ofereceu a mão para Narael. — E você?

— Sou Narael. Me chamo assim porque… Bem, porque minha mãe quis. — Ela deu de ombros e tomou a mão de Arien na sua. — Prazer em conhecê-la, Arien. Eu sou sucessora de Loenna Nalan.

Arien fez uma careta.

— Você é da família real? — Perguntou. E Narael fez que sim. — Achei que todos vocês da família real eram nojentos e cruéis. Mas você é uma boa pessoa. Tenho certeza de que será uma ótima rainha.

— É… Serei. — Narael suspirou fundo. — Você quer ajuda com o seu irmão? Ele parece um pouco mal.

— Eu vou precisar. — Arien encarou um desmaiado Júnior. Apesar de ser magro, o corpo dele provavelmente pesaria muito mais do que a jovem conseguiria suportar. — Se não for muito incômodo…

E, no mesmo segundo, Narael se arrependeu. Lembrou-se de que tinha um pronunciamento para atender, e que Euler já estaria esperando havia pelo menos meia hora. 

Mas, afinal, quem se importa? Ninguém jamais perguntou para Narael quais seriam as suas vontades. Por que ela deveria seguir os desejos de Loenna Nalan e seus agregados?

 

— Apenas me guie até sua casa. — Narael agarrou os dois pés de Júnior, enquanto Arien segurava em seus ombros. — Eu vou te ajudar a deixá-lo lá. 

Fim do capítulo


Comentar este capítulo:
[Faça o login para poder comentar]
  • Capítulo anterior
  • Próximo capítulo

Comentários para 3 - Capitulo 3 - Um Eran em apuros:
Lea
Lea

Em: 16/11/2022

Essa mãe da Narael se tornou tão ou mais insuportável,quanto Loenna Nalan.

A Narael poderia fugir,sei lá!


Resposta do autor:

Ela é um cachorrinho da Loenna, faz tudo que a mulher pedir

Responder

[Faça o login para poder comentar]

Informar violação das regras

Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:

Logo

Lettera é um projeto de Cristiane Schwinden

E-mail: contato@projetolettera.com.br

Todas as histórias deste site e os comentários dos leitores sao de inteira responsabilidade de seus autores.

Sua conta

  • Login
  • Esqueci a senha
  • Cadastre-se
  • Logout

Navegue

  • Home
  • Recentes
  • Finalizadas
  • Ranking
  • Autores
  • Membros
  • Promoções
  • Regras
  • Ajuda
  • Quem Somos
  • Como doar
  • Loja / Livros
  • Notícias
  • Fale Conosco
© Desenvolvido por Cristiane Schwinden - Porttal Web