Capitulo 47
CAPÍTULO 47
O FERREIRO
Era demasiado estranho o interesse que o senhor demostrava em querer saber sobre uma única loba, no meio de tantas. Seu interesse despertou em cada uma ali o gatilho para matar e perguntar depois, mas tinham coisas e respostas de que precisávamos e ele nada de mal poderia fazer no momento, não sozinho como parecia estar.
Mais uma vez, perguntou:
― Então qual de vocês é a Gilles?
― Eu sou a Gilles ― ela falou ao mesmo tempo que caminhava, parando ao meu lado.
A forma como ele olhou para a companheira da Mel arrepiou meus pelos. Seu olhar era muito parecido com o de um predador examinando sua presa. O que talvez ele não soubesse era que ele seria a presa caso ousasse fazer uma besteira. As sombras que Gilles vestia para que ninguém a visse tinham vida própria e podiam circular ao seu redor, como faziam agora, rodando em torno do senhor e se enroscando no seu pescoço, com a ponta erguida, pronta para entrar no seu nariz e tirar dele todo o oxigênio, sufocando-o. Bastava um pensamento da sua dona, que o olhava com cara inocente.
Quando o senhor percebeu que eu o estava encarando, mudou o olhar e o tom da sua voz, tentando mantê-la mais aceitável, chegando a ser falsamente carinhosa, e, dessa vez, falou com mais calma. Só que eu não confiava no que ele dizia, muita coisa estava fora do lugar.
― Na encosta da montanha, ali no canto próximo às pedras... ― Quando ele apontou, todas nós viramos automaticamente para ver os seis pedaços de aço, com tamanhos e larguras diferentes, escorados na pedra da montanha mais à frente. Do mesmo lado, estava uma casa pequena com porta e janela abertas, o que me levou a crer ser a casa do homem, pela quantidade de ferramentas e buchas de pano sujas de ferrugem e cinzas, como se fossem usadas com frequência para limpar facas, tudo espalhado no chão da porta. Havia mais quatro casas do mesmo lado, um pouco mais distantes, todas com portas e janela abertas. No entanto, não se via um pé de pessoa, mesmo em uma das casas com fumaça saindo do telhado como se alguém estivesse cozinhando, o que era mais estranho ainda. A falta de cheiro... Nada ali tinha cheiro. Não fosse a fumaça, as casas pareciam abandonadas.
― Tem seis pedaços de aço puro. Não escolha, ele vai escolher você. A arma que será forjada e sua alma estão conectadas. Pegue o seu aço e volte para cá.
Gilles olhou para o velhinho como se tivesse tirado uma Ressonância Magnética Nuclear do seu corpo esquelético e gravado em sua memória. Foi andando lentamente e realmente não escolheu. Estirou o braço e pegou o aço, voltando para perto outra vez sem dizer nada.
― Pela lista, agora é a vez da Esther e da Agatha. As duas devem ir juntas. Quando elas chegarem, vai ser a vez da Ameth e da Jana, as duas vão juntos. E, por último, a que se chama Nara, essa vai só.
― E por que temos que ir dessa forma e não uma por uma? ― Não fazia sentido o que ele mandava, mas minha pergunta o deixou muito zangado, mesmo fazendo um esforço dos diabos para se controlar.
― Por que está na droga dessa lista dada a mim. ― Ainda assim, deu para vê-lo pisando com raiva.
As meninas riam muito, baixinho, entendendo o quanto eu estava dificultando a vida do ferreiro com perguntas. Acho que só Esther entendia a minha desconfiança. Quase rindo, ela mandou eu maneirar e foi o que fiz, fiquei esperando até chegar minha vez.
Quando chegou, só tinha o aço que seria a minha espada, portanto nem eu nem ela tínhamos escolha.
― Quem disse que não tive escolha? Eu que não quis nenhuma delas, porque minha idealizadora mandou que eu escolhesse você ― a espada falou dentro dos meus pensamentos, me assustando. Eu já tinha falado com todo tipo de vida: animais, plantas, água, ar; agora, com aço, isso era novidade.
― Eu não sou só aço, sou seu espírito, ou parte dele, por isso, quando for me forjar, pense nisso e pense na guerreira “Nalum”.
― Como é que eu posso pensar em alguém que não conheço? E outra, eu sou uma loba laçada, portanto negativo, arranje outra forma de realizar sua forja. ― Eu tinha a sensação de que o aço estava revirando os olhos com o que falei e tive vontade de rir da sua audácia. Lembrava-me a Amkaly quando a conheci.
Imagina se tem cabimento eu pensar em uma guerreira na hora que estiver fabricando minha arma letal. E se funcionasse igual ao juramento de alfa e beta, que as tatuagens se entrelaçam na hora do juramento, como essa que carrego no braço e Esther carrega no outro braço? Isso nos ligou para sempre. E se acontecesse a mesma coisa com a espada ou a tal guerreira?
― Lamento informar a você, mas a Nalum estará conectada a você e sua companheira até o dia da sua partida para o descanso eterno.
Alguma coisa parecida com desespero estava querendo se apossar de mim. Eu sentia sua sombra rastejar, aproximando-se dos meus pés, agarrando-se com suas mãos frias, subindo por minhas coxas.
Segurei a coleira do meu controle e puxei com força, estrangulando o medo que ameaçava tomar conta do meu ser. Eu era a dona dos meus pensamentos, eu controlava minhas decisões, eu jamais me deixaria ser dominada pelo medo, jamais. Senti-o voltando para as entranhas de seja lá de onde veio e novamente respirei.
Pois muito bem, se eu tinha que invocar uma guerreira para forjar a arma que salvaria vidas, incluindo a do meu povo e a minha, eu invocaria e, como se eu tivesse passado em algum teste, o aço falou.
a jovem Amkaly nada tem a ver com isso, sua ligação comigo, a guerreira e suas armas é mais forte do que sequer imagina.
―Bem como tudo indica que seremos unha e carne daqui par frente, vou te avisar a jovem Amkaly como falou é minha parceira e mãe da minha filha. ―Senti o pedaço de aço sorrindo ironicamente do que falei, foi o suficiente para dar a volta abandonando-o lá, eu não precisava de uma espada neurótica e fofoqueira.
―Espera....me desculpe não foi minha intenção, precisamos estar juntas, na maioria das vezes, nós três, nas outras vezes eu estarei com a Nalum e você com sua companheira agora vocês duas sim serão uma só e lutarão unidas as duas olhando para lado opostos na mesma posição de quando vieram com seu piloto no mar até chegar aqui.
―Viu, era isso que estava falando, a Amkaly e importante demais.
A espada dessa vez não disse nada mas eu sentia que ela discordava de tudo que eu dizia algunha coisa parecida com desespero estava querendo se apossar de min eu sentia sua sombra rastejar se aproximando dos meus pés e subindo se agarrando com suas mãos frias subindo por minhas coxas, segurei a coleira do meu controle e puxei com força estrangulando o medo que ameaçava tomar conta do meu ser, eu era a dona dos meus pensamentos eu controlava minhas decisões eu jamais me deixaria ser dominada pelo medo jamais, senti ele voltando para as entranhas de seja lá de onde ele veio, e novamente respirei, pois muito bem, se eu tinha que invocar uma guerreira para forjar a arma que salvaria vidas incluindo a do meu povo e a minha, eu invocaria e como se eu tivesse passado em algum teste o aço falou.
―É assim que se fala, eu vou ser seu espirito e te defenderei em combate até nas profundezas do inferno, mas não posso lutar contra os seus sentimentos seja eles bons ou ruim como seu medo, esse só você saberá lutar, agora que já sabe segurar e puxar a coleira do seu controle, vai treinando, vamos precisar disso na hora que me empunhar, chegara o dia que vai precisar matar pessoas que ama, que já fizeram parte da sua vida, e nessa hora não pode ter medo ou pensar certo ou errado, essas pessoas estarão possuídas por demônios chamado legião, esse foi o nome que ele mesmo se deu por serem muitos e pôr usarem os humanos como hospedeiro, quando esse dia chegar me use sem medo, estaremos destruindo um demônio e não um rosto conhecido por você.
Me aproximei e pequei no aço sem forma ainda nessa hora eu senti o que ele estava dizendo, do poder que nós teríamos juntas, o tamanho chegava à altura do meu quadril, seria uma bela espada haja visto que eu tenho 1.78 cm de altura e dizem que ainda estou em crescimento. Por mais que eu estivesse curiosa pequei meu aço e fui para onde todas estavam no momento em que o senhor me viu junto começou o falatório.
―Naquele canto tem ferro e as ferramentas necessárias para cada uma fazer uma bigorna onde será colocado esse aço e cada uma forjara sua própria espada.
―Quanto tempo vamos levar para a forja? ― Eu perguntei querendo demorar o menor tempo possível, meu sangue gritava para que eu saísse dali e fosse embora.
―Para forjar um dia. para ensinar a vocês a arte de empunhar leva mais uns quatro dias.
―Senhor com todo respeito e agradecendo sua bondade em nos ensinar, mas isso aqui tem cara de que vai tomar muito do nosso tempo precisamos seguir adiante, temos que fazer uma coisa importante e voltar para nossas famílias, já estamos a muito tempo fora temos filhos que provavelmente já devem ter nascido e não estávamos presentes ficaremos só o tempo de forjar as armas e partirei com meu povo.
Quando falei que tínhamos filhos recém nascidos eu senti o interesse do velho em cada uma de nós, como se ele tivesse tido a resposta para o que vinha buscando, e não de uma forma boa, mas algo maléfico, algo que escorria viscoso pelo canto da sua boca quando ele perguntou.
―Qual de vocês tem filhos recém-nascido? ―Seus olhos se tornaram vítreos não dava para ver sua íris que tinha sido engolida pelo gel gelatinoso do globo ocular, todas nós vimos, mas foi muito rápido, logo ele estava no normal dele, parecia que o que tínhamos testemunhado nada mais era do que um corpo sendo possuído por espirito do mal, Gilles se adiantou e ao passar por mim eu senti uma frieza nos ossos com ar sendo deslocado todo para circular seu corpo como uma defesa.
―Eu tenho trigêmeas, e Ameth tem uma garota, qual o seu interesse em saber se temos filhos? ―A nevoa fina de gelo se entrelaçava com outra que não dava para distinguir, mas dava para ver o que fariam com o velhinho que friccionava as mãos nos braços em busca de calor.
―Só curiosidade, a moça falou que eram mães, eu só quis adiantar os trabalhos para ver se liberava as que tem filhos mais rápido.
O senhor examinou detalhadamente o rosto de cada uma e aqueles traços de fragilidade desapareceram quando ele gritou.
―NINGUEM VAI A LUGAR ALGUM.
Fim do capítulo
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