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Diga meu nome por Leticia Petra e Tany

Ver comentários: 4

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Palavras: 4457
Acessos: 3275   |  Postado em: 02/11/2022

Capitulo 6 - Como veneno.

      As minhas costas doíam bastante, assim como as minhas pernas, fiquei horas em pé, mas no fim tudo deu certo e a cirurgia foi um verdadeiro sucesso. Em pouco tempo o paciente voltaria a exercer suas funções normalmente e isso me enchia de muita satisfação. Eu amava a área que escolhi.

— Parabéns, doutora. Mais um dia, pessoal. – Alice, uma das enfermeiras falou. — Ótimo trabalho.

— Bom trabalho, pessoal. – Sorri.

      Caminhei pelo corredor, indo para o vestiário, precisaria de um banho longo e algumas horas de sono em casa. Cada musculo vibrou quando a água fria tocou o meu corpo por completo. Gemi em pura satisfação.

— Delícia. – Os meus seios estavam doloridos, certamente, em breve a visita do mês chegaria.

Me enxuguei, passando um pouco de hidratante antes de me vestir.

      O dia cheio me impediu de pensar demais, tanto no fato de oficialmente ter me assumido, quanto no episódio da cozinha. Sei que em algum momento teria que encarar a Yasmin, mas por agora não. Ainda havia a minha mãe, a qual fugi de todas as formas. As minhas pernas tremiam só de pensar nas coisas horríveis que certamente ouviria.

Antonella e Ana não desgrudaram de mim depois que Yasmin e os pais foram, elas montaram uma espécie de guarda.

— Tá todo mundo comentando. Elas se assumiram ontem, na festa de aniversário do doutor Joaquim. Passaram a noite toda grudadas... – Mordi a unha.

— Eu já sabia sobre a Yasmin, mas sobre a doutora Lara, fiquei de cara. – Fechei os meus olhos, massageando as têmporas.

— E eu? O tanto que tenho uma queda por essa mulher. Não me importaria nadinha se elas me convidarem pra um amasso. – As três riram.

Tenha santa paciência.

— Elas são o significado de tanto faz. Ah, vocês viram a Letícia desfilando com a Yasmin? Não pode chegar alguém interessante, que ela sempre tá lá.

— Aquela nunca me enganou, mas quem vai culpa-la? Aquela ruiva é uma delícia. – Rolei os olhos. — Ainda bem que olhar não tira pedaço, mas eu queria...

      Sai de onde estava e as três levaram um baita susto. Abri o meu armário, coloquei algumas coisas e peguei a minha bolsa, tudo sem muita pressa. O silencio foi divertido, ao menos para mim estava sendo.

 — Doutora Lara, a gente...

— Tá tudo bem, meninas. – Sorri, passando levemente a língua por meus lábios, que estavam ressecados. — Não precisam se desculpar. Concordo totalmente com vocês, a Yasmin é uma delícia. Sorte a minha, não é mesmo?

Os olhos arregalados. Ah, eu queria muito rir.

— Só de olhar, já é de tirar o folego. – Flashs do episódio na cozinha me vieram a mente. — Mas posso garantir, na pratica é ainda melhor. – Abri o meu melhor sorriso.

Eu morrerei negando que algum dia disse isso.

— Com licença. – E falando no diabo.

Ou melhor, na diaba. Ela ouviu alguma coisa?

— Boa noite, meninas. – Yasmin sorriu.

— Boa noite, Yasmin. – As três responderam.

Rolei os olhos.

— Querida, a minha mãe mandou algo pra você. - Sorri, indo até ela, envolvendo os meus braços no dela.

— Senti saudades. – Yasmin franziu o cenho.

— Eu... também. – Ela beijou rapidamente a minha testa, entrando na minha.

— Vamos, querida. – Olhei para as três. — Tchau, meninas.

      Saímos do vestiário, passando por algumas pessoas no caminho. Alguns olhavam com curiosidade, outros com maldade. Seria sempre assim, não importa o quanto você cuide só da sua vida, haverá alguém incomodado com o jeito que você vive, com quem você dorme, a forma que se veste.

Eternos juízes da vida alheia.

Chegamos ao estacionamento, então soltei o braço de Yasmin.

— Então... – Ela limpou a garganta, não me questionando pelo o que acabei de fazer.

Eu estava levemente irritada, mas não sabia a origem da irritação.

— Minha mãe mandou esse bolo de cenoura com chocolate. – Ela me entregou uma sacola retornável com estampa de pássaros. — Pediu pra você dividir com a Ana.

— Obrigada. – Olhava para a sacola. — Sua mãe é muito fofa.

— Ela é sim...

Ficou um silencio constrangedor.

— Eu preciso ir, mas vou te levar até seu carro. – Apenas acenei em positivo.

Mais uma vez lembrei que por um milésimo de segundo, as nossas bocas não se encontraram e isso me trouxe um arrepio por todo corpo.

“Droga de pensamentos intrusos. Tá tão na cara que pra ela tanto faz.”

— Uma BMW branca... – Sua fala me tirou de meus pensamentos idiotas.

— O que tem? – A encarei com a sobrancelha franzida.

— Que cor sem graça. – Eu não estava acreditando que estava mesmo ouvindo aquilo. — Não combina, sabe...

Que?

— Oh, senhorita descolada, me diga então que cor é do seu agrado, que irei mandar comprar agora mesmo. – Yasmin passou a rir da minha cara. — Vou mudar de marca, que tal um Porsche vermelho?

E o som da sua gargalhada elevou a minha fúria, ela até mesmo se segurou em meu carro.

— Meu Deus, é tão fácil te tirar do sério. – Que filha da...

Não, a dona Amanda não merece esse xingamento.

— Não vou ficar aqui servindo de bobo da corte. – Abri a porta do meu carro e entrei.

— Qual é? – Ela deu duas batidinhas na janela, mas não abri. — Lara, vai mesmo deixar a sua namorada plantada aqui?

Em um ato infantil, mostrei o dedo do meio e dei partida, saindo em seguida.

— Essa... essa. – Respirava ruidosamente.

      Liguei o rádio, passei a contar até dez e foi o que me acalmou. Yasmin tinha uma facilidade de me tirar do sério. Eu pisando em ovos por conta daquela droga de contato e ela nem aí.

— Ódio...

 

      Quando cheguei em casa, respirei fundo várias vezes, pois agora não teria mais quem me salvar da minha mãe. Deixei o bolo na cozinha, belisquei e estava divino, então subi para tomar banho e quando entrei no meu quarto, a pessoa de quem fugi igual o diabo da cruz, estava sentada na minha poltrona.

— Fecha a porta. – Não havia para onde correr.

Fiz o que ela mandou.

— Você só pode tá fazendo isso pra me irritar, Lara. – A sua voz era contida, porém dava para sentir toda a raiva. — O tanto que eu tentei te fazer uma mulher respeitada, de família...

Um nó começou a se formar em minha garganta.

— E você me surge com essa presepada? Onde foi que eu errei, Lara? Você sempre teve de tudo, estudou nas melhores escolas, usou as melhores roupas. O que te faltou? Sapatão, Lara? É assim que me recompensa?

— Mamãe...

— Tem ideia da vontade que senti de apertar o seu pescoço naquela noite? Você viu como as pessoas estão olhando pra você? Tá todo mundo comentando da minha filhinha sapatão. O hospital, eu não quero pisar lá tão cedo.

Os meus olhos não suportaram. Tentei falar, porém ela fez um gesto com a mão para que eu parasse.

— O tanto que estou tendo que fingir na frente dos outros que eu sou a favor dessa pouca vergonha. Saiba que eu nunca vou aceitar isso... nunca terá o meu apoio, Lara. Nunca!

Eu não conseguia falar nada, apenas soluçava.

— Morro de vergonha de você... morro de desgosto por você ter saído do meu ventre. – Abafei o choro com a mão.

— Lara? – A minha irmã entrou. — O que tá acontecendo aqui?

Ela se colocou a minha frente, me fez olha-la.

— O que ela disse pra você? – Ana me abraçou. — O que você disse pra ela, Telma?

— Só a verdade, garota. Eu não apoio esse tipo de relacionamento e eu acho bom que dê um jeito de acabar com essa palhaçada o mais rápido possível. Não me obrigue a fazê-lo por você...

— Ela não vai acabar com nada, Telma. A Lara é uma mulher bem grandinha, você não vai escolher quem ela pode ou não namorar. Você não tem esse poder!

— Ora, cale-se, sua insolente. Eu sou a sua mãe e não vou aceitar ser desafiada por você...

— Ana...

— Agora lembrou que é a nossa mãe? Ah, faça-me o favor, mãezinha. Você não é uma mãe de verdade, só foi uma parideira. E isso qualquer uma pode ser.

— CALA-SE!

— E quer mais uma novidade? Eu também sou lésbica, Telma. Sabe aquelas meninas que já vieram em casa? Transei com uma delas no seu spar.

Só pude ouvir o estalo.

— JÁ DISSE PRA CALAR ESSA BOCA!

— Vai se foder, Telma. – Eu estava paralisada.

A minha mãe havia acabado de bater em Ana.

— Saia daqui... – Reuni coragem. — Saia do meu quarto agora mesmo.

Coloquei Ana atrás de mim.

— Nunca mais toque na minha irmã. – O meu peito arfava. — Nunca mais, mãe.

A minha mãe nos olhava com tanto ódio e desprezo.

— Essa conversa ainda não acabou...

— Para o inferno com os seus preconceitos, mãe. – O seu rosto mudou de expressão. — Essa conversa acabou aqui sim, saia do meu quarto e nunca mais ouse tocar na Ana.

     Passou de raivoso para chocado, pois eu jamais havia a desafiado ou algo parecido. Ela ficou por segundos a me encarar e depois saiu, fechando a porta com força. O meu corpo tremia, o meu coração estava na boca.

— Me desculpe, me desculpe. – Abracei a minha irmã. — Eu não deveria ter deixado você... eu não devia...

O choro não me deixava concluir.

— Me desculpe, me desculpe...

— Calma, Lara... se acalma. – Ana me consolava, quando eu deveria fazê-lo.

      Não sei dizer por quanto tempo ficamos ali, mas quando pude me ver no espelho, os meus olhos estavam inchados e o rosto da minha irmã, avermelhado. Fizemos o que há muito tempo não fazíamos, tomamos banho de banheira com roupa e tudo.

— Você disse que transou no spar? – Ela brincava com as bolhas do shampoo. — Mas você é virgem.

Ela sorriu.

— Bem, eu sou virgem, mas tenho dedos e boca. – Joguei uma esponja nela.

— Como eu nunca soube disso? – Ana deu de ombros.

— Não achei importante, foi só algo sem peso. Mesmo com a cara ardendo, eu estou aliviada, Lara. Nunca me senti tão bem na vida...

Olhei para as minhas mãos embaixo da água.

— Queria estar compartilhando disso. – Os dedos estavam enrugados.

— Tenho certeza que uma hora, essa sua parte que deseja desesperadamente a aprovação da mamãe vai acordar.

A encarei.

“Eu também desejo isso.”

      Resolvemos não descer para o jantar, apenas desci para buscar gelo para pôr no rosto de Ana, o meu pai chegaria um pouco mais tarde aquela noite. Mesmo sendo um dos donos, ele nunca se deu ao luxo de deixar de trabalhar, pois ele sempre disse que foi desta forma que os meus avôs os ensinaram.

Eu sentia saudades deles.

 

Terça.

      Resolvi deixar a minha irmã na escola, chegando assim um pouco mais cedo no hospital para poder averiguar com mais calma os meus pacientes que estavam em observação. O hospital tinha um contrato com um clube brasileiro e receber jogadores era rotina. Inclusive, a equipe medica que os acompanhava em todos os jogos nos últimos cinco anos, era do hospital. Por um tempo desejei fazer parte, mas logo desisti. Descobri da pior forma que mesmo em um clube tão grande, as mulheres não eram respeitadas ou valorizadas como profissionais.

— Toma... – Antonella me entregou um copo com café.

Estávamos na sala de descanso.

— Como você tá? – Foi difícil cobrir o meu estado com a maquiagem. — E a Ana?

— O rosto não ficou inchado, deu pra esconder com maquiagem. Você precisava ver, Antonella, ela foi muito corajosa e ainda jogou na cara da nossa mãe que também gosta de mulher. E eu só fique lá, ouvindo tudo como uma boa covarde que sou...

Escondi a minha face.

— Você já está sendo muito corajosa, Lara. Você não viu o que fez? Mesmo as condições não sendo as mais normais, mas ainda assim, você teve coragem... – Ela me puxou para ela.

Havia somente mais duas enfermeiras dormindo.

— Eu tô muito orgulhosa de você. Muito mesmo.

— Ela disse coisas horríveis. – Tentei não chorar. — A minha mãe tem vergonha de mim, Antonella.

— Quem perde é ela, Lara. Tá perdendo a oportunidade de estar ao lado de um ser maravilhoso, de coração enorme. Que ela vá pra pu... pra longe.

      Me permiti ficar ali, apenas sendo cuidada por minha melhor amiga. Quantas vezes Antonella me consolou por causa da indiferença da minha mãe e quantas vezes fiz o mesmo por ela, pelo mesmo motivo. Tínhamos o azar de ter como mães duas mulheres que... por Deus.

Se isso de almas gêmeas existe, ela é a minha.

 

 

      Aos poucos, tudo o que se dizia respeito a parte administrativa do hospital, estava ficando mais fácil. Sabia que havia dado um passo para trás, afinal, na concessionaria o meu cargo de gerente era o mais alto na hierarquia, entretanto, não foi posição ou poder que me trouxeram de volta. Era gratidão ao meu pai, pois tudo o que sou hoje devo a ele e a minha mãe.

— Yasmin? – Ouvi a voz conhecida do outro lado da porta.

— Entra, Ana...

A porta foi aberta, mas antes que ela entrasse, Nicole passou em sua frente, sem a menor educação.

— Sebosa... – Ana a encarou com uma carranca.

— O que você falou, pirralha? – Me coloquei de pé.

Nicole a olhou como se fosse avançar nela, porém não o fez.

— Claudio, aqui estão os nomes de alguns residentes indicados. Quero que dê uma averiguada e depois encaminhe pro RH aqueles que estiverem de acordo. Tem um nome em destaque, dê devida atenção a ele.

— Pode deixar aí na mesa, Nicole. Depois verifico. – A arrogante pareceu ficar ofendida.

Ela estava mesmo achando que já tinha ganhado o cargo.

— Tá achando que pode me tratar assim? Só porque essas estão aqui? – Ergui a sobrancelha. — Você é pago pra isso.

— Exato, assim como você é paga e na hierarquia do hospital, você tá abaixo de mim. O que você quer? Você não manda em mim. Ainda sou o diretor e você me deve devido respeito.

Ana abriu a boca, surpresa e eu também estava.

— Não me faça perder a paciência, Claudio...

— Vai fazer o que, Nicole? Já conseguiram o meu cargo, que mais o que? Me diga. – Os dois ficaram se encarando.

Ele estava à beira de um colapso. Eu deveria interromper?

— Vou me lembrar disso. – A insuportável falou, antes de fechar a porta com violência.

— Qual o problema dessa mulher? Na certa, não anda fazendo um sex* mais selvagem. Também, quem vai querer essa vampira. Fria... deve ser uma morta viva...

O diretor não conseguiu se segurar e gargalhou com a fala de Ana e eu o acompanhei.

— Garota, você com toda a certeza é a melhor cunhada que existe. – Ela arqueou as duas sobrancelhas.

— Sou, é? – Então percebi o que falei.

— Você entendeu... – Limpei a garganta.

— Sabe o que seria ótimo? Se descobríssemos algum podre da senhorita Nicole, aí poderíamos nivelar as coisas. – Claudio falava, enquanto arrumava uma papelada.

Pensei por um segundo.

— Claudio, você tá certo. – Ele me encarou.

— Estou?

— Sim, você está. A nojenta da Nicole deve ter um calcanhar de Aquiles. – Todo mundo tem.

— A senhorita acha? É mesmo, tem razão.

— Acho e vou procurar por ele. – Peguei a minha bolsa, olhando em meu relógio. — Vou a um lugar.

— Vou com você, Yas. – Ana arrumou a mochila.

— Tem certeza que pode? Sua irmã não gostou muito da última vez que te envolvi. – Ela sorriu, segurando o meu braço.

— Ela não precisa saber. Se você não contar, eu não conto. – Essa garota.

— Então vamos...

      Deixamos o hospital, rumo a clínica que Rafaela trabalha. O trânsito estava movimentado. Mais à frente, podíamos ver que havia ocorrido um acidente, mas não pareceu ser grave.

Redobrei o cuidado.

— Como você está? – Olhei rapidamente para a minha companheira.

— Ontem a mamãe falou coisas horríveis pra Lara. – Franzi o cenho. — Ela não tá bem.

Parei no sinal vermelho.

— Ela disse que jamais vai aceitar a Lara... – Ana ficou com a voz embargada. — Não entendo, por que ela tem que ser assim?

Era uma ótima pergunta.

— Há coisas que não tem explicação, Ana. Eu sinto muito por vocês, mas saiba que pode contar comigo. Eu gosto muito de você... sempre que precisar, estarei a uma ligação de distância.

— Obrigada, Yas. Eu também gosto muito de você e mesmo não parecendo, sei que a Lara também.

Dessa eu ri.

— Bem lá no fundo, não é? Uns quinhentos mil metros de profundidade. – Ana gargalhou.

— Tenho certeza que uma hora você chega no fundo. – A cópia de Lara é uma figura.

—  Vocês se parecem bastante. É uma semelhança incrível. Ei? Você não viu que joguei o pisca? Mal educada!

Ana riu outra vez.

— Então significa que sou muito gata, porque a minha irmã é uma das mulheres mais lindas que já vi. – Eu precisava concordar.

“Aff.”

— Ela é linda mesmo, mas se você disser isso a ela, morro negando. – Minha falsa cunhada sorriu.

— Será o nosso segredo.

      Chegamos à clínica e tivemos que aguardar na recepção, pois a Rafa atendia a um paciente. Ana me ofereceu alguns chocolates e comemos juntas. O meu telefone tocou e ao ver de quem se tratava, apenas desliguei o celular.

Ela não desistia.

— Podem entrar, meninas. – Gabi anunciou.

— O que fazem aqui? Saudades? – Rafaela veio até nós, quando fechamos a porta.

— Queria conversar...

      Ela abraçou Ana Clara, lhe beijando a bochecha em seguida. Percebi que a mais nova ficou imóvel, o rosto levemente corado. Ana estava interessada em Rafaela e a minha amiga, alheia a isso, a tratava como uma irmã.

Ou eu estava entendendo errado?

— Sentem, eu vou pedir algo pra comermos aqui. – Ela pegou o telefone.

— Vamos comer mato e mais mato. – Reclamei e recebi um olhar sério.

— Não é tão ruim assim, a gente acostuma com o tempo. – Ana deu duas batidinhas em meu ombro.

Segundos depois, eu tinha a sua atenção.

— O seu tio, ele deve ter muitos conhecidos na polícia. – Rafa franziu o cenho.

— Tio Flávio? Acredito que sim. O que vai aprontar? – Quem ouvisse isso, até pensaria que eu sou uma irresponsável.

Ora.

— O diretor Claudio me deu uma grande ideia. Podemos jogar o jogo da Nicole, vamos conseguir algum podre sobre ela. Seria uma vantagem... – Rafaela ficou em silencio por uns segundos.

— Acha que ela vai revidar?

— Tenho certeza que sim. Ela vai vasculhar cada pedrinha da nossa vida pra conseguir algo e usar contra nós.  – Rafa suspirou.

— Vou te passar o número dele.

      Liguei para ele imediatamente, que me passou um outro número de um detetive particular e não esperei para entrar em contato. Passei todos os dados e fotos que tinha acesso, não só de Nicole, mas de Patrick.

— Assim que tiver qualquer informação, ligarei. – Não pude deixar de sorrir.

— Obrigada. Eu aguardarei...

Finalizei a ligação.

— Agora é só esperar. – Rafa arrumava a comida que acabava de chegar. — Vamos comer.

Torci o beiço para o tanto de salada.

      Antes das duas, nos despedimos da Rafaela. Ana me pediu para leva-la de volta ao hospital, pois queria ver como Lara estava. Ao chegarmos na ala da ortopedia, a avistamos em meio a outros médicos e enfermeiros.

Os fios negros estavam arrumados em um rabo de cavalo, um óculo de aro delicado enfeitava a face bonita.

— Impressão minha, ou você tá babando pela a minha irmã? – Desviei o olhar.

— Sim, é impressão sua. – Olhei as horas. — Olha só, preciso ir...

— Tá fugindo da conversa... – Me afastei, caminhando pelo corredor.

— O que? Não consegui te ouvir...

— Não vou esquecer dessa conversa. – Ela falou um pouco mais alto.

Eu fugi? Sim.

      Depois que o meu expediente terminou, deixei o escritório do diretor, que já havia ido para casa. Até pensei em passar na sala de descanso para falar com Lara, entretanto, achei mais prudente não o fazê-lo, pois algumas pessoas ainda estavam de olho em nós duas.

     Chegava a ser incomodo como algo tão simples chamava tanta atenção. Os anos se passavam, o mundo caminhava e evoluía a todo momento, mas ainda assim, um casal de iguais era um ser de dez cabeças.

Cheguei ao estacionamento.

— O que você quer? – Nicole estava encostada em meu carro.

Eu não estava com saco para aturar desaforos.

— Saber o que você quer pra deixar o caminho livre e me apoiar. – Ergui as sobrancelhas. — Acho que teria mais chances.

Tirei o blazer e a máscara.

— E o que você poderia me oferecer, Nicole? – Abri a porta do carro, jogando minha bolsa no banco.

— O que você quer? Mulheres? Dinheiro? – Ela sorria.

Dava para acreditar nessa mulher?

— E essas mulheres, você estaria no meio? – Ela arregalou os olhos, dando um passo atrás. — Vem no pacote?

Pisquei para ela.

— Obvio que não. Não sou chegada a essas perversões. – Eu ri.

— Você não tem nada o que me interesse. – A olhei da cabeça aos pés. — Fora que, já estou muito bem servida de mulher. Já deu uma bela olhada pra Lara? Até você, toda poderosa hetero, tem que admitir que ela é um verdadeiro pedaço de mal caminho.

Entrei no carro.

— Eu não acredito nessa farsa de namoro. – Abaixei o vidro. — Pense bem, Yasmin.

— Não tenho nada pra pensar, Nick. Ah, vou te mandar uns videozinhos bem picantes de Lara e eu, assim cai tua ficha.

— Então, vocês namoram há quanto tempo? Sabe que uns dias atrás ela estava dando pra outra em uma boate, não sabe? – Coloquei a chave na ignição.

— Você deve tá muito desesperada pra estar aqui, tentando me convencer a ficar do seu lado. – Gargalhei. — Quer o apoio da abominação por que? Faz o seguinte, vai foder. Liberar hormônios ajuda a relaxar...

— Vai se arrepender de não ter escolhido o lado de cá. – Ela se afastou.

— Quero pagar pra ver...

      Dei partida, saindo o mais rápido possível daquele lugar, antes que perdesse a minha paciência e passasse com o carro em cima dela. Ao menos isso deixou bem claro que Nicole estava apavorada com a enorme possibilidade de Lara ser a escolhida.

Faria de tudo para que isso acontecesse.

 

      A semana passou voando e com as nossas agendas incompatíveis, Lara e eu não nos falamos, apenas um aceno ou outro. Usamos nossos horários como desculpa, assim não parecia tão estranho não estarmos desfilando juntas. O que quase aconteceu na cozinha foi enterrado e eu achei maravilhoso.

      O meu irmão contou aos meus pais sobre a gravidez da garota que se envolveu, falou também da decisão de ficar com a guarda total do bebé. Os meus pais como o esperado, o apoiaram e ficaram eufóricos com a notícia de que em breve, nossa família ganharia mais um membro.

— Filha, vamos... – Minha mãe descia a escadaria.

Iriamos ao bendito clube jogar tênis. A possibilidade de ter Nicole no mesmo ambiente me desanimava. Nem a Rafa estaria lá para me dar um apoio moral.

— Cadê o papai? – Coloquei a pequena mochila nas costas.

— Tá nos esperando lá... a partida com o Patrick e o Joaquim seria antes da nossa.

— Então vamos... – Abri a porta do carona.

— Não vai me deixar dirigir? – Minha mãe levantou os óculos escuros.

— De jeito nenhum, mãe. A senhora é um atentado a vida de qualquer pessoa no volante. – Ela gargalhou.

— Você e o seu pai são dois medrosos. – Ela entrou. — O seu irmão não é assim.

— O Hugo não tem amor a vida...

 

      O clube não ficava tão distante, então não me apressei em chegar. Não estava com nenhum pouco de pressa em ver a minha “sogrinha” e os outros indesejáveis convidados. Pelo pouco que conversei com a Ana, as coisas entre elas e a mãe não melhoraram nada. Eu travava uma luta contra a minha consciência para conversar com Lara, tentar dar algum suporte emocional, mas uma voz me dizia que eu estaria ultrapassando os limites do nosso acordo.

“Eu só queria um pouco de paz e silencio dentro da minha cabeça.”

— Minha roupa ficou ótima em você, filha. – Minha mãe me fez dar uma voltinha assim que deixamos o carro. — Sua namorada vai gostar.

— Mãe?

— O que? – Passamos a caminhar.

      Havia um caminho arborizado até as dependências do clube, que não era nada modesto. Havia piscinas, quadras de tênis, basquete e futsal. Um campo de gramado sintético e muitas outras coisas.

— Olha eles ali... sua namorada tá querendo te impressionar. — Minha mãe me cutucou.

      Olhei em sua direção e Lara vestia uma roupa igual a minha, porém nela pareceu ficar muito mais chamativo e isso me causou um leve arrepio. Trinquei o maxilar, me odiando por estar olhado demais.

Mas porr*, ela estava gostosa.

— Bom dia... – O sorriso falso de Telma me fez querer vomitar, mas isso me fez tirar a atenção do corpo alheio.

— Bom dia. – Minha mãe e eu dissemos juntas.

— Yas... – Ana me deu um abraço caloroso.

— Oi, cunhadinha. – Provoquei a minha amável sogra. — Oi, minha linda. Bom dia, minha namorada linda.

      Pegando Lara de surpresa, a abracei demoradamente e tasquei um beijo próximo a sua boca. Era só para deixar a Telma se revirando em raiva, mas me arrependi da graça, pois senti o efeito.

O cheiro e o corpo feminino me atiçaram inteira.

“Oh, Deus...”

 

Fim do capítulo

Notas finais:

Um cap extra que prometi.

Ei? Obrigada pelos comentarios, lindas. :)

Bom feriado para quem vai ficar em casa.

(o que não é o meu caso)


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Comentários para 6 - Capitulo 6 - Como veneno.:
patty-321
patty-321

Em: 02/11/2022

Esta estória está sensacional ??‘???’?


Resposta do autor:

Está? haha...

Daqui a pouco iremos postar o cap da quinta. 

:)

Responder

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JeeOli
JeeOli

Em: 02/11/2022

Coitada da Ana toda apaixonada e sendo tratada com irmã mais nova, eu sinceramente quero muito entender o lado da Rafaela nessa situação, Ana é uma garota tão forte, a mãe é uma cobra, Lara e Yasmin vão passar por muitas coisa para conseguirem ficar juntas 


Resposta do autor:

E tem coisa pior do que ser tratada com irmã ou só amiga pela pessoa que estamos apaixonadas?  

Acho que a Rafa está muito fechada para relações que nem consegue enxegar que tem alguém interessa, mas ainda por Ana ter 17 anos. 

Nossas meninas têm uma longa jornada adiante...

Responder

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Dessinha
Dessinha

Em: 02/11/2022

Tão bom de ler essa estória, tão rica em detalhes que eu particularmente viajo, sigo visualizando tudo o que ocorre, como um livro bom de se ler. E quando acaba eu já fico triste :/ Sensacional! 


Resposta do autor:

Ah, isso me deixa tão bobinha. 

Gosto de ler, me inspira demais, você não tem noção.

Obrigada, meu bem. :)

Quer mais um cap? 

Responder

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Lea
Lea

Em: 02/11/2022

Oi?? Já acabou o capítulo?? Como assim,estava tão gostoso de ler!!

*

Ana tem uma força que me encanta,mesmo apanhando não se rende. (Telma que merecia uma surra)

*

Os sentimentos estão começando a fazer barulho e bagunça,nas nossas meninas. Adoro!

*

Nicole está prevendo que vai perder, está até recorrendo ao adversário.

*

E a Camille,não desiste!

*

Bom dia meninas! Bom feriado e bom trabalho!


Resposta do autor:

Hahaha foi curto mesmo, mas já teremos mais um.

A Ana é uma mulher destemida, ela é o que chamamos de força da natureza. 

Lara e Yas em uma atração mutua. Quem será que vai sentir coisas além da atração primeiro?

Nicole está a flor da pele, imagina a pressão.

Camille parece que está perdendo a sanidade. Loucura demais...

Boa noite, querida. :)

vamos de mais um cap?

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