Capitulo 44
CAPÍTTULO 44
ÂNGELUS
Contém cenas de violência.
Quando eu era pequena, a minha mãe, que já foi humana, usava um ditado quando a confusão era muito grande, ela usava o termo que o “inferno estava pegando fogo”. Bem era mais ou menos isso que estava acontecendo ali.
A estrela cadente, quando rasgou o ar como uma bola de fogo, clareando tudo, mesmo antes da sua queda, a luminosidade no mesmo instante amedrontou os demônios, que apavorados pararam com a festa correndo atônitos para se esconder e fugir do poder de luz que vinha da estrela, que caiu no mar. O brilho clareava tudo ao redor, a força do impacto levantou as ondas, que subiam se misturando no alto e desciam em velocidade surpreendente, quebrando com violência nas pedras grandes da praia. A água corria com quebrando com força na areia branca indo até perto da vegetação próxima ao pé da montanha e quando voltava, arrastava tudo, folhas, galhos, restos de carcaças de peixes e animais no estado avançado de putrefação, lá dentro do mar se misturava outra vez e vinha quebrar na praia mais forte ainda, o clarão da luz foi intenso ferindo a nossa visão lupina no mesmo instante foi quando ouvimos um deles gritando.
“ANGELUS NASCEU NA TERRA!”
Todos corriam apavorados. Minha vontade também era de correr de volta para o mar, meu coração não estava cabendo dentro da caixa, meu receio era de que a bola de fogo tivesse caído em cima do barco e matado a todas num abrir e fechar de olhos, pelo semblante todas estava com o mesmo receio, Ameth e Gilles eram as mais apavoradas, Ameth chorava em silêncio, a dor dela me partia em frangalhos, eu sabia exatamente por que ela chorava, não era pela parceira que tinha ficado no barco, era pela filha que estava lá, eu sabia porque nesse momento eu queria ter sentido o cheirinho da minha filha, ouvir o som da sua risada, me desmanchar de amor quando me olhasse com aquele olhar cúmplice, tudo isso que não íamos viver, se o pior tivesse acontecido, por isso mesmo eu abracei minha amiga e deixei que ela derramasse as lágrimas que meus olhos não derramavam.
― Fiquem calmas não deve ter acontecido nada no barco, não faz sentido terem tido todo o trabalho das mudanças e no fim destruir tudo. ― Esther olhava para o mar enquanto falava, talvez para que não víssemos a insegurança em seu olhar.
― Mãe e se descobriram que estamos aqui para resgatar o anjo, e mataram nossa família em retaliação? ― Minha amiga perguntava se engasgando com as palavras.
― Isso não faria sentido, olhe só como eles estão desesperados, se fosse algo vindo do líder deles, eles não estariam tão apavorados olhem. ― Seguimos o olhar para onde ela mandava e o que vimos nos fez acreditar que ela estava certa.
Os demônios, que no momento estavam trans*ndo, saíam de cima das mulheres pegando em cada perna rasgando seus corpos ao meio como se elas fossem feitas de papel, tripas e todos os órgãos se soltando e espalhando no chão acompanhados de gritos de horror que logo silenciavam seus corpos, antes humanos agora nada mais eram que pedaços de carnes. Outro grupo mais a frente, esses com chifres semelhantes ao de bodes, partia as mulheres ao meio separando cabeça do corpo como se fossem bonecas feitas de pano, parecia que culpavam aquelas pobres almas do que estava acontecendo ou queriam se livrar das provas do que faziam por que ao praticarem essas barbaridades logo em seguida corriam à procura de abrigo um grupo mais afastado de doze garotas, as que estavam chorando agora estavam gritando.
― Gilles vá até onde aquelas almas estão gritando e abra um corte nelas em cima do coração, se abrir nas costas vai mandá-las para o canto errado.
― Esther e o que vamos fazer com aqueles corpos que eles acabaram de rasgar? Mandaram para o mesmo lugar das outras?
― Não, elas tiveram a escolha de se deitar com eles, usaram do livre arbítrio e escolheram esse caminho, agora vão responder por suas escolhas, já aquelas ali… ― Tirou a magia dos pós de cima do seu corpo, ficando visível para as mulheres apontou com o dedo e ao fazer isso as humanas ao olhar para Esther gritaram mais ainda, de onde estávamos dava para sentir o odor de urina ao sentir que estavam se mijando, minha beta mostrou os dentes para elas que se agarraram umas nas outras tremendo e gritando mais ainda. Somente uma continuava chorando assustada sem gritar e nos olhando sempre como se estivesse nos vendo. Fiquei intrigada com aquela garota, a voz de Esther me fez prestar atenção no que dizia. ― O restante de vocês pode atirar em qualquer coisa que se mexa, estão cobertas pelo pó isso vai nos dar uma vantagem, vou me cobrir outra vez, alguns dos demônios podem ver através da magia, não hesitem sejam rápidas e limpas. ― Mal terminou de falar jogou o pó no ar se cobrindo com o mesmo.
Me concentrei na minha runa do gelo, e ela atendeu meu chamado, meu braço começou a formigar e uma camada de gelo líquido cobriu e encheu as veias do braço em que estava segurando minha espada templário, que estava nesse instante se transformando em navalha de gelo diamante, bem próximo, Gilles cortava as mulheres que arregalava os olhos quando percebiam sua carne sendo cortada e sem ver arma ou quem a empunhava as humanas desmaiavam e desapareciam, Gilles trabalhava rápido só faltava uma a mesma garota que nos encarava sem desmaiar de medo, deveria ter no máximo vinte anos, essa era a que gritava mais na hora em que Gilles ergueu sua espada a garota gritou.
― Por favor não me mate, pelo amor do seu Deus me deixe viver! ― A garota se ajoelhou de mãos postas implorando o que fez minha amiga olhar por um segundo foi só o tempo de um dos demônios aparecer do nada puxar a garota pelos cabelos arrastando pelo chão e erguendo ela no alto da sua cabeça, eu sabia que ele ia arremessar a garota sem a Gilles ter tempo de eliminará o dito cujo.
Mirei a espada e corri empalando-o ao meio, no centro do seu coração que congelou na hora, e foi congelando o resto do seu corpo.
― Rápido cortem os braços dele se não a garota congela junto.
Agatha que estava bem próximo só esperando uma chance para atacar cortou um dos braços, como se estivessem ligadas em pensamento, Gilles decepou o outro braço que caiu ainda mexendo os dedos da mão em busca de agarrar algo invisível no exato momento em que a garota caiu, Ameth a segurou deitando-a no chão.
― Ela morreu ou desmaiou? ― Ameth fazia massagens no coração da garota.
― Largue ela aí minha filha, vamos terminar o que começamos, no fim a gente volta se ela ainda estiver viva, aí resolvemos o que fazer.
Puxei minha espada da carcaça do desgraçado que desapareceu no ar deixando uma poça de lama negra oleosa escorrendo no solo, Gilles esfregou a mão uma na outra e das pontas dos seus dedos uma chama azulada surgiu e foi aumentando conforme era direcionada para o local onde a lama do demônio maculava a terra, o fogo queimou tudo, limpando o solo, outra vez deixando-o pronto para germinar vida, minha família uma a uma ia destruindo os demônios, as mulheres já tinham sido devolvidas tanto para o Tártaro como para seus corpos na terra, no hospital, onde deveriam estar em coma. Quando não restava mais nenhum demônio, voltamos para a garota.
― Esther ela me viu, mesmo eu estando coberta pela magia, ela me viu. E pediu para não morrer. O que diabos uma garota sensitiva estava fazendo junto com estas almas corrompidas? Ela não tem cara e nem está a vestida para uma festa. ― Gilles pegou sua espada para enfiar no coração da garota, quando eu gritei:
― Espera!
― Nara eu tenho que fazer isso para ela poder voltar ao corpo. ― Gilles se ajoelhou no chão apoiada no cabo da espada aguardando que eu explicasse minha intromissão.
― Eu sei... só que preciso falar com ela. — Todas ficaram me olhando eu me abaixei do lado posto da minha amiga e segurei a mão da garota e fui falando bem compassado para ela entender. ― Você vai voltar para o seu corpo e vai ter que lutar para sair do coma, vai achar que tudo isso foi um sonho, mas eu quero que guarde na sua memória meu nome e quando acordar vai me procurar. Meu nome é Nara Shiva moro na reserva florestal loneswolff, procure meu pai, o nome dele é Ziam e diga que quer falar comigo ou Esther, não se esqueça, me procure... ― Soltei a mão da garota e me afastei. ― Pode fazer o que tem que ser feito.
A espada entrou macio na carne e ficamos observando pouco a pouco a garota sumindo, até que não restou nada no local, Gilles guardou a espada e aguardou novas ordens.
― Por que fez isso alfa?
― Tenho a impressão que essa é a outra criança que estava na barriga de uma das mulheres, lembra que eram três crianças? Uma é a Gilles, a outra o Cedrick ofereceu como sacrifício, essa é a terceira criança que estava perdida. ― Eu tinha certeza, só esperava que ela se lembrasse do sonho, e não achasse que estava ficando maluca quando saísse do coma.
― Caralh* Nara! Mandou muito bem, pode ser isso mesmo. ― Ameth concordou já sorrindo um pouco e um novo brilho no olhar.
― Acho melhor só eu e Esther irmos até a caverna, enquanto vocês dão uma geral aqui, se não tiver mais nenhum deles, podem ir nos encontrar. ― Eu sugeri e todas concordaram já saindo para procurar sobreviventes ou não.
E assim foi feito, Ameth por conhecer o local nos teletransportou para bem próximo da caverna e voltou para ajudar as garotas, na entrada da caverna não encontramos um pé de pessoa, por onde íamos parecia não existir vida o silêncio era sepulcral.
― Não vejo nada Esther. ― Sussurrei baixinho enquanto caminhava de olho nas paredes e buracos com receio do que estivesse escondido ou dormindo.
― Pelo silêncio do local e pela falta de vida nos arredores, aqui deve ser mesmo o local onde estão mantendo o tal do anjo prisioneiro, dizem que quando um anjo é preso, o universo castiga o local do cativeiro tirando a vida do ambiente, isso inclui todo tipo de vida. Vamos entrar e tente manter a mente aberta, fique focada com a mente limpa.
Entramos na caverna e para minha surpresa em nada se assemelhava as que eu explorava na reserva, essa era bem diferente a começar pela porta onde entramos, era uma abertura em forma de triângulo, uma vez lá dentro as paredes eram lisas e bem acabadas com uma pintura de textura incrível tornando o ambiente com luz própria como as casas modernas, o local onde pisamos se assemelhava a uma sala de estar ampla e larga, agora à nossa frente é que estava o motivo da minha surpresa, não era um terreno plano, e sim uma montanha de tamanho médio numa encosta íngreme assombrosamente perigosa.
― Esther tem certeza que é esse mesmo o local? A Ameth pode ter visto errado. ― Esther só olhou para mim e começou a subir a parede de pedras pontiagudas enquanto falava.
― Ela deve ter visto a parte de dentro, acho que cada uma ver de forma diferente, pelo fato de este local estar abrigando as duas forças, tanto a força celestial como a força infernal.
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Fim do capítulo
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