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Diga meu nome por Leticia Petra e Tany

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Palavras: 4657
Acessos: 3327   |  Postado em: 27/10/2022

Capitulo 4 - Coragem, Lara!

— Onde você conseguiu isso? – Antonella enfiou um pedaço de pudim em minha boca.

— Ganhei de presente. – Estava uma delícia. — Achei que precisaria disso. Sabe, pra adoçar o seu dia.

Ela fez uma careta engraçada.

— Vou cometer a maior loucura da minha vida, Antonella. – Peguei mais um generoso pedaço do doce. — Deus, isso é maravilhoso.

— É quase como um orgasmo, né? – Acenei em positivo. — A Yasmin também adorou.

— Esteve com ela? – Franzi o cenho.

— A gente conversou um pouco, ela tá sendo bem legal em fazer isso. Não é qualquer pessoa que embarcaria nessa. – Minha amiga me encarou. — Principalmente por ela não ganhar nada com isso.

Estão muito próximas para o meu gosto.

— Tá tentando fazer com que eu goste dela? – Antonella sorriu.

Tocou a colher gelada na ponta do meu nariz.

— Acho que deu a sua hora, doutora Pinheiro. O meu celular vai passar a noite toda ligado, então se algo der errado, me ligue imediatamente. – Ela me beijou a testa. — Anime-se, no fim do dia você será uma mulher fora do armário e com uma ruiva de parar o trânsito.

— Vai pra puta que te pariu, Antonella. – Ela gargalhou.

— O que? Eu nunca te vi com uma ruiva, acho que você se deu bem. Ela é gata e sexy, vocês combinam.

Rolei os olhos.

— Olha, sai da minha sala... vá, vá.

Ainda rindo da minha cara, Antonella deixou a minha sala. Ao menos alguém estava se divertido nessa história.

— Lara, Lara... que merd* você vai fazer?

Soltei o ar com força, olhei pela janela e não estava conseguindo reunir coragem para fazer o tinha que fazer.

— Merda, e se der errado? – Mordisquei a unha. — Preciso ter um pouco de coragem. Vai ser bom, tem que ser bom. Ai, Deus, me ajuda...

Fiquei de pé.

      Arrumei a minha sala, peguei a minha bolsa e deixei o hospital. Parei em um supermercado para comprar água, na verdade era uma desculpa para não ir direto para casa e fazer a maior besteira da minha vida. Enrolei um pouco e então decidi que era a hora, ainda precisava escolher algo para vestir.

Uma roupa adequada para o meu enterro.

— Foi a academia? – Encontrei Ana no corredor.

— Cheguei há pouco. Preparada? – Ela tocou a minha face.

— Nenhum pouco. Posso desistir? – Minha irmã sorriu.

— É a sua carta de alforria, Lara. Pensa só nos benefícios. – Passei a mão sobre a testa.

Eu espero mesmo que seja e não só mais uma montanha de problemas.

— Só consigo pensar no quanto vou ser xingada. – Ana segurou as minhas mãos.

— Vou estar lá quando isso acontecer.

Ana é muito forte.

— Eu sei...

Tentei sorrir.

      Eu não posso surtar agora, preciso continuar com o plano. Em algum momento teria de fazer isso. São vinte e nove anos me escondendo. Eu nem pude apresentar a minha primeira namorada a minha mãe, Cat e eu vivíamos a nos esconder. Mesmo que a forma que viria à tona fosse uma grande e inusitada mentira, ainda assim seria a minha oportunidade. Só teria que aguentar aquela mulher por alguns longos dias, viraria diretora do hospital e tudo ficaria bem. Talvez não tão bem, afinal, ainda teria que enfrentar a minha mãe dia após dia.

— Uma coisa de cada vez...

Me olhei no espelho.

Mal consegui passar o dia bem, sem sentir as pernas tremendo em antecipação.

— Lara? – Ana bateu na porta, entrando em seguida. — A mamãe já foi.

Olhei para o relógio no criado mudo e ele marcava seis e meia.

— Ok... – Coloquei os brincos pequenos em formato de bolinhas douradas. — Eu consigo fazer isso.

Eu estava discreta, com um vestido branco soltinho e uma sandália bege.

— Vai dar tudo certo... – Olhei para a minha irmã. — Não será tão ruim, a Yas é muito bonita e legal.

Rolei os olhos.

— Essa frase não melhora em nada a situação, Ana. – Sentei na poltrona. — Cadê o papai?

— Tá no hospital, ele disse que vai chegar muito tarde.

— Não acredito que vou fazer mesmo isso. A mamãe vai me odiar tanto... – Os meus nervos estavam a flor da pele.

— Ela já odeia a gente, Lara. Só Deus sabe o motivo.

Não pude evitar as lágrimas que ardiam em meus olhos.

— Vem cá...

      A minha irmã me puxou para um abraço, a gente ficou daquela forma durante tanto tempo, que só notei quando ouvi a buzina de um carro em frente à casa dos meus pais. Juntei a minha dignidade, desci e Ana foi comigo até o carro de Yasmin.

— Boa noite, meninas. – Ela também havia optado por um vestido solto, na cor azul e um pouco mais curto que o meu.

Era visível que ela também não queria estar ali.

— Oi, Yas. – Ana e ela se abraçaram.

— Ei, gatinha.

— Olá. – Limpei a garganta.

— Oi, Lara...

— Boa sorte, meninas. – Ana me beijou a bochecha. — Sua alforria, Lara...

Acenei em positivo.

      Yasmin abriu a porta do carro para mim e o ato me pegou de surpresa, porém nada comentei. Acenei para a minha irmã e logo o veículo entrou em movimento. O silencio durante uma parte do caminho foi confortável, não tínhamos nada para conversar. Aquilo me fez pensar, em que momento as coisas mudaram? Costumávamos ser amigas na infância.

Sim, agora me recordei, ela ter se assumido. Eu fui uma babaca.

“É tarde pra um pedido de desculpa?”

— Yasmin, eu...

— Hum? – Ela me olhou rapidamente.

— Eu vou abrir a janela. – Covarde.

— Tudo bem, fique à vontade.

Aspirei o ar que adentrava a janela. Olhei de canto para Yasmin.

      Ela batia o dedo contra o volante, nada mais dentro daquele carro era ouvido, além disso. Somente naquele momento, puder sentir o cheiro do seu perfume. Era bom, nada enjoativo. Nunca havia sentindo aquela fragrância.

Entramos no condomínio, mas Yasmin parou o carro embaixo de uma árvore ao lado de uma praça. Estava escuro, a iluminação do poste não alcançava aquela parte.

— Precisamos combinar o que dizer. – Ela não ligou as luzes. — Eu pensei em algo.

— O que? – Continuei olhando para frente.

— Se algumas delas perguntar, vamos dizer que faz pouco mais de um mês que mantemos contato, que as coisas foram apenas acontecendo e você é um dos motivos que me trouxeram de volta. Que não dissemos nada antes porque ainda não tínhamos certeza... que nos gostamos muito e essas coisas.

— Certo... – As minhas mãos começaram a suar. — O meu estomago tá dando cambalhotas.

Confessei.

— Eu entendo, mas pensa pelo lado bom, chatinha. Você vai poder viver livre dessa gaiola. O que vai acontecer daqui a pouco vai te libertar de certa forma. – Aspirei o ar com calma.

— Eu não sou chatinha.

— Tem razão. É uma chatona... – Rolei os olhos. — Chegou a hora...

     Ela ligou o carro e duas ruas depois, chegamos em frente à casa da Amanda. O carro da minha mãe estava em frente. Senti outra vez o meu estomago reclamar. Reuni a pouca coragem que havia em mim e sai do carro.

Caminhamos até a porta e eu fazia um exercício de respiração.

— Pronta? – Yasmin perguntou.

Ela parecia bem mais relaxada.

— Não! – Mordi o meu lábio inferior. — Mas vamos assim mesmo.

— Não é grande coisa, mas eu vou tá bem do seu lado. – A encarei.

Ela estava sendo legal?

      Yasmin abriu a porta, me deixando entrar primeiro. Ouvi a risada da minha mãe e certamente vinha da varanda que dava ao jardim. Já estive ali inúmeras vezes, algumas com ela e a Ana. Seguimos até lá e quando faltava pouco para chegar à porta que dava acesso aquela área, Yasmin segurou a minha mão e eu a olhei sem entender.

— É pra dar veracidade. – Ela sussurrou.

“Maldito plano.”

      Então atravessamos a maldita porta e a partir daquele momento, a minha vida estava nas mãos do acaso. Quando os olhos da minha mãe caíram sobre nós, eu senti que o chão embaixo dos meus pés havia sumido. Um zumbido alto, milhões de “borboletas” no estomago, mas não daquela forma que os românticos narram em seus romances.

— Lara, Yas, o que fazem aqui, filha? – Dona Amanda perguntou. — É bom ver vocês juntas.

A minha mão tremia, então Yasmin a apertou de leve, começou a fazer um leve carinho com o polegar e isso estranhamente me acalmou.

— Oi, Telma... – A minha mãe estava visivelmente surpresa, olhava para as nossas mãos grudadas. — Mãe, a gente queria muito conversar com vocês.

Oh, meu Deus, me ajude!

— Fala, filha... – Yasmin puxou uma cadeira feita de cipós e me fez sentar.

Eu agradeci mentalmente, pois as minhas pernas estavam ficando adormecidas.

— Então, a Lara e eu queríamos muito contar uma coisa a vocês. – Ela me olhou e sorriu. — Perdoem não termos dito antes, mas estávamos procurando a maneira certa e também querendo ter certeza do que queríamos.

Eu queria morrer. Morrer!

— O que... – A minha mãe sorriu, mas era um sorriso extremamente forçado. — Contem logo, estão nos deixando aflitas.

Eu quase podia ver o que se passava em sua cabeça.

— Aconteceu muito inesperadamente... – Me atrevi a falar. — A gente também jamais imaginou que seria possível. Jamais mesmo.

Deus...

— Faz um mês que estamos trocando mensagens e bem, aconteceu que Lara e eu nos apaixonamos e queríamos muito o apoio de vocês.

A minha mãe congelou por alguns segundos, eu congelei por alguns segundos.

“Não tem mais volta.”

— Filha, é realmente inesperado. – Amanda ficou de pé, nos olhava com muito espanto. — Eu nunca imaginei algo assim, mas confesso que fico feliz. Ah, não acredito, vou ter uma nora tão maravilhosa como você, Lara.

Ela nos puxou pelas mãos.

      Por um segundo, senti uma vontade enorme de chorar. Eu queria tanto, mas tanto que a minha mãe fosse daquela forma. O abraço genuíno que eu estava recebendo arrasou o resto das minhas estruturas. Me apeguei a ele como uma espécie de consolação, um vislumbre de algo que nunca viveria com a minha mãe.

— Oh, querida, por que tá chorando? – Nem havia notado.

— Estou aliviada... – Minha mãe ficou de pé. — Mamãe, eu sei que nós nunca falamos sobre, mas achei que era o momento.

— Telma, ficaríamos muito felizes se tivéssemos o seu apoio também. É muito importante pra nós. – Yasmin mentia tão bem.

— Oh, querida... – Minha mãe abraçou a Yasmin. — Confesso que estou surpresa. Eu nunca pensei que a Lara gostasse de mulheres.

Ela colocou as duas mãos sobre o meu rosto.

— Mas jamais seria contra, pois você é uma boa menina. Te conheço desde que nasceu... – Ela colocou um pouco de pressão no toque. — Faço gosto desse romance.

Ela merecia um Oscar pela atuação.

— Ah, que alivio... – Yasmin me salvou do “carinho” me puxando para si pela cintura. — Lara e eu estamos aliviadas, não é amor? Ensaiamos tantas vezes como iriamos contar.

Não força tanto.

— É sim, amor... esperamos muito por esse momento. – O olhar mortal que Telma me mandava estava me deixando sufocada. — Tiramos um peso das costas.

— Precisamos contar aos pais de vocês. Meu Deus, que surpresa. – Eu fiquei besta com a felicidade de Amanda.

Yasmin tem muita sorte.

— Vamos contar a eles também. Desculpe ter atrapalhado a conversa de vocês. – Minha namorada de mentira abraçou a mãe. — A gente vai subir pra conversar um pouco.

— Vão, filha... depois desça pra dar algo pra sua namorada comer. – Oh, meu Deus. — Telma, agora ficaremos mais unidas do que nunca.

— Sim, isso é... incrível.

— Obrigada pelo apoio, mamãe. É muito importante. – Eu estava cutucando onça com vara curta.

— Ah, filha, que isso... agora vão lá.

      Yasmin segurou a minha mão até o topo da escadaria, soltando assim que sumimos das vistas de nossas mães. Ela abriu a porta de um dos quartos e eu entrei igual um furacão.

— Respira, Lara... – Ela veio até a mim.

Fechei os olhos, contando de um até dez. Não foi o suficiente, então até cinquenta.

— Isso... – Yasmin tocou o meu ombro. — Isso, chatinha.

— Ela vai me matar assim que chegarmos em casa. – Ela se afastou, sentando em uma poltrona cor de café.

Então notei que estávamos no seu quarto.

— Eu achei que você iria ter um treco.

— E eu estava tendo... eu quase desmaiei. – Me joguei no colchão, colocando as mãos sobre meu rosto.

— Sua mãe sabe fingir muito bem, a minha mãe nem ao menos percebeu o quanto ela ficou puta. Lara, você desmaiou?

Ela me cutucou.

— Não! Eu só estou respirando.

— A pior parte já passou. Você finalmente conseguiu dizer, Lara... – Yasmin apareceu no meu campo de visão.

Os olhos chegavam a ser tão verdes, que não pareciam de verdade. Havia também algumas sardas que enfeitavam o nariz, bem discretas.

— Ainda terei que enfrentar ela assim que chegar em casa e todos os dias da minha vida vou ter que lidar com o desprezo dela.

— Por essa noite não, você dorme aqui. Eu vou dormir com o Hugo...

— Eu não quero incomodar. – Sentei, puxando um travesseiro e me agarrando a ele.

— Bem, não seria nenhum incomodo, eu acho. Então deixa eu te levar na casa da Antonella, já que não quer ficar aqui. – Pensei por um momento.

— Eu tô com muita vergonha. A tua mãe, ela acreditou e ficou realmente feliz. Me sinto péssima por engana-la dessa forma. – Yasmin passou a mão sobre a nuca.

— Eu vou contar a verdade a ela, mas não agora. O dia de hoje já teve emoções demais. – Nos encaramos. — Você quer ficar?

— É melhor eu ir dormir na Antonella. – Yasmin acenou em positivo.

— Então vou te levar até lá. Como vai ser amanhã, no aniversário do teu pai? – Bati na testa.

Já havia esquecido disso.

— Vamos, na casa da Antonella bolamos algo.

      Não me atrevi a ir até a varanda, então apenas deixamos a mansão rumo ao centro de Belo Horizonte. Antonella me aguarda, louca para saber como foram as coisas. Eu só queria não ser a Lara por um mês.

Ou nunca mais.

 

 

      A perna de Lara não parava quieta, o seu celular ficava vibrando de segundo em segundo. A minha “sogrinha” mandou inúmeras mensagens, algumas, Lara leu em voz alta. A mulher ao meu lado teria uma sincope a qualquer momento. Estacionei na vaga que Antonella nos instruiu. Abri a porta do carro e Lara saiu, mais parecia um zumbi caminhando a minha frente. Senti muita vontade de zombar, entretanto, não quis cutucar a onça com vara curta.

Ela estava muito nervosa.

      Entramos no elevador em um silencio mortal, peguei o meu celular para ver a mensagem que a Rafa havia me mandado, porém uma outra me chamou a atenção e se tratava de Camille. Quando ela iria desistir? O que essa mulher ainda quer de mim?

Teria que tomar alguma atitude, ou não pararia.

— É aqui... – Lara saiu do elevador.

Tocamos a campainha um andar abaixo da cobertura.

— Eu quero morrer. – Foi a primeira coisa que Lara disse assim que Antonella abriu a porta.

Ela foi direto para a sala, se jogando no sofá.

— Foi tão ruim assim? – Ela perguntou a mim.

— Foi um pouco tenso. – Antonella apontou para o outro sofá. — Foi muito tenso, mas poderia ter sido pior.

      O apartamento era enorme e incrível como cada item, cada móvel, o mais mínimo detalhe continha a essência da dona. Antonella exalava autenticidade, aquilo que chamamos de força da natureza. Uma fotografia gigantesca estava na parede cinza. Se eu não estivesse enganada, se tratava de Veneza.

Era de tirar o folego.

— Querem tomar alguma coisa?

— Eu aceito vodca e veneno. – A voz de Lara saiu abafada, pois ela estava com a cara enterrada no sofá.

Ela tinha um lado engraçado.

— Eu não quero nada, obrigada, ainda tenho que dirigir de volta. – Antonella sentou ao meu lado. — Essa fotografia?

— Tirei há uns três anos... – Ela sorriu.

— Você é bem talentosa, Antonella. – Não era nenhum exagero.

— Obrigada, Yas.

— Ela tem um quarto com vários outros. – Lara falou, ainda de cara no sofá.

— Quem vai começar a contar? Estou um pouco ansiosa.

A maluca levantou a mão, parecendo aquelas crianças quando a professora faz uma pergunta.

— Pois comece...

      Lara passou a contar e então mostrou algumas mensagens que Telma havia mandado e de fato, as aparências enganavam. O conteúdo era ameaçador e a chatinha tinha todos os motivos do mundo para estar preocupada. Por anos, tive uma percepção totalmente errônea sobre ela.

Deveria ser difícil ter uma mãe assim...

— O meu pai... ele tá ligando. – Ela se desesperou. — Meu Deus, o que eu falo?

— Atende, Lara. A jararaca da sua mãe já deve ter contado a ele. – Antonella pegou o telefone, atendeu e entregou a ela.

— Oi, papai... na casa da Antonella... – Eu tive sorte, os meus pais sempre me apoiaram incondicionalmente. — Ela contou... si-sim, é verdade. Papai, eu sinto muito...

Lara passou a chorar.

— Obrigada, papai... eu. – Desviei o olhar, me senti profanando um momento dela. — Ah, papai. Ela tá aqui... tá bem. O meu pai quer falar com você.

Eu já havia me arrependido umas mil vezes desse plano, porém o olhar dessa mulher me fez recuar, amolecer.

— Oi, oi, Joaquim. – Eu era observada pelas duas.

— Confesso que é uma grande surpresa, Yasmin. Não estou muito acostumado, mas saiba que eu amo a minha filha e tudo o que fizer ela feliz, vai me deixar feliz também. – A minha consciência pesou toneladas. — A Telma é um pouco difícil, mas tenho certeza que quando ver a felicidade da Lara, vai deixar esses preconceitos bobos de lado.

— A Lara vai precisar de todo o apoio possível, Joaquim. Fico feliz que você consiga ver as coisas como realmente são. – Pressionei a nuca. — Você é um pai incrível, a Lara não poderia ser mais sortuda.

— Eu a amo. Ana e ela são tudo de mais precioso que possuo. – Fechei os meus olhos. — Cuida bem da minha filha, minha nora.

Por Deus.

— Eu vou fazer isso... nos vemos amanhã, sogrão. – A chamada foi finalizada.

— Uau... – Antonella bateu palmas. — Eu tô besta. Sogrão?

— Um pouco exagerado esse final. – Lara franziu o cenho.

— Preciso sair um pouco. – Fiquei de pé, entregando o celular a Lara. — Você vai ficar bem, Lara?

— A Antonella vai cuidar de mim. – Os seus olhos estavam vermelhos.

— Combinamos a hora amanhã.

— Você tá bem, Yasmin? – Antonella me olhou.

O cenho franzido me obrigou a melhorar a minha expressão.

— Só é muita informação e confesso, um pouco de consciência pesada, mas em algumas semanas vai acabar. – Dei um sorriso sem humor. — Nos vemos amanhã.

Lara apenas acenou em positivo.

— Cuidado na direção. – Antonella me pediu.

— Eu terei...

     Deixei o apartamento, mas não fui para casa e sim para o hospital. Entrei na salinha que seria minha assim que assinasse o contrato de admissão. Sentei no pequeno sofá e fiquei imóvel por vários segundos.

O meu celular tocou e era o meu pai.

— Filha, onde você está? Já fiquei sabendo da novidade. Não acredito que fui o último a saber. – Eu poderia dizer tudo a ele e acabar com isso.

Não pensei que me sentiria tão péssima.

— Papai, eu... – Pressionei a minha nuca. — Acho que acertei, não é? Você sempre gostou muito da Lara.

Droga.

— Ah, filha, a menina Lara é um amor de pessoa. Acho que todo pai gostaria de ter uma nora como ela, nunca se ouviu algo de ruim sobre ela...

      Ele continuou a rasgar elogios a ela, me pedindo para que levasse a Lara com frequência em casa. A conversa perdurou por mais meia hora, até que finalizamos. Agora não havia mais jeito, todos já estavam envolvidos.

— Maldita Nicole. Você não vai ficar com a porr* da direção do hospital.

      Sei que a decisão de participar disso foi minha, ninguém me obrigou, mas ainda assim, eu queria que Nicole e o pai fossem para a puta que os pariu. Não era justo que ficassem com a direção do hospital.

 

      Quando voltei para casa, já era muito tarde e os meus pais estavam dormindo, o que me aliviou em demasiado. Fui para a varanda tomar um pouco de ar e para a minha surpresa, Hugo estava lá. Ele bateu no lugar ao seu lado e eu sentei.

— Vinho?

— Aceito. – Ele encheu a taça e me entregou.

— Não conseguiu contar pra mamãe? – Balancei a cabeça em negativo. — Foi o que pensei. Ela estava muito feliz, eles realmente adoram a sua namorada de mentira. Sei que deve tá se sentindo péssima por mentir, mas é por uma boa razão.

Bebi uma grande quantidade.

— É o que estou tentando me convencer.

— Tá fazendo isso por eles, pelo diretor e mesmo que não admita, pela Lara. Você a ajudou a sair do armário. – Ele riu baixinho.

— Quando você ficou tão sábio assim? Hein? – Entreguei a taça a ele. — Vou pensar em tudo isso que você disse quando eu me sentir culpada como agora.

— Eu tenho muito orgulho de você, Yas. – Franzi o cenho. — Você é uma das pessoas mais generosas que conheço. Tem um coração lindo.

— Para! Vai me fazer chorar, bobão. – A minha voz embargou. — Tô sentido que você não tá bem.

— E eu não tô. – Ele levou a taça aos lábios. — Eu vou ser pai.

O meu queixo quase foi ao chão.

— Mas, quando? Onde? Hugo. – Ele riu.

— Fiquei com uma garota algumas vezes e nos descuidamos. Ela não quer a criança e eu ainda nem terminei a faculdade. Eu conversei com ela, pedi que tivesse o bebé e que ficaria com ele, ou ela...

O meu irmão estava com os olhos marejados.

— Eu não esperava menos de você. Sei que deve estar surtando, mas lembra que você tem a nós. A mamãe e o papai vão te apoiar... eu vou. – O abracei pelo ombro. — Vai ter todo o apoio que precisar.

— Só estou um pouco assustado, não faço a menor ideia de como cuidar de uma criança. Tinha planos de ter filhos, mas só depois de estar estável. E vou ser pai solteiro.

— Você vai ter um tempo pra se preparar. Conversa com o papai e a mamãe. – Ele suspirou.

— Eu vou fazer isso.

— Tenho certeza que vai ter muita candidata a madrasta. – Hugo riu.

— A madrinha ele ou ela, já tem. – Franzi o cenho.

— Eu? – Ele sorriu, beijando a minha bochecha estalado.

— Sim, você. E se quiser, a minha cunhada pode...

— Acho bom você não terminar essa frase, Hugo.

Ele gargalhou, me empurrando a taça.

      Ficamos até as duas da manhã ali, conversando e bebendo. Tomei um longo banho antes de dormir, o que aconteceu de forma quase instantânea, pois o meu corpo estava extremamente cansado, assim como a minha mente.

 

Domingo.

      Acordei cedo, tentando fugir da conversa com os meus pais, entretanto, não deu certo. Passei o café da manhã todo falando sobre o meu namoro fake, implorando para o Hugo contar a outra novidade, mas o bobão não fez a menor questão de me salvar daquela situação.

A minha sorte foi que a Rafaela chegou e me tirou dali.

— Então ocorreu tudo bem. – Chegávamos à praça de alimentação do shopping.

— A Lara ainda terá muito o que ouvir da mãe. Eu li as mensagens e não eram nenhum pouco fofas. Incrível como a mulher não é nada do que demonstra. Até senti um pouco de pena da chatinha.

— Já escolheu o que vai dar de presente pro sogrão? – Ergui a sobrancelha. — Uma Ferrari? Um Rolex talvez?

— Você continua engraçadinha. Aliás, você irá comigo. – O sorriso de Rafaela se desfez no mesmo momento.

— O quê?

— Isso, você vai me ajudar nessa. Tá toda feliz, então vai me dar esse apoio moral. – Sorri triunfante.

— Mas, mas. Não, não, Yas... eu nem fui convidada.

— Acabou de ser.

— Convidado não convida.

— Acabou de mudar a regra. Passo a noite pra te buscar... – Beijei sua bochecha.

— Merda, Yas, você não pode me meter nessa. Eu odeio festa de rico, nem tem o que comer. – Sua expressão me divertia.

— Pedimos fast food depois. – Ela suspirou.

— Não vai me deixar sozinha...

      Enrolamos por um tempo, depois fomos até a casa dos pais dela e ficamos até o começo da noite. Voltei para casa, vesti algo mais confortável, pois não planejava ficar por muito tempo. Rafaela chegou e ficamos esperando por meus pais, mas para a minha surpresa, interfonaram da portaria avisando que Lara e Antonella estavam pedindo para entrar.

— Eu abro a porta. – Fui até lá.

Quando abri, quase engasguei.

Lara estava muito... atraente? De tirar o folego seria a colocação mais correta.

“Não, eu não a vejo dessa forma.”

 Olhei para Antonella, que me encarava com a sobrancelha arqueada. Tentei disfarçar o meu estado, colocando uma expressão neutra.

— Entrem, por favor. – Ela precisava mesmo estar tão sexy?

“Sexy? Ah, não Yasmin. Toma vergonha nessa cara.”

— Olha, a minha nora. – O meu pai veio até a Lara, a abraçando.

Pude ver a expressão de divertimento de Antonella, Rafa e Hugo.

— Me dá um abraço também, querida. – Minha mãe prolongou aquilo. — Você tá linda, menina. Yas, filha, sua namorada caprichou pra você.

Mãe?!

Vi a Rafa abaixar a cabeça, mas o seu corpo tremia de leve.

— Veja, Amanda... – Meu pai me fez abraçar a Lara de lado. — Olha como fazem um casal lindo.

“Eu quero morrer.”

— Bem-vinda a família, Lara. – Meu pai falou e eu abri o sorriso mais falso da minha vida.

— Obrigada Amanda, Alonso. – Lara sorriu, merecia dividir o Oscar com a mãe.

— Vamos? – Olhei as horas, tentando escapar daquilo. — Não podemos chegar tão tarde.

— Eu levo o papai e a mamãe. Você vai com a sua namorada e suas amigas, Yas. – Contar que vai ser pai para tirar a atenção de mim, nada.

— Você não quer contar nada? – Ele ergueu as duas sobrancelhas.

— Quero não. – Que filho da mãe.

— Então vamos, quero dar um abraço naquele velho teimoso. – O meu pai sorriu.

      Assim que entramos no carro de Antonella, ela e a Rafaela passaram a rir igual doidas. Lara e eu nos olhamos, rolando os olhos em sincronia. Teríamos que aturar as gracinhas das duas o caminho inteiro.

— Ha, ha, ha...

E pensar que aquela noite só estava no começo.

Fim do capítulo

Notas finais:

Hello...

Um cap pra vocês. Postei logo, pois amanhã durante o dia não terei tempo.

Um super beijo. ;_)

Letícia.


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Comentários para 4 - Capitulo 4 - Coragem, Lara!:
Cris_chaos
Cris_chaos

Em: 16/11/2023

Simplesmente amando a estória.

 

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Cris_chaos
Cris_chaos

Em: 15/11/2023

Simplesmente amando a estória.

 

Responder

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Dessinha
Dessinha

Em: 28/10/2022

Eu fui quase isso pra sair do armário, fui empurrada na voadora, mas no final deu tudo certo. No entanto o processo é dolorido demais, a família fica toda estranha no começo, lembro que minha mãe dizia "não vá se beijar no shopping, ok?" A partir de então tudo muda. Muito legal essa leitura, obrigada querida autora. 


Resposta do autor:

Kkkkk eu também sai do armario por pura e espontanea pressão.

Nada melhor que ter os pais do lado. Minha mãe e o meu pai são tudo isso e muito mais.

Minha mãe até me cobra uma esposa kkkkkkkkk

Vamos de mais um cap, querida leitora?

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patty-321
patty-321

Em: 27/10/2022

Acabou os capítulos prontos. Buaaaaa. Valeu


Resposta do autor:

Já teremos mais um.

Semana que vem postaremos 3.

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Lea
Lea

Em: 27/10/2022

ADOREI O CAPÍTULO!

Telma é muito cobra,falsa! Será que,ela teria algum segredo que acabaria com toda essa pose dela?? Algo do tipo de,ter namorado uma mulher no passado!!

As apostas,quem se apaixona primeiro,Lara ou Yasmin??

Adoro a Antonella.

Hugo,o novo papai do ano,vai ter que ser adulto um pouco antes do previsto!

*

Tenham uma ótima quinta-feira, Letícia e Tany!


Resposta do autor:

Olha, você tem uma teoria muito interessante. Será que ela teve alguma relação no passado que a fez ficar tão cruel? 

Apostas aqui, meninas. Haha

Eu amo a Antonella. Eu criei ela com muito amor.

Hugo deixou a Yas na mão kkkkkkk

Ei, vamos de cap novo? 

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