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A tragicomédia de Morgana por shoegazer

Ver comentários: 1

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Palavras: 3300
Acessos: 552   |  Postado em: 15/10/2022

O que está esperando?

Ela fala comigo me mostrando duas camisas, mas não consigo prestar atenção. É como uma televisão no mudo em que você olha para as imagens, mas sua cabeça está distante demais para entender o que está realmente acontecendo.

— Morgana, estou falando contigo – ela estala os dedos na minha direção, chamando atenção – qual dessas você gostou mais?

— Ah, não sei... – suspiro – da branca?

— Seu guarda-roupa já é monocromático demais – Isolda faz uma careta – vamos na verde então.

Não sei pra que me trouxe pra isso se minha opinião não vale de nada. Nem vou usar esse tanto de roupa mesmo. Se bem que boa parte que tem aí é para ela também.

Eu comentei com ela sobre minha entrevista de amanhã e ela insistiu que eu tinha que ir com algo que passasse firmeza, além de cortar o cabelo, dar a tal da hidratação urgente nele e tênis novos. Pelo menos nisso eu tive a liberdade de escolher qual queria. Pensei que seus delírios de consumo tinham cessado, mas acho que piorou, ainda mais com seu cartão tendo sido liberado mais cedo.

Passado as compras, vamos ao salão que, segundo ela, por indicação de algumas pessoas, era o melhor. A cabelereira, solícita, pede para que eu me sente e eu me encaro no espelho. Não sei, mas não consigo gostar da minha aparência, mesmo eu estando melhor do que da última vez, porém essa cara amanhecida com olheiras evidentes, olhar cansado e a pele pálida pela falta de sol parecem nunca sumir.

— Quer tirar o comprimento ou só dar um corte?  – Diz ela passando os dedos por todo seu comprimento.

Olho de soslaio para Isolda, que dá com os ombros.

— O que você acha, maninha?

— Pode cortar até aqui – gesticulo até pouco acima dos ombros.

— Vai ficar ótimo.

Passamos em torno de uma hora e meia ali, comigo encarando a minha imagem enquanto Isolda olha o telefone, fala nele, anda ao redor, olha o que a cabelereira faz, volta a se sentar, toma água, café e volta.

Quando ela o está secando e finalizando, me sinto estranha. Acho que realmente estava precisando disso.

— Você gostou? – diz ela o balançando devagar.

— Muito – volto a olhar pra minha irmã, que pelo menos não está com uma cara desgostosa.

— Ficou ótimo – Isolda me olha pelo espelho. Saímos dali, lanchamos e voltamos para o apartamento com nossas aquisições.

Quando me sento no sofá e encaro a tela do meu telefone, escuto algo se quebrar ao lado.

— Este caralh* desta porr* que vá pra puta que vos pariu, merd*! – a voz carregada diz derrubando as coisas mais uma vez, e vejo Isolda tentando não rir.

— A vizinha hoje tá atacada.

Desde ontem, na verdade. Só a vejo esbravejar e uma barulheira seguido de um silêncio que depois vem de mais xingamento. Eu até bateria na porta, mas o medo de sofrer uma retaliação é maior e ela também deve querer ficar a sós. No momento que os barulhos cessarem, comparecerei.

Volto a olhar meu telefone. Abro a caixa de mensagens, digito, mas logo apago. Devo fazer isso por umas cinco vezes, e mordo meus lábios devagar como uma punição por não conseguir fazer isso.

— O que você tanto olha aí? – Isolda se aproxima com um short em mão, espiando por cima – Pelo amor de Deus, Morgana, nem pra me lembrar pra comprar um telefone que preste pra ti...

— É que... – cerro os olhos, engolindo em seco – eu conheci uma garota e...

Ela se senta do meu lado, com o olhar surpreso.

— Estão conversando?

— Não tive coragem de mandar mensagem pra ela.

— E por que não? – ela levanta uma das sobrancelhas.

— Não quero incomodar...

Isolda revira os olhos e toma o telefone da minha mão com tanta velocidade que fico sem reação. Tecla algumas coisas com certa rapidez e me devolve.

— Pronto, resolvido.

Olho para a tela, e está escrito no cursor brilhando.

“Oi! Morgana aqui 😊”

— Por que diabos tu fez isso? – digo entre os dentes.

—  Se não tem iniciativa nem pra mandar uma mensagem e fazer amizade, Morgana – ela dá com as mãos para o ar – como vai falar com a mulher amanhã?

— É diferente...

— Por quê? Quer ficar com ela?

— Não, não é isso – minhas bochechas ficam mais quentes – é que não sei quando...

— Ca-ra-lho! – Isabela grita mais alto – Te sai da minha frente também, desgraça!

— Quando alguém só é gentil ou realmente quer falar comigo.

— Se ela responder essa mensagem de texto, Morgana – ela aponta com o queixo para o aparelho – pode ter certeza que ela quer falar contigo.

— Aaah! – ouvimos o grunhir alto dela mais uma vez – Eu me odeio!

— Isa, tá tudo bem contigo? – Isolda pergunta batendo na parede da sala, que é colada ao seu quarto.

— Estou sim, é que... Só colocando pra fora mesmo – sua voz arfa – obrigada por perguntar.

Olho para a tela do telefone mais uma vez, e o coloco no sofá. Isolda começa a experimentar algumas combinações de roupa, e isso acaba me entretendo, assim como Isabela ouvindo música um pouco mais alto do que o habitual e cantando junto.

Saímos pra jantar, e chamamos Isabela que acaba recusando falando que tem que limpar a bagunça que fez. Quando voltamos, vejo que tem uma mensagem no meu telefone. Meu estômago embrulha, e quando abro a mensagem, fora enviado há meia hora:

“Faz uns dez anos que não sabia o q era mandar msg de texto. Como vc está?”

— Ela respondeu? – Isolda dá um riso contido – Não acredito! – e apoia as mãos em meus ombros – Tá vendo como as pessoas se interessam por ti?

Nem eu acredito nisso, na verdade. Não é o tipo de coisa que se manda por engano, não?

— Responde logo antes que mude de ideia – ela dá um tapinha e volta pra cozinha.

Então, digito a teclas lentas antes de enviar:

“Desculpe-me pela demora a mandar mensagem. Estou bem, e você?”

— Você vai sozinha amanhã ou a Isabela vai contigo? – as palavras de Isolda me chamam atenção, e tiro o olhar do telefone para voltar a ela – Se for só, eu vou contigo.

— É... Eu realmente não sei...

Levando em consideração que a minha acompanhante está ouvindo essa música triste no último volume com uma voz lamuriosa, não sei dizer se ela estará a fim de ir comigo.

— Isabela – minha irmã bate na parede com força – Isa!

— Oi – sua voz é chorosa.

— Você vai amanhã com a Morgana ou eu vou com ela?

Percebe-se que em nenhum momento é dito que eu possa ir sozinha.

— Eu vou com ela, te preocupa não – ouço uma fungada de fundo.

— Então tá bom – Isolda dá com os ombros e gesticula pra mim – vou ver os móveis novos então amanhã. Já deixei tua roupa separada, viu?

Assinto que sim e o telefone vibra em minhas mãos.

“Bem. Cansada, mas bem. ☠”

E agora, eu falo o quê?

“Cansada pelo quê?”

Não, muito direto. Apago e digito de novo.

“Rotina cansativa?”

Presunçoso demais? Deleto mais uma vez a frase que fica pela metade, com o cursor brilhando na tela.

“O que fez hoje?”

Acho que agora está bom.

— Só não vai ficar até tarde no telefone – ela aponta com a garrada d’água em minha direção – e olha, vou te dar um telefone que preste logo, logo.

— Não faço questão – dou com os ombros, girando o aparelho entre os dedos.

— Não é de fazer questão, é de você se adaptar ao redor – ela revira os olhos, guardando a garrafa – e outra, como vai entrar em contato com as pessoas se não tem como fazer isso? Pessoal hoje em dia faz tudo por mensageiros online, não por SMS. Tu que tem que se adaptar, não as pessoas.

Suspiro e apoio o aparelho no queixo. Nisso ela tem razão, mas tenho receio de ter um smartphone e ficar viciada como dizem na televisão, em passar horas na frente de uma tela vendo vídeos sem parar ou fotos na tal da rolagem infinita.

O telefone vibra uma vez seguida da outra. Depois disso, não prestei mais tanta atenção no que Isolda tinha a dizer.

E, até a hora de dormir, já passando da meia-noite, soube que ela treina alguma coisa, mas não disse o que, só que tinha treinado o dia todo e que tinha voltado pra casa de noite, e que faz isso todos os dias, mesmo em casa, e que a rotina dela é basicamente isso. Perguntou o que eu tinha feito e falei o básico.

Perguntou se eu tinha jantado e eu disse que tínhamos saído pra comer, e falei da minha irmã. Ela não comentou se tem irmãos, mas falou que mora com os pais, ou pelo menos foi o que entendi. Não falei da minha entrevista. Talvez comentarei se der certo.

Então eu, vencida pelo cansaço, dormi.

 

 

 

— Já estamos chegando – diz Isabela em um tom cansado, olhando pro telefone e em seguida para a janela do ônibus.

Me questiono se ela conseguiu dormir alguma coisa, porque quando me levantei do sofá para ir para a cama, já de madrugada, ela ainda estava acordada. Sem contar que seu semblante deixa seu cansaço mais evidente. Também não pergunto nada.

Chegamos antes do horário marcado. Para nossa sorte, não está tão quente assim, e nos sentamos na recepção. Ela, com as longas pernas cruzadas, a camisa estampada com dois botões abertos na gola, a calça social e as meias de bichinhos, apoia a cabeça no encosto da poltrona e encara o nada. Sua mente está em algum outro lugar, mas não aqui.

O suficiente pra não perceber que estou praticamente me dissolvendo de nervosismo. Daria tudo por mais um comprimido daqueles, mas para não cair em tentação, nem fiz menção disso com Isolda. Olho para o relógio, para a recepcionista, para as janelas cinzentas, para a Isabela apática, para mim mesmo naquelas vestes que sequer parece comigo. Fico tentada a folhear os papéis, mas já deixei com minha companhia justamente para evitar isso, se não as chances de desistir aumentariam para certas.

Passa-se em torno de quinze minutos quando uma moça de cabelos cacheados, esvoaçantes e trajada de roupa social passa por nós, nos olhando curiosas.

— Qual de vocês duas é a Isabela?

— Sou eu – diz ela se levantando de prontidão – e essa é minha amiga, Morgana, que falei na ligação.

Seu olhar vai até mim, e sinto um frio tomar conta do meu peito quando ela me olha dos pés a cabeça quando me levanto. Então, essa que é a Jaqueline.

— Então... – ela abre a porta que estava à nossa frente – Vamos entrando?

Ela é a primeira a entrar. Na pequena sala com janelas cobertas pro uma cortina de cor verde escuro há uma mesa de seis lugares. Jaqueline coloca seus materiais na mesa, assim como seu blazer, que dá origem a uma camisa social branca. Isabela puxa a cadeira para que eu me sente ao seu lado.

— Trouxe o que pedi? – ela diz ainda olhando as papeladas, e Isabela tira da bolsa o material, devidamente detalhado. Com ele em mãos, ela passa o olho rápido. Minhas mãos tremem, mas engulo em seco. O silêncio impera durante esses poucos minutos em que ela vira as páginas, até que ela chega na final.

Jaqueline coloca os papéis na mesa, e bate com a ponta dos dedos, pensativa.

— Gostaria de falar com a autora em particular, se possível – e vira o olhar para Isabela, que fica surpresa tanto quanto eu. Porém, sem objeções, ela se levanta e afaga brevemente meu ombro antes de sair. Agora, até meus braços tremem, ainda mais que ela está me encarando, séria – Qual é sua intenção com essa obra? Que tipo de adaptação você deseja?

— É... – Franzo meu cenho, focando naquilo que já treinei comigo mesmo. É mais fácil se eu não a encarar e olhar para a madeira levemente gasta abaixo de meus braços – ela foi pensada pra ser seriada, mas é facilmente adaptável para outro tipo de mídia.

— Você fez tudo isso sozinha? – ela pega a cópia do roteiro, folheando rapidamente.

— Sim, é... – Pressiono os lábios, suspirando devagar para não gaguejar – Desde da concepção até a edição.

Ela folheia mais uma vez, agora entre as mãos.

— Nunca publicou nada? – diz Jaqueline levantando uma das sobrancelhas, e nego com um aceno – Certo. Essa é uma cópia, não é?

Concordo com a cabeça, e ela continua encarando as palavras dispostas nas inúmeras folhas, séria.

— Eu preciso ler isso com mais atenção – ela ajeita a postura, terminando de folhear o material e o colocando de lado – pra saber se levo pros meus superiores ou não.

Isso é bom?

— Eu te respondo até... – Jaqueline olha para o calendário – sexta-feira. É o tempo que termino de ler, tá bom?

Concordo novamente.

— Me passe seu número para que eu possa entrar em contato – ela diz sem olhar pra mim, e entrego o número anotado em um papel – Certo.

Ela se levanta, e eu logo faço o mesmo. Estica a mão até mim e me cumprimenta.

— Desde já agradeço pelo seu tempo.

— Eu que agradeço – é a única coisa que consigo dizer. Saímos e ela fala alguma coisa com a moça da recepção, a qual não consigo prestar atenção. Isabela, encostada na parede, me recepciona já apertando o botão do elevador.

— Como foi? – ela pergunta sem olhar pra mim.

— Ela disse que precisa de uns dias pra ler o material.

— Bah – ela dá um sorriso de canto – então ela gostou.

— Você acha?

— Quando eles não se interessam nem pegam – ela dá com os ombros – mas, acho bom fazermos uma coisa antes.

Levanto as sobrancelhas como sinal de que estou a ouvindo.

— Registrar seu material - Isabela cruza os braços, deixando o ar descontente sair pelo nariz – se tem uma coisa que não dá pra confiar é nessa galera.

— E onde fazemos isso?

— Tem um cartório aqui perto que trabalha com isso, passamos logo por lá.

Depois do trâmite burocrático relativamente rápido, digo para passarmos em algum lugar para comer alguma coisa. Ela pede um café duplo sem açúcar, dois salgados para nós e o chá da casa, que é uma mistura de frutas vermelhas.

É só nesse momento que me sinto realmente confortável para ousar.

— Você está melhor? – digo olhando para o cardápio como se tivesse realmente procurando alguma coisa, e não só evitando contato direto.

— Melhorando – ela dá com os ombros, vendo alguma coisa no telefone.

— Seria muito intrusivo da minha parte perguntar o motivo? – dessa vez, já levanto o olhar, mas ela não me olha de volta.

— Você pode ser qualquer coisa, menos intrusiva – Isabela dá um riso de canto – mas, não. É que eu acabo me estressando com umas coisas e acabo não sabendo lidar com isso.

— É com a sua família? – os lanches chegam, e ela dá um longo gole no café. Não sei como ela consegue tomar uma coisa tão amarga dessa.

— Não – ela faz um barulho como se aquilo a refrescasse – é pior. É com outra pessoa.

Acho que, agora, eu não devo perguntar mais nada, a não ser que ela queira falar.

— Digamos que... – ela dá uma mordida no salgado – eu gosto de alguém, mas essa pessoa não gosta de mim. Quer dizer, eu não sei se gosta, é confuso e eu não consigo largar de mão, sabe? – ela dá com as mãos no ar, e a boca parcialmente cheia antes de voltar a mastigar.

— É a menina da foto?

Seu rosto fica levemente vermelho, e ela revira os olhos, voltando a beber o café.

— É tão na cara assim?

Dou com os ombros.

— É confuso... – Isabela dá com os ombros, limpando a boca – E não quero mais chorar as pitangas por isso. Toda vez é isso.

— O que impede de vocês ficarem juntas?

— Eu – ela dá um riso sarcástico – eu fodi com tudo lá atrás, e continuo fodendo com tudo até hoje. Vê se consigo largar campo a fora? Não consigo! – Isabela apoia as mãos nas têmporas – Vontade de falar “tô te largando pras cobras”, mas não, eu gosto de me maltratar.

Concluindo por achismo, deduzo que ela quer sair da situação dizendo que desiste de ficar com a pessoa, mas não consegue.

— Mas não quero mais falar de mim não – ela levanta as sobrancelhas, voltando a tomar o café amargo – e você, tem alguém?

— Não – digo bebendo meu chá, tentando entrar no assunto com tranquilidade.

— Por opção ou...?

— Ainda não consigo me envolver emocionalmente com alguém.

— Término traumático?

Respiro lentamente e expiro devagar.

— Bastante – pra dizer o mínimo.

— Nem pra sex* casual?

— Não consigo me envolver com alguém sem antes ter sentimentos pela pessoa – cerro as sobrancelhas – você consegue?

— Depois de um tempo, a gente se acostuma.

Voltamos a ficar em silêncio, e ela volta a falar.

— Sua irmã realmente foi internada em uma rehab?

Concordo com um aceno ao voltar a comer.

— Deve ter sido difícil pra você lidar com tudo isso – ela diz com o olhar baixo – nunca tive alguém assim na família, mas... Imagino a barra que não deve ser.

Realmente você não imagina metade das coisas que já aconteceram.

— Como você disse – tento dar um sorriso amigável – com o tempo, nos acostumamos.

Meu telefone vibra. É uma mensagem de texto.

“Desculpe a demora pra responder. Estou dando uma pausa só agora. Tudo bem por aí?”

— É a sua irmã?

— Não, é... – Balanço a cabeça levemente aturdida – outra pessoa. A Isolda ia sair com um pessoal.

“Me sentindo melhor. Saí pra comer com minha...”

— Não tem medo dela ter uma recaída saindo assim?

Paro o que estou digitando e mordo os lábios devagar.

— Sim – respondo concordando – mas, ela não é do tipo que consigo controlar, infelizmente.

Digo isso como se tivesse controle sobre qualquer coisa da minha vida.

“...amiga daquele dia.”

Assim que reparo na mensagem, percebo que chamo Isabela de minha amiga. Talvez nessa altura já devemos nos considerar pelo menos conhecidas. E, se somos amigas, não seria justo começar a compartilhar algumas coisas da minha vida, já que ela fala da dela e me ajuda no que pode?

Só que, onde é que aprendemos a confiar nos outros? É um exercício mais difícil do que parece.

Terminamos de comer e faço questão de pagar pelo nosso lanche. Sinto que é o mínimo que posso fazer.

— Vai fazer alguma coisa daqui?

— Não – nego fazendo uma careta ao perceber que saindo de lá, o clima já esfriou.

— Preciso de ajuda com umas coisas... – ela me olha de soslaio – Tem como me salvar nessa?

Está aí uma boa maneira de demonstrar a gratidão que sinto sem ter que me expor.

— Sim – esboço um sorriso – precisa nem pedir.

Fim do capítulo


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Comentários para 12 - O que está esperando?:
Marta Andrade dos Santos
Marta Andrade dos Santos

Em: 16/10/2022

Espero que Isolda não caía na tentação.

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