• Home
  • Recentes
  • Finalizadas
  • Cadastro
  • Publicar história
Logo
Login
Cadastrar
  • Home
  • Histórias
    • Recentes
    • Finalizadas
    • Top Listas - Rankings
    • Desafios
    • Degustações
  • Comunidade
    • Autores
    • Membros
  • Promoções
  • Sobre o Lettera
    • Regras do site
    • Ajuda
    • Quem Somos
    • Revista Léssica
    • Wallpapers
    • Notícias
  • Como doar
  • Loja
  • Livros
  • Finalizadas
  • Contato
  • Home
  • Histórias
  • A tragicomédia de Morgana
  • Clube dos corações partidos

Info

Membros ativos: 9525
Membros inativos: 1634
Histórias: 1969
Capítulos: 20,492
Palavras: 51,967,639
Autores: 780
Comentários: 106,291
Comentaristas: 2559
Membro recente: Azra

Saiba como ajudar o Lettera

Ajude o Lettera

Notícias

  • 10 anos de Lettera
    Em 15/09/2025
  • Livro 2121 já à venda
    Em 30/07/2025

Categorias

  • Romances (855)
  • Contos (471)
  • Poemas (236)
  • Cronicas (224)
  • Desafios (182)
  • Degustações (29)
  • Natal (7)
  • Resenhas (1)

Recentes

  • Legado de Metal e Sangue
    Legado de Metal e Sangue
    Por mtttm
  • Entre nos - Sussurros de magia
    Entre nos - Sussurros de magia
    Por anifahell

Redes Sociais

  • Página do Lettera

  • Grupo do Lettera

  • Site Schwinden

Finalizadas

  • O amor e suas nuances
    O amor e suas nuances
    Por Gabi2020
  • Nas brumas do Pico
    Nas brumas do Pico
    Por Nadine Helgenberger

Saiba como ajudar o Lettera

Ajude o Lettera

Categorias

  • Romances (855)
  • Contos (471)
  • Poemas (236)
  • Cronicas (224)
  • Desafios (182)
  • Degustações (29)
  • Natal (7)
  • Resenhas (1)

A tragicomédia de Morgana por shoegazer

Ver comentários: 0

Ver lista de capítulos

Palavras: 3186
Acessos: 626   |  Postado em: 10/10/2022

Clube dos corações partidos

 

Olho para o espelho. Não está nada mal, eu acho, mas preferiria uma segunda opinião. Se já não fosse encontrar Isolda nesse final de semana, a importunaria com isso porque, se tem uma pessoa que entende de moda e poderia dar uma boa dica, é ela.

Caso alguém se questione o porquê, é porque minha irmã, antes de tudo acontecer, era modelo. Uma daquelas bem requisitadas e com uma dieta nociva e problemas de autoimagem causadas pela indústria. Com certeza ela teria uma opinião incisiva sobre qual peça se sobreporia melhor.

Mas, já que não tenho suas valiosas dicas, tento confiar na minha. Calças de alfaiate preta, uma camiseta branca de algodão – já deu pra perceber que sou monocromática – suspensórios também na cor preta. Se o tempo esfriar, coloco uma camisa que já tenho. Não quero outro par de sapatos além dos meus tênis gastos, mas me interessei por esse par de meias.

O evento vai começar às sete da noite. Pelo que entendi, você tem que chegar uma hora depois do começo para não ter o risco de participar da organização. Não entendo, se marcam para uma determinada hora, por que só começa depois? Já são cinco horas, então após o lanche da tarde, vou pra casa.

Terminei a transcrição dos manuscritos ontem. O problema de ter uma certa obsessão pelas metas que se propõe a cumprir é que acaba dedicando seus dias a isso e quando acaba, aquela sensação de vazio vem por um tempo até preenche-la com outra coisa. Essa foi a primeira parte, a segunda é a pior, que é ver o que serve ou não. Costuma ser a mais demorada também.

Estou com uma história finalizada, uma para revisão e essa como novidade. E essa última, acredito eu, foi a que mais demorei pra fazer, e também a que mais me dediquei. Essa já é a terceira versão.

Tomo um banho demorado, e vou me vestir. Penteio o cabelo pra trás, e concluo que preciso ir em um cabelereiro ou um barbeiro, tanto faz, mas alguém que dê um jeito nesse embolado capilar. Termino minha última leitura e, quando vejo no relógio, já são sete e meia. Pelo que vi, o endereço fica a vinte minutos aqui caminhando, mas vou de transporte coletivo, que demora pelo menos o mesmo tempo por causa do trânsito.

Paro em frente a uma galeria de arte no qual está uma faixa situada falando da mostra que ela disse, e isso me faz lembrar que nunca realmente entrei em uma, a não ser que ver a mostra de arte anual para angariar fundos para a compra do material artístico da clínica contar. Não sou a pessoa mais ligada nisso, já que minha instrução artística foi entre as coxias dos teatros, mas minha mãe sempre dizia que era importante ter conhecimento artística diverso porque isso nos enriquece como pessoa, além de que soamos mais interessantes como consumidor de arte.

Mas, com todo o respeito, pelo que lembro, isso não bastava de pauta para gente se sentir melhor do que os outros por viver em um contexto elitista, coisa que combina bem com a índole dela.

Ah, Morgana, a última coisa que você precisa agora é disso, então só entra sem reclamar. Vai que seja legal.

Ao passar pela entrada, noto em como o local é todo deslumbrante. Eu, como uma boa leiga no assunto, nunca entendi o conceito de ficar analisando obras de arte, mas agora, imersa em um local repleto disso, logo começo a compreender.

Há algumas pessoas espalhadas por um canto e outro, bebendo drinques, conversando, usando roupas conceituais, joias, discutindo sobre sabe-se lá o quê. Incrível como não importa onde eu esteja, tenho a proeza de me sentir deslocada em todos os lugares. Em bares, em parques, agora até aqui. Quando eu coloco os pés para fora, tenho vontade de voltar no mesmo passo, mas me forço a sair. Cansei de ouvir que exclusão social não ia me fazer bem, então concluo que talvez em um cemitério eu me sinta mais à vontade. Vou estar cercada de pessoas ali – ou o que sobrou delas – e não vou precisar interagir com ninguém – o que pelo menos espero.

Uma moça passa segurando uma bandeja e me oferece educadamente uma taça d’água, que logo aceito. Caminho pelos corredores olhando as pinturas, que de primeira parece só um monte de aglomerado de tinta que alguém decidiu que teria um conceito suficiente para vir até uma galeria, mas assim que paro em um banco e me sento de frente para uma, começo a mudar de ideia.

Porque esse aqui, em específico, me passa a sensação de desolamento, solidão. Como se percebêssemos que estamos realmente sozinhos no mundo. Seus tons azuis, com alguns pontos misturada em branco me lembram uma praia à noite, mesmo eu nunca tendo ido em uma. O barulho das ondas do mar batendo contra os pés, contra as rochas ao redor, a maresia...

Por mais que eu me esforce, é difícil não me lembrar.


 

CENA I

Morgana anda na beira da praia, à noite, com os pés descalços, as mãos para trás, o olhar fixo nas ondas que batem até seus tornozelos. O som de maré enchendo é forte ao fundo, e ela se concentra nas ondas indos e voltando.

Ela olha para o outro lado, onde tem algumas casas de praia. Umas estão com as luzes desligadas, habitadas, outras não. Ela continua o percurso balançando as mãos sem dizer nada, até que um barulho de passos na água chama sua atenção.

Valentina, com um vestido branco com margaridas bordadas no entorno do colo, corre até ela. Também usa uma tiara de flores nas mesmas cores do vestido. A segura pela cintura, e a traz para si, até que ambas param de caminhar.

MORGANA

Valentina, está maluca? Está escuro, e se você se machucar?

Ela aponta para o chão, onde a água corre pelo pé de ambas. Valentina segura o queixo de Morgana é dá um sorriso puxado de lado, dando um riso abafado.

VALENTINA

Você se preocupa demais, como sempre.

Valentina entrelaça a mão direita na mão esquerda de Morgana, e caminham uma ao lado devagar. O som volta a ser das ondas do mar, mas acrescentado por conversas inteligíveis que vem das casas distantes.

Morgana olha de relance para Valentina, que dá um sorriso largo e apoia as mãos nos ombros de Morgana, empurrando-a a passos longes para distante da água. Ao darem alguns passos, ela lentamente coloca o peso do seu corpo contra o de Morgana, fazendo-as cair.

Morgana passa as mãos no pescoço de Valentina, prendendo-as em sua nuca. Valentina morde os lábios devagar e posiciona seus lábios contra o lóbulo esquerdo de Morgana.

VALENTINA

Sempre quis ficar assim contigo

Morgana arqueia as sobrancelhas, surpresa, e dá um sorriso em tom irônico.

MORGANA

Assim como? Na areia, no escuro ou...

Valentina interrompe a fala de Morgana posicionando seus lábios contra o dela, e Morgana ao notar, fecha os olhos.

VALENTINA

A sós

Valentina fecha os olhos e volta a tocar os lábios de Morgana, sem dizer mais nada.


 

 

— Pensei que não viesse.

Aquela voz conhecida me tira do transe em que me encontro. Sinto meus olhos marejados e tento disfarçar, mas ela parece não se importar, tanto que até senta ao meu lado.

— Adoro essa artista. Você gosta também?

— Não conheço – olho para ela de soslaio – na verdade, sou meio ignorante quando o assunto é obras de arte...

— Mas, guria, essa aí te pegou de jeito – ela aponta com o queixo – então, acho que sabe bem como apreciar uma obra.

Minha vizinha está pontualmente arrumada hoje. Usando uma camisa formal abotoada até o pescoço e calças de boca larga e cintura alta, ela dá um sorriso afável pra mim, a qual não sei corresponder.

Voltamos a olhar para o quadro, e me perco em um ponto vermelho misturado aos tons que se mesclam a ele. Olho de relance novamente pra ela.

— Me lembra alguém que conheço – digo, apontando pra obra.

— Sério? – ela cruza as pernas, notavelmente compridas – Como?

— Ela falava que gostava de ir pra praia, e prometeu que iríamos em uma, e que à noite fica mais bonito...

Gosto do fato de estar falando esse detalhe da minha vida como se alguém se importasse, mas ela ouve atentamente.

— E vocês foram?

— Não.

Acho que falei com tanta amargura que ela até arqueou as sobrancelhas, voltando a beber o drinque que tem em mãos.

— Eu não gosto – Isabela faz uma careta – não me dou bem com o sol, com o sal, com a areia... Com tudo. Sou uma pessoa totalmente urbana, nem de acampar eu gosto.

— Nunca acampei também – digo em um sorriso desanimado, percebendo que nunca fiz muitas coisas.

Ela se levanta, olhando para o lado.

— Tenho que dar uma volta.

— Tudo bem.

E volto ao meu marasmo, com minha água parcialmente quente, até que ela volta, e estende a mão para mim. Seus dedos pálidos e compridos vão até a direção dos meus olhos.

— Se não tiver esperando alguém... Não quer me acompanhar?

Eu aceito.

Levanto e caminho ao seu lado. Ela fala com algumas pessoas e, para minha surpresa, quando fala com um grupo constituído de três mulheres, me apresenta.

— Essa é a Morgana, veio me dar essa força hoje.

— É um prazer, Morgana – mais de uma mão é estendida e segura a minha durante esse percurso, umas com apertos mais suaves, outros mais firmes, seguidos de sorrisos, esses acanhados, outros abertos, descarados.

Não sei porquê do gesto, mas por dentro eu agradeço, se não eu não passaria mais cinco minutos.

E o público constitui de pessoas mais velhas do que eu, mas ainda jovens, cada uma com sua individualidade distinta. Ela conversa sobre alguns termos técnicos e pega outro drinque, estendendo para mim, que logo nego.

— Desculpe, eu não bebo.

— Certo... – ela fica com ele e pega outra taça com água – e agora?

— Obrigada.

Isabela bate lentamente a taça na minha e bebe, e logo imito o gesto. Continuamos a caminhar até a parte exterior, onde tem mais pessoas em mesas conversando. A luz dá um ar quente, como se as paredes fossem revestidas em um vermelho tinto.

— Posso te fazer uma pergunta? – ela diz de soslaio, e aceno que sim – Por que está sempre sozinha?

Essa é uma pergunta fácil de responder: não tenho amigos. Minha família se constitui em uma irmã que está enclausurada em uma clínica porque não consegue se controlar, e também tenho muitas questões, como medo de interagir com pessoas. Se soubesse o fato de estar aqui é um pequeno milagre, iria se impressionar.

— Minha vida é bem solitária mesmo – dou um gole na água. Se ela está sendo legal em estar me fazendo companhia, não vejo mal de falar um pouco mais, ou como diz na terapia, sair um pouco da defensiva.

— Entendo bem disso... – ela dá um sorriso de canto, voltando a beber – depois que minha companheira de casa se mudou, lembrei como era realmente se sentir sozinha.

— Faz tempo que mora só?

— Bah, faz uma cara – ela continua com o sorriso no rosto – já dividi quarto em república, voltei pra casa, até que comecei a procurar gente pra dividir o aluguel. Admiro que consiga ficar assim – Isabela dá outro gole no drinque – se eu ficar muito tempo nos meus pensamentos...não é legal, sabe?

O que eu falo? Recuo, aceno como uma gentileza ou...

 — Não é fácil pra mim também.

Não estou me abrindo para uma estranha, estou?

Olho de lado, mas me atenho aos detalhes do seu rosto. Não sei porquê, mas ela me lembra aquelas atrizes da década de 20. O nariz comprido e afinado, os lábios brevemente finos, as grossas e expressivas sobrancelhas, com exceção da orelha que é repleta de adornos sob o cabelo preso atrás dela.

O que me faz lembrar da garota da foto. Por que ela não está aqui? Então não é namorada, é só amiga? Ou está viajando e não pôde comparecer? Não, não vou perguntar nada disso, pelo menos não agora.

— Então somos duas almas solitárias nesse mundo esquisito?

— Bom... – pressiono os lábios, dando com os ombros – Acho que sim.

E, como é de se esperar, aquela angústia inicial vem à tona.

— Sei que não tem nada a ver com o assunto, mas acha que essa roupa ficou boa em mim?

Ela se vira pra mim, com o braço que segura o drinque apoiado no outro, e pressiona os lábios, arqueando as sobrancelhas.

— Está muito guapa – e aponta para o suspensório – o visual andrógino te cai muito bem.

— Isa! – uma voz masculina vem ao fundo, se aproximando de nós – Preciso de você pra agora!

— É... – ela cerra os dentes – tenho que ir. Até mais tarde?

Não digo nada. Ela quis dizer que ficou bom? E andrógino? Isso é bom? Se combina, acho que é bom. O homem coloca a mão em seu ombro e a leva para dentro. Olho de um lado para o outro, e aquela sensação de não pertencimento invade novamente.

Quando a bateria social acaba, o melhor é voltar para o casulo e recarregar. Passo pela galeria e a vejo conversar com algumas pessoas ao seu redor. Será que um dia consigo chegar naquele nível de contato com outras pessoas?

Mas, enquanto esse dia não chega, me presto a  pegar um lanche para a viagem e seguir o caminho para casa.

Já no final da noite, encaro a tela do computador ligada, mas não tenho inspiração pra fazer nada. Possivelmente preciso de uns dias para relaxar e assim, me sentir mais disposta para encarar a edição disso.

Não estou a fim de ler nada, e também não tenho Internet para procurar alguma coisa para assistir. Não tenho para quem ligar. É nessas horas que percebo que minha existência é um saco e me pergunto se alguém olhando para minha vida pensa que isso vai dar em alguma coisa interessante. Pra ser sincera, acho que até na clínica minha vida era mais movimentada do que está sendo aqui.

Talvez eu devesse conhecer a praia e caminhar pela areia, mesmo que sozinha, ou espero pela Isolda. Vai que tomar banho de mar faça algum bem para ela ou até mesmo para mim, mesmo achando a ideia de sal grudado na minha pele pouco agradável.

No mais, acho que a melhor coisa que faço agora é ir dormir, mesmo não estando com tanto sono assim.

 

 

 

 

 

CENA II

Morgana está sentada na sala de recreação da clínica, folheando uma revista, quando escuta uma movimentação entrando no recinto.

VALENTINA

Vão se foder, seus filhos da puta! Não me toquem!

Morgana escuta a voz feminina bradar cercada de três enfermeiros a segurando.

SENHOR

Pelo visto, temos uma novata

Ele usa suéter e calças cinzas, e sussurra essas palavras para Morgana, rindo.

Ela levanta o olhar para encarar a cena.

A garota tem cabelos pretos cacheados que vão até a metade da costa, a pele branca e está imobilizada. Seu rosto está rosado pelo grito, e ela olha para todos com fúria.

SENHOR

Apostam que é o quê?

 Ele fala direcionado para outro rapaz, que assiste televisão com os pés apoiado no sofá. Ele tem a cabeça raspada, e usa uma camiseta verde e bermudas jeans, descalço.

RAPAZ

Anorexia

Responde ele sem olhar para o lado.

SENHOR

Já acho que seja um surto psicótico

Ele diz entre os dentes.

E você, Morgana?

 Morgana olha mais uma vez para a moça, que é arrastada pelos enfermeiros no decorrer do corredor. Seus braços estão atados e seu pescoço está respingado em algumas gotas de sangue.

MORGANA

Pela cara, deve ser depressão. Mais uma.

O senhor bufa insatisfeito, e volta o olhar para a televisão.

SENHOR

Não aparece uma novidade por aqui...

 

 

CENA III

Morgana passeia pelo jardim da clínica. Usa uma camiseta branca sem manga e bermuda preta, assim como chinelas marrons. Diferente da outra cena, seu cabelo está mais curto, na altura das orelhas. Ao se aproximar da fonte, ela nota a garota do outro dia, a novata. Elas já se avistaram algumas vezes depois de sua chegada já que ela fica a dois quartos depois do dela, no final do corredor. Porém, nunca conversaram além de algumas trocas de olhares vez ou outra.

Quando passa por ela, nota que ela lê alguma coisa. Está lendo A Tempestade, e isso prende sua atenção. Seus olhos ficam fixos na capa, e a garota nota.

VALENTINA

O que foi?

Morgana fica com as bochechas coradas, e desvia o olhar. A garota continua a encarar.

MORGANA

Desculpe, é que é difícil ver alguém lendo esse texto. Preferem Romeu e Julieta.

VALENTINA

Eu não conhecia. Vi na biblioteca e o título me chamou atenção.

Ela deixa o livro de lado, e apoia as duas mãos na fonte. Morgana volta a falar.

MORGANA

Se gostar de tragédias, vai gostar desse.

Valentina ri em tom irônico.

VALENTINA

Estou cansada de tanta tragédia, pra falar a verdade.

Morgana olha para o chão, com foco nas pedrinhas que estão abaixo dos seus pés. No seu campo de visão, também tem os pés da garota, que usa sandálias de tiras coloridas.

VALENTINA

Mas, me recomenda alguma coisa então?

Morgana arqueia as sobrancelhas, e tenta esconder o sorriso. Ela também sorri de volta.

MORGANA

Depende do que gostar, tenho boas indicações.

VALENTINA

Mas são boas mesmo?

Morgana ri envergonhada, balançando a cabeça em negativa.

MORGANA

Não sei, devem ser. Tem que testar pra saber.

Elas se encaram. Morgana, de pé próximo a ela, as mãos enfiadas na bermuda e Valentina sentada na fonte com a tarde nublada de fundo.

VALENTINA

Eu adoraria.

 

 

 

Levanto em um movimento só. Meu peito dói, e transpiro muito. No travesseiro, há uma mancha de suor, e ofego sem parar com a mão contra meu peito.

Merda, que merd*.

— Valentina?

Olho de um lado para o outro. Tateio a cama. Está escuro, e só vejo a iluminação que vem da janela.

Não, eu não estou na clínica. Estou no apartamento, e eu estava sonhando. Fecho os olhos, segurando a emoção. Chorar não vai adiantar em nada agora. Sei que dizem que desaguar as emoções ajuda, mas se eu fizer isso, vou me sentir mais vulnerável ainda e vai ser pior. Essa sensação de estar partida ao meio já está sendo angustiante o suficiente, e se eu piorar, quem vai me ajudar? Não quero incomodar minha vizinha com minhas questões, ela já está sendo gentil o suficiente para arrastá-la pra minha vida.

Só tenho a mim mesmo para contar agora, então preciso mais do que tudo, me controlar.

Foi só um sonho, já passou.

Respirar devagar e expirar lentamente. Um, dois, três...

 

Fim do capítulo


Comentar este capítulo:
[Faça o login para poder comentar]
  • Capítulo anterior
  • Próximo capítulo

Comentários para 6 - Clube dos corações partidos:

Sem comentários

Informar violação das regras

Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:

Logo

Lettera é um projeto de Cristiane Schwinden

E-mail: contato@projetolettera.com.br

Todas as histórias deste site e os comentários dos leitores sao de inteira responsabilidade de seus autores.

Sua conta

  • Login
  • Esqueci a senha
  • Cadastre-se
  • Logout

Navegue

  • Home
  • Recentes
  • Finalizadas
  • Ranking
  • Autores
  • Membros
  • Promoções
  • Regras
  • Ajuda
  • Quem Somos
  • Como doar
  • Loja / Livros
  • Notícias
  • Fale Conosco
© Desenvolvido por Cristiane Schwinden - Porttal Web