Capitulo 38
ÁGATA
Gabriela ao constatar o quanto eu parecia estar sofrendo ofereceu-se para me levar a qualquer lugar que eu quisesse ir desde que antes pudéssemos resolver algumas pendências. Para início, eu havia esquecido que Gabriela estava de ressaca e só com muito esforço conseguira esconder que desde que fomos acordadas por Elisa e Becca, ela se sentia muito mal. Ainda estávamos sem comer nada. Somando-se a esses fatos, o carro de Gabriela ainda estava perdido em algum lugar.
Primeiro, Gabriela me levou até sua casa. Ela precisava dá satisfação aos seus pais, explicar onde havia passado a noite. Eles pareceram mais tranquilos quando confirmei que Gabriela estava comigo. Após um banho e de roupa trocada, a morena tomou algo para melhorar da ressaca. Só então arriscou comer, pois estava faminta assim como eu.
Gabriela me pediu para ficar com os pequenos enquanto ela ia investigar onde seu carro estava. Durante duas horas inteiras distrai-me com os trigêmeos que eram uns amores. Permiti-me esquecer minha mágoa por alguns momentos como se toda a confusão que acontecera naquela manhã houvesse se passado com outra pessoa e não comigo.
Quando Gabriela estava de volta, relatou toda a saga para descobrir onde deixara o carro. Por sorte, conseguiu encontrá-lo, mas por pouco não teve o carro guinchado pelos agentes de trânsito.
Os trigêmeos queriam monopolizar a atenção de Gabi, mas dizendo estar cansada ela os deixou e me levou até seu quarto. Estava ansiosa para saber tudo o que tinha acontecido na casa de Elisa. Chocada, ela escutou o que eu tinha a dizer e ainda tomada pela incredulidade, a morena perguntou:
-- Você a chamou de covarde? Ágata, eu tô passada. Nunca pensei que você pudesse dizer essas coisas para Elisa. Poxa, eu sei o quanto você ama essa menina.
-- Gabi, não suportei mais aquela apatia dela. Estou cansada de ver a Elisa se deixar manipular por aquela louca da Becca. Na verdade, o que Becca fez nem irrita, eu não podia esperar menos daquela psicopata. O que me irritou realmente foi perceber que Elisa prefere ela a mim. Você não percebe que sempre vai ser assim? Por mais que Elisa me ame, ela sempre vai escolhê-la...
Vi compaixão nos olhos verdes que me olhavam.
-- Não quero ninguém pela metade -- Conclui.
-- Ágata, você expor milhões de razões para querer terminar com Elisa, mas isso não vai mudar o mais importante: que vocês se amam.
-- É por isso que dói tanto, Gabi. Porque apesar de tudo eu a amo. Mas o que eu disse para Elisa era verdade e ela sabia que estava errada, tanto que não fez nada para se defender.
Gabriela tentou me animar dizendo que eu e Elisa poderíamos resolver nossos problemas como um casal. Mas tentei convencê-la de que aquilo era inútil e estava magoada demais para perdoar Elisa.
-- Então o que vai fazer? -- Perguntou a morena.
-- Eu tomei a decisão de não mais sofrer, Gabi. Já fui infeliz demais nessa vida já está na hora de começar a pensar em mim. Eu realmente queria um futuro com Elisa, mas não estava e ainda não estou segura de que ela queria o mesmo. Tenho que ser forte o bastante para manter minha decisão.
-- Tem certeza disso?
-- Eu não vou voltar atrás Gabi. Vou à busca de realizar meus sonhos, com ou sem Elisa.
-- Nunca pensei, Ágata. -- Refletiu Gabi -- Vendo você duas juntas tão felizes. Nunca pensei que fosse possível essa separação acontecer. Sempre achei que sua felicidade fosse com ela.
-- Minha felicidade seria completa com ela, Gabi. Disso tenho certeza. Mas se Elisa não está preparada para passar o resto da vida comigo, eu não posso força-la a viver ao meu lado.
-- Vocês são muito dramáticas. Podiam aproveitar os bons momentos juntas e deixar de lado essas mágoas e preocupações.
-- Quem dera as coisas fossem tão fáceis, Gabi. Pensei que você tivesse aprendido algo com seu curto relacionamento com a Thaís...
-- Nem me fale disso. Relacionamentos são muito complicados.
-- Então entende o que estou querendo dizer?
-- Ok, mesmo assim. Se existe carinho e compreensão dá pra relevar algumas coisas. -- Argumentou Gabriela.
-- E você acha que não existia carinho e compreensão entre mim e Elisa? Mas isso não a impediu de estupidamente acreditar em Becca...
-- Ágata, porque não espera essa raiva passar e pensa nas coisas de cabeça fria?
-- Eu estou pensando muito bem, Gabi. -- Falei, ríspida -- Já algum tempo vem me incomodando muito esse imobilismo de Elisa.
Gabriela ainda tentou argumentar várias vezes até que eu disse que não entendia porque ela estava fazendo tanta questão de eu voltar com Elisa.
-- Não era você mesma que estava ontem dizendo que me amava -- Eu dizia para ela. -- Qual a sua, Gabi?
-- E por que eu amo você não posso querer sua felicidade, Ágata? Conheço você melhor do que pensa e sei o quanto está irritada com Elisa nesse momento. Tanto que nem consegue pensar direito. Foi por isso que me beijou, não é, Ágata? Você quer se vingar de Elisa por ela ter te ferido, mas você não vê que só está ferindo a si mesma mais ainda?
Engoli em seco. Senti minha irritação crescer mais ainda.
-- Você pode está certa quanto eu estar com raiva, mas não te beijei para me vingar de Elisa.
-- Não? Então porque foi?
-- Por que eu queria me sentir próxima de alguém naquele momento. Compreendi que você era essa pessoa que podia me confortar, Gabi. Sei que foi egoísmo da minha parte e que me aproveitei do seu amor por mim. Espero que você possa me desculpar por minha imprudência.
Gabriela respirou fundo e parecia está lutando com sentimentos conflitantes.
-- Ágata, não precisa se desculpar por um beijo -- Falou ela por fim -- Acho que as pessoas devem se arrepender pela crueldade e nunca pelo carinho que dispensam aos outros. Fico lisonjeada por poder proporcionar a você algum tipo de conforto, principalmente em um momento tão delicado. Mas, quanto a estar se aproveitando de mim, temo que possa ser o contrário. Você é que está passando por um momento de decepção e fragilidade e dado o que sinto, eu que estaria me aproveitando de você.
Fiquei impressionada com as palavras de Gabriela, elas tiveram sobre mim um efeito positivo. Pois me fizeram sentir toda a sinceridade de seu carinho por mim. Arrisque um sorriso tímido e falei:
-- Então está determinado. Ambas tiramos proveito do beijo.
Gabriela sorriu. Não tocamos mais naquele assunto.
Deitei a cabeça em seu colo enquanto ela acariciava meus cabelos. Gabriela ficou me consolando até minha raiva passar. Quando isso aconteceu só pude ver as coisas com mais clareza e apesar de não ter mudado minha decisão, me peguei tendo que encarar o fato de que morreria de tristeza e saudade da garota que eu tanto amava. E de que os dias seriam torturantes com sua ausência. Acrescentava a isso a certeza de que nunca deixaria de amá-la, mesmo que vivesse mil anos ou fosse para o mais longínquo dos lugares. Eu sempre iria amar Elisa.
Fim do capítulo
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