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Ela será amada por Bruna 27

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Palavras: 4104
Acessos: 1435   |  Postado em: 19/09/2022

Capitulo 17

 

 

ÁGATA

 

Look for the girl with the broken smile

Ask her if she wants to stay a while

And she will be loved

 

- She will be loved (trecho).

 

Eu sabia que o aniversário de Elisa estava se aproximando. Ela havia dito que não faria festa, mas que esperava por alguma surpresa de Becca ou de seus pais. Durante a semana que antecedeu seu aniversário, fui surpreendida na lanchonete por Becca. Ela sentou-se em frente a mim, me fulminando com o olhar.

 

-- O que houve?

-- Isto é para você. -- Disse ela me estendendo um envelope. -- Não deixe de ir de jeito algum. Lisa até me mata se você não for.

 

Abri o envelope. Era um convite para o aniversário de Elisa no próximo fim de semana.

 

-- Tudo o que você precisa saber está aí. -- Disse ela. -- Você vai, não é?

-- Vou sim.

-- Ótimo. Mas não pense que estou contente por isso. Só convidei você porque sei que Lisa não iria me perdoar. Mas mantenho o que disse naquele dia no cinema. Não me agrada você perto da Lisa. Talvez nesse fim de semana perceba que nunca estará ao nível dela.

-- Sabe de uma coisa -- Disse eu sem me abalar -- Você é que nunca estará ao nível dela. Elisa é gentil, honesta, sincera. E você é uma cretina.

 

Becca mostrou os dentes, furiosa.

 

-- Isso não vai ficar assim. -- Disse ela -- Veremos quem rir por último.

 

Quando Becca saiu, li com atenção as instruções no convite. Não estavam mesmo para brincadeira, aquela seria uma festa e tanto. Decidi comprar o quanto antes o presente de Elisa. Queria lhe presentear com algo especial. Único. Lembrei-me de uma joalheria que fazia jóias personalizadas. Mandei fazer um colar com a inicial de Elisa. Não poupei nos custos, afinal eu ganhava uma gorda mesada de meus avós.

 

***

No sábado pela manhã arrumei minhas coisas em uma mochila e peguei a estrada para a casa de praia dos Freitas.

 

Fui recebida de braços abertos por uma ansiosa Elisa. Após sua recepção calorosa, guardei a moto na garagem e a segui até aquele que seria meu quarto.

 

-- Então o que achou do quarto? -- Perguntou Elisa.

- Adorei. Essa casa é enorme.

-- É sim. Meus pais esquecem que nossa família não é tão grande quanto eles gostariam. Mas ainda tem esperanças que eu lhes dê muitos netos.

-- E você, Elisa, quer ter filhos? -- Perguntei, curiosa.

-- Às vezes, sim. Mas não sei, quero estudar primeiro. Acha egoísmo da minha parte? -- Quis saber Elisa.

-- Não, acho compreensível. Acredito que as pessoas tem que fazer o que elas acham que é o melhor para suas vidas e não viver de acordo com o desejo dos outros. Se tem uma coisa que aprendi é que a vida é só uma. É apenas essa aqui e agora.

 

Ela pareceu refletir.

 

-- Sábias palavras, Ágata. -- Disse Elisa -- Tem certeza que você só tem dezoito anos?

-- Engraçadinha. Agora você também terá dezoito.

-- Não me lembre disso -- Brincou ela -- Tô ficando velha.

-- Todos nós estamos.

-- É, você tem razão. -- Concordou Elisa -- Vou saindo para você poder tomar um banho, deve ta desejando depois da viagem. Qualquer coisa que precisar meu quarto é aqui ao lado.

-- Ao lado?

-- Bem, do outro lado. É só atravessar o corredor.

Fiquei pensando se Elisa havia escolhido de propósito um quarto para mim perto do seu.

 

-- Tudo bem. Obrigada por tudo, Elisa.

-- De nada. Ah, não deixe de acompanhar a programação que a Becca fez. Agora de manhã: piscina!

 

Disse uma sorridente Elisa. Antes de sair do quarto e fechar a porta atrás de si.

 

Piscina. Me despi para tomar banho e observei minha cicatriz. Era profunda, sequela do acidente, além de outras pequenas marcas pelo meu tórax. Apesar de aquela ser uma casa de praia, mergulhar nunca esteve em meus planos. Eu não queria todos os olhares postos em mim. Calcei chinelos, coloquei um short e camiseta, mas nada de biquíni. Antes de sair do quarto, puxei as cortinas para observar a vista pela janela. Fiquei deslumbrada: a vista da janela daquele quarto dava para o mar. O dia estava lindo. Pus óculos escuros e fui para a piscina. No caminho, me perdi na casa e topei com algumas pessoas, convidados da festa que me mostraram o caminho.

 

Quando avistei Elisa, ela estava tomando sol. Ela vestia um biquíni discreto, mas suficiente para mostrar seu corpo. Ela era realmente linda. Afastei esses pensamentos e me sentei em uma cadeira ao seu lado.

 

-- Você demorou. -- Observou Elisa.

-- Eu sei. Desculpe, estava arrumando minhas coisas. -- Não queria dizer a ela que tinha me perdido.

 

Elisa perguntou se eu entraria na água. Disse que não. Ela ficou curiosa. Mas vendo que eu não iria mesmo me molhar, Elisa não insistiu mais.

 

-- Quer beber algo? Experimenta essa bebida, é de frutas e não tem álcool -- Disse Elisa me estendendo uma taça com um líquido laranja.

-- É uma delícia. -- Falei após tomar uma dose.

 

Ficamos conversando. Sorte minha estar de óculos escuros assim Elisa não notaria minhas olhadas furtivas para ela. Eu observava cada detalhe de seu corpo, era mais forte do que eu, não conseguia resistir. Tinha curiosidade de conhecer cada pedacinho de sua beleza. Foi uma manhã de tortura, como nas noites em que pensava nela.

 

Elisa não parecia querer sair de perto de mim. Aonde ia me levava junto. No almoço, ficamos lado a lado na mesa. Mais tarde, a farra continuou na piscina. Tinha me esquecido como costuma ser o pique dos farristas. Bebem o dia todo, mas ainda continuam de pé. Em certo momento, topei com Gabriela. Eu ainda não havia visto ela. Não me impressionei ao constatar que já estava bêbada. Agora, ela parecia querer manter distância de mim. Finalmente aquela petulante estava criando juízo.

 

Evitei chegar perto dela e conversei com as meninas do time. Fiquei feliz por haver mais alguém ali que eu conhecia. Elisa era muito solicitada e eu não poderia monopolizá-la só para mim. Observei enquanto Becca puxava Elisa para o meio dos que se divertiam dançando e bebendo. Ela acabou se rendendo a insistência de Becca e caiu na dança. Fiquei feliz ao vê-la se divertindo, ela merecia isso. Esse era seu momento.

 

Depois de um tempo, Elisa deitou em uma cadeira de praia e adormeceu. Não consegui mais tirar os olhos dela, ali alheia ao caos que a rondava. Linda. O corpo perfeito que me provocava arrepios. Eu não conseguia mais ficar indiferente a ela. De repente, Elisa despertou. Ela olhou para mim e pareceu envergonhada. Era a compreensão que eu olhava para ela de um modo diferente. Fiquei confusa e sai dali sem rumo. Caminhei até a praia e sentei na areia. Não consegui conter mais as lágrimas.

 

Compreendi o quanto amava Elisa, mas ela nunca seria minha. Era uma loucura ter alguma esperança. O que eu queria era impossível e eu já havia perdido tanto nessa vida. Não queria ter que perdê-la também. Mas eu nunca havia sido totalmente sincera com Elisa e aberto meu coração em relação a meus pais. Nem como eu me sentia em relação à vida durante todos os anos após o acidente. Elisa esperava que eu pudesse lhe confiar minha verdadeira dor. Nisso eu havia falhado e provavelmente falharia na tentativa de contar a ela que a amava. Eu era uma covarde.

 

Já era madrugada quando retornei a casa, o tempo ficara mais frio. Eu me sentia cansada e com sono. Quando enfim cheguei ao meu quarto, encontrei a porta entreaberta. Lembrei-me que havia me esquecido de passar a chave na fechadura. Quando entrei no quarto, fiquei surpresa ao me deparar com Elisa, o motivo de meu coração bater mais forte, deitada em minha cama totalmente adormecida. O que ela estaria fazendo ali?

 

Aproximei-me da cama. E chamei por ela. Elisa disse que esperava por mim e estava preocupada.

 

-- Ágata, você está bem?

 

Eu estava tão cansada. Sentei-me ao lado de Elisa na cama, ela olhou para meu rosto assustada e constatou que eu estivera chorando. Com suavidade, colocou meu rosto em suas mãos.

 

-- Ágata, o que aconteceu?

 

Vi em seus olhos um misto de ternura e preocupação. Afastei-me dela. Falei sobre coisas que estavam engasgadas em meu peito, enfim expelia toda a dor que eu sentia.

 

-- Às vezes, eu odeio meus pais por terem morrido e me odeio mais ainda por está viva. Tudo que eu queria era ter tido uma vida normal. -- Dizia eu.

 

Talvez Elisa não compreendesse, mas era assim que as coisas eram.

 

-- Sabe, todos as noites antes de dormir, mamãe me colocava na cama e me ensinava uma oração. Meu pai, ele... ele lia histórias para mim. -- Continuei com a voz embargada -- Meu irmão costumava me levar sobre seus ombros. Nessas ocasiões, eu me sentia maior do que tudo. Você não sabe, Elisa, a dor que é passar o resto da minha vida sem eles...

 

-- Você os amava muito. -- Disse Elisa, compreensiva.

-- Mais do que tudo. -- Constatei, com tristeza.

 

Sentei novamente a seu lado. Eu já estava mais calma agora que finalmente falara tudo para ela, mas havia mais uma coisa que Elisa precisava saber sobre mim.

 

-- Sabe por que me recusei a entrar na água hoje, Elisa?

Tirei minha blusa para deixar à mostra as marcas que haviam ficado em meu corpo após o acidente. Mesmo envergonhada com minha nudez, expus a Elisa a visão de algo que a deixou perplexa.

 

-- Entende agora, Elisa? -- Perguntei -- Ninguém nunca olharia para mim, ninguém nunca me amaria...

 

-- Isso não é verdade. -- Elisa apressou-se em dizer -- Você é linda, Ágata. De todas as formas que uma pessoa pode ser.

 

Eu estava com medo de sua reação, de que ela me rejeitasse. Mas em vez disso, ela me olhava com carinho. Delicadamente, tocou em minha pele, contornando minha cicatriz com sua mão suave. Fechei os olhos e senti um leve arrepio percorrer todo meu corpo pelo seu simples toque. E para minha maior surpresa, ela tocou em meu seio, me excitando imediatamente.

 

-- Elisa, o que você está fazendo? -- Perguntei, sem acreditar que aquilo era real.

 

Ela estava fora de órbita, e respondeu ofegante:

 

-- Não sei o que estou fazendo... mas faz diferença?

 

Sua mão continuou a explorar meu corpo, fazendo movimentos que me arrancavam suspiros.

 

-- Não, não faz. Desde que você não pare... -- Disse, me entregando totalmente às suas carícias.

 

Então, sem mais hesitar Elisa aproximou seu rosto do meu, olhando-me profundamente nos olhos. Observei sua boca próxima a minha e nos beijamos avidamente. Eu não pensava em mais nada a não ser nas sensações que sua boca quente me provocava. Depois do que pareceu uma eternidade separei meus lábios dos seus e pude, como nunca antes, contemplar sua beleza, eu queria beijar cada pedacinho de sua pele cálida, ardente. Inclinei-me sobre ela e colamos nossos corpos. Beijamo-nos novamente dessa vez sem pressa, queria senti-la por inteiro. Ajudei-a tirar sua blusa. Durante minutos em que o tempo parecera ter parado, deliciamo-nos explorando o corpo uma da outra. Eu estava cada vez mais excitada. Já não estava no controle de minhas emoções quando me dei conta que estava indo rápido demais. Tive medo e sabia que Elisa também estava assustada com a impetuosidade em que nos entregávamos à paixão uma pela outra. Abraçamo-nos esperando que nossos corações pudessem se acalmar. Me aninhei em seus braços. Elisa puxou as cobertas para cima de nós. Contemplei-a observando-a relaxar, afastei uma mecha de seu cabelo loiro e vi que dormia com um semblante tranquilo. Parecia um sonho estarmos nos braços uma da outra, eu queria poder eternizar aquele momento para sempre. Aquele fora um dia cheio de grandes emoções. Acho que não demorou muito e eu também adormeci.

 

***

 

Na manhã seguinte, quando acordei demorei um pouco para identificar onde estava. Isso costumava acontecer comigo todas as manhãs. Apreciava essa confusão que meu cérebro impunha em não admitir deixar o conforto de um sono restaurador. Pela primeira vez em minha vida, alguém dormira a noite inteira ao meu lado, em meus braços. A única em que já sonhara. E, antes que a realidade pudesse revelar-se ser um sonho, acariciei seu rosto e senti o calor de sua pele. Queria poder tê-la ali comigo para sempre, mas precisava acordá-la para ter a honra de ser a primeira pessoa a felicitá-la por seu aniversário.

 

Chamei por seu doce nome. Ela olhou para mim e ambas sorrimos timidamente.

 

-- Feliz aniversário! -- Sussurrei.

-- Obrigada.

 

Ficamos nos olhando bobamente por algum tempo. De repente, Elisa pareceu lembrar algo. Assustada, se deu conta de que seus pais estavam chegando para seu aniversário.

 

-- Preciso ir -- Disse exaltada enquanto procurava vestir sua blusa.

 

Na noite passada à meia luz, não pude visualizar bem o corpo de Elisa. Agora enquanto ela se atrapalhava em se vestir, observei sua pele muito branca. Ela tinha várias pintinhas pelo corpo. Quando finalmente terminou de se vestir, Elisa me olhou confusa.

 

-- Nos vemos mais tarde? -- Perguntou, hesitante.

-- Com certeza -- Disse eu.

 

Elisa sorriu e deixou o quarto.

 

Não me apressei em sair do quarto. Ainda sentia o cheiro de Elisa em mim. Aconcheguei-me novamente nas cobertas da cama e fiquei relembrando a noite passada. Após um tempo, fui tomar café da manhã. Não encontrei Elisa até a hora do almoço. Marta, sua mãe, ficara bastante feliz ao me ver e convidou-me para sentar ao seu lado a mesa. Ela e o diretor Roger estavam muito contentes com o aniversário da filha. E não poupavam elogios à organização de Becca.

 

Elisa tentava me tratar o mais normalmente possível na frente dos outros. Vez ou outra a via desviar o olhar, enrubescendo.

 

***

 

Aquele seria o dia de Elisa. Eu sabia que ela continuaria sendo bastante requisitada, por isso, não mais a procurei e decidi fazer algo que eu estava com bastante vontade. E que antes eu não tinha coragem de fazer, mas agora isso não mais importava.

 

Caminhei até a praia, escolhi um local mais distante. Tirei a blusa e fiquei só de short. O mar parecia calmo, mergulhei e senti a água salgada envolver meu corpo. Não sei por quanto tempo permaneci ali, fazia séculos que eu não me sentia tão livre. Quando sai do mar, fui até as pedras em que havia deixado minhas coisas. Sentei na areia, estava vestindo minha blusa quando escutei uma voz atrás de mim:

 

-- Belos seios!

 

Eu reconheceria aquela voz debochada em qualquer lugar.

 

-- O que você quer, Gabriela? Por acaso, estava me espionando? -- Perguntei.

 

Ela sentou-se ao meu lado na areia, mesmo eu olhando feio para ela.

 

-- Eu não estava espionando. Só queria um lugar tranquilo para nadar quando vi essa deusa seminua saindo do mar...

-- Você não tem jeito mesmo -- Falei, balançando a cabeça. –

-- Onde conseguiu a cicatriz? -- Quis saber Gabriela com curiosidade.

-- Isso não é da sua conta.

-- Ah, relaxa Ágata. Eu também já tive minha cota de cicatrizes na vida. Há uns dois anos, tinha uma horrível na testa.

-- Sério? -- Olhei para ela, sem acreditar.

-- Sim.

-- E onde estar a sua cicatriz, Harry Potter?

-- Já ouviu falar em cirurgia plástica?

-- Ah, você continua debochando. -- Disse eu.

-- E você continua ingênua. -- Respondeu Gabriela, rindo -- Isso é que dá andar tanto com a Elisa.

-- Nem pense em abrir a boca para falar da Elisa.

-- Eu sei, eu sei. Não vou mais ofender sua namorada. Afinal, hoje é aniversário da Rainha. Então, o que vai vestir mais tarde na grande noite?

 

Antes que eu pudesse responder, ela falou:

 

-- Já sei, isso não é da minha conta.

 

Tentei ignorar Gabriela, queria continuar ali apreciando o mar. Mas ela permanecia teimosamente sentada ao meu lado.

 

-- Ué, você não ia nadar? -- Perguntei, após um tempo -- O que está esperando? O mar é todo seu. Vá em frente.

-- Você tá doidinha para me ver sem roupa, não é, Ágata? -- Disse a morena, com seu jeito descarado de sempre.

-- Só quero me livrar de você. O quer aqui afinal, Gabriela?

-- Preciso te contar algo.

-- Não quero saber. -- Desconversei.

-- Calma aí, diz respeito a você.

 

Sua voz assumiu um tom de seriedade que não era comum nela. O que me levou a questionar:

 

-- O que você teria para me contar.

-- Bem, hoje pela manhã, recebi uma visita no mínimo inesperada em meu quarto.

-- E o que isso tem a ver comigo. Não quero saber de seus casos.

-- Tá difícil você confiar em mim, garota?

-- Por que será?

--Tudo bem. Eu não fui muito legal com você, admito. Mas isso é passado.
E eu estou aqui para provar isso.

 

Ela ficou em silêncio esperando minha reação. Como eu não disse nada, a morena continuou.

 

-- Acontece que a visita que eu recebi era ninguém mais ninguém menos que aquela amiguinha da Elisa.

-- Becca? -- Perguntei, incrédula. -- O que ela queria com você?

-- Queria me usar para prejudicar você. Para afastá-la da bonequinha, digo, da Elisa. Ouça, Ágata. Essa Becca é bem viva, como eu ela já percebeu que há algo entre você e Elisa. E não vai descansar até separá-las.

 

Tentei digerir aquela informação. Eu já sabia que Becca procuraria me prejudicar, mas nunca imaginei que tentaria usar Gabriela.

 

-- Ágata, aquela garota é perigosa. -- Alertou Gabriela -- Eu sei que posso ser cruel e mesquinha quando quero, mas essa tal Becca consegue isso sem esforço. Pelo que percebi, ela sabe muito bem como manipular Elisa.

-- Eu acredito em você -- Falei, por fim -- Ela já me ameaçou várias vezes.

-- Viu? Você estar se metendo numa grande encrenca, Ágata. Tem certeza que a loirinha vale o risco?

-- E o que você entende disso? -- Retruquei -- Não era você que há pouco tempo atrás queria me prejudicar? Diz-me, Gabriela, por que de repente está tentando me ajudar?

 

A morena sorriu, enigmática.

 

-- Bem, porque apesar de tudo, eu gosto de você. Temos muito em comum, por exemplo, jogamos no mesmo time, se é que você entende o trocadilho. Poderíamos muito bem ser amigas.

-- Essa é sua nova tática para me fazer cair em sua teia, Gabriela, ser minha amiga?

-- Fique tranquila, Ágata. Eu já mirei meu alvo em outra gata. E também não gosto muito daquela Becca. Acho que ela não regula bem, percebe?

-- Ok. Você está quase me convencendo com os seus argumentos, mas ainda assim, vou ficar com um pé atrás com você. Não quero ser mordida novamente.

-- Acho justo. Eu também não confiaria em mim. -- Disse Gabriela, descontraída. -- Mas tem uma coisa em que sou diferente de Becca.

-- Do que está falando?

-- Quando eu quero algo, não poupo esforços, você sabe. Mas, ao contrário da amiga de sua namorada, eu coloco minha cara para bater. Eu assumo as consequências. Eu até jogo baixo, mas tenho consciência disso. Faço de propósito, sou chata, petulante e inconveniente...

-- Que bom que você sabe disso -- Falei.

 

-- Então, - Continuou ela, ignorando meu comentário -- Becca gosta de se fazer de boazinha. Esse é o pior tipo, Ágata. Não gosto de me meter com esse tipo de gente. Por isso, e pelos outros motivos que lhe falei, eu quero ajudar você nessa batalha.

 

Refleti sobre aquilo, tudo que ela falava fazia sentido.

 

-- Entendi seu ponto. -- Disse eu -- Com você eu sei com quem estou lidando, do que é capaz, mas com ela...

-- Você não pode saber até receber a facada -- Completou Gabriela. -- Você é esperta, Ágata. Gosto disso.

-- Não precisa puxar o saco, Gabriela. Você já me convenceu.

 

Ela deu um sorriso de satisfação.

 

-- Quer dizer, que vai confiar em mim, Ágata? Quem diria? E se eu estiver fazendo jogo duplo, e se eu tiver aceitado entrar no joguinho da Becca e estiver querendo me aproximar de você para fazer ciúmes para a Elisa? Isso é possível, não é?

-- Isso passou pela minha cabeça, mas não acho que você se daria ao trabalho de fazer jogo duplo. Como você mesmo disse, quando quer algo não se esconde atrás de máscaras. Essa é a verdadeira Gabriela. Arrogante, descarada e de personalidade forte.

-- Esqueceu de dizer linda e maravilhosa. -- Brincou.

-- Eu não ia dizer isso. Enfim, mas como eu disse antes não confio em você totalmente, não sou idiota.

-- Então, o que pensa em fazer, contar para Elisa?

-- Você acha que ela acreditaria em mim? -- Questionei -- Elisa considera Becca como a uma irmã.

-- Sei, isso partiria o pobre coraçãozinho de sua namorada.

-- Eu também não quero me meter na relação delas. -- Expliquei. -- Eu não tenho esse direito.

-- Que grande dilema, hein? Contar a verdade para namoradinha e correr o risco de ela odiá-la, ou deixar as coisas como estão e esperar que Becca separe vocês. Eu não queria está em sua pele, Ágata.

 

Por mais que eu não fosse com a cara de Gabriela, ela tinha razão, eu estava diante de um grande dilema.

 

-- É duro não é? Ser uma pessoa honesta, Ágata? Fazer tudo com transparência e, ainda assim, ser mal interpretada. Você devia fazer como eu, passo por cima de tudo e de todos sem me importar com as consequências.

-- Mas ao contrário de você, Gabriela, eu não gosto de escolher o caminho mais fácil.

-- Então, lamento dizer, mas desse jeito você nunca vai ganhar da Becca. Não acredito que está mesmo disposta a perder sua amada?

 

Eu sabia que estava em uma situação complicada.

 

-- Eu não sei o que eu vou fazer -- Respondi por fim.

-- Posso te ajudar.

-- Não, eu não quero o tipo de ajuda que você pode me oferecer. E é melhor Elisa nem me ver com você. Ela sabe que nos odiamos.

-- Tudo bem, eu já fiz minha parte em te alertar sobre o que Becca está tramando. Acho que isso atenua um pouco do mau que eu te fiz.

 

Era difícil saber o que se passava na cabeça da morena.

 

-- Gabriela, o que você respondeu para Becca? -- Perguntei, lembrando-me que ela não havia me contado detalhes sobre sua conversa com Becca.

-- Bem, deixei-a pensar que eu a ajudaria. Ela acha que eu quero você para mim e que vou te deixar em maus lençóis com a Elisa. Enquanto ela pensa que o plano dela está dando certo, você ganha tempo para pensar em algo, Ágata.

-- E depois diz que não está fazendo jogo duplo. -- Falei, rindo. -- Isso já está me dando um nó na cabeça.

-- Viu como eu sou esperta e te ajudei mais do que você podia imaginar. -- Disse ela, convencida.

-- E eu agradeço. Estou disposta a esquecer o que você fez comigo, Gabriela. Desde que não fique mais no meu caminho, nem do de Elisa.

-- Tudo bem. Sem mágoas? -- Perguntou ela me estendendo a mão.

-- Também não precisa apelar. -- Falei ignorando-a, não iria cair naquela do aperto de mão novamente.

 

Gabriela sorriu.

 

-- É por isso que eu gosto de você, Ágata.

 

Dizendo isso Gabriela levantou e começou a tirar a roupa.

 

-- O que está fazendo? 

-- O que você acha, vou nadar. Aproveitar esse mar maravilhoso.

 

Gabriela usava um biquíni nada discreto por baixo das roupas.

 

-- Segura. -- Disse ela jogando suas roupas em meu colo.

 

Olhei para Gabriela, aturdida. Mas antes que eu pudesse protestar a morena correu para o mar. E jogou-se na água.

 

Fim do capítulo


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Comentários para 17 - Capitulo 17:
Lea
Lea

Em: 26/10/2022

Se realmente houver um relacionamento,esse não será nada fácil!!

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