CAPÍTULO 36

AS LOBAS

Toda minha alcateia formada por lobas bruxas estava ali alegre e sorridente, só então eu entendi o porquê de o barco ter aumentado de tamanho num passe de mágica, ainda abraçada a Amkaly, me abaixei para pegar a pequena Nyxs antes que se machucasse de verdade porque cair ela já tinha caído de bunda no chão duas vezes e apesar da mamãe Ameth correr para pegar a filha, Lilith segurou em sua mão impedindo.

― Deixa ela, minha bruxinha, quero ver quantas vezes ela vai cair e se levantar.

Mesmo com receio Ameth voltou para perto da Lili, eu sabia que ela estava com o coração na mão ao ver a filha caindo mais duas vezes tentando subir nas minhas pernas de qualquer jeito, quando a coloquei no meu braço, ela segurava meu rosto com as duas mãos rindo e me babando toda, tentando morder meu rosto.

― Olha bruxinha, ela está beijando a Nara como se estivesse morrendo de saudade. ― Lili puxava Ameth para sua frente e passava a mão em sua cintura enquanto falava.

― Lili eu tenho uma ideia diferente do que seja beijo. ― Tentei afastar meu rosto da boca dela que não permitia, as avós se desmanchavam em risos, Esther principalmente, a luz que brilhava em seu olhar, um pintor não conseguiria captar seu matiz com fidelidade.

― Filha vem para a mamãe anda, deixa a tia Nara respirar. ― Ameth foi pegar a filha que se agarrou no meu pescoço me deixando sem fôlego.

― Espera Ameth, se não ela me enforca. ― Tentei com jeitinho tirar os bracinhos roliços do meu pescoço, enquanto Ameth me olhava com aquele olhar de quem já conhece a peça e sabe que a tentativa era impossível, quanto a mim meu medo de machucar ela era maior do que o dela me enforcar, desisti preferindo deixar o pedacinho da Ametth fazer o que quisesse com meus cabelos e tudo o mais, Amkaly só fazia ri. ― Alguém tem que dizer para essa princesa que a outra mãe dela é a Lili e não eu. ― Falei mesmo gostando do carinho que ela agora fazia, acredito que penteando meu cabelo, pelo menos se contar a quantidade de nós que aparecia nas mechas.

― Gente agora me diga o que isso significa por que estão todas aqui? Quem pode começar ou melhor comece por você Agatha me apresentando sua família. ― Sorri para minha amiga grandona, a maior das cincos Agatha, tinha parado em 1.87 cm e também era única que não conhecia nada do mundo, por não gostar de viagens, e preferir ficar na reserva, ela deu um passo à frente e cheia de orgulho apresentou a companheira, eu pude sentir o carinho imenso quando me apresentou a filha que veio junto, mas a menina é quem transbordava de felicidade.

― Estou mais por fora do que orelha de freira do porquê temos que estar aqui, mas esta é Kira minha companheira e essa princesa é Awa Geovana, nossa filha, viemos porque recebemos ordens de uma mulher que apareceu na reserva dizendo que era para vir ficar com vocês.

Eu quase não dei importância ao fato do porquê estavam aqui, o que importava realmente era o fato de todas estarem bem e achando o seu próprio caminho como Agatha, reconheci mãe e filha já tínhamos nos encontrado por aí as duas eram a autêntica mistura das raças brasileiras, tonalidade da pele marrom café com leite, pernas roliças cintura fina seios pequenos e bunda avantajada, mesmo Awa tendo só onze anos, já tinha corpo de mulher feita, dava para passar tranquilamente por irmã da Kira, sua mãe, os olhos pretos e pintinha no nariz era marca registrada das duas.

― Bem vinda Kira. A Awa eu já conheço da aula de natação, tudo bom princesa? ― Awa sorriu timidamente afirmando que estava tudo bem, com um balançar de cabeça.

― Nara apresento a você   nossas filhas Adriele Brenda, Briana Carla, Cleópatra Dena.  ― Mel apresentava as crianças que dormiam duas com a Gilles e uma com a Mel, pelo jeito e tamanho, elas já deveriam estar com quatro a cinco meses, ainda não dava para dizer com quem se parecia. principalmente que estavam dormindo e as três eram carequinhas sem um fio de cabelo na cabeça, nem mesmo aquela penugem fininha que os filhotes tem, elas tinham, só com brinquinhos de pedrinha, azul, verde e amarelo, e lacinhos na mesma cor dos brincos, acho que facilitava para as pessoas ao redor reconhecer quem era quem, o que me fez pensar em quanto tempo nós já estávamos fora da reserva se aquelas bebês já estava começando a sentar.

― Gente por favor à quanto tempo estamos longe e quem ficou na reserva? ― Estava meio perdida.

― Quase um ano que vocês estão longe, e os rapazes ficaram tomando conta de tudo, a doutora Carmen Lucia auxiliar da Ananya e a sua tia Barbara, ficaram tomando conta do hospital e o seu pai ficou responsável pela reserva. Sua mãe queria vir, mas seu pai não deixou.

Amkaly explicou e com muito jeito, conseguiu tirar Nyxs dos meus braços e passar para os de Lilith, que ficou fazendo carinho.

― Nara com exceção das crianças todas nós tivemos que caminhar dentro de um rio com água até a cintura, e desde que saímos dessas águas que sentimos umas coisas estranhas nas partes de baixo, por que isso está acontecendo? ―Jana minha sogra e companheira de Ananya que falou e as outras concordavam afirmativamente.

― Primeiro quem mandou vocês virem, e segundo quantas de vocês não está sentindo nada? ― Ficaram olhando pra mim, até que Sandy a mulher de Esther se adiantar.

― Uma mulher muito alta, perfeita sem nada que a gente pudesse dizer que era feio e a voz,  ai Jesus, Maria e José, que voz linda, chegava a enfeitiçar de tão linda, ela não abriu a boca, juro que não abriu, mas todas nós ouvimos quando ela chamou para irmos na lagoa, lá ela mandou que colocasse proteção nas casas e deixasse só os lobos machos e quem não era  loba bruxa era para ficar em casa, o restante de nós podíamos seguir viagem, com a Gilles e a Winnie quando chegasse no rio a Winie tinha que ser a primeira a entrar nas águas. Quando chegamos no rio a mesma mulher estava lá e foi ela quem ajudou Winie a andar dentro do rio. Depois a Winie ficou com as crianças e uma a uma entramos no rio. E foi isso. ― Sandy terminou suspirou e aguardou a explicação.

― Quem não está sentindo nada?

Winie, Amkaly, Sandy e Kira ergueram as mãos, o restante ficou olhando uma para a outra em busca de resposta.

― Bem segundo as informações que recebi  é que todas nós mudamos quando entramos nessas águas, umas nasce um p*nis com saco escrotal e tudo, e outras o útero se modifica para abrigar o novo ser que tanto pode ter asa como não, as que nascem p*nis são as que ficam mais incomodada com inchaço, mas é só isso há também o incomodo  pelo fato de não ter costume de carregar essas coisas penduradas e de não saber como fazer xixi, é tudo novo e até se acostumar, vai ser osso.

O silêncio foi mortal, como na primeira vez quando a informação era só pra nós, eu fiquei esperando indignação, mas ao contrário estavam todas tranquilas com a notícia, ou melhor quase tranquilas e aceitando numa boa porque a Mor tinha uma língua que não cabia dentro da boca.

― A mamãe ganhou uma nova chance de ter seus filhos e ver sua barriga crescer, então a mãe que vai mandar ver no vuco vuco, é a senhora mãe que passou a ser a fodona no relacionamento e vai encher a mamãe de filhos.

Ananya olhou com os olhos imensos para o lado da filha recriminando o que ela tinha dito, e Jana prevendo o começo de uma briga abraçou a médica.

― Se for verdade nós vamos começar o ensaio hoje mesmo, estava cansada daquela cinta pe... ― Já ia falando quando percebeu que tinha criança se calou antes porem completou. ― com aquela coisa de borracha e de silicone.

― Genteee quero que conheçam alguém! ― Gritei para pedir a atenção de todas antes que começassem a se auto examinarem ali mesmo e fui até onde estava a aldrava. ― Aldrava quero que conheça meu povo ou melhor que meu povo te conheça.

Todos ficaram de frente olhando os olhos de metal examinar cada uma, Nyxs dispensou apresentação ficou tentando se pendurar nas argolas só não conseguiu porque Ameth a pegou nos braços afastando a filha que saiu aos prantos querendo voltar.

― Senhora Jana quanta admiração por sua força em suportar todos os abusos do doutor Mascarenhas, mas seu destino estava traçado, a senhora e a doutora Ananya terão filhas lindas e guerreiras como a linguaruda da sua filha disse, os filhos que a doutora Ananya parir serão metade anjos, sempre dispostos a ressuscitar os anjos que estiverem morrendo, suas filhas terão orientação da menina Maia, a deusa da vida, que já recebeu o chamado para voltar.

Jana abraçou Ananya e se afastou para Sandy se aproximar.

― Sandy Nadum, a filha do pajé, que queria ser livre e fugir da aldeia e do seu destino, você recebeu a visita da minha mãe, era ela lá na reserva de vocês e muito obrigado por não ter tido medo, as pessoas tendem a temer o desconhecido, a cada fuga tua eu estava do teu lado, foi eu que coloquei o A.D pai do teu filho na beira daquele rio, você ainda não estava pronta para trilhar seu caminho ao lado da sua parceira, Esther vai colocar dentro do seu ventre as guerreiras mais violentas e sanguinária que essas terras já viram, suas filhas serão o pelotão da morte, sempre orientadas por seu irmão Kessabel, o mundo vai tremer quando elas colocarem os pés na terra.

Sandy sorria satisfeita com seu destino acho que ela estava pensando no tanto que ia trans*r, Esther sorriu entendendo os pensamentos da companheira e eu admirei Sandy que tinha esse poder de acalmar Esther.

― Como a alfa falou, todas vocês juntas serão as matriarcas dos próximos guerreiros, nada veio ou virá mais forte que essa alcateia.  Esse barco tem três andares um só para apartamentos onde cada família vai morar, nesses tempos de preparação e surgimento das novas raças, nas portas tem o nome de cada uma.

A parte de cima do barco fica a parte de observação e lazer, e na parte de baixo, a garagem equipada com jet sky e carros ainda não sei por onde navegaremos e quem além do meu primo vamos ter que resgatar, mas esse barco está pronto para navegar em qualquer água ou mundo.

 Cada uma procure seu local de morada depois, Nara, Esther, Lilith, Winnie, Morgana e Gilles venham aqui quero falar com vocês.

Fim do capítulo