Capitulo 32
CAPÍTULO 32: SEM LUGAR
Contém palavras de baixo calão
Quando a névoa fina dissipou, aguardamos a aldrava falar alguma coisa, mas o silêncio era total.
― Psiu...Psiu. ― Alguém chamava bem baixinho com uma voz masculina melodiosa e linda ao mesmo tempo, uma voz grossa com sotaque gaélico, chamava baixinho muito baixinho quase sussurrando, ficamos todas inertes prendendo a respiração como a voz não se repetiu. ― Vamos nos espalhar pelo barco e procurar o dono dessa voz e rápido. — Usando de magia para nos locomover dentro do barco fomos procurar pelo convés, proa, popa, portão as cabines lá embaixo e dentro do mar, não dava para ver muita coisa com a escuridão mesmo que nossa visão fosse especial, não vimos nada além de água.
― Esther rápido pára de usar magia, vão acabar nos encontrando. ― Novamente a mesma voz só que dessa vez foi um sussurro mais baixo ainda quase um gemido, corremos todas para a porta mágica de onde veio o chamado.
― Aqui Esther, sou eu a aldrava, pegue o pó colorido, e suba no barco junto com a rainha da noite e joguem no ar para cobrir todo o barco e o pó preto passe primeiro em mim não deixe um pedaço de fora eles estão vindo, e se me sentirem, as portas do inferno vão se abrir ainda hoje, anda mulher depressa!
Ao ouvir o tal pedido, Esther nem pestanejou correu para pegar seus potes no laboratório improvisado da Ananya quando voltou me mostrou a quantidade de potes tinha triplicado igual como aconteceu com a água potável das garrafas compreendi seu olhar isso queria dizer que as coisas iam ficar complicadas antes de melhorar.
― Por que sua voz está diferente? Quando estava na casa de Gilles eu lembro que seu tom era de uma mulher, uma voz feminina, então o que mudou? ― Além de desconfiada, estava muito curiosa com um monte de coisa, a começar pelo fato de a aldrava ter se escondido nas coisas de sua dona. Ao ouvir minha pergunta, aqueles olhos de metal se viraram para o lado onde eu estava e me encarou de cima a baixo como se estivesse decidindo se valeria a pena me contar ou não o que ela sabia.
― Quando era pequena, a Gilles tinha pavor de voz masculina. — Ela continuava me olhando esperando talvez um comentário.
― Entendo. Não me leve a mal, mas como fomos arrastadas para o meio de tudo isso e eu nem faço a mínima ideia do que seja tudo isso, quero que me conte a verdade, o porquê de estarmos aqui, do que estamos nos escondendo e qual a finalidade de tudo isso. Continue contando as coisas que desconhecemos com a maior sinceridade possível, não posso arriscar a vida do meu povo ou a minha numa jornada suicida. ― Minha alcateia sabe que eu não funciono muito bem com mentiras, mas a aldrava, parecia não dar muita importância para esse detalhe e parecia não ter muita pressa em explicar nada a sua preocupação era a se esconder ou melhor nos esconder e o jeito era ter paciência.
― Esther por favor cubra meus olhos e boca, não deixe nada de fora em seguida vá lá para cima rápido. ― Os olhos da aldrava giravam frenéticos olhando para todos os lados nervosa eu nunca tinha visto uma aldrava nervosa, aliás eu nunca tinha visto uma aldrava, nervosa ou não.
Fiquei segurando os potes enquanto Esther cobria o metal de que era feito a aldrava com o pó preto, quando completou olhamos e nada ficou de fora foi a vez de Esther e Lili subirem uma vez lá em cima começaram a espalhar o pó mágico no ar cada uma colocava uma quantidade na mão erguia reto com o olhar e sopravam o pó se espalhava formando uma cortina densa e incolor, eu estava extasiada assistindo à mudança acontecer quando a aldrava continuou como se nunca tivesse parado o relato.
― As pessoas que machucaram Gilles desde o nascimento, todos foram homens na memória embrionária dela, ela guardava a voz de uma mulher.
― Você sabe quem é essa mulher ou esse ser de alma feminina? ― Esther perguntou ainda lá em cima, concluindo sua missão e atenta a conversa.
― Não! Acho que talvez fosse a médica ou enfermeira que cuidaram dela ainda quando era um feto. Essa voz era muito melodiosa, quando eu cheguei e fui colocada presa nas correntes para mantê-la imobilizada ela tinha dois anos, brincava, ria, cantava quando estava sozinha, mas quando ouvia o barulho de passos e se entrasse um ser masculino ela se urinava toda de medo.
― Então a sua voz macia foi para não assustar mais ainda? ― Uma mistura de sentimentos ameaçava tomar conta de tudo, dentro de mim.
― Sempre admirei duas coisas em você minha alfa. Seu senso de justiça e sua inteligência. Sim, minha voz não tem uma tonalidade certa, pode ser horrorosa ou melodiosa, eu escolhi a doce, para que ela sentisse confiança, aos poucos fui me apegando a garotinha valente e como ela era muito parecida comigo, eu a adotei como minha filha.
― Mas como foi que chegou na casa do Cedrick? E por que veio para aprisionar Gilles? ― Esther desceu com os potes colocando os nomes em cada um e sua finalidade, mas nem todos podiam ler, ela sabiamente tinha escrito numa língua antiga o aramaico arcaico.
― Sou filha do Azazel, um anjo caído e também um poderoso demônio dos infernos o segundo na hierarquia, este senhor, seduziu minha mãe Ariel, anjo dos céus, que se deitou com Azazel e me gerou, na gestação permitiram que ela vivesse nos céus reclusa para evitar que outros anjos cometessem o mesmo pecado. ― Sua voz parecia ter orgulho das suas origens, eu entendia porque todas nós tínhamos orgulho de ser lobas.
― Eu pensei que fosse proibido anjos e demônios molharem o biscoito entre eles. ― Lili comentou com ares de brincadeira, mas a aldrava não gostou.
― Acho bom a senhora rainha da noite respeitar minha mãe, o tanto quanto eu respeito a sua. ― E virando os olhos para onde eu estava, explicitamente ignorando a Lili, que só fazia rir do outro lado, ela continuou. ― Quando eu nasci, não me permitiram ficar com minha mãe, por eu ter sangue demoníaco, então ela me entregou a meu pai, que me levou para o submundo, lá também eles não me queriam. por eu ter sangue de anjo.
― Mas tudo isso não responde a minha pergunta, por que foi destinada para escravizar ou manter Gilles no cativeiro?
― Respondo já, tenha calma, temos que falar no tom calmo para que não percebam nossa presença. ― A aldrava baixou ainda mais o tom da voz.
― O que está acontecendo, quem não pode nos ver? E por que tivemos que te cobrir? ― Perguntei bem baixinho para não chamar atenção de quem quer que seja que esteja lá fora.
― Preste atenção lá fora, eles não podem nos ver e nem sentir que estamos aqui, olhe minha alfa aí vem eles.
Ficamos olhando uma enorme multidão vinha andando caminhando na areia, não nesta dimensão, em outra, mas tudo era muito real. Ao longe dava para ver com exatidão os chifres enormes de carneiros, chifres de bode, de boi, chifres vários de todas as formas e tamanhos, e os cascos de cavalos em lugar de pés, caminhavam rindo e bebendo, mas um grupo me chamou atenção, o grupo onde os demônios eram os mais fortes e musculosos tinha mais ou menos uns sete arrastando um rapaz muito alto, acorrentado e com uma espécie de jaqueta vermelha nas costas um demônio a seu lado jogava um líquido esverdeado no casaco do rapaz e esse que mal tinha forças nas pernas, em determinado momento o caiu, foi aí que começou a crueldade, um dos demônios, puxou da cintura um chicote e no momento em que o couro bateu na pele o grito de dor escapou do jovem e eu reconheci o grito era idêntico ao canto que ouvimos quando estávamos na casa de Gilles quando me virei para perguntar para a aldrava, ela estava chorando em silêncio.
― Continue olhando minha alfa. ― Dessa vez sua voz era só um lamento, vários soluços abafados, fiz o que ela pediu e voltei a olhar para a frente.
O show de horrores continuava, um espancava, outro molhava a jaqueta com o líquido que pelo desespero da Aldrava eu sabia que não era um líquido comum, era algo muito pior. Um dos demônios veio lá do final da fila arrastando pelo chão uma garotinha puxando pelo cabelo e jogou bem próximo ao rapaz.
― Esther temos que fazer alguma coisa. Não podemos permitir essas coisas. Nara tem alguma dessas armas que pode atravessar os véus dos mundos? Se tiver usa, mata esses filhos da puta. De uma vez. ― Lili chorava segurando no mastro do barco.
― PARE MORGANA! ― A voz saiu muito baixa, mas poderosa o suficiente para balançar as águas do mar e junto deixar o barco à deriva Lilith correu o leme na esperança de estabilizar o barco.
O tempo parou e Morgana ficou feito uma estátua com os dois revólveres na mão na posição de atirar, Ananya veio rápida do convés trazendo uma garrafa nas mãos e abraçou Morgana.
― Liberte minha filha antes que eu jogue ácido muriático nos seus olhos, e pouco me importa de qual demônio ou anjo você é filha. ― Eu particularmente desconheci Ananya, era uma mulher completamente diferente que estava na minha frente segurando um vasilhame de plástico com uma caveira como emblema onde estava escrito cuidado corrosivo.
A aldrava sorriu para Ananya antes de falar.
― Não vou machucar sua filha, é só para impedir que ela atire, se isso acontecer eles vão saber que estamos aqui e acredite o que eles fariam com suas filhas é brincadeira diante do que a senhora passou no cativeiro.
Fim do capítulo
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HelOliveira
Em: 13/09/2022
Uffa nem da pra respirar e já estou ansiosa pelo próximo..
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