CAPÍTULO 31 AGATHA

Estava me coçando para que Gilles explicasse o motivo de ela estar com aquela Aldrava fofoqueira nas mãos.

― Por que trouxe ela contigo dessa vez? ― Eu perguntei para uma Gilles tão surpresa quanto eu.

―Eu não a trouxe, ela veio escondida, ela não vai explicar o motivo de estar aqui só pode falar se estiver colocada em uma porta. ― Gilles se virava procurando uma sem encontrar.

― Tem uma lá no banheiro, mas pelo que eu vi dela quando estive na sua casa e acho que se ela acordar pregada na porta do banheiro é capaz de nos amaldiçoar até a quinta geração. ― Eu disse já tendo uma ideia meio louca.

― Esther você pode usar o pó mágico para fazer uma porta em qualquer local, só para fixar a aldrava. O que me diz?

Como sempre Esther ficou em silêncio pesando cada palavra do que disse.

― Eu vou fazer isso assim que achar o local adequado e encontrar o pó certo vocês fiquem à vontade conversando vou circular o barco para me conectar, mas estarei ouvindo sua explicação Ananya, pode começar. — Quando a Esther se levantou, Ananya virou de frente para nós e se ajeitou como quem vai contar uma história para crianças.

― No passado o velho alfa, seu avô Nara, falava dessas coisas, ele previu que você seria a alfa de um povo poderoso.

― O erro dele foi prometer sua mão ao Cedrick. ― Esther comentou.

― Quer contar a história, Esther? Se não for, não se intrometa, fica na tua. ―Depois se virando para nós, ela continuou. ― Ele falava nas reuniões mensais do conselho, do nascimento de uma loba branca que se tornaria alfa e lideraria uma alcateia poderosa, essas lobas lutariam na batalha celestial ao lado dos anjos, essa alcateia seria de lobas diferentes tanto no sangue como na magia, seriam guerreiras escolhidas e delas nasceriam filhas semideusas, que povoariam essas terras e nunca mais a humanidade seria a mesma. Os outros anciões do conselho achavam que o velho alfa estava delirando até o dia que você se transformou pela primeira vez e que eles tiveram a certeza que seu reinado ia começar, pois a coisa mais rara é um lobo branco. ― Ananya se calou e Mor se intrometeu no meio mudando totalmente o rumo da conversa.

― Mas Lili por que não está em casa com a Nyxs, aliás como ela é? ―Mor perguntou.

Um sorriso genuíno apareceu no rosto da Lili, seus olhos brilhavam quando começou a falar da filha e abrir a mente para que todas ali pudessem ver sua filha, eu tenho a impressão que vi lágrimas nos olhos da Esther, quando ela percebeu que eu estava a encarando fez um gesto obsceno com dedo.

―Soca no teu rabo esse dedo.

Todas se viraram para ver com quem eu estava falando disfarçadamente Esther se voltou para terminar de fazer o portal mágico idêntico a uma porta de quarto toda trabalhada com runas todo o barco estava circulado com um escudo de invisibilidade feito com o pó e no primeiro degrau fora da água estava a porta.

― Agora que posso continuar com que ia dizer como estão vendo ela é linda, a cara da Ameth toda igual, a cor os cabelos os olhos, tudo nela é da Ameth, meu ela só tem o abuso, eu não entendo como uma pessoa passa nove meses com um ser na barriga, e quando nasce não tem nada seu. ― Lili sorria como uma boba de uma forma pura como eu nunca tinha visto.

― Ela está com quantos dias? É muito comilona. Ou dorminhoca? ― Mor continuava o interrogatório.

― Está com dois meses, cheia de dobrinhas em tudo quanto é parte do corpo, dorme muito e come mais ainda, a pobre da Ameth não sabe mais o que é dormir em paz, quando a Nyxs acorda aliás minha filha não acorda, ela estréia porque seu choro vem em todas as tonalidades de notas musicais e só pára seus gritos, quando Ameth conversa ou pega nela, parece que foi ela que pariu não eu. ― Como toda mãe de casal homoafetivo, Lili achava que a filha tinha preferência no amor, o que não é verdade, só que toda criança já nasce sabendo a quem manipular para conseguir o que quer.

― E como vocês trans*m, bem eu imagino que transe, não é? ― Gilles levantou e foi ajudar Esther com a porta, as duas desceram os degraus e com os pés na água colocaram a Aldrava de frente para tudo, do jeito que ela gostava. Por isso mesmo a voz de Gilles que veio lá de baixo estava meio espremida pela força que estava fazendo, terminando de fixar a aldrava na porta mágica.

― Para que possamos trans*r tem que esperar minha filha dormir, ainda bem que ela dorme muito, é a bichinha fechando os olhos e eu abrindo as pernas. —  A gargalhada foi geral.

― Então vocês estão se dando bem, o laço da parceria se completou? ― Esther perguntou passando para Gilles a Aldrava cheia de pó e juntas colocaram na porta.

― Sim, minha bruxinha é uma caixa de surpresa, sem contar que ela tem uma boca que me faz perder a vergonha.

― Qual vergonha sua vagaba, quem perdeu para você achar essa preciosidade?

A cara safada que Lilith fez foi o suficiente para comprovar que eu tinha dito a verdade, todas nós rimos à vontade com suas caras e bocas.

― Me respeitem que sou uma loba laçada, e morram de inveja todas vocês, sou muito bem comida minha bruxinha fode como eu nunca vi ou senti nesta piriquita ensandecida, ela é capaz de dar três sem tirar de dentro, Scire e Dafo estão chamando-a de “meu irmão garanhão”, ela fica louca, já quebrou o Nariz do Scire umas quatro vezes, mas não tem jeito.

―E vocês estão morando onde, na Esther ou na Ananya? ― Mor perguntou.

― Na primeira semana ficamos na casa com a mamãe, enquanto Ameth ou melhor os trabalhadores erguiam uma casa para nós agora estamos morando na nossa casa, junto com a Mel que que está com seis meses quando saímos de lá tinha uma barriga imensa, ela vai ter duas meninas e um menino estão erguendo a casa delas perto da minha outra casa, mas lá na frente, foi ordem da minha bruxinha.

― Então quando tudo isso terminar, a reserva estará cheia de bolinhas? ― Agatha perguntou.

― Sim e acredito que já está na hora de ir buscar sua companheira, nós a encontramos na boate onde Lili é sócia. ― Eu comentei e Agatha sorriu daquela forma misteriosa que só ela tinha.

― Awa a garotinha foi quem me levou para a mãe dela no dia que se acidentou, foi bater o olho e saber, mas ela está fazendo jogo duro e eu respeito isso. Mesmo que a Awa seja filha legítima, a mãe continua sendo virgem ela nunca transou com um homem ou mulher a garota foi concebida. Por inseminação e nasceu de uma cesariana portanto ainda está com o selo de garantia. ― Agatha explicou da forma espontânea que sempre foi.

― Virgem santa puta, sabe o que mais minha irmã eu acho que ela não está afim de trepar contigo e inventa essa baboseira.

Fumaça negra subiu no ar e passou pela porta indo cair lá embaixo na areia, quando olhamos duas lobas rosnavam com o focinho abaixo em posição de ataque e com os dentes de fora a loba negra olhava a loba cor de melado, acompanhando cada movimento, encurralando e obrigando a sair do contra ataque, foi só um movimento da Mor e a loba negra, mordeu seu pescoço não com toda força, mas o suficiente para a outra se render.

― Parem já com isso as duas, eu não criei filhas para viverem brigando feito cachorras no cio. ― Ananya gritou. ―Subam agora suas engraçadinhas.

― Foi a Mor que começou mamãe.

― Pode ser, mas você está treinando para não perder o controle com ofensas, e não foi isso que vi agora o que vi foram duas lobas se comportando como crianças. Venha Mor quero fazer os exames para saber o que está acontecendo. — Ananya saiu para a cabine onde transformou em seu laboratório com tantos frascos de tampas coloridas espalhados em fileiras, e começo a coleta de sangue e colocado em frascos com tampas, vermelha para examinar a sorologia, roxo com coagulante para exames hematológicos, e o cinza para glicemia coisa que nunca sabemos o que era.

Uma a uma foi esticando o braço e sendo retirado o sangue, inclusive o da Ananya quem coletou foi Esther no momento em que entrou no laboratório para retirar o seu.

Ananya colocou os tubos com o nome de cada loba no analisador hematológico.

― Morgana vem aqui filha. ― Quando Mor se aproximou ela pediu. ― Filha pega ali a contagem de leucócitos, plaquetas, hemoglobina de cada uma e me passa quero comparar e ver se forma um padrão. Como já tenho a ficha médica de cada uma, dá para saber se houve alteração, antes e depois de passarmos pelo rio. Só assim posso pensar em outra forma de descobrir por que estamos todas com inchaço na vagin*.

Mor foi para o lado da mãe e o silêncio tomou conta de tudo mais uma vez e ficamos todas sentadas observando o mar subir cobrindo toda a parte da areia onde passamos, olhando agora tudo era mar e estava entrando na gruta onde saímos, então onde o barco estava ancorado deveria estar muito fundo agora.

Mais uma vez tudo escureceu assim do nada, estava um sol forte no meio do firmamento e de repente a escuridão apareceu ao longe dava para ver uma única estrela, não tinha como nos orientar pelas estrelas.

― Nada não encontrei nada de doença no nosso sangue, pelo menos não as doenças comuns, agora pude observar uma leve anomalia nas células vou fazer outro tipo de exame o mesmo que fiz na Ameth quando ela começou a andar.

―Que tipo de exame mamãe? ― Lilith ficou de pé perguntando.

― Vou examinar as células contidas no sangue para determinar seu padrão cromossômico, vou colocar algumas células em cultivo até atingirem a etapa do ciclo celular, essa fase é chamada de metáfase, que consiste em ver o material genético bem condensado e todos os cromossomos ser mais facilmente visível. — Ouvimos um estalar ou mais propriamente dito uma fechadura ranger, saímos em ponto de ataque quando ouvimos uma voz conhecida.

― Gilles seus filhos estão chegando, precisa levar a princesa de Ébano, a senhorita Agatha, sua futura filha Awa sofreu um acidente e está em estado de coma. Ela precisa voltar, vocês duas precisam estar de volta. Podem ir.

Uma nuvem preta surgiu e levou embora Gilles e Agatha.

Fim do capítulo