Capitulo 8
ELISA
Desde o dia que Ágata estivera em minha casa, percebi pequenas mudanças nela. Para começar, Ágata passou a preocupar-se mais com sua aparência, chegava à escola com o cabelo de um modo diferente a cada dia, parecia está testando um visual novo para ver o que mais se adequava a ela. Eu particularmente preferia seu longo cabelo solto, disse isso a ela uma vez quando sentara ao meu lado na sala de aula. Ela me olhou envergonhada, talvez porque eu tivesse percebido sua mudança de atitude.
Perguntei a Ágata sobre o que conversara com minha mãe, ela dissera que mamãe queria conhecê-la melhor, saber do que gostava e o que pretendia fazer no futuro. E dissera mais.
-- Sua mãe estava no hospital quando sofri o acidente, você sabia disso, Elisa? -- Perguntou Ágata, séria.
Confirmei com um aceno de cabeça. Ela pareceu refletir e disse:
-- Isso sim é uma coincidência, não acha?
Eu apenas concordei com sua pergunta retórica.
-- E você e meu tio, sobre o que conversaram? -- Perguntou ela, após um tempo.
-- Sobre você -- Respondi.
-- Não me surpreende.
-- Você é bastante querida, garota. -- Falei, descontraída.
Ela riu.
-- Bem, já está na hora de mudarmos o assunto da conversa, não acha? - Disse eu - Próxima vez, falaremos sobre mim.
-- Acho essa uma boa ideia -- Disse ela, entrando na brincadeira -- A partir de agora falaremos apenas sobre você, senhorita Freitas. Todas as conversas serão sobre Elisa, a Rainha do Yves...
Rimos juntas.
A mudança de Ágata também chamou atenção de outras pessoas. Becca insinuou que Ágata estivesse renovando seu guarda-roupa. Já que, aos poucos, Ágata também passara a se vestir de modo diferente.
-- Só espero que isso não tenha nada a ver com o que minha mãe disse. -- Comentou Becca -- mas devo admitir que ela esteja ótima. Digo, do que jeito que está agora... Bem, você sabe o que eu quero dizer...
Pensei no quanto foi difícil para Becca admitir aquilo. Mas era verdade, todos viam, Ágata chamava cada vez mais atenção de todos nos corredores do colégio. Sua beleza natural estava cada vez mais realçada, não sei se ela percebia os olhares dos outros postos nela. Eu entendia como era isso, por experiência própria, já estava acostumada com aquilo, mas Ágata não. Nos jogos de vôlei, seu pequeno fã clube crescia cada vez mais, eles a adoravam. Após um dos jogos em casa em que fomos campeãs, muitas pessoas cumprimentaram Ágata, ela respondia educadamente. Mais tarde, comentou o quanto era estranho ter tanta gente gritando seu nome.
-- É melhor ir se acostumando com isso, amiga. Para não decepcionar seus fãs...
-- Engraçadinha -- Falou ela em tom de deboche -- Agora sei como é ser você.
Não pude deixar de rir.
-- Bom saber que você tem senso de humor, Ágata.
-- Isso é por sua causa, você desperta o melhor de mim, Elisa.
Seu comentário me desarmou tão completamente que fiquei sem palavras. Acho que corei tanto que Ágata também não soube o que dizer.
-- É melhor eu ir logo -- Falou ela, após um silêncio constrangedor -- Até amanhã, Elisa.
Olhei para Ágata enquanto ela se afastava. Eu estava paralisada, parecia que meus pés haviam se colado ao chão. Eu não conseguia mais ficar indiferente ao que sentia quando estava com Ágata. Ela me fazia tremer em sua presença, meu coração acelerava e eu sentia um frio na barriga. Eu me perguntava o que estava acontecendo comigo. O porquê não conseguia controlar minhas emoções quando estava em sua presença. Demorou um tempo para entender que Ágata despertou algo em mim que eu nem mesmo sabia que era possível sentir. Não só minhas emoções eram confusas, mas meu corpo também respondia a ela, me provocando sensações novas. Era difícil admitir para mim mesma. Às vezes, preferimos não saber, talvez por medo, para nos proteger ou simplesmente porque nos falta coragem. Sempre tive medo de confiar nos sentimentos, pois eles podem ser traiçoeiros. Mas que bem pode haver negar com a razão o que o coração já descobriu antes de nós?
Fim do capítulo
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