Capitulo 29
CAPÍTULO 29
TRÊS RIOS
O rio corria numa velocidade infernal, para onde ninguém sabia, eu precisava tomar uma atitude antes de ser tarde demais.
― Segurem em mim onde puderem. ―
Eu gritei por cima do barulho das águas correndo, estava correndo rápido muito rápido para ser normal era como se ele quisesse nos afastar dali se continuássemos nas águas íamos nos perder isso com certeza, pensei nas minhas setas dentro da aljava se eu pudesse alcançá-las. Foi rápido a respostas, duas das setas apareceram na minha mão.
― O que vai fazer Nara? ―Esther gritou tentando a todo custo se manter bem próximo a nós para que a gente não se perdesse na enxurrada que surgiu de repente.
Não tive tempo de ficar surpresa com as setas, imaginei fincando elas firmes na ribanceira e me segurando com as duas mãos, foi exatamente isso que aconteceu, nem bem pensei e já estava segurando as setas, Esther por pouco não foi levada pela correnteza, já Morgana estava bem agarrada a meu pé e fazendo um esforço grande para subir até meus braços, vinha praticamente escalando meu corpo quando chegou na beira do rio saltou caindo na areia fina, seguida de Esther que ao ficar de pé me puxou pela mão. As setas voltaram para dentro da aljava que para nosso espanto estava seca como se nunca tivesse sido exposta a correnteza, examinamos as poucas armas que tínhamos, e por incrível que pareça estavam todas secas parecia até que tinham saído da loja naquele instante incluindo a pouca roupa que usávamos tinham a mesma aparência. Afinal de contas, o que estava acontecendo?
Quando as garotas viram eu passar a mão no meu boldrié e minha aljava e encontrar elas secas, mesmo ciente que tínhamos acabado de sair da água todas estavam sem entender nada foi Mor quem primeiro perguntou.
― O que está acontecendo aqui Esther? ― Passava a mão por cima do tecido rasgada de sua camiseta e partes da calcinha onde tinha mais tecido que era a parte da frente, eu não entendia como uma fêmea podia usar uma calcinha com uma tirinha fina enfiado na bunda, aquela tira de tão fina aquilo devia doer muito até a pessoa se acostumar. Essa tirinha deve ser boa para amarrar o cabelo, isso sim, seria melhor andar nua.
― Estamos em um mundo mágico. — Quando Esther começou a explicação eu parei de criticar a calcinha da Mor para prestar atenção aos detalhes narrados por Esther. ― Numa dimensão desconhecida para ser mais exata, aqui se parece muito com Sodoma as características são muito parecidas, mas também podemos estar dentro de uma das cavernas do reino de Hades, que é o mais provável, por não ter vida aqui, e esse rio se não for um braço do mar morto ou o mais provável um dos braços do rio de Estige. ― Esther ia continuar quando Mor com sua mania de historiadora interrompeu.
― Pode ser também o Aqueronte ou o Flegetonte.
― Não, não pode o Aqueronte é o rio da dor, e o Flegetonte é o rio de lavas quentes, e esses aqui não se parecem com nenhum desses dois. ― Apontou para os rios e fitou a correnteza subir. ― O rio está subindo muito depressa e ainda temos uma missão a ser cumprida, que é encontrar o anjo, que tanto pode ser uma um humano de coração puro ou um bruxo poderoso.
― Lembra de algum bruxo assim? ― Eu perguntei.
― Infelizmente não existem mais bruxos poderosos, o único bruxo poderoso que conheço é meu filho Kessa, que está em Machu Picchu e foi convocado para Ucrânia, mas já voltou, para reclusão. ― Esther se perdeu em pensamento no seu filho de vidas passadas que tinha chegado na reserva capturado por nós do cativeiro em que vivia.
Todas nós sabíamos do poder devastador do Kessa, que tinha o dom da morte e mais tarde descobrimos que o dom dele era o de tornar a morte menos dolorosa para quem partia sem ter chegado a hora, ele ficava segurando a mão da pessoa até ela fazer travessia. Enquanto sua irmã gêmea o dom era de trazer a vida quem não deveria partir, onde Maya tocava, a vida surgia no mais belo esplendor, os dois estavam recolhidos estudando a vida.
― Bem continuando o que eu estava dizendo, não sabemos quem vamos resgatar, mas temos um grupo de seres divino que quer que tenhamos sucesso e vem nos ajudando com magia de outro mundo e tem um que quer nos foder, e se tudo der errado aqui estamos mortas no nosso mundo.
― Tem uma coisa boa em tudo isso. Tirando a coceira no meio das pernas que agora tenho certeza que está inchado, eu descobri que nossas armas obedecem a nossos pensamentos. ― Quando falei chamei para mim a atenção completa.
― Explique melhor, também estou sentindo minhas coisas inchadas aqui por baixo, o pior é que não posso nem passar a mão, saímos do rio e não sei o que tem nessas águas. Mas explique o negócio das armas obedecer. — Esther confessou.
― O que você pensar fazer com seus pós ele será feito e você Mor em quem pensar dar um tiro a bala será disparada sem você puxar o gatilho só pensar, foi o que eu fiz com as setas.
― Isso só confirma o que eu disse, não vou estragar meu pó mágico, mas mire em um daqueles demônios ali na parede e derrube um vamos ver como ele reage e você filha mire em outro.
Ficamos esperando quando uma porção deles começou a sair das fendas e entrar, Mor colocou o revólver na areia e pediu.
― Derrube dois demônios um de frente para o outro. — Dois tiros foram disparados silenciosos, à nossa frente dois demônios caíram, o incrível é que caíram em pé ou melhor não caíram ficaram presos na parede sem movimento algum um de frente para o outro cada um com um rombo na testa de onde saia uma lama esverdeada, os outro que apareciam nas fendas olhavam para todos os lados sem conseguir nos ver.
― Crave no meio dos cornos daquele monstros. ― Ameth só falou e uma faca apareceu bem no meio da testa do demônio que estava olhando os parceiros mortos e não teve tempo de puxar para se livrar da arma e nem saber de onde veio, ela mesma desapareceu no nada para ele e na palma da mão de Ameth que amarrou novamente em sua coxa.
― Vamos sair daqui rápido, mas antes chame suas balas e tire de lá antes que alguém poderoso pegue-as.
Esther falou um pouco tarde demais, em uma das fendas surgiu um grandalhão de pele roxa, com cascos no lugar dos pés de forma errado de trás pra frente as pernas curvadas e na pele de todo o corpo, vesículas grandes do tamanho de um limão espalhados em todo o corpo deformado, algumas se rompendo e escorrendo um líquido viscoso amarelado descendo na pele e em algumas partes criando uma crosta encardida e grossa, tinha um rabo de tamanho até pequeno mais cheios de anéis nas pontas com espinhos, sem pescoço, cabeça enorme pregada nos ombros, tornado o bicho mais feio ainda e na cabeça um par de chifres colossal em forma espiralada curvado para frente nas pontas do chifre pedaços de pele penduradas, como se a coisa tivesse estripado alguém nesse exato momento.
Ele se abaixou e todos os outros demônios que antes estavam perto se afastaram com um certo... eu não sabia dizer se era respeito ou medo. Ele enfiou o dedo no buraco feito pelo projétil no momento em que as balas estavam sendo expulsas dos corpos o contato dos seus dedos com a prata mágica parece ter queimado, pois ele urrou largando os mortos e vindo para a frente da fenda, cheirando o ar e olhando direto para onde estávamos, mas não nos via, senti a mão de Esther me tocando bem leve e olhei.
― Psiu! Ele não está nos vendo, mas sabe que estamos aqui, vamos embora, antes que as coisas fiquem pior.
Saímos de fininho olhando para o monstro que nos procurava sentindo o ar, Quando ganhamos uma boa distância corremos sem olhar para trás em momento algum, muito distante avistamos Gilles e Winie paramos antes de colidimos uma na outra.
― Tem um homem muito antigo preso lá na masmorra, ele tem um cheiro de rosas, está muito debilitado, tenho receio de que não podemos libertá-lo, não tem como passarmos aquela barreira.
― Mor acabou de derrubar os dois. Todas nossas armas obedecem aos nossos pensamentos, acho que isso nos dá uma vantagem, não é mesmo? ― Eu perguntei.
― Depende de quantos vamos estar falando.
― Esther temos a vantagem de você ter o pó mágico, tenho a impressão que um sopro dele derruba uma quantidade boa, e como tudo que recebemos tem magia, e nunca acaba como aconteceu com a minha água, eu bebi minha água toda, e aqui estão elas cheias. ― Eu mostrei as garrafas amarradas e penduradas. ― Então esses pozinhos aí também não acaba, você só precisa saber qual usar, o colorido serve para cegar, momentaneamente os lobos, e os outros como ninguém por enquanto nos ver vai testando. ― Às vezes em momentos como esse, quando temos a atenção da platéia, quando terminamos o que tínhamos para dizer e o silêncio é completo fico meio sem jeito, sem saber o que dizer ou fazer com as mãos, até que alguém desperta cheia de perguntas.
― Então se a mamãe entregar os potinhos de pó a cada uma de nós podemos usar no momento do perigo? ―
Ameth quis saber.
― Acho que não funciona dessa forma, cada uma de nós recebeu uma arma de acordo com a escolha feita não sei por quem, então essa arma só funciona na mão do dono. — Esther tinha a mesma linha de pensamento meu, as garotas refletiram e acabaram concordando, quando íamos seguir, eu senti um puxão na minha ligação com Amkaly.
“Fala amor, o que está acontecendo?” No instante em que parei em silêncio todas também pararam olhando pra mim que abri a mente baixando o escudo de proteção da minha mente para que todos ouvissem .
“A winnie tem que atravessar a Ameth agora, a Lili entrou em trabalho de parto e está praguejando feito os diabos a cada contração ”
Ouvimos um baque surdo e pensei que alguém tinha sido atingido, quando olhamos no chão Ameth tinha desmaiado.
Esther achou um bom momento para testar o pó mágico e seguindo seu instinto procurou cheirando cada frasco parou em dois cheirou um da cor cinza para ser sincera parecia mesmo cinza da queima de árvores, em seguida cheirou outro e voltou para as cinzas decidindo por essa, colocou um pouco na palma da mão e soprou próximo ao nariz da filha que ao sentir o pó entrar nas vias respiratória foi abrindo os olhos já boiando em águas e toda se tremendo, Mor que também estava nervosa e eufórica não se conteve.
― Caralh* eu vou ser tia...eu vou ser tia..que porr* é essa Ameth? Minha irmã está se lascando de dor e é você que desmaia, eu quero ir também, quero ver minha sobrinha nascer.
Mor andava de um lado para outro com as mãos na cabeça, Winie também, mesmo disfarçando, estava uma pilha, agora Esther, essa eu não sabia se estava feliz ou tinha enlouquecido de vez.
― EU VOU SER AVÓ...VOU SER AVÓÓÓ. ― Gritava e levantava a filha, as duas abraçadas choravam.
"Desculpe interromper o momento feliz, mas Ameth tem que vir logo. Mor você não pode vir, tem que ficar aí para ajudar no resgate. E Gilles você também tem que vir para reserva”
― Reserva??? O que diabos estão fazendo na reserva e quanto tempo já se passou? ― Gilles estava agora muito nervosa, sua voz tinha subido uma oitava acima.
“Seis semanas, ainda passamos um mês na frente da gruta, como não vimos mas nada, do nada Agatha veio nos buscar, como ela nos achou, a garota da Ameth apareceu em sonhos para outra garota aluna da reserva e ensinou como chegar lá, aí já viu né? Vieram todas e voltaram para reserva.”
“Minha linda, pirou a cabeça de todo mundo aqui, ninguém está entendendo nada.”
“Ameth nossa filha está nascendo, puta que pariu aiiiiiiiii, que dor infeliz!
O grito ainda estava ecoando na caverna quando Ameth chegou na reserva.
Fim do capítulo
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