17. Garotas só querem se divertir
— Ana?
Ela estava ali, com os olhos fechados, como se o mundo ao redor não existisse. Era o meio da tarde, e o sol entrava pela janela do quarto de Laura, fechado, pouco ventilado pelo ar quente que vinha de fora. A visitante, com os pés descalços e pálidos, a camiseta gasta estampada que estava parcialmente levantada mostrando sua barriga esguia e o rosto que começava a mostrar as pequenas e sutis gotículas de suor.
O som analógico tocava baixo de fundo, já que tinha o risco de serem surpreendidas por uma chegada inesperada, fora de hora. Laura, por outro lado, com um dos seus habituais vestidos floridos – esse com pequenas margaridas delicadas que corriam por todo o tecido – e os pés que tocavam o de Ana Clara, os ombros apoiados no colchão, encarando as pequenas nuances daquela garota deitada em sua cama.
Abriu os olhos quando a chamou, e viu que os de Laura, escuros e gentis, estavam mais perto do que imaginava.
— Sim?
— O que faremos?
Ela fechou os olhos mais uma vez. Total Eclipse of the Heart começou a tocar ao fundo, quase inaudível, e Ana Clara resmungou, trazendo-a para si.
— Sobre o quê?
— Sobre nós... – Laura tentou manter a compostura, por mais que ficar deitada com o corpo parcialmente sob o dela fosse tentador – você vai embora?
Não queria ter aquela conversa, mas sabia que a teria no momento em que aceitou ficar a sós com ela depois de tudo que tinha acontecido até então.
— Eu não sei, eu... – Ana Clara se levantou, sentando-se na cama, suspirando – não faço ideia. Tipo, o que seria de mim se eu ficasse? Não ia desaparecer?
— O quê? – Laura cerrou os olhos, fazendo uma careta – Por que isso aconteceria?
— Sei lá, como eu vou viver aqui se eu ainda não nasci? – ela deu com os ombros.
— Mas você não está aqui agora?
— Tá, mas e quando eu nascer? Vou resetar ou vai existir duas de mim? – Ana Clara disse com estranheza das palavras que acabava de proferir.
— Não sei... – ela pressionou os lábios – na verdade, ainda não consegui digerir essa história direito. Só estou acreditando porque é maluco demais pra ser só invenção de vocês, ainda mais com aquele negócio que chamam de...?
— Smartphone? – respondeu Ana Clara levantando a sobrancelha, e Laura se presta a concordar com um aceno – Vai por mim, aquilo é mais comum do que pode imaginar.
— Tá, Ana Clara, mas... e eu e você? – ela fazia um bico com os lábios – Como nós ficamos?
— É como a Júlia disse, a gente não faz ideia. Só... – ela expirou devagar – temos que esperar o momento certo pra agir do jeito que falamos, lembra?
— Mas isso está me deixando aflita pra caramba – Laura colocou a mão no peito, fazendo menção da angústia que era causado – eu nunca sei que dia vai ser...O dia, entende?
— Eu sei, mas... – ela procurou por suas mãos, entrelaçando seus dedos ao dela e beijando suas mãos – Você não está só, lembra? Eu estarei contigo, a Cora, até mesmo a Ju com aquela cara de nenhum amigo dela.
Ana Clara imitou as feições sisudas de Júlia de um jeito exagerado, o que fez Laura rir mesmo sem querer.
— E, enquanto isso, não podemos apenas fingir que somos como qualquer uma e aproveitar o momento?
As palavras ditas por Ana Clara corroboravam com o que Laura mais queria. Só queria ser ela mesmo, e aproveitar os poucos momentos que tinha a sós com a estimada visitante.
A amava? Ainda era cedo pra responder, mas podia responder com certeza que estava apaixonada, e ainda por cima a desejava como mulher. Nada que já não fosse correspondido à mesma altura.
— Então... – Laura pousou a mão sob a barriga de Ana Clara, deslizando os dedos sob a camiseta que estava acima – posso?
Nunca tinha se dado o direito de estar assim com alguém. No fundo, em algum pensamento perdido solitário à noite, cogitava a ideia, mas nada como agora. Ana Clara, com os olhos respirava devagar, deixando o ar sair pelo nariz lentamente ao ver que seu peito se mexia conforme o movimento, a mão desnuda a qual a sua logo procurou, ajudando no caminho que queria tomar.
Os pequenos sinais perdidos pelo seu rosto, uma cicatriz quase imperceptível em seu queixo, as suaves olheiras de suas conturbadas noites, seus lábios que tinham mínimas fissuras e que ainda estavam avermelhados do beijo dado mais cedo...
E o toque de suas mãos sobre ela. A mão de Ana Clara segurava a sua, terna, guiando ela por aquele caminho desconhecido. Laura ofegou, e fechou os olhos. Talvez se só sentisse, não temeria algo que sempre quis. Seus dedos brincavam por aqui, tocando cada parte do queria, e ela mordia os lábios devagar, até que abriu os olhos e viu que Ana Clara a encarava, com os olhos cerrados.
— O que foi? – ela perguntou envergonhada, como se tivesse pega fazendo algo errado.
— Só estou te olhando.
Sua voz saiu como um sussurro, e Laura sentiu aquele antigo amargor em sua língua, junto com aquele movimento em específico que tomou conta do seu estômago e que o faz revirar, te faz suar frio e ainda mais, faz com que não queira sair dali nunca mais.
Não pensou duas vezes a se aproximar de Ana Clara e voltar a beijá-la com afinco enquanto a mesma a prendia em um abraço. O sussurrar de seu hálito quente após o beijo só pedia por uma coisa, enquanto se encaravam a centímetros uma da outra.
— Eu quero você.
Quando Laura ouviu aquilo, seu corpo foi tomado por um arrepio que vinha da sua nuca e tomou conta dela por inteiro. Ofegou e sentiu suas pernas contraírem, mas não sem fincar suas unhas lentamente contra ela e, em um passo ousado, levantar a sua camiseta por inteiro. Já Ana Clara se prestou a, lentamente, subir o vestido de Laura, que se colocou sentada em seu colo.
— Pode repetir? – ela sussurrou para Ana Clara, que deu um sorriso sugestivo de canto.
— Eu... – disse ela, com os lábios roçando em seu lóbulo esquerdo – quero você.
E voltaram a se beijar com a paixão que tinham ali, que vinham em seus poros e desaguavam em seus corpos entrelaçados, lábios compartilhados e suspiros de tesão.
Já do outro lado, se escutava um barulho seco soando contra uma superfície metálica. O canivete de Júlia fincou em uma latinha, atravessando-a, e ficou encarando o objeto ali, inerte. Cora apareceu por trás dela e se sentou ao seu lado.
— Você tem uma pontaria e tanto – disse ela impressionada, mas Júlia nada disse, dando com os ombros – então, o que está te incomodando agora?
— Seja sincera comigo – ela se levantou, indo pegar a canivete de volta – acha que Ana Clara vai querer voltar pra casa?
— Bom... – Coralina cerrou as sobrancelhas, pensativa – ela deve, não?
— E acha mesmo que ela vai ligar pro que deve? – Júlia girava o canivete entre os dedos com destreza, voltando ao seu lugar.
— Eu não sei... – dessa vez era ela que dava com os ombros – A Ana Clara é toda...
— Emocional demais.
— Não vejo isso como um defeito, mas seria isso – Coralina ponderou – ela se guia muito pelos sentimentos dela.
— Ela está apaixonada pela garota – Júlia bufou, deixando o ar sair entre os dentes – acha mesmo que ela vai largar de mão alguém que gosta por um futuro incerto?
— O que quer dizer com isso, Ju?
— É simples... – Júlia pegou o canivete de volta – se a pessoa que eu gosto vive há uns trinta e cinco anos pra frente, não tem alguma coisa bem errada aí?
Coralina arqueou as sobrancelhas por um segundo. Não tinha parado pra pensar nessa hipótese.
— E se o futuro que conheço não me acrescenta em nada, por que eu voltaria? – Júlia se voltou para Coralina, que ouvia a tudo com atenção – Eu particularmente tenho muito a ganhar voltando, assim como outras pessoas, mas e Ana Clara? Ela só perdeu um irmão que nem se lembra e que pra ela não faz diferença. Não tem como sentir falta de uma coisa que não temos, não é?
— Mas Ana Clara não pertence a esse lugar, digo... – Coralina começava a gesticular – não faz sentido. Não pode dar algum problema lá na frente ou até mesmo aqui?
— Eu não faço ideia – ela deu com os ombros – mas se já foi difícil convencer a sua amiga a se impor quando tiver que ser, imagine ter que separar as duas.
— É... – Coralina coçou a cabeça devagar – é, nisso você tem razão, mas Júlia...
Coralina piscou algumas vezes, parecendo que tinha deixado passar um ponto óbvio esse tempo inteiro.
— E se vocês não voltarem?
— Como assim? – Júlia perguntou em um tom nervoso – Se viemos, temos que voltar, não é? A gente nem existe ainda, teoricamente.
— Sim, mas... – Coralina ajeitou os óculos embaçados pelo calor – vocês vieram do nada, como é que vão voltar? Do nada também?
Júlia ficou em silêncio por alguns minutos, engolindo em seco. Não tinha pensado nessa possibilidade em momento algum. Pra ela era certo de que um jeito ou de outro, quando resolvessem o problema, voltariam pra casa.
Mas Coralina tinha razão. Como voltariam do nada? E se tivessem que ficar ali? E se o fato de não terem nascido não quisesse dizer nada e o papel delas era ficar ali, como uma falha temporal.
— Não estou falando que vai acontecer – reiterou Coralina – mas é uma possibilidade.
— Não – Júlia levantou o indicador, apontando para Coralina – você tem toda razão. Eu fiquei tão presa só na possibilidade de arrumar as coisas que esqueci que tem a de não voltarmos mais.
E respirou fundo, lentamente, deixando o ar escapar aos poucos das bochechas infladas tentando se acalmar.
— Por Deus... – ela colocou a mão no queixo – e como ficam as coisas?
— Vai ver vocês são a heroínas e... – Coralina encolheu os ombros – se sacrificam por isso. Ana Clara casa com a Laura, o que não seria ruim – ela riu, tentando distrair – e você...
“Fica com o peso do passado, de viver o presente e ter visto um futuro, pensou Júlia consigo. Não conseguia pensar em ver uma outra dela, só pensava em como lidaria com o fato de seus pais não reconhecerem. Nenhum deles, e ficar com a iminência do receio de não ter conseguido mudar nada.
— Talvez seja você a pessoa que vai impedir tudo de acontecer. Não é tão ruim, né?
E se tudo já tiver acontecido e isso estiver se repetindo?
A ideia fez seu corpo arrepiar mesmo no calor, mas logo Coralina tratou de chama-la para longe daqueles pensamentos apoiando a mão em seu ombro, tentando confortá-la.
— De qualquer jeito, você já é da nossa família.
Júlia voltou a olhar pra Cora, que retribuía com um olhar fraternal, e o sorriso amigável que sempre estava com ela. E, em um de seus raros momentos, ela sorriu de volta e segurou sua mão, afagando-a.
— Obrigada, Cora.
Só que, para a sua outra parte, nada disso passava em sua mente. Na verdade, qualquer coisa relacionada a isso estava longe de passar, sobretudo quando estava nos braços de outra mulher praticamente desnuda, em meio a carícias cada vez mais acaloradas. Sua boca descia por sua amada lentamente, desbravando cada pedaço do seu corpo, encontrando cada detalhe e o guardando em sua mente, em seu toque.
Ela já estava deitada, sentindo apenas o toque delicado correr por sua cintura enquanto a beijava, pensando o quanto isso era bom e como tinha se resguardado por tanto tempo de sentir isso. Parecia que sua vida antes disso não fazia nenhum sentido, e que agora tudo se resumia a aquele sentimento.
Ana Clara beijava sua barriga, se deleitando em cada parte daquilo, se debruçando no prazer sentido. Como ela a queria, a desejava, e parecia se não a tivesse ali, iria enlouquecer. Nunca tinha sentido isso por garota alguma, porque seus sentimentos por ela eram tão vívidos que uma simples troca de olhar fazia seu corpo se arrepiar, assim como faziam ali.
Uma pequena peça de roupa a dividia do seu prazer máximo, e ela também parecia não se importar com mais nada além daquilo que se seguiria. Deslizou os dedos até ali e, os prendendo em seus cabelos, mostrou o que queria.
Só que, antes que fizesse menção a obedecer seu comando, ouviram o barulho do portão da frente. Ana Clara deu um pulo para trás assustada, assim como Laura que olhava para tudo ofegante.
— Puta que pariu, puta que pariu... – Ana Clara procurava por sua camiseta, sussurrando nervosa – e agora?
— Calma... – Laura segurou sua mão, pegando o vestido que pendia de lado – calma...pega.
Entregou sua camiseta e, enquanto se vestiam rapidamente, Ana Clara visivelmente nervosa e com o coração batendo tão rápido que mal podia controlar, ouviram passos se aproximando. Laura, por outro lado, arrumou o cabelo e se sentou, fazendo menção para que ela fizesse o mesmo. A fechadura girou, e logo viu a figura masculina entrar.
— Laura, você está... – ele mal entrou quando viu Ana Clara, e cerrou os olhos – acompanhada?
Ana Clara era péssima em disfarçar as coisas. Suava, as mãos tremiam mesmo escondendo-as entre as pernas e olhou para o irmão dela sem dizer nada. Ele logo reconheceu que era a menina do outro dizia, que ela dizia ser amiga de Cora e nada além disso.
— Certo... – ele cruzou os braços – você é a...?
— Ana Clara – ela respondeu de imediato – sou, é...
— Amiga da Coralina, né? – ele meneou com a cabeça, andando até ela – Já te vi por aí.
Ana Clara sentiu o suor escorrer pelo seu rosto enquanto ele a encarava sério, até que ele olhou de relance pra Laura sem dizer nada. Ela, por outro lado, continuava séria e com a postura rente.
— Bem, já que está ocupada, eu...
— Não, eu já estou de saída – Ana Clara se levantou de prontidão – é...nos vemos amanhã?
— Claro – ela deu um sorriso acanhado pra ela – te acompanho até a saída.
Saíram do quarto sem dizer nada, mas no portão, Ana Clara parecia ainda mais tensa.
— Tem certeza que está tudo bem?
— Vai ficar melhor na próxima – e segurou o queixo dela por uns instantes, deixando a sugestão no ar. Foi o suficiente para que Ana Clara sentisse o peso de seus ombros dissiparem.
— Então... até logo?
— Até – Laura respondeu beijando seu rosto ao se despedir.
E voltou para casa, onde seu irmão acendia um cigarro e, depois de uma breve tragada, bateu as cinzas no cinzeiro que ficava na sala.
— O que essa garota é pra você? – disse ele sério, deixando a fumaça se esvair - Você já sabe o que falam de você por aí.
— Que eu sou entendida? – ela deu com os ombros – E se eu for?
— Tem noção do que está falando? – ele perguntou em tom desgostoso, cerrando os olhos, o que a fez sentir raiva.
— Sinceramente – ela respondeu impetuosa, revirando os olhos – não quero ter essa conversa contigo.
— Não para pra pensar se é nossa mãe te pegando assim? – ele diz tragando o cigarro novamente.
Então Laura cerrou os punhos, sentindo-se impotente.
— Eu não estava fazendo...
— Não inventa de mentir pra mim – ele apontou para fora com o cigarro.
Será que essa era a hora que Júlia tinha dito pra ela? Ou um teste que a preparasse para o momento certo? De qualquer forma, era assustador. Muito mais assustador do que era em seus pensamentos, mas muito mais real do que imaginava, e estava ali a poucas palavras de se concretizar. Aquilo era para o seu bem mesmo? Viver a sombra era mais confortável, mas...
Não conseguia parar de pensar no que sentia quando estava com ela, e no que ela proporcionava em sua vida mesmo com poucas coisas. Era como se a relação que tinham fosse como abrir as cortinas de um lugar escuro há tempos demais.
— Então?
O cigarro queimava devagar, a brasa fazia a fumaça densa subir entre os lábios dele e o olhar sério e firme aguardando a resposta, apoiado na parede.
— Laura, estou falando com você.
— Não somos só amigas – ela disse com a convicção que podia dar.
Ela se sentiu fraca, cansada demais para agir, mas ainda assim, não podia mais voltar atrás. Sabia que isso se discorreria mais cedo ou mais tarde no momento em que decidiu que faria diferente do que já havia acontecido.
— É o que eu tenho pra te dizer – Laura cerrou os punhos, fechando os olhos – eu não gosto de garotos assim. Nunca gostei, você sabe.
José era seu irmão, seu confidente, o mais próximo que tinha de uma família acolhedora justamente porque ele era o único filho homem e sobretudo, o mais velho. Ele nada disse. Não fez reação a nada, nem surpresa, nem tristeza. Terminou de fumar o cigarro em minutos que pareciam intermináveis, e apagou a bagana no cinzeiro, deixando o ar escapar de seus pulmões.
Foi até Laura, e segurou seu ombro, ficando ao seu lado.
— Esse assunto morreu aqui.
Seus olhos estavam marejados, mas ele não quis demonstrar, culpando a fumaça que estava ali e saindo da sala, deixando Laura sozinha sem conseguir compreender se seu irmão estava furioso ou conformado.
Ele sabia bem disso, só esperando o dia em que ela falasse, se assim o fizesse. Que aquilo não fosse só uma mera impressão que tomava forma com o passar dos dias. Cansou de apresentar amigos e conhecidos que ficavam gamados nelas, mas nunca correspondeu nenhum deles. Pensou que talvez com o cara certo fosse diferente, mas por que esse tal nunca aparecia? Ninguém. Cogitou que ela fosse só reservada, afinal tinha alguns conhecidos da comunidade, mas só Coralina como amiga de fato, e ali era só amizade escancarada.
Então começou os comentários de que ela talvez fosse entendida. Era pra frente demais, como alguns diziam, seja defendendo as paradas gays e as bandeiras coloridas, se simpatizando com as causas, e por aí vai. Transgressora demais pra uma família tradicional, poderia ser má influência até pras irmãs mais novas, levando a mãe ao delírio e o pai a uma cara fechada e ausente.
Então apareceu essa garota, de lugar nenhum, de família desconhecida. Mesmo da primeira vez que as viram juntas, já tinham esse olhar visivelmente apaixonado e recíproco. Nunca tinha visto a irmã tão próxima de alguém, como se aquela garota realmente a compreendesse mesmo com todas suas particularidades. E desde aí sua postura tinha mudado. Estava mais animada, feliz, comunicativa.
E o que faria? Interferiria em prol da família ou fingiria que não sabia de nada do que estava acontecendo?
Pegou e acendeu outro cigarro, já no meio do caminho do local onde deveria ir.
Não queria vê-la infeliz,mas também não queria se meter nesse assunto pessoal. Talvez fosse só uma fase, uma empolgação a qual se tem quando encontra alguém que gosta das mesmas coisas que ela. Nada mais que uma mera amizade...
Mas quanto mais pensava, não conseguia ver aquilo como só coleguismo. Havia aquela coisa no ar que se tem quando um casal está junto e tenta controlar a todo custo seus impulsos ao ver um ao outro. Sabia disso porque já sentiu aquilo por outras mulheres, e por conta disso identificava bem. E esse era o motivo de sua angústia.
Enquanto andava sem rumo com o cigarro nos lábios, Laura se sentou no sofá da sala, desacreditada que realmente tinha feito o que tinha feito. Ana Clara chegou em casa e fez o mesmo, com Júlia sentada na poltrona, assistindo a um programa de auditório, procurando se distrair.
— Como você sabia que ia acontecer essas coisas? – disse Ana Clara em um sussurro – como você sabia?
— Do que você está falando? – ela respondeu sem virar o rosto.
— Das coisas...que estão se desenrolando, entre nós.
Elas se voltaram para os participantes do programa rindo e as dançarinas seminuas de fundo animadas, a imagem que vez ou outra era cortada pela estática.
— Só tenho bons palpites – e olhou de soslaio pra Ana Clara – não acha?
Fim do capítulo
Se reacoloquem em seus lugares, porque a confusão só está começando.
E então, quem está acompanhando, o que acha que vai acontecer? Laurinha vai segurar o rojão de se assumir? Ana Clara vai querer ficar no passado mesmo? Ou melhor, vão ficar nessa época mesmo? Será que o palpite de Júlia estava certo ou foi um tiro no pé?
Saberemos disso e muito mais nos próximos capítulos...
Comentar este capítulo:
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:
[Faça o login para poder comentar]