Um pouco de investigação com um pouco de amor, sempre vale a pena.
Capitulo 24 - Viram as paginas do diário...
Oh! meu bem-amado.
Quero fazer-te um juramento, uma canção
Eu prometo, por toda a minha vida
Ser somente tua e amar-te como nunca
Ninguém jamais amou
Ninguém
Oh! meu bem amado, estrela pura aparecida
Eu te amo e te proclamo
O meu amor, o meu amor
Maior que tudo quanto existe
Oh! meu amor.
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Por toda a minha vida tocava no bangalô ao lado, enquanto o vento soprava forte, balançando a janela de madeira, acordando Maria Rosa, a policial levantou tentando fazer o mínimo barulho para não acordar Samira, abriu a boca, coçou os olhos, espreguiçando o corpo, indo em direção a janela. Estava trancando as treliças, quando de longe viu uma moto estacionar cantando os pneus. Seguiu seus instintos policiais se escondendo atrás da janela para observar melhor a mulher que desceu esbaforida, tirando o capacete e o capuz do agasalho, só assim pode ver a cascata vermelha e cacheada descendo até o meio das costas, a ruiva encostou no carro ao lado, espalmando as mãos no capô para arfar, estava hiper ventilando. Em seguida, tirou do bolso uma liga, prendendo os cabelos em um rabo de cavalo, encostou no carro, tirando um caderno grosso de dentro do moletom, que abraçou forte para depois folhear, beijou a capa como se fosse a portadora do objeto mais precioso do mundo.
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- Amor – Samira chegou abraçando Maria Rosa por trás, beijando o pescoço, mordendo de levinho o ombro.
- Psiu, observa essa cena, que estranho - Samira inclinou o pescoço olhando a moça, que encostada no carro lia o que estava escrito no caderno, que deveria ser muito bom, pois ela ria em uns momentos, para depois chorar, voltando a abraça-lo.
- Muito suspeito, muito mesmo...
- Minha flor, não acha que já temos problemas demais?
- É nossa função, pega o meu moletom, vou investigar isso aí. Na minha formatura, jurei que cumpriria minhas funções com probidade e denodo, isso se aplica àquelas situações em que ninguém está olhando, certo?
- Tem razão, amor, vamos, não vou te deixar sozinha, nunca...
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Tocaram de roupa, colocando a Glock escondida. Maria Rosa viajou, em segundos, lembrando de sua entrada na Polícia Federal, chegou acreditando que por fazer parte de uma minoria de mulheres policiais, todas seriam naturalmente unidas e mutuamente cooperativas. Mas, não são. Mulheres na polícia também competem, também comparam, também sabotam e também menosprezam suas semelhantes. Nunca esqueceu o que o seu primeiro Delegado falou uma vez: "As mulheres tinham tudo pra dominar o mundo. Não dominam porque são desunidas". Triste, né? Em sua experiência, percebeu que isso só mudou em uma situação excepcional, quando alcançou um nível muito superior às demais.
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- Maria Rosa?
- Desculpe amor, estava perdida em minhas lembranças. Veja, a mulher continua lá agarrada ao caderno como se fosse um prêmio.
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Combinaram as estratégias de abordagem, pois haviam aprendido a julgar vulnerabilidades e portar-se de acordo. Precisavam detectar ameaças naquele cenário.
Se aproximaram por trás, a moça não se assustou com a chegada, sentiu a presença, o perfume feminino, e apenas virou abrindo um sorriso, mostrando os dentes alinhados, com covinhas que se faziam presentes no rosto delicado. As policiais estranharam a frieza da moça, mas, seguiram encenando calmaria.
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- Boa tarde, está tudo bem? Podemos ajudar em alguma coisa? – Maria Rosa se apresentou com a mão encostada na arma para qualquer eventualidade.
- Está tudo bem, eu devo parecer uma maluca para quem olha de longe, não é? Mas juro que não aconteceu nada. Aliás, mentira, aconteceu tudo, meu primeiro livro vai ser publicado e não consigo me conter. Desculpe, não me apresentei, sou Amora Castro, jornalista.
- Prazer, Maria Rosa e Samira, somos policiais, e sabe como é, fomos tirar aquele soninho depois do almoço e acabamos adormecendo, acordei com o barulho da janela e vi sua moto chegar, achei estranho, aí aguçou meus sentidos.
- Super entendo, mas, nem se preocupe, estou bem – Falou balançando as mãos num tanto faz.
- Posso ver o seu livro?
- Claro – Amora entregou as folhas sem pautas sorrindo novamente. Maria Rosa pegou o caderno de capa grossa com cuidado, lendo na capa “Game Over”, depois encostou no carro para folhear, demorando cerca de quinze minutos na leitura, estava entregue ao livro, alheia a tudo que passava em sua volta.
- E aí, gostou?
- É incrível, maravilhoso, vai fazer muito sucesso, não tenho dúvidas.
- Muito obrigada, meu bangalô é logo ali, aceitam um café?
- Claro...
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Amora foi na frente, andava em um rebol*do sedutor, Samira cutucou a namorada que riu baixinho, continuando a travessia até chegar no bangalô amarelo, onde a escritora estava hospedada. A ruiva entrou se encaminhando até o som, deixando que os acordes de Mariana Aydar enchessem o lugar.
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Tantas vezes eu soltei foguete
Imaginando que você já vinha
Ficava cá no meu canto, calada
Ouvindo a barulheira que a saudade tinha
Tantas as vezes soltei foguete
Imaginando que você já vinha
Ficava cá no meu canto, calada
Ouvindo a barulheira que a saudade tinha
É como disse João Cabral de Mello Neto
Um galo sozinho não tece uma manhã
Senti na pele a mão do teu afeto
Quando escutei o canto do acauã...
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- Pode ler com calma Maria Rosa, vi que estava empolgada com o livro. Samira, você pode vir comigo preparar o café? Acho que vou colocar uns pães de queijo no forninho elétrico – Falou piscando os faiscantes olhos verdes.
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Maria Rosa sentou no sofá, continuando no segundo capítulo, achou o enredo interessante. A história narrava a vida de uma escritora da década de 80. Natasha se considerava antes de tudo uma observadora da alma humana, queria esmiuçar as emoções, os desejos, as fraquezas, os amores e os devaneios de todos que estavam em sua volta.
A policial percebeu que apesar do tema até simples, a escritora escrevia bem demais, e cada parágrafo era amarrado ao próximo, fazendo com que as páginas voassem em suas mãos, agora entendia porque Amora ria, chorava, reclamava tanto encostada no carro, cada página era um convite a continuar, os personagens, como as ações eram bem construídas, e quando percebeu estava ávida para saber mais. Seguia encantada com a personagem, que fazia de sua própria vida uma inspiração para sua escrita.
Natasha usava as pessoas para criar, mencionando ali as estratégias que os pretendentes, homens e mulheres, usavam para conquista-la, da mesma forma que esmiuçava suas recusas e aceites, até de forma crua, nem sentimentalismos. Não repetia nunca as pessoas que levava para cama, e para isso, usava como analogia, o pensamento de Heráclito de Éfeso:
Nenhum homem pode banhar-se duas vezes no mesmo rio…pois na segunda vez o rio já não é o mesmo, nem tão pouco o homem!
- Diga que precisa da sua Natasha... – Frase tantas vezes repetida com seus amantes que se tornava um mantra, sedutor e ao mesmo tempo hipnotizante. E eram muitos os que queriam repetir a dose, Natasha oferecia o corpo, que na verdade era um copo de veneno a lhes engolir a alma e o desejo, queriam...precisavam...e queriam mais, mesmo que isso significasse um coração partido depois.
A cada final de noite a escritora escolhia uma pessoa de sua vasta lista para fazer amor, entre tantos nomes ficava difícil a escolha. E quando enfim, o sex* terminava, na saída do parceiro, o nome era riscado, não sem antes fazer anotações, dando uma nota pelo desempenho. Nessa passagem Maria Rosa franziu o cenho, lembrando imediatamente do diário de Dany.
Mesmo na cama, a protagonista não perdia tempo, seguia analisando o comportamento do amante, fazendo observações sobre as sensações, as caras, o corpo e depois seguia a descrição do seu orgasmo, intensos ou não.
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- Samira, não é?
- Sim...
- Vocês são colegas de trabalho, você e Maria Rosa?
- Colegas e namoradas, moramos juntas.
- Mas isso é ainda mais interessante – Sorriu deixando a covinha aparecer.
- Como assim?
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Amora aproximou o corpo, tirando um cacho que caia da testa para a boca de Samira, se aproximando dos lábios rosas que pareciam tão convidativos.
- No primeiro segundo que coloquei meus olhos em vocês, pensei como seria delicioso ficar com as duas ao mesmo tempo.
- Mas é o que? Ai dentro, viu? – Samira levantou roxa de raiva, indo até a sala, enquanto soltava todos os palavrões que veio a sua cabeça.
- Amor, vamos embora agora, essa rapariga quer é nos comer, arre égua, uma vaca dessa – Maria Rosa riu alto, mas, abafou a boca com a mão em seguida, lembrando que a namorada ficaria irritada se continuasse.
- Sá, nós não gostamos desse tipo de relação, certo Amora?
- Claro, por mim tudo bem, apenas gostaria de experimentar.
- A senhorita vai é experimentar minha mão na sua beiça, está me ouvindo. Mas vou te contar, é uma vaca vadia mesmo...vá experimentar quem quiser lá na baixa da égua de onde deve ter vindo.
- Tudo bem, me desculpe, isso não vai se repetir, deixe sua namorada ler o livro, vamos tomar o café.
- E enfie a porr* desse café no rabo que não vamos ficar é mais nenhum momento aqui. Diabeisso Maria Rosa, você sabia que eu era ciumenta quando ficou comigo. Vou sair por essa porta em cinco minutos, se não me acompanhar vai ter greve até a eternidade – A autora pegou o livro das mãos de Maria Rosa, rindo da raiva de Samira.
- Olhe, tu não ri não sua piriguete, pare de frescar com a minha cara, fala direito comigo que não sou sua pariceira.– Em seguida arrastou Maria Rosa pela mão, vermelha por todo o rosto. Saiu, batendo a porta com toda força, reclamando pelo caminho.
- Mas, vou te dizer, e tu estava lá, bem abancada no sofá lendo o livro da vadia.
- Samira, mas, que eu saiba, você quem foi assediada na cozinha, eu quem deveria estar irritada.
- Não fale mais nada, que estou fumando numa quenga de raiva, estou até sem ar de ódio, devia ter quebrado aquela peste todinha. Aquela porca dos cabelos de fogo. Ela merecia é uma peia, uma surra bem dada com pau de virar tripa.
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Maria Rosa entrou no bangalô, encostando a namorada na parede, passou o nariz em seu pescoço, deixando vários beijinhos em toda sua extensão.
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- Não venha não que ainda estou brava.
- Amor, eu só tenho olhos para você, pra que eu queria formar um trisal? Você me completa como ninguém.
- Continuo irritada...não quero! pode parar.
- Eu amo a minha bravinha, não seja assim com a sua namorada que te ama, vai.
- Já disse que não quero.
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Mas, Maria Rosa não ia desistir, abraçou o corpo da namorada, segurando o rosto com as mãos em seguida, conseguindo beija-la, intenso, delicado, forte e cheio de querer, com mãos ágeis tirou o moletom e o sutiã que Samira usava, alisando entre os seios, causando arrepios. Depois tirou o resto da roupa que foi sendo largada até a cama, deitou nua sobre a namorada, e se amaram devagar, sem pressa, de forma delicada.
Samira, adormeceu para acordar cerca de duas horas depois, Maria Rosa dormia profundamente, olhou o corpo atraente, de bruços, no meio da cama. Observou que em algum momento a namorada havia colocado novamente a calcinha branca. Se afastou, nem quis mais olhar para não sentir vontade de ama-la outra vez.
- Melhor não mexer com ela – Seguiu até a banheira, derramando os sais nas águas, pensava sobre o que acontecera ainda a pouco, balançou a cabeça julgando o ciúme exagerado, deixou uma lágrima escorrer no rosto, secando com o dorso da mão direita. Estava absorta quando percebeu que Maria Rosa a olhava na porta.
- Podia ter me acordado amor.
- Não, você estava tão linda, não achei certo te acordar depois do stress que causei - Encheram a banheira entrando juntas. Samira encostou na borda, ajustando Maria Rosa entre suas pernas, para alisar os seios, beijando o pescoço.
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- Desculpa amor, eu quando me esparramo de raiva, demoro para me juntar de novo.
- Só cuidado, não tinha feito nada, sua raiva respingou em mim.
- Está certa...me perdoe – Respondeu cheia de vergonha.
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Demoraram no banho, entre conversas e namoro, Maria Rosa tentava fazer com que a tristeza de Samira passasse. Já haviam trocado de roupa, fazendo um comparativo entre o livro de Amora e o diário de Daniella, eram coincidências demais, e tudo terminava da mesma cachoeira.
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- Qual o elo entre essas pessoas amor?
- É o que precisamos descobrir...- Mal terminaram a fala, e uma mão batia apressada, com força até, era Júnior.
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- Mas o que foi agonia? Dê tudo, só não dê confiança – Falou Samira rindo do recém amigo.
- Meninas, uma moça foi morta na cachoeira ontem.
- Outra trans? – Perguntou Maria Rosa sentindo todo o corpo tremer.
- Não, é aquela escritora famosa, Clarisse Ferrante.
- E onde ela estava?
- Na Cachoeira do Diabo, que a partir da semana que vem mudará o nome para Cachoeira de Deus...enfim, descobri que havia uma foto embaixo de uma pedra, um desenho de uma moça com uma machadinha, rabiscado de lápis.
- De que?
- De um filme dos anos 80...A desafiadora.
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...: ♫ MÚSICAS DO CAPÍTULO ♫:...
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Por toda a minha vida – Elis Regina
Fim do capítulo
Espero que gostem, e pleaseeeee rsrsrs não soltem spoiler no conto do desafio, blza? já sabem quem matou, presentinho pra vocês kkkkk
Comentar este capítulo:
Rosa Maria
Em: 06/08/2022
Sabrina...
Dizer que adorei o capítulo é desnecessário e repetitiva, agora a cena de ciúmes de Samira, soltando toda raiva no "idioma ceares" ficou sensacional, já MR sempre com classe conduzindo as situações.
Beijão
Rosa Maria
Resposta do autor:
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Boa noite Rosinha, Fico tão feliz que tenha gostado do capítulo, sua quase xará é demais, sempre sensata, adoro as falas da MR, beijão
Nirvana Aquino
Em: 03/08/2022
Eu preciso dizer que amei esse capítulo, as músicas, a Samira com ciúmes foi o melhor kkkkkk bjs
Resposta do autor:
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Samira é como eu, ficou com raiva todo sotaque e as expressões cearenses são desenterradas rsrsrs claro que algumas palavras mencionadas eu conheço, mas, não uso mesmo com raiva. bjss
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Lea Castro
Em: 03/08/2022
Olha eu também achei a Amora um charme kkkkkk mas é bandida, só acho qur pode de repente não ser ela? E Samira fica comédia kkkkk ri alto. Bjs
Resposta do autor:
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Mulher, a Amora é barra rsrsr...Samira é ciumenta, bjs
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StellaGB
Em: 03/08/2022
Posso dizer que achei a Amora um charme? É safada? É é bandida? É, mas eu cairia na dela kkkkk essa história está ficando cada vez melhor kkkkk rumo a caça da assassina. Bjoca
Resposta do autor:
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Stella, não é pra gostar da bandida kkkkkk
obrigada pelas palavras, bjs
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Simone Bradley
Em: 03/08/2022
Boa tarde Sabrina
Samira tirou a sorte grande, de loteria mesmo, MR é além linda, uma excelente profissional, sem dúvida uma pessoa admirável. Ela sabe conduzir situações. E a Amora levou a pior nessa.
Um abraço
Resposta do autor:
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MR é só amor e competência rsrsrs bjs
Resposta do autor:
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MR é só amor e competência rsrsrs bjs
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Rachelle
Em: 03/08/2022
Esse capítulo foi de morrer de rir, a Samira é muuuuuito ciumenta, mas com o regionalismo ficou até engraçado e essa Amora hein?. E outro crime, gente. Está ficando cada vez mais incrível.
Resposta do autor:
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Confesso que também gostei muito desse capítulo...Obrigada e beijos
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Gabriella Herculano
Em: 03/08/2022
Amiga eu amei kkkkkk eita bandida safada, queria se dar bem e rodou, Samira colocou ela no seu lugar devido. E olha adorei tudo isso, esse capítulo foi top, bj
Resposta do autor:
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A bandida safada está é fazendo sucesso rsrsrs bjs
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Carla Andrea
Em: 03/08/2022
Essa assassina é doida, e Samira saiu na defesa do seu amor. Será que essa ruiva ai vai ser capaz de matar outras pessoas, como será que vão descobrir que foi ela? mistérioss. Amei esse capítulo, e estou esperando a sua hostória com a Lara, beijosss
Resposta do autor:
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Boa tarde Carla, A assassina pensava que ia se dar era muito bem kkkkk. Vamos seguir e descobrir quem é essa ruiva rsrsrs A Lara já postou a história, corre lá, beijos
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Cacau Passos
Em: 03/08/2022
Muitos ciumes para uma só pessoa kkkkkkk Adorei o capítulo, a ruiva é assasina, mas, que ela é sedutora é, adorei a descrição do livro, daqui a pouco queremos um spin off dessa história. E você vai escrever um conto com a Lara? já quero bjs
Resposta do autor:
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kkkkkk pois não é? Corre lá, o conto está disponível beijos
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Lara Lefevre
Em: 03/08/2022
kkkkkkkkkkkkkkkk
Sabrininha, a cena da Samira com raiva foi muito engraçada, desenterrou todas as gírias cearense.
Pode deixar que não vou contar que já sabemos que é a assassina. Alias, uma tarada. Ei, estou terminando nosso texto para o desafio, você manda muito bem, nunca mais tinha escrito nada
xêro
Resposta do autor:
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A Samira é ciumenta rsrsrsrs. E claro ne Larinha que tinha que colocar as nossas gírias, eu também ri com a história.
E foi muito bom escrever contigo, um prazer.
beijos
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