Capitulo 1
Estrada da Cocisa - Paripe, Salvador, Terça-feira - 2 horas da manhã
Alice havia diminuído sua corrida ao perceber que ninguém a seguia. Segurava firme a machadinha que havia encontrado ao revirar os armários do seu cativeiro. Era parecida com a que compunha o conjunto de ferramentas que seu pai utilizava para o trabalho. O homem era carpinteiro, marceneiro e encanador. Só não havia aprendido a levantar paredes como um pedreiro.
A moça não se lembrava exatamente de como havia ido parar no lugar onde acordou. As roupas que vestiam seu corpo não eram suas tampouco faziam parte da sua preferência. A cabeça doía e o capuz do casaco ajudava a cobrir o ferimento que havia em sua testa.
Tinha limpado os vestígios de sangue da machada com algumas folhas que encontrou. As imagens que passavam por sua cabeça ainda não estavam nítidas. Só recordava de ter saído da casa de sua atual peguete comendo um pedaço de bolo de cenoura com cobertura de chocolate e depois apenas borrões. Enquanto caminhava por uma estrada no meio de um terreno aparentemente abandonado, Alice rememorava sua vida.
Nasceu, cresceu e se criou entre os bairros de Boa Vista do Lobato, onde residiam boa parte da sua família paterna, e Boa Vista de São Caetano com a família materna. Ela era a terceira filha e cada um era de um homem diferente. Desde cedo procurou oportunidades que lhe propiciassem crescimento e conhecimento.
Trabalhou como revendedora de revistas de cosméticos para uma vizinha. Devido à ampla concorrência, acabou abandonando Algumas lojas de bairro abriam contratações temporárias e ela sempre conseguia uma vaga. Vendeu pastel, acarajé e pães de queijo sob encomenda. Orgulhava-se de, durante os anos de ensino regular, nunca ter perdido uma série e sonhava com o dia em que poderia fazer sua licenciatura em História. Seu desejo era lecionar. Tinha verdadeira admiração pela profissão de professora.
De segunda à sexta-feira, ela trabalhava como operadora de caixa em uma rede de supermercados intitulada Atakadão. Aos sábados, ela seguia para O Armazém, uma casa noturna localizada em Vila de Abrantes, uma das cidades metropolitanas de Salvador. Era uma das recepcionistas em festas patrocinadas por grandes figurões da política e do futebol. O domingo era o dia da preguiça. Dormia o tanto que o corpo aguentasse e, ao acordar, tomava banho e descia o lance de escadas que separava sua casa da de sua mãe.
Quanto mais caminhava naquele lugar ermo onde apenas os insetos eram seus companheiros, mais desanimada ficava. Não via sinal de casas ou qualquer lugar que pudesse pedir ajuda. Volta e meia se certificava de não estar mais sendo seguida. A cada duzentos passos dados na estrada, ela continuava seu percurso por dentro da mata.
A jovem não era praticante de nenhuma religião, mas, naquele momento, sentia a imensa vontade de saber rezar. Nem que fosse a oração do Pai Nosso ou a Ave Maria. Dona Idalina, sua mãe, a havia batizado quando ainda era recém-nascida, mas todos aqueles dogmas e obrigações que um homem trajando vestido no centro do espaço ditava em nome do Deus cristão não lhe atraíam. Um barulho similar ao de carros a tirou dos devaneios.
Escorou-se atrás de uma árvore e viu quando dois homens passaram observando todos os lados em cima de um Ford Pampa. Lançou um desafio à espiritualidade em forma de provocação: só acreditaria em qualquer coisa se nada mais de ruim lhe ocorresse.
Fim do capítulo
Cada segundo é importante.
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Zaha
Em: 01/10/2022
Nayyyy Rosario!!! Eu super atrasada para ler os desafios Kkkk.
Já sabe que só leio desafio seu pq tá acabado Kkk.
Mulher, vc sempre brocando com poder!!! Salvador, meu grande amor!!! Sempre bom te ler e a guia turística é impressionante!!
Eita, suspense bão,amo!! Alice me deixando toda coçando com esse "Onde estou, como cheguei,pra onde vou , como saio daqui"???
Vou ler na semana! Viajei hoje a BAires para poder votar amanhã na embaixada do Brasil!!
Hasta luego, My darling!!!
Cristiane Schwinden
Em: 24/08/2022
Adoro esses passeios por Salvador! Vou correr ali pra ler o segundo.
Resposta do autor:
Sempre que posso, coloco alguns pontos de SSA City.
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HelOliveira
Em: 16/08/2022
Nay me.deixou muito curiosa, já quero saber tudo..
Resposta do autor:
Segue o baile que vai ser divertido.
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May Poetisa
Em: 06/08/2022
Nay, é sempre bom te ler =D Alice, vem cá! Rezar é comigo mesma rs te ensino Pai Nosso, Ave Maria, Orikis e Àdúràs.
Já estou curiosa pela continuação. Bom final de semana, beijos!
Resposta do autor:
Olha quem fala!
Acho que Alice vai querer aprender uns Orikis.
O próximo vem!
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brinamiranda
Em: 03/08/2022
Eu amei essa história, adorei a tensão em se saber o que passou com Alice e o que irá acontecer.
Agora não entendi o título rsrsrs bjs
Resposta do autor:
Já aconteceram algumas coisas com Alice.
Talvez ocorra mais uma ou duas ou cinco. ????
O título faz alusão a livros de registros históricos.
Vai fazer sentido com o avançar da história.
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caribu
Em: 02/08/2022
Eita que esse conto de Alice veio para mexer com a cabeça das leitoras!
Que será que se passou, hein?
Aguardemos os próximos capítulos...
Beijos!
Resposta do autor:
Essa Alice me lembra outra Alice que também sabe mexer com a cabeça das leitoras.
Se passaram algumas coisinhas. ????
"Oremos!"
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