Capitulo 12
CAPÍTULO 12
Camuflando
Eu mesma tratei de levantar minha amiga por receio de alguém perceber o que estávamos fazendo misturando nossos cheiros, ela ainda estava meio zonza quando sentou em um sofá esquecido alí no canto da sala ampla, porém a quantidade de pessoas em cima da garota só piorava a coisa, deixando minha amiga mais apreensiva.
― Gente! Afasta deixa ela respirar. — Amkaly pediu se aproximando para abanar a irmã que já estava bem melhor, eu não gostava de esconder nada dela, principalmente quando ela lançava aqueles olhares querendo arrancar uma confissão de mim, ficando mais revoltada por sentir que eu erguia a barreira de proteção impedindo-a ou quem quer que seja de ler meus pensamentos. Por segundos se formou uma mistura de mães e irmãs se afastando rápido dando espaço para uma Ameth, para lá de envergonhada, olhando a todos tentando dar um jeito na situação inusitada.
― Estou bem família foi só uma tontura devido a casa está totalmente abafada e eu ser acostumada com espaço aberto.
Esther que parecia estar bem desconfiada lançou um olhar longo com as sobrancelhas erguidas, mas desistiu de fazer perguntas, no entanto abriu dois dedos da mão direita em forma da letra V e ficou passando em frente seus olhos e apontando pra mim, passava frente aos e apontava agora para nós duas, Ameth e eu, me dizendo claramente que estava de olho em nós duas, eu só ergui os ombros tirando o meu c* da reta.
Com o pedido, as garotas parecem ter acreditado logo tinha começado uma nova discursão entre elas na hora em que Esther começou explicando o funcionamento das runas partidas ao meio ensinando Ananya e Jana a procurar sentir onde Lilith poderia estar.
Não consegui prestar muita atenção, tinha uma coisa que vinha me intrigando e as palavras da Winie só confirmaram minhas suspeitas.
― Ameth, fecha o canal da comunicação para todas. ― Sussurrei.
“O que foi?” ― Ela imediatamente perguntou assustada olhando para os lados.
“Quando foi o Último cio da Lilith? E o seu? Ainda toma estrogênio?”
Ao ouvir as perguntas pensei que ela fosse desmaiar outra vez.
“Na época em que trans*mos eu estava no primeiro dia e ela no segundo e como vínhamos para a metrópole ela ía tomar, mas acabou esquecendo eu parei de tomar estrogênio porque a nossa genética é diferente dos humanos e faltava pouco tempo para minha cirurgia, o que está pensando?”
O volume da voz em minha mente diminuía a cada palavra proferida e a cada uma seus olhos crescia e ficavam na cor de prata derretida quando ela começou a entender o que eu queria dizer.
“Amiga acho que a Winie pode estar certa, a garotinha pode ser sua filha e da Lilith.
“Pelo amor de Anúbis não fale isso nem brincando.” — Não sei dizer com clareza quais os sentimentos que estavam estampados em seus olhos, era uma mistura de medo, vergonha, desespero, e alegria, isso ela estava feliz quando tentei fazer outra pergunta ela tinha trancado o canal e erguida a barreira de proteção em sua mente.
Eu tinha certeza que a garota que se chama Nyxs era a filha da Ameth, Lili estava grávida e talvez tentando o aborto, o que ia contra nossas leis, quer dizer contra as leis de todas as matilhas que eu conhecia, mesmo a minha sendo uma matilha diferente eu também não me sentia bem com o fato de um ser provocar o aborto, existem tantas formas de evitar e tantas pessoas querendo ter um filho sem poder, filhos na minha concepção era um dom divino, um presente. Agora mais do que nunca eu precisava encontrar Lili e procurar sozinha para entender o que estava acontecendo. Senti um puxão na ligação era Amkaly pedindo para prestar atenção no que Esther, dizia como se confirmasse minhas suspeitas prestei atenção na pergunta da Morgana e pelo visto eu não era a única interessada Ameth nem respirava ouvindo tudo.
— Se preocupe não mãezinha, talvez não seja nada demais, se fosse alguma de nós já tinhamos sentido de um jeito ou de outro somos todas ligadas, daria pra saber não é mesmo Esther?
— Teoricamente sim, feche os olhos Jana e sinta se tem ligação com a Lili.
Jana cruzou os dedos com os de Ananya e fecharam os olhos um bom tempo liberando os pensamentos.
— Agora cada uma segura a runa chamada de terceiro olho essa runa é capaz de transmitir para a pessoa que está usando o mundo da invisibilidade, o que está escondido no mundo físico mais como a energia não se perde vocês poderão sentir a energia dela e nós sentiremos a energia liberada por vocês através das runas, ela vai mostrar tudo que precisa fechem os olhos… sintam o som da gargalhada da Lilith.
Eu não sei como Esther fazia isso mas a verdade é que dava para todos ouvirmos as gargalhadas da Lili, correndo na beira da lagoa, a voz da Esther continuava doce pedindo “ouça o som dos seus passos, do cheiro da sua pele”, nesse momento eu senti unhas penetrando minha pele e por pouco o sangue não jorrou, Ameth apavorou com medo de sentirem seu cheiro junto ao da Lili, por causa da ligação, eu a confortei com palavras silenciosas e Esther finalizou a magia da “busca da essência” esse era o nome dado para o que ela estava fazendo, seu último pedido era direto para Ananya:
— Sinta a paz vinda da luz emanada dos olhos quando ela olha pra vocês. — Caminhava na frente da dupla que continuava de olhos fechados, nós que estávamos próximas dava para observar as veias de todo o corpo visível de Esther circular no caminho que sobe dos pés as mãos em veias grossas com o sangue negro viscoso circulando rápido como ouro derretido no canudinho a uma temperatura de 1064 °c, todo o seu corpo estava com a temperatura elevada e seus olhos faiscavam nas cores azul e amarelo.
— O que vocês duas sentem? Lilith está em perigo? — Sua voz estava irreconhecível, era a voz antiga de seus ancestrais.
— Não sinto perigo, sinto um medo, e o cheiro dela está diferente, tem uma mistura que não dá pra saber de que é. — Quem falou foi Ananya que por ser a mãe biológica estava mais ligada e por ser Parabatai de Esther a sua loba viu e sentiu tudo que Ananya estava sentindo.
— Também senti, junto ao aroma do espírito tem mais dois cheiros que está camuflado com o cheiro de álcool, é como se ela ou próprio dono do cheiro estivesse escondendo os cheiros para não ser encontrado.
Fui até onde Jana estava sentada e segurei suas mãos ao fazer isso Ananya tirou sua própria mão da companheira e se levantou passando a mão no ombro de Esther.
— Amanhã eu descubro o que está acontecendo. — Prometi à mãe da minha própria companheira.
— Vamos todas descansar quando, o sol nascer, pensamos direito como fazer, e você Mel. Não esqueça de purificar o corpo e chamar a Gilles, com esse chamado ela aparece dentro de dois dias. — A ordem veio de Esther.
— Ela nem queria “dar uma trepadinha na calada da noite” — (fez um gesto obsceno com os dedos formando um círculo e outro entrando e saindo simulando uma foda) e depois dormir de conchinha.
— MORGANAAA!!
— O que foi falei alguma mentira? — Antes mesmo de terminar a frase já estava subindo as escadas se desviando das almofadas que a irmã jogava nela.
— Meninas vamos todas tentar dormir quando o sol nascer resolvemos.
Muitas horas depois.
Fui a primeira a acordar e sai silenciosamente para não acordar Amkaly que ainda estava chateada com meu silêncio, fechei a porta e me desloquei para a quarta porta do lado direito no mesmo lado do corredor comprido de cores em tons pastel que também tinha o meu quarto, bati duas vezes na porta grossa de madeira de lei antes de bater uma terceira vez ouvi uma voz sonolenta mandando entrar. O quarto luxuoso aquecido e iluminado pelo sol, tinha três janela imensas de vidro que se abriam para um jardim colorido, uma cadeira de palha acolchoada com uma almofada e um notebook esquecido em cima e uma xícara onde exalava fracamente o cheiro de hortelã denunciava que minha amiga tinha passado muitas horas acordada, as outras duas janelas estava cerradas e cobertas com cortinas que iam até o chão dando uma graça ao local, uma cama imensa fofa cheia de lençóis de seda espalhados caindo as pontas arrastando em cima do tapete felpudo não restava duvida da leveza do ambiente aquele era um quarto de princesa com o papel de parede esticado na parede nua com a figura da Elza do Frozen, a princesa que tem o poder do gelo, Elsa tomava a parede de frente a cama enfeitando o local, Ameth ainda tentava se acordar quando sentei na ponta da sua cama.
― Precisamos encontrar a Lili antes que ela faça uma besteira que venha a se arrepender mais tarde. ― Falei com todo cuidado para não deixar minha amiga mais assustada do que ela já estava.
― Eu sei quase não dormi, mas por onde vamos começar? Ela deve saber que estou aqui e vai fugir para ainda mais longe. ― Ameth levantou toda nua como costumávamos dormir, sempre virada de costas acho que para eu não ver o que ela tinha entre as pernas, como se esse detalhe a tornasse menos mulher do que ela era, pegou o roupão na cadeira vestiu caminhando para o banheiro enquanto falava suavemente a voz de Ameth era como uma canção angelical.
― Eu lembrei que quando víamos para cá ela sempre falava que queria comprar uma casa noturna, pesquisei até o dia nascer sobre boates, inferninho, pubs e bares que tenha sido comprado no último ano, e descobri dois abre lá o meu notebook, ele está ali em cima da almofada naquela cadeira. ― Colocou só a cabeça para fora do banheiro e voltou para tomar seu banho, dava para ouvir ela cantando e sentir o cheiro do seu shampoo.
Peguei o notebook, sentei na cama ainda quentinha, escorei na cabeceira estiquei as pernas e abri, não pude conter o riso quando vi o papel de descanso, estava lá a foto da Mulan a princesa trans que fingiu ser homem para ir na guerra lutar para honrar o nome da família, não sabia que minha amiga gostava dessas coisas de princesas, geralmente nós gostávamos de ler histórias antigas, nunca filmes que não acrescentava nada a cultura, pelo menos a nossa cultura.
Comecei a pesquisa propriamente dita e não foi difícil encontrar, Ameth tinha deixado bem destacado no bloco de notas, estava lá:
“Casa de show vendida para uma empresária no ramo da medicina, a pergunta que este jornal faz é a seguinte, o que uma cientista pretende com a compra de uma casa de show.?”
“Boate vendida a dez meses atrás e transformada em casa de oração.”
Essas eram as duas manchetes destacada na tela, então só nos interessava a primeira notícia.
― Ameth eu vou me trocar e nós duas vamos fazer um passeio para conhecer as redondezas. ― Gritei na porta ainda ouvi ela gritando um “OK”, que saiu abafado talvez por ter falado com a cascata de água caindo enquanto enxaguava seu cabelo.
.
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:
[Faça o login para poder comentar]