Capitulo 2
CAPITULO 02 O MAPA
Esther parecia muito longe com olhos vidrados no nada, talvez estivesse mesmo, ela sempre viajava no tempo e fazia isso quando alguma coisa ameaçava a nossa reserva, quando falo em reserva falo da metade dela, que foi dada a mim por meu pai e alfa, para administrar e viver com meu povo.
Sempre que algo ruim estava por vir ou qualquer uma das lobas bruxas estava em perigo, Esther era a primeira a sentir, por esse e outros motivos desconhecidos o destino costurou o nosso futuro trouxe Esther de Lancashire, para viver na antiga reserva três séculos antes de eu nascer, ligou sua vida com a da Ananya, e a fez sua parabatai, que é a mesma coisa de ligação de alma, a tornou minha madrinha, porque sabia que mais a frente ela seria minha beta e juntas lideraríamos uma alcateia poderosa.
Escolhi ficar com a metade da reserva comprada por meus antepassados e começar uma nova vida com meu povo, já que todas que ali moravam eram bruxas, e também porque na mesma alcateia não podem existir 2 alfas, um tem que vencer o outro numa briga, o vencedor será o líder da alcateia, e eu não nasci para ser alfa de outra matilha, fui destinada a ser alfa desta alcateia, das lobas bruxas.
― Vamos ter que fazer uma visitinha às meninas e ficar a par dos acontecimentos do paradeiro do Ragendra, aqui está o mapa do local onde elas estão. ― Esther esfregou os dedos longos e tatuados com luas e nuvens negras esfregava um no outro um papel amarelado surgiu entre seus dedos fiquei esperando ela girou a mão em sentido anti horário e o mapa se abriu na vertical bem próximo aos meus olhos, rico em detalhes, com ruas, entradas e saídas dos alojamentos e salas de aula, e todos os laboratórios, jardins e praças, mas o que chamou a minha atenção foi um desenho, na parte inferior do mapa, um anel duplo negro com gotas, do que parecia, ser sangue, piscavam como luzes natalina dos humanos formando a palavra, um nome “NYXS”.
― O que esse ponto ou nome aqui, tem a ver com o endereço das meninas? ― Encostei o dedo no papel e este ultrapassou a folha como se não tivesse nada na minha frente.
― Você sempre esquece que essas coisas não estão nesse plano. ― Esther ria como sempre fazia quando eu fazia uma besteira.
― Ainda não me acostumei com esse lance de magia, para mim basta ser loba, o lance de ser Bruxa ainda é novidade para mim. ― Fiquei olhando intrigada para o local onde piscava no mapa.
― Esse ponto é um mistério até pra mim, quando fiz o mapa da faculdade, onde as meninas estão, esse ponto surgiu do nada, eu não o fiz, só apareceu, não sabemos o que vamos descobrir aí nesse local, por isso estou pensando numa coisa.
― Em que você está pensando? ― Perguntei, Esther não era de poucas palavras e sua intuição de bruxa ia muito além, minha pele começou a formigar, isso tinha um nome, perigo, sempre era isso e o nome que ela pronunciou me deixou em alerta.
― Tem visto o Cedrick?
― Ainda semana passada pedi a Winie para viajar na dobra do tempo e sondar o que está se passando por lá, segundo ela, ele está vivendo mais ou menos, desde que a filha mais velha dele sumiu no mundo, ele não teve muita sorte, dos 3 filhos, dois são especiais e a única sadia não quer saber dele.
― Essa menina sempre foi assim, desaparece, passa anos fora, volta e não demora, mas é uma boa garota, já conversamos muito, ela tem um poder magnífico, mas detesta ele. E não permite que eu esconda esse poder com magia.
― A Winie falou que a Giles odeia a família, já tentou matar o Cedrick várias vezes. ― Disse. Fiquei lembrando da Gilles quando criança, a primeira vez que a encontramos ela já estava desaparecida a mais de seis meses, Melisandre a encontrou quando brincava no rio, ela estava desmaiada entre as plantas, magra, desnutrida, e com partes do corpo com queimadura de 2° grau, Ananya cuidou dos ferimentos, e quando ela já estava fora de perigo a devolvemos para a família, Cedrick nem olhou para minha cara e a garota avançou nele como um bicho selvagem, isso quando ela só tinha 7 anos de idade, de lá para cá foram muitas outras vezes, até que pararam as visitas.
― Esther… Estou começando a achar que a Gilles pode ter sofrido abuso por parte do pai dele, lembra quando ela apareceu aqui a primeira vez, parecia que tinha fugido de um cativeiro, estava assustada, e só com a Mel ela ficava calma.
― Naquela época eu fiz a leitura da mente dela, e não encontrei nada, caso contrário eu te avisaria para não devolvermos a garota, mas pensando bem, eu acho que o Cedrick tem medo dela, sempre que ia deixar, Giles rosnava pra ele, que ficava acuado sem se defender.
― Estranho não é? Como um pai pode ter medo do filho, ainda sendo uma criança?
― Pensando melhor, acho muito estranho e alguma coisa me diz que devo passar na reserva dele e fazer uma leitura da mente dos filhos, mesmo eles tendo problemas mentais devem ter escutado algo ou visto qualquer coisa, e está escondido em suas mente, talvez eles saibam o motivo de Giles odiar a família. A companheira dele é meio estranha, nunca dei importância por causa do acordo entre seu pai e ele, que diz claramente que o perdão ao que ele fez, está no fato de não voltar a reserva, o que ele respeitou até agora, mas não custa nada dar uma olhada para ver se eles têm algo a ver com isso, não confio muito no cara. ― Esther dobrou os dedos e o mapa pegou fogo no ar flutuando numa chama azul e desaparecendo no ar.
― Alguém mais sabe da existência desse mapa? ― Perguntei ciente que somente nós duas sabíamos disso e o que ela falou só comprovou o que eu pensava.
― Não, queria mostrar a você primeiro.
― Vamos deixar só entre nós duas por enquanto, se precisarmos, pedimos ajuda, agora me conte o que está te atormentando. ― Ela me olhou de uma forma geral, dessa que a gente sabe que vai matar só olhando, eu continuei a encarando de frente sem pestanejar e sabia que intimamente ela travava uma luta, sem saber se contava ou não acabou por confessar baixinho.
― Ameth quer ir embora, já está com tudo pronto para viajar, diz ela que vai morar com minhas tias em Lancashire. ― Explica. Fiquei em silêncio sentindo minha Beta e madrinha desabafar, eu sabia o quanto ela estava se segurando para não chorar. Não lembro de já ter visto minha madrinha chorando, por isso mesmo dei o tempo que ela necessitava para poder continuar o desabafo, sem fraquejar. ― Sandy nem come, só chora e isso me parte ao meio, ver ela dessa forma e não poder fazer nada. — Seus olhos bicolores oscilavam quando ela desviou o olhar para os lados onde o rio nascia.
― Se vocês permitirem eu falo com ela, pensei que vocês já tivessem superado o fato dela viver viajando.
― O problema não é ela viajar. É ela ir embora, como se não bastasse o fato dela ser loba bruxa, o que nos preocupa é o fato dela ser trans, minha família está esperando um lobo macho e bruxo sem poderes, como são os machos da nossa linhagem, somente as bruxas tem magia, e quando receberem Ameth, uma mulher linda com todo aquele poder, não vai pensar duas vezes antes de querer que ele cruze com todas as bruxas, sem respeitar o fato dele ser trans.
― Mas Esther, aquele povo é sua família, tias, primas, sobrinhas, acredita mesmo que eles abusariam dela dessa forma?
― Tenho certeza, pense comigo. Somente as bruxas que nasceram fêmeas têm magia, e a primeira filha de cada bruxa herda todo o poder da família para continuar como líder dos demais, os homens não têm poder algum, aí vem Ameth que mesmo sendo mulher nasceu homem, com p*nis e todo o resto, com um poder avassalador como o de qualquer fêmea da minha linhagem. Vão usar minha filha como reprodutor igual fizeram com o pai biológico deles. ― Esther deu um suspiro cansado, e eu fiquei encarando aquela loba a quem eu aprendi a admirar e porque não dizer até ter um certo receio de bater de frente, diante da sua força, a mesma loba que apagava a memória de um ser, seja ele humano ou lobo com um requinte de crueldade, agora estava ali frágil, e sem saber o que fazer para impedir que a filha sofra.
― Olha, não fique assim, eu vou falar com ela, sempre nos demos bem, acredito que ela vá me contar o que está acontecendo. ― Falei só para deixar o ambiente mais leve, pois eu sabia que Ameth não me contaria o que estava acontecendo, se o assunto fosse sobre sua sexualidade, essa parte já estava bem resolvida e ela não permitia que ninguém se metesse em sua vida particular, mesmo assim ia tentar. A promessa parece ter ajudado um pouco Esther me olhou e a sombra do que parecia um sorriso dançou em seus lábios.
― Então faremos assim, nas primeiras horas da lua nascendo, eu chego na sua casa ou melhor vou na sua lagoa, soube que Ameth reverência a lua ali perto das águas.
Não tínhamos mais nada a combinar no alto daquele morro, apostamos uma corrida e descemos como lobas alucinadas uivando alto e recebendo a resposta da matilha que corria para o ponto de chegada testemunhar quem seria a ganhadora, que por enquanto estávamos empatadas.
Fim do capítulo
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Marta Andrade dos Santos
Em: 12/07/2022
Os gêmeos cresceram com eles muitas aventuras.
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Marta Andrade dos Santos
Em: 12/07/2022
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