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A Outra Metade do Amor por Carol Rutz

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Palavras: 4072
Acessos: 1048   |  Postado em: 24/06/2022

Capitulo 8

Capítulo 08 – Conto de Fadas

 

Yasmin

No topo da vida.

Foi onde me senti, enquanto nosso beijo provocava todo tipo de reação, nas arquibancadas, em nossas colegas de quadra. Com os lábios amortecidos, encostei minha testa no rosto de Paula e quando abri os olhos, ela sorria como eu nunca tinha visto. Acirramos o abraço e eu a pousei no chão, tomando a sua mão para que corrêssemos juntas para onde as meninas continuavam pulando, tentando até mesmo atirar o treinador para cima!

Pelo visto elas estavam falando sério quando disseram que aquela vitória seria muito importante. Cumprimentamos a equipe adversária, que só não estava tão chateada quanto estava surpresa, mas notei que duas ou três delas conseguiram esboçar um sorriso cúmplice, como quem dizia: “bom trabalho, garotas”, mas não estava falando da partida de vôlei.

Ainda estava arrepiada da cabeça aos pés quando permiti que Paula me arrastasse para o vestiário desativado, atrás dos bebedouros do ginásio. Não era preciso ser um gênio para entender o que ela tinha em mente e Chris nos deu cobertura, desviando a atenção de todo mundo para um pequeno “discurso” de capitã do time que vencera.

Assim que nos trancamos em uma das apertadas cabines, Paula tomou meu rosto entre as mãos e me beijou de novo, com a mesma urgência que o tinha feito há pouco.

– Você me paga por ter me provocado desse jeito... – disse ao meu ouvido, enquanto suas mãos gulosas começavam a tirar a minha camiseta.

Acabei rindo arrogantemente, puxando-a pela cintura para que nossos corpos ficassem ainda mais colados.

– Provocado? Eu?

– Você sim! – ela respondeu, sorrindo contra os meus lábios após mais um beijo.

Dessa vez quem tomou a iniciativa fui eu, segurando Paula pela nuca e mergulhando minha língua na sua boca de uma maneira que eu jamais havia feito, mas que imaginava surtir exatamente o efeito que obtive.

Separando nossos lábios em busca de fôlego, Paula gem*u longamente, antes de retomar o beijo e definitivamente me livrar da primeira peça de roupa. Ergui meu queixo, permitindo que os beijos dela se estendessem por todo o meu colo, cada vez mais afoitos. Tirei-lhe também a camiseta, arranhei suas costas, encaixei minha perna entre as delas e gemi contra o seu ouvido.

Se até ali Paula ainda parecia minimamente capaz de pensar na loucura que estávamos fazendo, depois que eu a livrei do sutiã, vi nos seus olhos que ela, como eu, não pensava em mais nada. Durante um beijo mais longo, ela foi removendo meu short, a calcinha, e permitindo que eu fizesse o mesmo, com pressa, com gana, com desejo.

Continuei arranhando a sua pele, sugando cada pedacinho que meus lábios tinham acesso, provando também o gosto do suor de um jogo tão agitado... Que me deixava cada vez mais ansiosa. Só retomei a calma um segundo antes de descer com uma das mãos entre os nossos corpos, temendo que Paula finalmente entendesse a importância daquilo, e desistisse.

Pelo contrário, abraçada ao meu pescoço, ela me olhou nos olhos, consentindo e, logo depois, mais do que isso, envolvendo minha cintura com uma das pernas e permitindo que eu fosse mais fundo.

Envolvendo seu corpo com a mão livre, deixei que meu dedo escorregasse enquanto Paula gemia languidamente ao meu ouvido. A sensação de tornar nossos corpos uma coisa só foi maravilhosa.

Nossas bocas buscaram uma a outra e enquanto eu acelerava o movimento, não paramos de nos beijar, de gem*r, de suspirar. Sentia o coração dela batendo cada vez mais rápido contra o meu peito, o seu corpo investindo contra a minha mão, as suas unhas se cravando nas minhas costas, a perna de apoio começando a vacilar enquanto a outra se apertava mais contra mim.

– Mais... – ela implorou.

Se estivesse de olhos abertos, teria visto o mundo girar. Jamais imaginara ter alguém tão vulnerável nos meus braços, tão entregue. Obedeci enquanto voltava a beijar Paula apaixonadamente. O corpo dela estremeceu, por um segundo pareceu incapaz de suportar, mas logo depois, como a dona, se rendeu.

A medida que a penetrava com mais força, com mais agilidade, mais presa ficava a respiração de Paula, mais ofegante. Não tive tempo de temer que pudesse não estar fazendo a coisa certa, porque poucos instantes depois a senti derreter nos meus dedos, com a pele em chamas e o coração fora de controle.

– Eu te amo... – sussurrei entre dois beijos leves no seu rosto, ao perceber que Paula retomava o domínio dos sentidos.

Ela sorriu, com a face rubra e o peito arfando, mas não parecendo, definitivamente, satisfeita. Tomando minha mão, sugou meus dedos olhando nos meus olhos, gem*ndo outra vez.

Demorei para me dar conta de que estava de queixo caído... Nos beijamos outra vez, vorazes. Paula escorregou os lábios até um dos meus seios, enquanto afagava o outro, cada vez mais determinada.

– Amor...

– Desiste, Yasmin, não há nada no mundo que eu queria mais do que isso – cortou ela, detida, ajoelhando-se na minha frente e mordendo de leve o meu abdome.

Inclinei minha cabeça para trás até que ela se chocasse na parede fria. Insinuando sua língua no meu umbigo enquanto arranhava minhas coxas, Paula mandou para o espaço todas as minhas defesas. Meu corpo cedeu, e recebeu a sua boca macia no com um gemido rouco. Sem ordem prévia, meu quadril passou a se mover, primeiro calmamente, depois acompanhando o ritmo da sede de Paula, que quanto mais deslizava sua língua, quanto mais me sugava, mais me tinha pra ela. Só pra ela.

Não conseguia imaginar como eu tinha feito aquilo com outras pessoas, se com Paula era tão diferente. E era tão melhor. Eu senti cada toque dela como uma carícia na minha alma, como mais um passo que dávamos, juntas, em direção ao paraíso.

Tanto quanto com as declarações que ela fazia, senti cada espasmo me tomar como mais uma prova do amor de Paula por mim... E do fato de que ela era, e para sempre seria, a única capaz de me fazer completamente feliz.

Paula teve de me segurar com firmeza pela cintura enquanto eu mergulhava em um orgasmo intenso, longo, maravilhoso. Voltei a me dar conta de onde estava quando ela escalou meu corpo e me beijou profundamente. Não consegui manter minha boca junto da dela por muito tempo e me afastei, em busca de ar, de sentido, de alguma razão, de voltar das nuvens, quem sabe.

– Eu... – senti minha voz estranhamente embargada e hesitei. – Eu te amo.

Pacientemente, Paula aguardou até que eu voltasse a abrir os olhos. Estava sorrindo tão lindamente que mais uma vez perdi o controle de todas as emoções que me tomavam. O sorriso dela se tornou terno, enquanto afagava o meu rosto e se mantinha muito próxima dos meus lábios trêmulos.

– Como você pode ser tão linda, Yasmin?

Balancei a cabeça e me enterrei no ombro dela, que me abraçou com força. Eu estava completamente envergonhada e aquilo parecia... Parecia encantá-la! Apertei-a ainda mais, passando a beijar seu ombro enquanto sentia meu coração se acalmando. Olhei-a de novo um segundo antes de voltarmos a nos beijar intensamente, com nossas mãos vagando o corpo da outra, tocando, acariciando, arranhando cada centímetro de pele, como se tudo fosse novo depois de termos feito amor.

– Ah, parabéns! Você jogou muito bem, Paula – eu disse, depois de algum tempo.

Ela riu do meu tom formal antes de responder.

– Eu, é? – fez cosquinha na minha barriga. – Mas foi só para impressionar a minha namorada, sabe?

– Você não tem de fazer nada para impressioná-la – respondi.

Paula balançou a cabeça afirmativamente, sorrindo.

– Quero que sinta o mesmo, Ya.

Beijei seus lábios de novo, envolvendo a sua cintura. Depois do beijo, ao mesmo tempo, suspiramos. E isso foi uma espécie de acordo para que nos vestíssemos de uma vez. Eu não fazia idéia de quanto tempo tínhamos ficado ali escondidas e não sabia dizer o que seria pior: o ginásio vazio com as nossas mochilas no canto ou um monte de atrasados inoportunos de olho na gente.

Saí na frente para espiar e vi apenas o zelador guardando a rede, enrolada, no almoxarifado. Paula saiu logo atrás de mim e passamos por ele fingindo que era perfeitamente normal estarmos ali, ainda. De tão nervosas, não trocamos uma palavra até apanharmos as mochilas deixadas embaixo do banco de reservas e andarmos em direção à saída.

Só então nos demos conta de que ainda estávamos com o uniforme de jogo. Começamos a rir e, já que o zelador ainda estava por ali, voltamos para o vestiário e nos trocamos... Dessa vez sem tempo para muitos amassos.

– Sinto que teremos problemas com a fera de novo – eu comentei, vendo Paula olhar para o display do celular.

Rapidamente ela fechou o aparelho e o guardou na mochila, sorrindo.

– Depois eu me acerto com ela – apanhou minha mão. – Vamos?

Andamos sem pressa, conversando sobre o jogo. A cada instante eu me virava na direção de Paula e trocávamos um sorriso, além de carinhos com as mãos entrelaçadas. Decidimos fazer um lanche, mas antes de chegarmos ao destino, passamos por uma pracinha perto do ginásio e vimos uma roda formada por nossos amigos, o time de vôlei e os namorados das garotas.

– Olha só quem apareceu... – comentou Chris, rindo.

– Oi, gente – dissemos timidamente.

Nos juntamos ao grupo, tentando ignorar os olhares zombadores e as risadas maliciosas. Sentei na grama e Paula deitou a cabeça no meu colo.

– Onde estavam até agora? – perguntou Daniela, olhando pra mim.

 “Ainda faço essa garota engolir a língua” – pensei.

– Ajudando o zelador a arrumar o ginásio, palhaça! – Paula respondeu por mim.

Todos morreram de rir, incluindo Daniela e eu. Notei que alguns dos meninos, que eu só tinha visto rapidamente poucas vezes, quando eles iam buscar as namoradas nos treinos, ficaram olhando de maneira estranha. Incomodados, talvez. Mas não num sentido estritamente negativo.

– O que vocês fizeram foi histórico! – disse Chris.

Em resposta, só consegui baixar a cabeça, com o rosto muito vermelho.

– É – complementou Nicholas – Sério! Pareceu cena de final de filme!

– Verdade – disse Hortência, abismada.

– Desculpa se eu tenho uma namorada que joga pra caralh*... Não resisti – Paula falou, provocando risos.

– Mas assim... – Nicholas continuou. – Todo mundo parou! Foi aquele “uhhh” pelo ginásio todo, e o que tinha de casal por perto, se beijou também! – riu loucamente. – Caaara, nunca vou esquecer.

– Vocês são loucas – decretou Chris. – Mas que foi foda, foi.

– Paula, você precisava ver a cara da sua mãe! – disse Nicholas. – A diretora ficou branca!

– Depois meio verde... – complementou Daniela, séria. – Depois azulada...

– Depois bege, depois vermelha... E acho que ela terminou meio roxa – disse Nicholas.

Todos gargalharam, e eu acabei rindo também, embora tenha me preocupado com o que Paula poderia estar sentindo.

– Ela não sabe? – Hortência perguntou, olhando para nós.

– Sabe sim – Paula contou. – E vai ter de se acostumar com isso. Não vai ser porque a Yasmin é uma garota que eu vou deixar de beijá-la quando comemorarmos alguma coisa.

– E convenhamos, um beijo merecido. A ruiva botou pra quebrar! – acrescentou Nicholas, estranhamente empolgado com aquele assunto. – Achei perfeito porque se fosse um casal hétero, era a primeira coisa que faria... – olhou para o grupo. – As meninas, por exemplo, correram para os namorados.

– Verdade.

– Então... – Nicholas retomou. – Ninguém tem do que reclamar.

– Infelizmente nem todo mundo pensa assim, Nick – disse Chris.

– Mas que se fodam! Eu fiquei arrepiado, juro! Foi tudo incrível, o jogo, a vitória de vocês, o último ponto da ruiva... E depois o ginásio todo de queixo caído – riu alto. – Sensacional.

– Ta bom, ta bom, Nick – falei. – a Daniela já está convencida e também vai te beijar no próximo jogo de basquete...

– Ei! – ela saltou de onde estava. – O que foi que você disse, Novata?

Paula me abraçou apertado e riu a valer. Conseguiu acalmar a melhor amiga, mas Daniela fez uma cara de quem iria pensar muito bem numa possível vingança. Não me importei, estava feliz demais para levar aquilo a sério. Agradeci quando Paula propôs novamente que fôssemos até uma lanchonete, pois eu já estava morrendo de fome.

Despedimo-nos do grupo e também não nos demoramos lanchando por que o sol já estava se pondo e nós duas tínhamos aula no dia seguinte. Deixei Paula em casa e me ofereci para entrar com ela, mas sabendo que Dona Magali já estaria lá, minha namorada preferiu conversar com ela sozinha.

Só aceitei porque já tinha outros planos em mente, e com um sorriso ansioso na face, corri para a minha casa.

 

– x –

 

Paula

Senti minhas mãos suadas quando fechei a porta, depois de acenar para Yasmin pela última vez. O peso do olhar de minha mãe sobre as minhas costas fez com que eu respirasse muito fundo antes de me virar.

– Precisamos conversar – ela disse, seriamente.

Balancei a cabeça afirmativamente.

– Já volto... Posso tomar um banho antes, não?

Ela estreitou os olhos e por fim consentiu. Subi as escadas com a cabeça a mil. Por um segundo desejei não ter mandado Yasmin embora, porque eu me sentia muito mais calma com ela por perto. Mas não adiantava, aquele era um assunto que eu teria de resolver sozinha. Eu sabia que haveria conseqüências quando beijei Yasmin daquele jeito, em público, e não estava disposta a fugir delas, porque em nenhum momento eu tinha me arrependido.

A ducha quente sobre a minha pele me relaxou um pouco. Embora eu soubesse que deveria aproveitar aquele precioso tempo para pensar no que dizer para minha mãe, era inútil tentar afastar as sensações que me tomaram, e que trouxeram com elas a lembrança do que acontecera no vestiário.

Cerca de meia hora depois de chegar, sentei diante de Dona Magali, com os cabelos ainda úmidos e uma roupa confortável. Minha mãe continuava sentada exatamente na mesma posição que eu a encontrara, antes de subir.

– Deve imaginar o assunto, não é mesmo?

Engoli em seco.

– Sim.

– Tem alguma coisa para me dizer, Paula?

– Claro – sorri. – Fiquei muito feliz de ver a senhora lá, mãe. Era um jogo muito importante!

– De fato. Notei a euforia de todas após a vitória.

– E era para menos? Nossa, nós ganhamos de três a zero! Nem nos meus melhores sonhos isso acontecia!

– Você não tinha me contado que estava no time titular – pontuou ela.

– Aaam... Eu não tinha certeza. Só treinei assim duas vezes, agora, depois das férias.

– Merecia há mais tempo, você joga bem.

Baixei os olhos, muito vermelha.

– Eu treinei pouco esse ano, por isso não imaginei que o treinador fosse me dar essa chance.

Encarei os olhos dela por algum tempo, escondendo meu medo. Se eu tinha treinado pouco, era porque fora proibida de ir aos treinos. Proibida por ela. Conversamos um pouco mais sobre o jogo, e eu fui me sentindo cada vez mais nervosa, porque Dona Magali continuava séria, analítica, e nunca tocava no assunto que eu sabia que a estava incomodando.

– Onde você foi depois do jogo? – ela perguntou, finalmente.

– Juntamos o time na pracinha.

– Hum.

– Ficamos lá até agora a pouco, depois fizemos um lanche e a Ya me trouxe em casa – completei.

– Sei.

Suspirei cansada.

– Mãe, eu sei que tinha prometido não ficar com ela em público, mas foi só um beijo... Eu estava eufórica com a vitória, é uma coisa normal.

– Seria normal, se vocês não fossem duas garotas.

Apertei os olhos, indignada.

– Quando é que a senhora vai entender que eu sou apaixonada pela Yasmin?

– Nunca – ela disse, muito séria.

Enquanto não conseguia pensar em mais nada para dizer, fiquei encarando o chão.

– E que bom que você lembra que tinha me pro-me-ti-do não fazer isso.

– Ah, mãe! A gente já toma uma porção de cuidados absurdos e-

– Então os meus pedidos de mãe são absurdos agora?

– Saco!

– Ponha-se por um segundo no meu lugar, Paula. Havia vários professores da escola assistindo ao jogo... E das adversárias de vocês também. Pais de algumas das alunas... Duas centenas de pessoas que viram você naquela situação. E que sabem muito bem quem você é.

– Que ótimo, agora eles todos também sabem que eu namoro a Yasmin – disse.

Para minha surpresa, ela começou a rir.

– É isso que você acha? Que aqueles pais e professores viram a sua maluquice e pensaram “meu Deus, que lindo, elas são apaixonadas...” Francamente, Paula, eu pensei que você fosse mais esperta.

– Então o que foi que eles pensaram?

– Que o time de vôlei da nossa escola tem duas alunas pervertidas, indecorosas e sem qualquer moral. E com certeza estão pensando isso do resto de suas colegas.

– Nem todo mundo pensa como você, mãe! – acusei.

– Pode ser. Mas veja só... Mais pessoas no mundo pensam como eu, do que pensam como você.

Baixei a cabeça. Ainda que eu soubesse que aquele preconceito era estúpido, minha mãe estava certa. Estava com a maioria...

– Só queria que você entendesse, mãe, que não é uma questão de pensar. É uma questão de sentir.

– Você vai fazer dezoito anos no mês que vem. Acha que entende mais de sentimentos do que eu, Paula?

– Dos meus, eu entendo sim – desafiei.

– Os seus não estão mais em discussão. Eu permiti que você namorasse a Yasmin, não permiti? Estamos falando aqui das outras pessoas, dentre as quais eu me incluo, que não são obrigadas a assistir esse tipo de showzinho.

– Você fala como se a gente tivesse trans*do no meio da quadra! Mãe, foi só um beijo!

– Você estava no colo dela, Paula. E não venha me dizer que foi só um beijo, porque foi um beijo gay, e isso muda completamente a situação.

– Ta bom, ta bom. Cansei de discutir com você porque pelo visto vai ser sempre a mesma coisa. Você nunca vai ver a Yasmin simplesmente como a pessoa que eu amo.

– Não mesmo. Para mim existe uma coisa a frente disso, e é o fato de ela ser uma garota, como você. Só depois vem o resto.

Ao notar que eu não disse mais nada, minha mãe voltou a falar.

– O que está esperando?

– A senhora anunciar que vai me proibir de treinar de novo. Que vai mandar prender a Yasmin, ou me mandar pra outro país, quem sabe.

– Eu já tinha pensado em processar essa garota, sim. Já que ela é maior de idade e você não.

– O quê?

– Mas isso só aumentaria o escândalo, não é mesmo? Fique tranqüila quanto a isso, Paula. E quanto aos treinos também. Aliás, a Luisa quer saber se pode contar com você para a peça de teatro de final de ano. Ela disse que reservou um papel para você, algo que você conseguirá ensaiar mesmo entrando atrasada no elenco.

Arregalei os olhos e quase perguntei o que havia de errado com Dona Magali, mas contive minha língua.

– Eu... Eu posso?

– Vá em frente.

Durante o jantar, no qual só comentamos amenidades, nada conseguia me tirar da cabeça a idéia de que minha mãe estava estranha. Tinha aceitado fácil demais. Mas por medo de provocá-la e colocar tudo a perder, não quis perguntar o que estava acontecendo. Voltei para o meu quarto e fui conferir as matérias do dia seguinte, para arrumar minha mochila.

Não sentia o menor sono e estava cogitando ligar o computador quando ouvi a voz de Joaquim no corredor. Com um sorriso no rosto, percebi que tudo fazia sentido. Ele estava amolecendo Dona Magali...

Apanhei o celular e fiquei olhando para a foto de Yasmin antes de teclar na chamada. Acabei suspirando e me atirando na cama, agarrando o travesseiro. Aquele havia sido um dia realmente incrível... Ainda pensava nisso quando ouvi um ruído na janela. Ignorei, a princípio, mas logo depois ouvi uma batida clara. Olhei para o celular, Yasmin chamando! Corri para a janela.

– Sua maluca! – cochichei, vendo minha namorada sobre o telhado da varanda do primeiro andar.

– Oi amor! – ela sorriu.

– Yasmin, desce daí, você vai se machucar!

– Sua mãe já foi deitar? – ela perguntou.

– Já sim, mas... Yasmin! Hei! Para! Você vai cair daí e se machucar, sua doida! Ya...!

Foi inútil. Ela estava se equilibrando sobre as telhas e chegando cada vez mais perto da minha janela. Ajudei-a a pular para dentro do meu quarto e, antes de me abraçar, ela apanhou algo que tinha oculto sob a camiseta, nas costas.

– Pra você. Te amo!

Uma rosa.

– Ain... – colei meus lábios nos dela. – Você é maluca...

– Uhum – sorriu, abraçando-me muito apertado. – Mas sou apaixonada por você, Paula.

– Boba!

– A sogrinha implicou muito com o beijo?

– Ah... – resolvi que não entraria naquele assunto. – Só um pouquinho, mas está tudo bem.

– Hmm, ainda bem que ela não viu o que você fez comigo depois... – Yasmin mordeu o lábio inferior.

Senti meu rosto enrubescer e baixei os olhos. Yasmin buscou meus lábios e por muito tempo, não dissemos mais nada, ficamos apenas namorando. Eu a puxei para a cama e sentamos sobre o colchão, sem interromper a seqüência de beijos.

– Que você disse aos seus pais para sair a uma hora dessas?

– Eu disse: “boa noite papai e mamãe, durmam bem”.

– Yasmin!? Você fugiu?

– Eles nem vão perceber...

Acariciei o rosto dela.

– Se arriscando desse jeito... To gostando de ver, ruivinha – ri.

– Digamos que... – ela alongou as costas, com um sorriso luminoso na face. – A minha namorada vale a pena, sabe?

– Como é que você sabe? – provoquei, fitando seus lábios.

– Tem razão, melhor eu provar de novo, já estou morrendo de saudades.

Entreguei-me completamente. Yasmin me beijou e foi me deitando de costas na cama. Tínhamos apagado a luz depois de ela entrar, de modo que não me preocupei em trancar a porta.

Quando Joaquim dormia lá em casa, minha mãe não vinha dar boa noite no meu quarto antes de deitar.  Não senti qualquer medo ou receio, apenas ansiedade até que as carícias de Yasmin se aprofundassem.

Ao contrário do que acontecera no vestiário naquela mesma tarde, nos amamos com calma, pois ainda que o desejo não tivesse diminuído, tínhamos mais tempo.

Só notei que pegara no sono quando despertei, algumas horas depois, com Yasmin enroscada ao meu corpo, acariciando meu rosto com a ponta do nariz. Meu coração acelerou na mesma hora e a abracei com força. Acordar ao lado da minha namorada era ainda melhor do que continuar sonhando.

– Que horas são? – perguntei baixinho.

– Hora de me despedir – anunciou ela, tomando meus lábios.

Apesar da dor que senti, sabia que ela teria de ir. Tinha de chagar em casa antes de amanhecer ou seus pais dariam pela sua ausência.

– Ya...?

Ela sorriu e me encarou.

– Hum?

– Essa foi a melhor noite da minha vida. Depois de um dia que já tinha sido mais do que perfeito.

Trocamos um beijo longo e completamente apaixonado. Eu simplesmente não conseguia permitir que ela se afastasse, em busca das roupas que eu espalhara pelo quarto.

– Amor... Amor, eu preciso mesmo ir... – disse ela, que também não parava de me beijar.

– Uhum, eu sei – disse, grudando ainda mais nela.

Levamos quase meia hora para finalmente nos separar. Olhando pela janela, vi que ela desceu sem dificuldade do telhado da varanda e saiu pelo portão do meu jardim, mandando-me um beijo pelo ar. Como uma heroína romântica, no alto de um balcão, deixei que a brisa do fim da madrugada arrepiasse minha pele e que a impetuosidade de quem eu amava me roubasse um suspiro.

Eu estava vivendo um Conto de Fadas.

Fim do capítulo


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Comentários para 9 - Capitulo 8:
Lea
Lea

Em: 13/07/2022

Como são lindas.

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