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A Outra Metade do Amor por Carol Rutz

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Palavras: 4732
Acessos: 1157   |  Postado em: 24/06/2022

Capitulo 6

Capítulo 06 – O Acordo

 

Yasmin

Na sexta-feira acordei como se mal tivesse pegado no sono. Havia me revirado na cama até altas horas, pensando nas conseqüências do plano que eu elaborara. Maldito Nicholas, tinha de ter dado com a língua nos dentes? Bem, na verdade acabei concluindo que a diretora certamente o procurou já sabendo de alguma coisa, e isso explicava a falta de Paula na escola.

Claro que até eu chegar a essa previsão, as mais diversas teorias tinham me ocorrido. Joana ficaria “orgulhosa”! Levantei aos tropeços, escovei os dentes e desci para o café da manhã. Só então lembrei que meus pais não fariam o mesmo tão cedo, naquele dia.

Bendito romance, que não acabava nunca. Eles ficavam cada vez mais apaixonados a cada aniversário. Pelo menos isso lhes dava com que se ocuparem, ao invés de me sabatinar. Engoli qualquer coisa, pus uma roupa confortável – que escolhi sem muito cuidado – e fui para a escola tentando conter a minha ansiedade.

Nicholas me ligou quando eu estava na esquina e deu detalhes de sua conversa com a diretora, e eles não me deixaram nem um pouco mais tranqüila. Tampouco a presença de Daniela na minha classe, ao lado de Paula, como se a consolasse por algo.

Trocamos um olhar aflito e, no instante seguinte, a coordenadora nos chamou. Os quatro: Nicholas, Daniela, Paula e eu. Dona Magali trajava um terninho vermelho. A cor do poder. Não olhou nenhum de nós nos olhos enquanto nos pedia para sentar. Ficamos em pé. Ela pareceu não se importar com isso e começou a falar, num tom inquisidor que gelou meus ossos.

– Que bela maneira de encerrar o semestre, não? Quatro dos melhores alunos da minha escola envolvidos em um complô.

Impossível não me deter no “minha escola”. Virei os olhos.

– Mãe-

– Senhora diretora, Paula – lembrou ela.

– Certo – ela tomou fôlego. – Senhora diretora, eu peço que tenhamos essa conversa só nós duas. Os outros nada tem a ver com isso.

– Oh, então eu tenho uma filha altruísta agora?

– Dona Magali, nós podemos explicar tudo – meteu-se Daniela.

– Daniela, não os chamei aqui para ouvir explicações. Eu já sei o que aconteceu.

Fez-se silêncio. Notei que gotas de suor começavam a escorrer pela minha pele, por baixo da camiseta.

– Sua mãe me procurou ontem, Daniela. Deve estar sabendo disso.

Ela confirmou acenando com a cabeça.

– Sendo eu mãe da Paula, restam apenas os pais de Nicholas e Yasmin – ela me olhou, enquanto continuava falando. – Tenho certeza de que eles adorarão tomar parte nesse assunto.

– Mãe, não!

– Por que não? Não acha que eles ficariam orgulhosos de vocês?

– Não é bem assim – disse Nicholas.

– Pois você, Nicholas, parecia muito orgulhoso dos seus atos, ontem, quando me desafiou.

Intimamente, confesso que me surpreendi. Jamais teria imaginado que Nicholas seria capaz de demonstrar alguma resistência e defender o nosso plano, defender o nosso intuito e acreditar, de verdade, nas nossas razões para levar aquilo a cabo.

Tinha de admitir, ele fizera parte de tudo, mas eu ainda desconfiava que era apenas em troca do que eu ofereci: armar alguma para que ele e Daniela ficassem de novo.

Eu tinha até o final do ano para cumprir minha parte no trato e ainda nem fazia idéia de como proceder. Daniela e eu não nos suportávamos.

– Podemos resolver isso apenas entre nós – disse, impulsivamente.

– Yasmin, por quê? Pense na alegria dos seus pais em ouvir que você foi capaz de tramar um romance de mentira para que você pudesse ficar com uma colega? Hum? Que lhe parece? Conheço seus pais... Aposto como adorariam saber...

– Mãe, pare com isso!

Engoli em seco. Se havia algo no mundo que eu temia com todas as minhas forças era que meus pais viessem a saber que sua única filha mulher era lésbica.

– Se eu fui capaz de, como a senhora disse, tramar tudo isso sozinha, posso arcar com as conseqüências sozinha também – de repente lembrei de algo que poderia ajudar. – Já sou maior de idade! Meus pais não tem nada a ver com o que aconteceu.

A diretora pareceu considerar a última informação e posso jurar que aquilo não lhe passara pela cabeça. Seus olhos perderam um bocado do brilho vingativo.

– Os quatro estão cientes de que o que fizeram foi muito grave? Vocês todos têm vestibular no final do ano, deveriam estar pensando nisso e não em namoricos infundados!

– Estamos – disse Nicholas, com a voz fraca.

– Acho desnecessário frisar que não deve se repetir, certo?

Concordamos em silêncio.

– Dessa vez, vou me contentar em resolver isso somente entre nós cinco – olhou para Nicholas e eu. – No próximo deslize, maiores de idade ou não, chamo seus pais. Entendidos?

– Sim – eu disse, perguntando-me o que poderia ser um próximo deslize.

– Paula, Daniela e Nicholas, podem sair.

Nenhum deles se moveu e ela teve de insistir. Entrei em pânico tal que não consegui devolver o olhar preocupado que Paula lançava na minha direção. Ouvi a porta fechando e me vi, enfim, sozinha, diante da leoa.

– Senta.

Obedeci.

– Então, Yasmin... Você cresceu... – ela sorriu. – Seus pais estão bem?

– Ó...ótimos. – balbuciei.

– Notei que lhe afligiu a possibilidade de eu os colocar a par disso.

Sem saída, concordei, ao que a diretora imediatamente perguntou o motivo.

– Acho... Acho... Que eles não ficariam felizes. Nem tanto pelo plano, mas... Por...

– Por você ter feito isso por uma garota.

Confirmei encarando o chão.

– O que mostra que eu não estou tão errada assim, não? Outros pais agiriam como eu... Qualquer pai ou mãe agiria como eu.

– Não trancando a filha em casa – disparei, arrependendo-me logo em seguida.

– Certo, então uma garota de dezoito anos sabe criar uma filha melhor que eu. Ótimo.

– Não foi o que eu quis dizer.

– Você se sente em apuros agora, Yasmin?

 “Claro, você está me torturando!” – tive vontade de dizer, mas me contive e apenas confirmei.

– Quantas vezes acha que Paula passará por isso, se ficar com você? Na faculdade, depois no emprego... Se alguém um dia descobrir, vocês duas já pensaram nisso?

– É que-

– Eu penso nisso o tempo todo, Yasmin. Não sou uma carrasca por desejar o melhor para a minha filha. Também não sou hipócrita, eu sei o que é uma lésbica, eu entendo. Consigo conviver com gente como você. Apesar disso, estou longe de achar que viver se escondendo seja normal. Você e ela tiveram uma boa prova disso, não? Olhe onde estamos. Você tremendo de medo... Está suada!

– É que-

– Deixe eu falar – ao que assenti, ela continuou: – Como você se sente não é da minha conta, as escolhas são suas... Porém no que diz respeito à minha filha, eu desejo do fundo do meu coração que seja só uma loucura dela, algo para me chocar, e, devo dizer, influenciado por aquela... – ela fez uma careta – Pela professora de teatro da escola.

Notei que a porção de desaforos que ela engoliu desceu rasgando sua garganta.

– Eu sei que vai passar. A minha filha não é assim. Que lhe parece?

– Aaam... Eu...

– Diga. Seja sincera.

– Acho que as pessoas nascem heterossexuais ou homossexuais e nada pode mudar isso. Podem experimentar outras coisas, mas em essência não vão mudar. Podem esconder, quem sabe a vida toda, mas desse modo não podem ser felizes. Estariam enganando a si mesmas.

– Exato. E eu acho, melhor, eu tenho certeza que Paula nasceu heterossexual e está experimentando outras coisas agora. São palavras suas, certo?

– Eu não disse que ela era assim, só disse que tem pessoas que-

– Eu penso assim. Eu sou mãe dela. Eu a conheço desde antes dela nascer.

– Ok – decidi não prolongar aquilo.

– E como eu acho muito saudável ela ter uma adolescência plena, não vou mais implicar.

Não pude disfarçar meu espanto.

– Como assim?

– Isso mesmo, Yasmin. Como te disse, eu tenho certeza que ela não é assim. Estou tranqüila – a diretora se refestelou na cadeira que ocupava. – Surpresa? Aposto que sim. Sou totalmente contra namoros dentro da escola, você sabe. Deve imaginar que há um motivo.

– Sim, escola é lugar de estudos.

– Isso. E “escola” é um termo que se estende aos treinos da equipe de voleibol. Vocês são colegas, certo?

– Uhum.

– Se eu pegar as duas juntas aqui, ou no ginásio, já sabe, não? Tenho o telefone e o e-mail dos seus pais. Ah, o endereço também!

– Certo. Isso... Isso quer dizer que a Paula não está mais de castigo, é isso?

– Castigo é uma palavra forte, Yasmin. Não a gaste assim.

Aquilo estava ficando muito louco!

– Ta.

– Bem, eu acho que você entendeu que isso é um acordo entre mulheres. Você acha que minha filha é homossexual; eu tenho certeza que não. Vamos dar tempo ao tempo e ele, sabiamente, nos dará uma resposta.

Em silêncio, eu aguardei que ela prosseguisse:

– Se ela continuar com você, eu perdi. Se, pelo contrário, ela logo se enfadar dessa brincadeirinha, ficará claro que eu estava certa desde o começo.

Achei que não era o melhor momento para eu comentar que Paula poderia até não ficar comigo, mas que definitivamente não ficaria com homens. Considerando o que de pior poderia ter acontecido naquela conversa, eu estava no fundo me sentindo aliviada. Nada dos meus pais no meio do assunto e de bandeja a Paula livre do castigo!

– Yasmin?

– Oi... O quê? – ela me tirou do devaneio.

– Você precisa concordar com o nosso trato.

Estreitei os olhos. A sexualidade de uma pessoa não era algo que se provasse em acordos, muito menos daquele tipo! Pior era pensar que quem me propunha aquilo era a própria mãe da Paula...

Pelo menos o trato explicava como a mulher tinha mudado de postura tão rápido, pois confesso que fiquei perplexa por ela não ter expulsado ninguém do colégio ou coisa assim. Ou mandado a Paula pra Lua... Dona Magali estava fingindo que entendia, afinal.

– Talvez se-

Parei de falar quando ela apanhou o telefone, com um brilho nos olhos que parecia declamar o número da minha casa. Limpei a garganta.

– Certo. Aceito.

Ela largou o telefone, levantou-se sorrindo e me estendeu a mão. Ao tocar a pele daquela mulher, senti como se estivesse exposta a alguma terrível moléstia contagiosa.

– Desnecessário salientar que minha filha não deve ficar sabendo do acordo, ok?

 “Até porque ela nunca mais te olharia nos olhos se soubesse” – pensei.

– Claro – fingi um sorriso, satisfeita por poder me retirar do covil da direção logo depois.

Quando alcancei o pátio, a única coisa na qual eu conseguia pensar era que estava precisando de férias. Um longo ciclo tinha se encerrado e, pelo menos, as conseqüências não haviam sido tão dolosas. Mas cega no meu pequeno sucesso de não ter envolvido meus pais, acabei esquecendo de algo que amargaria por muito tempo: eu tinha aceitado o acordo maldito.

Ainda que o achasse ridículo, eu me tornara parte e isso me fazia igual à Dona Magali. Ao estranhar o pátio vazio, lembrei que o sinal fora dado enquanto eu estava na direção e com isso, as aulas tinham começado. Dei meia volta e entrei na classe pedindo licença, rumando de cabeça baixa para o meu lugar, no fundo.

Nicholas e Paula me seguiram com olhares que eu não correspondi. Olhei no relógio: tinha duas horas e meia até o intervalo e isso teria de ser tempo necessário para elaborar uma boa mentira. Certamente eu seria interrogada, teria de parecer convincente.

– E aí??? – quis saber Nicholas, mal o professor tinha se retirado para o intervalo.

– Calma – apontei para os colegas em volta.

Paula também se aproximou.

– E aí??? – disse ela.

Respirei profundamente e fechei meus olhos. Estava abrindo a boca quando ouvi de novo:

– E aí??? – dessa vez era Daniela, esbaforida por ter vindo da outra classe.

– Céus, calma, gente. Ela não me devorou viva, como devem notar.

Daniela e Nicholas riram.

– Desculpa, Paula, eu sei que é sua mãe.

– Ah, que bela mãe eu fui arranjar...

Molhei os lábios e os encarei, finalmente.

– Basicamente namoros na escola estão proibidos. Gays ou não.

– Sim, isso sabemos, mas... Ela chamou seus pais, ela-

Interrompi Nicholas.

– Não.

Os três respiraram aliviados, ao mesmo tempo.

– Você demorou. Que mais ela queria?

– Demorou porque ela perguntou dos meus pais. Eles foram vizinhos quando eu morava aqui.

Àquela altura, Nicholas já sabia que Paula e eu éramos amigas de infância.

– Que mais? – continuou Daniela.

– Ela liberou a Paula do castigo – acabei sorrindo.

– Sério!? Mas como?

– Acho que foi a conversa com a sua mãe. Ela entendeu. Só não quer que a gente fique na escola ou nos treinos.

– Sem brincadeiras, Yasmin – pediu Paula.

Olhei para ela com o semblante calmo. Dona Magali havia confundido os meus nervos naquela sala e, claro, eu não deixaria barato. Se eu tinha de mentir, pensei que não faria mal elaborar uma boa versão que colocasse a perua no lugar dela.

– Eu pedi a sua mão em namoro, pra ela.

Daniela engasgou e Paula ficou petrificada. Quase comecei a rir.

– Ahn? – indagou Nicholas.

– Ela aceitou. Só falta... Você concordar – olhei pra Paula.

O rosto dela tomou uma coloração rubra.

– Eu vou fazer um pedido decente, de joelhos, com flores. Mas, você sabe, não pode ser na escola.

– Daniela, me belisca – pediu ela, sem tirar os olhos de mim. – Ai! Isso doeu!

– Foi você quem pediu, Paulinha. Pelo menos agora sabe que não está sonhando.

– Cara, eu não acredito nisso... – Nicholas riu, nervoso, e cobriu o rosto com as mãos, para depois começar a gargalhar.

Em instantes, estávamos os quatro rindo feito bobos. Daniela, entretanto, ainda me olhava com desconfiança.

– Não está aprontando nada, né, novata?

 “Mais do que uma idiota como você conseguiria aprontar em toda a sua vida” – pensei.

– Já disse que não – respondi em voz alta.

Depois disso nos abraçamos e fomos até a cantina. Não queríamos chamar muita atenção por causa do medo coletivo de que Dona Magali mudasse de idéia ao ver a nossa alegria, mas foi impossível. Toda vez que se fazia silêncio, o mesmo era quebrado por um de nós lembrando daquilo ou quem sabe me imaginando pedindo a mão de Paula à mãe dela e rindo a plenos pulmões.

– Cara, você é foda mesmo! – reconheceu Nicholas.

Estava para engatar uma frase nada modesta quando senti uma mão pousando em meu ombro. Gelei.

– Meus queridos alunos, que bom que conseguem se divertir nessa época tão dura de provas e trabalhos – disse Dona Magali, falsamente simpática, adorando chamar a atenção do colégio todo. – Pelas risadas, vejo que estão todos afiados para muitas notas dez, certo?

– Notas dez é com a gente mesmo – disse Nicholas.

Ela riu bobamente e enquanto os outros se distraíam, sussurrou ao meu ouvido:

– Que foi que disse a eles?

Limpei a garganta.

– Ah, diretora, estava contando agora mesmo o motivo da ótima conversa que tivemos ter se estendido – trocamos um sorriso tão luminoso quanto falso. – Que a senhora ofereceu a sua casa para Nicholas, Daniela e eu... Será realmente maravilhoso passar o sábado à beira da piscina, com a Paula.

– Sério? – apavorou-se Paula.

A diretora estava branca.

– Realmente muito gentil, Dona Magali – acrescentei.

Ela demorou um século para tomar fôlego e engolir todas as ameaças de morte que, tenho certeza, ela teria dirigido a mim se não fosse detida pela presença da filha.

– Claro. Espero todos lá, amanhã. Agora preciso voltar ao trabalho, aproveitem o resto do intervalo.

– Até... – disse Daniela, ainda perplexa.

Passada a euforia de tudo aquilo, um sorriso que dessa vez era verdadeiro brotou em minha face. Finalmente eu poderia lutar pelo amor de Paula sem a opressão de sua mãe. Então olhei para uma parede lisa, ao leu lado. O que eu tinha pensando? Amor?

Bem, era inútil negar, ainda mais para mim mesma. Eu ficava mais apaixonada por aquela garota a cada segundo e nada me faria mais feliz do que namorar com ela.

 

– x –

 

Paula

Eu não estaria mais nervosa com aquela tarde na piscina se tivesse esperado por ela sozinha. Daniela não parava de me torrar a paciência um segundo. Ela chegara depois do almoço, supostamente para me ajudar a preparar tudo, mas dois minutos foram suficientes para eu perceber que o objetivo era outro:

– Aquela petulante da sua namorada tinha que ter avisado o Nicholas do convite da sua mãe?

– Ué, ele foi convidado junto, nada mais natural – disse eu, ocupada em escolher um biquíni.

– É, mas ela poderia ter te avisado só depois, e aí você fingia que esqueceu de convidar ele.

– E por que eu faria isso, Daniela? – perguntei sem olhar pra ela.

– Porque você sabe que eu detesto ele! Vai ser um saco passar a tarde agüentando as asneiras que ele diz.

– Em todo caso, ele é o melhor amigo da, como você lembrou, minha namorada, e tenho certeza que ela vai se sentir melhor se ele estiver junto. Aliás, ele é melhor amigo dela e você é minha melhor amiga... Mais um motivo para que se tornem um casal, hum?

Saí do quarto saltitante, rumo ao banheiro, o que me safou de levar uma almofada ou qualquer outro objeto na cara. Falar daquele esperado envolvimento era pedir para pôr os nervos da Daniela em alerta. E, sabia eu, os hormônios em ebulição.

Quando voltei, ela ainda bufava, mas não tentou arremessar nada em mim.

– Ui... Você está querendo mesmo ir com tudo, hein? – olhou-me lascivamente.

– Nem começa... – virei os olhos.

– Gata!

– Para com isso – ri, sem graça. – E vai pôr o seu biquíni também, eles devem estar chegando.

Daniela apanhou suas coisas.

– Pelo menos com aquele chato, esnobe e péssimo de cama do Nicholas por aqui, eu não vou passar a tarde bancando a vela.

– Aham... – disse, quando ela já estava no corredor. – Sei.

Ouvi passos e estava me virando para emendar mais alguma coisa e apressar minha amiga quando percebi que não era ela, entrando no meu quarto.

– Podemos conversar?

– Claro, mãe. Aaam... A Daniela foi no banheiro, ela-

– Não é nada que ela não possa ouvir – sorriu.

– Ok – sentei na cama, apreensiva.

Depois de um longo suspiro que me fez pensar que aquilo duraria a tarde toda, minha mãe resolveu ir logo ao assunto:

– Eu te devo desculpas, Paula.

Baixei os olhos, ao que ela continuou:

– Tivemos uma briga feia. Muito feia para uma mãe e uma filha que só têm uma a outra. Eu lamento, sei que fui dura. Eu lamento ter afastado você das coisas que você gosta... Os treinos, o teatro. Ressalto que estava tentando fazer o melhor para você... E... Bom, eu não sou perfeita, sabe? – notei lágrimas em seus olhos e passei a me preocupar. – Talvez eu não mereça o seu perdão, filha, mesmo assim eu vim pedir.

– Mãe, não! Que isso, eu-

– Filha, me desculpa, por favor! – me abraçou com força. – Sei que os seus amigos estão chegando, mas eu não suportei esperar. Não quero te perder.

– Mãe, esquece isso – vi Daniela parar na porta do quarto e dar meia volta ao notar o que estava acontecendo. Com um aceno a tranqüilizei e ela desceu na frente.

– Espero que você me diga o que fazer, porque sinceramente isso não chega nem perto do que eu imaginei que teria de passar... Eu não sei como agir.

– Mãe... Mãe, olha só, eu só quero que a senhora seja a mesma mãe de sempre. Quer dizer, que sempre foi até eu contar. Pense bem, não é o fim do mundo, é só se acostumar que, na verdade, é um amigo e a minha namorada que estão vindo, hum?

– Aaam... Não consigo. Olhe, eu vou tentar, certo? Vocês podem se ver, fora da escola – salientou – e tudo mais, mas por enquanto eu não vou conseguir chamá-la de sua namorada. Nem, por favor, me peça para assistir vocês duas juntas.

Sentei na cama, me desvencilhando do abraço dela. Dona Magali sentou do meu lado, apanhando a minha mão.

– Mãe, ainda que fosse com um garoto, nunca me passou pela cabeça ter grande intimidade na sua frente... Na frente de ninguém. Eu não sou uma maluca, nem uma pervertida, nem nada disso.

– Certo.

– Eu estou muito agradecida que a senhora não tenha metido os pais da Yasmin nisso. Eles ainda não sabem, ela vai precisar, quer dizer, nós duas vamos precisar de mais um tempo até contar para eles.

– Minha filha, eu estarei sempre fazendo o melhor por você.

– Mais alguma coisa? – questionei, secando as lágrimas que molhavam o rosto preocupado dela. – Hum?

– Por enquanto eu gostaria que isso fosse mantido em segredo. Você sabe, Joaquim e Fernando, e os seus professores, que afinal são meus colegas de trabalho.

– Mãe-

– Pelo menos por um tempo, hum? Até a sua mãe careta se acostumar com isso, o que acha?

– Ta... – concordei, a contragosto. – Tudo a seu tempo.

– Fora isso, Paula, juízo, hein?

Ri por um instante, enquanto ela se levantava.

– Pode deixar, prometo que não vou engravidar a Yasmin – pisquei o olho.

– Paula, pelo amor de Deus!

Percebi que havia exagerado, mas de qualquer modo ela deixou o quarto e eu, após apanhar o bloqueador solar, desci a procura de Daniela. Ficamos tomando banho de sol enquanto Yasmin e Nicholas não chegavam. Naquele momento de ansiedade, pela primeira vez lembrei que deveria requisitar meu celular de volta, uma vez que minha mãe tinha me privado dele.

– Detesto ser chata, mas... Não acha que a sua mãe mudou de ideia rápido demais? – disse Daniela, atravessando um assunto trivial.

– Pelo contrário, tava mais do que na hora de ela enxergar a verdade.

– Considerando isso, sim. Mas pelo que você me contou da conversa de quarta à noite, e pelo que eu acabei de ver agora... Não parecem atitudes de uma mesma pessoa.

– Não se esqueça que a sua mãe foi falar com ela. Nossa, eu devo a minha vida à Dona Thereza. Minha liberdade de volta! – ergui os braços, feliz.

– Sei não – Daniela olhou de lado. – Nunca vamos saber de verdade o que foi que ela conversou com a Novata Petulante.

– O nome dela é Yasmin, você está cansada de saber. E ela nos contou o que foi que conversaram.

– Não sei se eu acreditei no que ela disse.

– Daniela, quer parar de torrar? Você tem implicância com a Yasmin e por isso ficou desconfiada.

– É mais do que isso – reafirmou ela.

– Certo, então você acha que foi o quê?

– Ah, sei lá. A encrenqueira da sua namorada deve ter ameaçado a sua mãe de morte, ou qualquer coisa assim.

Comecei a gargalhar sem me conter.

– Que isso, Daniela... Também não é pra tanto.

Ela também já estava gargalhando. Como eu, ficara imaginando a cena.

– Exagerei, né?

Continuamos rindo muito. Apanhei meu copo de suco, pousado ao lado da cadeira, e sorvi dois goles, voltando a rir já com a garganta menos seca.

– Mas sei lá, não duvido... – acrescentou Daniela, aproveitando para sorver seu suco também.

Balancei a cabeça, divertida. Daniela quando implicava com alguém, ia até o fim! Seria uma tarde e tanto, porque embora Nicholas fizesse vista grossa para as provocações e disparates dela, Yasmin não era do tipo que deixava barato. Confesso que amava aquilo nela.

Minha mãe fez questão de ir comigo até o portão quando Yasmin e Nicholas chegaram. Ela nunca fazia aquilo, mas eu estava disposta a relevar qualquer coisa pelo menos nos primeiros dias. Queria que ela confiasse em mim e atendi o seu pedido. Cumprimentei Yasmin apenas com o beijo no rosto, mas não soltei sua mão. Notei que o olhar de Dona Magali ficou preso naquele contato por todo o caminho até a piscina.

– Ah, Yasmin, como você mesma fez questão de me lembrar ontem, já tem 18 anos... Tem cervejas no freezer, se você quiser – minha mãe ofereceu.

– Imagine, Dona Magali, ficarei só no suco mesmo.

– Oh, o treinador deve ter se enganado... Ele tinha me garantido que você adora levar suas coleguinhas menores de idade para uma esticadinha depois do vôlei...

Um alarme começou a soar e senti meu coração disparado. Yasmin tinha o pavio curto, desde sempre, e minha mãe provavelmente jogaria com aquilo a seu favor.

– Por falar em treinador, como diretora, a senhora poderia assistir nosso amistoso, depois das férias. Eu sentiria um orgulho imenso ao ver o seu rosto na arquibancada. E tenho certeza que a Paula mais ainda, né, amor? – beijou minha mão.

A muito custo, Nicholas e eu sufocamos o riso. Se Dona Magali tinha resolvido pegar pesado, Yasmin provou logo de cara que daria o troco. 

Já na piscina, Daniela quase chorou de rir quando Nicholas contou sobre as boas vindas. Na contramão de todas as suas reclamações antecipadas, minha amiga parecia bastante satisfeita com a companhia do garoto, da qual desfrutou a tarde toda porque, afinal de contas, Yasmin e eu tínhamos muito o que conversar.

Não pudemos nos exceder, com os dois ali por perto e minha mãe aparecendo a toda hora para oferecer mais alguma coisa e trocar gentilezas artificiais com Yasmin, que não perdeu o controle em momento algum.

Quando um de nossos beijos já durava mais de dez minutos, Daniela pigarreou alto e eu ouvi um bufo de contragosto de Yasmin. Nicholas e eu rimos dos dois.

– Nick, que tal dar um jeito numa certa pessoa que está deixando mais do que claro que está necessitada? – disse ela, sem, contudo, sair dos meus braços.

– Quem é a necessitada aqui? – esbravejou Daniela.

 “Ah, vão começar de novo” – pensei.

– Paula, eu acho melhor você dar um jeito em outra certa pessoa, claramente ela não está satisfeita, visto que tem tempo de ficar de gracinhas...

– Deixa comigo!

Disse, antes de mergulhar meus lábios na boca de Yasmin mais uma vez. Ela devolveu meu beijo com urgência e, por baixo da água, pressionou as pontas dos dedos, percorrendo minhas costas.

Se até ali já fora difícil me conter, os avanços dela passaram a me deixar cada vez mais louca! Quase não conseguia acreditar que estava beijando minha namorada na piscina da minha casa... E que minha mãe estava ciente disso.

Arranhei a nuca de Yasmin e a forcei a colar mais as nossas bocas, ao que ela gem*u quase imperceptivelmente. Ergui minha coxa entre as pernas dela e o resultado foi outro gemido, acompanhado de uma mordida no meu lábio.

– Ta provocando demais...

Ela sussurrou, mas ao invés de me podar, usando o próprio corpo como escudo visual para os outros, passou a tocar meus seios ainda sobre o biquíni. Minha vez de gem*r, com a boca colada no pescoço dela.

Não fosse a resistência da pressão da água, minhas pernas teriam bambeado no instante seguinte, quando Yasmin encaixou seu corpo ao meu, num abraço apertado, que era ao mesmo tempo carinhoso e excitante.

Eu sabia que estávamos indo longe demais, por isso abri os olhos e, mirando sobre o ombro de Yasmin, fui em busca de saber se Daniela e Nicholas estavam incomodados.

Quase gargalhei. Mas ao invés disso, um sinal bastou para que Yasmin se virasse por meio segundo e entendesse a minha reação. Obviamente os outros dois também estavam no meio de um amasso daqueles!

Fim do capítulo


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Comentários para 7 - Capitulo 6:
Lea
Lea

Em: 13/07/2022

Será que a Magali vai jogar sujo com a Yasmin, além desse acordo "sem pé,e nem cabeça"??

Pq não respeitar o que a filha quer,afinal,a Paula é uma garota estudiosa e sem rebeldia, aparentemente.

Mas vamos curtir esses momentos de paz. E espero que os pais da Yasmin sejam compreenssivos,quando souberem .

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