Como sempre, desculpem pela demora!
Capitulo 52 - Adrenalina
Pov Lia
Lia desligou na cara de Liz e ficou bufando de raiva. Ela tentava controlar ao máximo seu temperamento enquanto sentia suas mãos tremerem. Trincou os dentes e ficou suspirando alto. Sentia o sangue fervendo de ódio nas veias. Mas Liz teria que lhe dar uma explicação muito boa e convincente para justificar o fato daquela cachorra ter atendido ao seu telefone.
Parecia que toda vez que ela tentava passar por cima do orgulho, algo a fazia se arrepender. Por algum tempo a irritadinha realmente teve certeza, bem lá no fundo de seu coração, que os sentimentos de Liz eram verdadeiros e tão recíprocos quantos os seus. E se assim fosse, ela não teria coragem de traí-la.
Lia admitia que era ciumenta e um pouco possessiva. Era algo que vinha de dentro dela da forma mais natural possível. Sabia que não era saudável ser assim, por isso tentava controlar aquela parte de seu ser, e por muito tempo ela conseguiu.
Tentava afastar a insegurança, os ciúmes e esse sentimento de posse, até porque, tirando alguns pequenos incidentes, Liz demonstrava com atos o seu amor por ela, seu carinho, respeito, o desejo, a paixão... na cama elas continuavam se querendo da mesma forma ainda, e se sentir desejada colocava toda dúvida que tinha para o espaço. Era assim que conseguia dissipar as vozes pertinentes que lhe atormentavam vez ou outra.
Viver sem esse peso de aflição e insegurança, era a coisa que Lia mais queria na vida e sentia que finalmente estava conseguindo mesmo que aos poucos. Certa vez ela lera em seu horóscopo, que escorpianos eram naturalmente desconfiados, vingativos e possessivos. Lia já aceitara e admitia para si mesma que era verdade, de fato possuía todas aquelas características, mas falava para si mesma que nunca se tornaria uma pessoa ruim ou obscura.
Aceitar seu gênio "ruim" foi a melhor coisa que fizera, porque desde então havia sido muito mais fácil controlar essa parte sua e usar isso ao seu favor. Ademais, adorava ser essa pessoa intensa e verdadeira que era. Lia nunca havia gostado tanto de si mesma como nos últimos meses, estava orgulhosa da pessoa que estava conseguindo se tornar.
Contudo, é claro, nem tudo era perfeito. Agora teria aquela situação com Cíntia novamente para tentar mexer com sua estrutura emocional. Será que Liz estava tendo um caso com Cíntia? "Não, não era possível. Não com aquela asquerosa!" Lia pensou exasperada.
De repente seu celular tocou o som de uma notificação. Quando verificou a tela, viu que era uma mensagem de voz de Liz. Revirou os olhos e bufou novamente, ponderando se deveria escutar isso naquele momento. A sua vontade era de responder de volta com um monte de desaforo, mas apenas deitou-se na cama e começou a escutar.
No áudio Liz explicava ainda mais detalhadamente o que já havia lhe dito há poucos minutos pela ligação, de que havia chegado do trabalho cansada, foi para o quarto, tomou banho, deitou na cama, escutando música bem alta e do nada sentiu Cíntia lhe massageando as costas. Uma empregada novata a havia deixado entrar por descuido. A rockeira parecia um tanto quanto apressada no áudio.
Lia conseguiu sentir verdade nas palavras dela e também não havia nenhum tom de culpa ali, apenas frustração e irritabilidade com toda a situação. Apesar de estar com muita raiva, tentou acreditar no que ela dizia. Se perguntava se estava sendo uma tola por isso. Mas será que Liz seria capaz de traí-la logo com Cíntia? Dentre tantas outras mulheres que com certeza davam em cima dela, seria logo com Cíntia?
Lia escutou o áudio por três vezes seguidas, sempre respirando o contando até dez para não fazer besteira. Lia conseguiu se controlar e nada respondeu por enquanto. O melhor era se acalmar um pouco e conversarem depois. Não aguentava mais fazer as coisas por impulso. Não aguentava e não queria mais fazer isso. Era hora de mudar.
Vanessa entrou no quarto, distraindo-a de seus pensamentos. Ela trazia uma xícara junto de alguns biscoitos.
—Candace fez chá e está uma delícia. Ela mandou um pouco para você. Quer?
— Sim, obrigada! — Agradeceu de maneira curta enquanto recebia a xícara e os biscoitos.
— Você está melhor da ressaca?
— Sim. A dor de cabeça passou, ainda bem.
— Ah! Você parece com raiva. Aconteceu alguma coisa?
Lia olhou-a, mas apenas ficou calada. Aparentemente não conseguia disfarçar bem os sentimentos, ainda estava tentando e controlando isso.
— É, estou aborrecida com a Liz — confessou em tom emburrado.
— De novo? — A ruiva estranhou. — Mas ontem você disse que estava tudo bem. Quer desabafar?
— Não. Ainda não, mas obrigada por perguntar. — Lia tentava ser gentil apesar da raiva. Estava tentando não descontar suas frustrações nos outros, já havia aprendido várias lições por conta disso.
— Ok. Estou aqui se precisar.
— Ok.
Sem dizer mais nada, Lia comeu em silêncio, se deitou, colocou os fones e ficou escutando música enquanto pensava no que deveria estar acontecendo com Liz naquele exato momento e esperava o sono vir.
***
Pov Liz
Vitória e Tomás desceram as escadas no momento que Liz desligou a ligação com Luísa. Os dois, vinham conversando e rindo um com o outro, mas no momento que perceberam a presença de Vanda ali na sala, ficaram aturdidos. Os dois se aproximaram rapidamente.
— O quê que essa mulher está fazendo aqui? — Tomás exigiu enquanto ia para cima dela.
— Calma Tomás! — Liz se meteu em seu caminho quando viu Vanda se encolher ao seu lado. — Precisamos ter calma agora.
— Que história de calma, que nada! — Vitória se pronunciou dessa vez. Os dois não sabiam de tudo o que se passava. — Vou ligar agora para a polícia.
Liz imediatamente tomou o telefone das mãos da prima. Os dois a olhavam como se fosse louca.
— O que você está fazendo Liz?
— Eu já falei com a tia Luísa. Ela está vindo para casa. Ela vai cuidar disso. Mas vocês precisam ter calma.
A rockeira tentou acalmar os primos e depois levou Vanda até o escritório. Sozinhas, Liz finalmente pode lançar melhor o olhar sobre ela. A ruiva tinha uma aparência mal cuidada e desleixada. Seus cabelos antes vivos e sedosos agora estavam secos e sem vida, sem falar que ela estava bem mais magra e com a uma expressão de cansaço.
— O que veio fazer logo aqui? — Liz não mais se conteve. Tentava controlar a raiva que sentia.
— Eu não tenho mais para onde ir. — Ela admitiu desabando sobre o sofá. — Passei os últimos dois meses fugindo.
— Da polícia? — Liz a olhava atentamente, mas ela balançou a cabeça negativamente.
— Do Arthur.
As suspeitas de Flávio eram verdadeiras. Com certeza os dois estavam metidos em toda aquela armação.
— A tia Luísa já já deve estar chegando e vamos tirar toda essa loucura a limpo. Você precisa de alguma coisa? — Tentava ser gentil para não afugentá-la. Por mais que estivesse puta de raiva, queria tirar tudo a limpo e sentia que somente com os relatos dela as coisas iriam se esclarecer.
— Estou com muita fome, na verdade!
— Ok. Fica aqui que vou pegar algo para você.
Assim que Liz saiu do escritório, deu de cara com os primos. Eles continuavam a espera de alguma explicação, mas achava melhor deixar aquilo para que a tia fizesse. Deveriam ter contado tudo aos dois assim que descobriram a verdade.
— É melhor a tia Luísa conversar com vocês sobre isso.
— Você e a mamãe ficam escondendo coisas da gente. — Tomás declarou enfurecido. — Parece até que você é a filha dela.
Liz teve vontade de revirar os olhos em descrença e bufou sem paciência, mas antes que pudesse responder algo, Vitória falou:
— De novo isso, Tomás?! — Ela deu um tapinha de leve na própria testa e balançou a cabeça. — Eu também estou com raiva por elas terem escondido as coisas, mas isso que você está falando não tem nada a ver. Eu não sabia que você era tão ciumento assim com a mamãe.
— Vai me dizer que isso não te incomoda? Você mesma reclamou outro dia...
— Mas não com ciúmes das duas. Não é hora para isso!
Antes que eles pudessem avançar na discussão, Luísa atravessou a porta da sala parecendo afobada e ela tinha o investigador Lobato em seu encalço.
— Onde está ela? — A tia perguntou se direcionando a Liz.
— Será que a senhora pode nos dizer o que está acontecendo? — Tomás questionou cheio de razão, cruzando os braços e se aproximando da mãe.
Luísa soltou um suspiro e deu de ombros. Aproximou-se do filho e o envolveu em um abraço.
— É uma longa história, querido! Eu prometo que logo conversaremos sobre isso. Agora precisamos falar com a Vanda imediatamente. Vamos! — Terminou de falar em um tom de autoridade que não dava mais espaço para questionamentos.
— Ela está no escritório.
Liz avisou e todos se direcionaram para lá, mas antes que todos entrassem no cômodo, Lobato disse:
— Luísa, é melhor apenas nós dois falarmos com ela agora. Muita gente só irá atrapalhar.
A tia olhou para os três com pesar e apenas concordou com a cabeça.
— É melhor mesmo, Lobato. — Ela se direcionou aos filhos e disse com pesar. — Logo vou explicar tudo. — Depois a tia pôs uma mão sobre o ombro de Liz. — Obrigada por ter segurado ela aqui e ter me avisado.
A rockeira sorriu fraco e apenas acenou de leve, em um movimento que dizia que estava tudo bem. Com o rabo entre as pernas, o três voltaram para a sala e sentaram um ao lado do outro no sofá. Tomás estava com a cara azeda de poucos amigos e Liz torceu para que ele não ficasse falando mais besteiras, pois dessa vez não ia mais ficar calada.
— Liz, o que está acontecendo? — Vitória perguntou aflita.
A rockeira achava melhor a tia contar tudo a eles, mas não tinha como negar a verdade aos primos e pensando em otimizar o tempo, acabou dizendo tudo.
Os primos ficaram chocados com a história, como já era de se esperar. Tudo aquilo parecia um filme de ficção. Na cabeça de Liz tudo ainda era confuso também, mas agora eles finalmente sabiam de tudo.
Os três debateram questões por muito tempo enquanto esperavam alguma novidade vinda do escritório. A conversa lá dentro se prolongou por muito tempo, aumentando ainda mais a ansiedade deles, mas finalmente depois de quase uma hora, as portas se abriram.
Luísa tinha o semblante agitado e preocupado. Sem demora eles foram até ela, mas antes que perguntassem alguma coisa, ela falou:
— Liz, vai lá dentro. Eu preciso conversar com Tomás e Vitória agora.
A rockeira apenas concordou e deixou os três a sós. Quando entrou no escritório, viu Vanda aos prantos no sofá enquanto Lobato falava freneticamente ao telefone.
— Agora sim tudo vai se resolver. É só questão de tempo, Flávio.
Ela viu que na mesa do escritório tinham papéis e pen drives espalhados, além de dois aparelhos de celular.
Liz sentou ao lado de Vanda e perguntou:
— O que aconteceu? — Ela pôs uma mão sobre o ombro da ruiva a fim de acalmá-la.
A mais velha a olhou com os olhos vermelhos e deu um longo suspiro.
— Não me faça repetir tudo de novo, por favor!
— Tudo bem. Você está bem?
— Sim, por incrível que pareça. Mesmo sabendo que posso ser presa, mas foi bom finalmente tirar esse peso de mim.
— Fico feliz que tenha tomado a decisão certa.
Nesse momento Lobato saiu da ligação e se aproximou de Liz.
— Venha ver isso! — Ele chamou-a com um aceno para perto da mesa e apontou para os papéis que haviam ali. — Ela nos deu todas as provas de quem realmente está por trás de tudo.
A rockeira olhou para os papéis à sua frente e leu todo o conteúdo que havia ali. Eram prints de conversas, comprovantes de transferências bancárias, depósitos e também haviam dois pendrives. Liz segurou um deles e perguntou ao investigador:
— O que tem aqui?
— Gravações de conversas entre ela e Artur.
Se eles dois estavam mesmo envolvidos em tudo aquilo, isso só podia significar uma coisa muito óbvia.
— Então era ele mesmo. — Liz exclamou sem muita surpresa. — Eles tinham um caso?
— Eu fui uma idiota! — Vanda exclamou revoltada, chamando a atenção dos dois de volta para ela. — Acreditei que ele me amava e ele só me usou.
Liz olhou incrédula para a ruiva. Nada justificava ela ter sido cúmplice de uma coisa tão terrível quanto aquela e preferiu calar-se, muito embora estivesse com raiva de toda a situação.
— Por que está entregando ele assim? Por que veio até aqui e não na polícia?
— Eu já disse que não vou me repetir. Já chega! — Ela falou com uma expressão de dor na face e tampou os olhos com as mãos.
Lobato lhe deu um olhar sugestivo e se pôs a falar:
— Bem, segundo ela, Artur a usou como cúmplice e no final quis matá-la também já que era a única pessoa que sabia tudo o que ele estava fazendo. Por sorte ela conseguiu escapar e quando a situação ficou ainda mais feia ela resolveu se entregar antes que ele conseguisse encontrá-la.
Não podia acreditar que Artur era aquele monstro que viveu ao lado delas por meses. Uma pessoa que elas confiaram cegamente. Ele poderia tê-las matado a qualquer momento a considerar o psicopata que era.
— Não consigo entender. Ele teve várias oportunidades de nos matar depois do acidente. Por que ele não fez isso?
— Uma coisa é certa Liz. Artur sabia muito bem o que estava fazendo. Foi calculista. Ele queria se livrar de vocês sem levantar nenhuma suspeita e achou o alvo perfeito de culpa no Flávio. Foi muito fácil todos acreditarem que seu tio era o culpado.
Liz baixou a cabeça envergonhada. Havia achado tudo estranho desde o começo, mas era realmente muito fácil acreditar que o tio estivesse mesmo envolvido em tudo aquilo levando em conta as suas atitudes. Não foi à toa que Luísa havia ficado tão abalada. Só podia imaginar o alívio que ela sentiu quando descobriu que Flávio, "seu amante", era inocente.
— E agora? — Liz apoiou as mãos na mesa e fixou o olhar sobre as pistas que estavam espalhadas por ali.
— Agora eu pessoalmente levarei todas as provas até a polícia da forma mais sigilosa o possível e conseguirei um mandato urgente contra o Artur antes que ele desconfie de alguma coisa.
— Artur é um assassino muito esperto. — A ruiva se pronunciou. — Ele tem contato na polícia, vocês devem saber disso. Não vai ser fácil pegá-lo.
É claro que não seria mesmo tão fácil, Liz pensou consigo mesma.
— É, eu imaginei isso. Essas pessoas ricas são muito influentes e perigosas quando querem.
Luísa entrou no escritório com Vitória e Tomás ao seu lado. Eles tinham expressões sérias e assustadas ao mesmo tempo.
— Ah Luísa. — Lobato falou assim que a viu. — Posso levar isso na polícia o mais rápido possível? Flávio disse que não podemos perder tempo e eu concordo.
— Bem, eu...
— A essa hora Artur já deve estar escondido por aí. — Vanda se pronunciou, cortando a fala da outra. — Ele não sabe que eu tenho todas essas coisas, mas deve ter suspeitado já que tentou me matar.
— Eu sinceramente nem sei o que pensar sobre isso. — Vitória disse assustada enquanto coçava a testa.
— Vocês precisam ficar aqui em segurança. — O investigador disse. — Os seguranças de vocês estão aqui?
— Estão sim. Eles ficam dando voltas pelo condomínio para ver se tudo está em ordem.
— Ótimo! Pois fiquem todos vocês aqui, logo mais eu mando notícias.
O investigador juntou todos os conteúdos da mesa em uma pasta rapidamente e antes de sair do escritório ele pôs a mão sobre o ombro de Luísa.
— Não se preocupe. Esse pesadelo está perto de acabar logo. Garanto!
— Obrigada Lobato.
Assim que ele saiu, Luísa se sentou ao lado de Vanda e pediu para ficar a sós com ela.
— Tem certeza? — Liz se aproximou da tia de forma protetora. E se ela tentasse algo?
— Tenho sim. Pode ir.
— Mãe. Pode ser perigoso! — Tomás disse preocupado.
— Eu não vou fazer nada contra ela. — A ruiva se pronunciou. — Nem tem lógica eu fazer isso depois de todas as provas que entreguei.
— Mas era o mínimo que você podia fazer depois de tudo, não é? — O primo falou de forma agressiva.
A ruiva encolheu-se ainda mais e baixou a cabeça.
— Tudo bem, meninos. Já chega! — Luísa disse firmemente. — Preciso conversar com Vanda a sós, por favor.
Os três saíram do escritório e mais uma vez ficaram sentados na sala esperando.
— Eu não sei mais o que pensar sobre esse assunto. Primeiro nos contam uma coisa, depois mudam para algo completamente diferente. — Tomás vociferou inconformado. — Não acredito que a mamãe escondeu isso da gente.
— Também estou confusa, Tomás. — Vitória concordou ao lado dele. — Eu só quero que tudo se resolva logo. Já estou de saco cheio de tudo isso. Tem dias que fico tão preocupada com a nossa segurança.
Naquele instante os dois seguranças noturnos que ficavam na casa, entraram.
— Está tudo ok pelo perímetro. — Um deles afirmou. Com certeza Luísa já deveria ter lhes passado alguma especificação. — Meninos, por favor, se puderem evitar de sair por essa semana é melhor, ou então o mínimo possível. Para a segurança de todos.
Os três se olharam em um silêncio desconfortável e implícito. O horror de tudo pairando sobre suas cabeças e o peso das responsabilidades e do medo sobre os ombros de cada um. Eles ficaram na sala até Luísa finalmente sair do escritório com Vanda.
Luísa permitiu que a mulher usasse um dos quartos de hóspedes por aquela noite e descansasse antes de se entregar à polícia. De maneira indescritível e surpreendente, Vanda parecia serena e conformada com a situação.
No dia seguinte a polícia chegou para buscá-la bem cedo e ela ainda fez questão de se desculpar com Luísa e agradecer por tudo. Liz se sentia estranha com toda essa situação e via os olhares de desaprovação na face dos primos. A tia era mesmo uma mulher única e altruísta, cada dia mais confirmava isso.
A mais velha decidiu que ela e Liz trabalhariam de casa durante aquela semana e contratou mais seguranças, era melhor não facilitar. Já estavam se acostumando com eles em suas rotinas. Apesar de ser estranho, se sentiam mais seguros com isso. Agora que Artur seria preso e investigado, todo cuidado era pouco. Dinheiro fazia um homem como ele ainda mais perigoso.
***
Mais tarde as duas ainda se encontravam no escritório. Haviam feito uma pausa naquela tarde depois de Luísa finalmente dar a ordem de demissão em todo o financeiro da empresa. Já estava na hora de tomar as rédeas da situação e infelizmente nunca saberiam em quais funcionárias realmente poderiam confiar, claro que todas agora seriam investigadas. Via como a tia havia ficado tensa e triste, ela odiava ser injusta, mas não tinha um outro jeito de prosseguir.
Fernando e Fabrício eram mais ligados nessa parte de fluxo de pagamentos e tudo mais e com a ajuda de Liz, ficariam a frente dos compromissos até conseguirem contratar novas pessoas, ao menos isso estava resolvido por enquanto.
Não foi nenhuma surpresa quando a delegada chegou pela tarde levando a notícia de que Artur estava desaparecido. Esperto como deveria ser, era de se esperar que ele tivesse percebido tudo o que estava acontecendo. Ao saber da notícia, Luísa ligou para Flávio na mesma hora, contando tudo.
Ao final da ligação, ela parecia ainda mais fragilizada do que antes e Liz se aproximou. Ainda não tinha tido uma conversa séria com ela depois de todo o acontecido. Luísa parecia não querer falar sobre aquelas coisas ainda, mas era necessário.
— Ei! — Liz se aproximou e a abraçou com carinho. — Vai ficar tudo bem agora. Finalmente está acabando.
— Eu não sei, Liz. — Ela disse entre lágrimas. — Só vou ficar mais sossegada quando o Artur for preso. Sabemos o que ele é capaz de fazer.
A rockeira permaneceu calada diante disso, pois concordava com a tia. Seria ingênua emachar que tudo ficaria realmente bem. Tinha sim medo do que ele poderia fazer por vingança. Além do mais uma pessoa que tentou matar uma vez, poderia fazer isso novamente, já não duvidava de mais nada.
— Também estou preocupada, mas veja assim. Estamos protegidos aqui.
— Eu sei, minha menina. — Luísa respondeu finalmente relaxando no abraço.
— O que o Flávio disse?
— Que o caso dele voltou a ser visto pela polícia, mas o advogado já adiantou que ele com certeza deverá ser inocentado muito em breve. — Ela disse se mostrando um pouco mais contente. — Eu nunca me conformei com o fato dele estar por trás de tudo isso. Era horrível demais essa ideia.
— O Artur tramou tudo direitinho, aquele desgraçado! — Liz praticamente cuspiu as palavras. Tinha ódio de pensar em todos os momentos em que ele fingira estar do lado delas. — Mas nenhum crime fique impune.
— Não sei como vai ser isso. O mundo não tem tribunal para homens como Artur.
— Mas nós vamos fazer de tudo para não deixar ele sair da prisão.
— Vamos torcer ao menos para que ele seja preso, não é? E se nunca encontrarem ele?
Liz suspirou pesado e teve medo. Não queria nem pensar naquela hipótese.
— Vamos torcer para que a polícia seja esperta dessa vez. É um caso que repercutiu. Certeza que eles vão se empenhar mais.
— Tomara que você esteja certa. Só quero que esse pesadelo acabe logo.
— Vamos parar de trabalhar por hoje. A senhora precisa se acalmar um pouco. Eu preciso tomar algo forte agora.
Liz foi até o aparador de bebidas que tinha na sala e preparou dois uísques. Luísa aceitou a bebida e as duas sentaram frente a frente enquanto tomavam um pouco de coragem líquida.
— Estou curiosa com uma coisa. — Liz não conseguiu se conter. — Justo ontem quando a senhora resolveu passar a noite com o Flávio, a Vanda apareceu. Rolou algo ainda?
Luísa gargalhou. Foi o primeiro sorriso natural dela em dias. Porém, quando o riso cessou ela negou levemente com a cabeça.
— Não deu tempo acontecer nada disso que você está pensando. Quando eu cheguei lá ele tinha preparado um jantar romântico. Dispensou todo mundo. Só estávamos nós dois na casa dele. A gente jantou, tomamos um vinho e conversamos. Ficamos nos beijando na sala e daí você ligou avisando tudo.
— Odeio ter interrompido o momento, mas eu fiquei sem saber o que fazer.
— Liz, não é culpa sua. É claro que você fez certo em ter nos avisado o quanto antes.
— Eu só quero que vocês dois se acertem — disse de forma melancólica, pensando em Lia. — Tudo fica melhor com a pessoa que a gente gosta do lado.
— Como estão as coisas com a Lia? — Luísa observou sua tristeza.
— A Cíntia veio aqui antes da senhora chegar ontem.
— O quê? Ela estava aqui em casa?
— A novata deixou ela entrar. Sabe como a Cíntia é. Ela foi entrando e se enfurnou no meu quarto. A Vanda chegou com pouco tempo depois. Por azar a Lia me ligou bem na hora que estava longe e a cachorra fez questão de atender meu telefone.
— Minha nossa! — Luísa levou uma mão aos lábios em choque. — E aí?
— Oras! Ficou puta comigo. Eu mandei um áudio explicando tudo, mas ela não me respondeu ainda. Estou até dando mais um tempo para ela se acalmar e a gente conversar melhor, mas eu acho que ela acreditou em mim.
— Eu já estou farta da Cíntia cercando você e te infernizando. Ah, mas ela vai se ver comigo! — Luísa declarou revoltada e com a face vermelha de raiva, tomando um grande gole do uísque. — Que filha da puta!
Liz sorriu com a preocupação e cuidado da tia, aliás foi engraçado vê-la soltar um palavrão já que não era típico dela.
— Eu acho que vou tentar falar com a Lia agora.
— E eu vou passar um tempo com o Tomás e a Vitória. Eu prometi que ia ficar com eles quando terminasse aqui.
Liz resolveu tomar um banho quente primeiro a fim de relaxar um pouco. Deitou na cama completamente nua e decidiu fazer uma vídeo chamada para Lia. Torceu para que ela estivesse disponível. Ultimamente o desencontro entre elas estava demais.
Para sua sorte, alguns toques depois, ela aceitou a chamada. Assim que ela apareceu no visor, exibiu uma cara amarrada, parecendo mal-humorada e ela estava, claro. Mesmo com medo, seu coração se acalmou mais só em vê-la.
— Oi! — Liz cumprimentou sem jeito. Tinha tantas coisas para dizer a Lia que o episódio de ontem parecia insignificante.
— Que milagre é esse? Você me fazendo uma vídeo chamada. — O tom dela estava carregado de ironia. Podia ver como ela estava se segurando na raiva.
— Desculpe por ontem, amor. Você está com muita raiva ainda?
Lia suspirou e revirou os olhos com impaciência.
— Imagina! Eu estou aqui super de boas depois daquela vaca ter atendido o seu telefone.
— Lia, eu juro por tudo o que é mais sagrado que eu não tive culpa. O que eu te falei ontem é verdade. A empregada novata deixou ela entrar...
— Está certo, Liz. Está certo. Eu não quero falar nisso por enquanto. — Ela lhe cortou azeda. — Acredito em você. Eu já sei muito bem do que a Cíntia é capaz de fazer para prejudicar a gente.
A rockeira sorriu feliz e aliviada. Não imaginava que Lia ia reagir assim. Tinha certeza que ela ia acabar com tudo ou ficar falando um monte de besteira, mas não. Gostou de saber que ela confiava em si.
— Poxa! Você me deixou aliviada agora. Obrigada por confiar em mim.
— Hum. Não faça eu me arrepender. — Ela respondeu afobada e Liz viu que ela se deitou na cama. Imediatamente sentiu o próprio rosto pegar fogo e seu coração bater mais rápido.
— Você está onde? Está sozinha?
— Eu estou no meu quarto Liz. Onde mais eu estaria? Sim, estou sozinha.
— Milagre a Vanessa não estar colada em você como sempre.
— Nem me vem com essa! — Lia fechou a cara mais uma vez e bufou. — Você não está com moral nenhum para falar qualquer coisa.
— Eu sei, eu sei. Desculpe não ter feito essa vídeo chamada com você no dia do meu aniversário. Sei que estou te devendo isso.
— Você não faz ideia do quanto está me devendo, Liz. — O tom dela foi malvado e excitante ao mesmo tempo.
Nesse momento a rockeira sorriu sapeca e afastou mais a câmera, revelando seus seios. Não estava pensando em segundas intenções quando a ligou. Nem estava com cabeça na verdade, mas sorriu que expressão da namorada saiu rapidamente de brava para surpresa e logo depois ela deu um meio sorriso sedutor.
— Agora sim eu estou gostando.
— Você está a fim? — Liz provocou-a com sua voz rouca. Era incrível como Lia conseguia lhe excitar mesmo estando longe. Ademais, precisava relaxar depois de tanta tensão. — Eu estou morrendo de saudades de você, minha gostosa!
— E eu já estou subindo pelas paredes. — Lia respondeu apoiando o celular em alguma coisa e tirando a camisola que usava.
Liz não pode deixar de reparar no quanto Lia estava mais magra, mas deixaria para falar sobre isso depois, agora precisava atender aos caprichos dela... e aos seus também...
***
Após o sex* por telefone, as duas voltaram a se encarar em silêncio. Lia parecia nas nuvens depois de ter se aliviado naquele momento. Liz também precisava daquilo. É claro que ao longo dos meses chegou a se tocar algumas vezes, mas não era a mesma coisa. Mesmo que na distância ainda assim tinha sido especial e prazeroso.
— Tenho tanta coisa para te contar, Lia. Eu nem sei por onde começar. — Liz falou com a voz melancólica e Lia logo a olhou preocupada.
— O que foi?
— Sobre os acontecimentos aqui. Sobre o Flávio e o Artur.
— O que tem o Artur?
Liz se pôs a contar tudo o que tinha acontecido. Desde o começo da sua desconfiança até Flávio tentar se provar inocente e tudo o mais que se desenrolou depois disso até os acontecimentos do dia anterior.
— Foi por isso que eu terminei com você. Eu tive medo. Medo de te envolver nessa loucura. Se tivesse acontecido alguma coisa eu nunca teria me perdoado.
— Você é uma idiota! Por que não me disse a verdade? Por que mentiu?
— Eu tive medo de te envolver nessa loucura. Eu sabia que você não ia querer ficar longe se soubesse de tudo isso. Não queria ter essa conversa assim por telefone, mas não aguento mais mentir para você e aí você está segura.
— Mas era a minha escolha, Liz. Porr*! — Lia xingou revoltada do outro lado da linha. — Meu Deus. Agora eu estou preocupada com vocês mais ainda. Isso tudo parece uma loucura. Como pôde esconder isso de mim todos esses meses?
A rockeira apenas baixou a cabeça dando de ombros e se sentindo culpada. Lia estava certa em ficar com raiva. Sabia o quanto ela odiava segredos.
— Sinto muito!
Ela ficou calada por um tempo ainda chocada e remoendo os pensamentos.
— Mas como é que você está com tudo isso?
— Ah, assustada, claro. Mas eu sinto que agora tudo vai se resolver.
— Vocês precisam ter cuidado. E se ele quiser fazer alguma coisa contra vocês?
— Tia Luísa contratou um monte de seguranças e estamos confinados no condomínio. Por enquanto está tudo bem. Estamos trabalhando de casa.
— Eu tenho medo mesmo assim. Vocês não conseguem manter nem a Cíntia longe daí, quem dirá o Artur.
Liz franziu o cenho e ficou pensativa. Ela tinha razão. Precisavam falar também com todos os empregados da casa.
— Não se preocupe! — Tentou disfarçar. — Tia Luísa resolveu tudo já. Ela disse que ia dar um jeito nessa perseguição da Cíntia de uma vez por todas.
— O que ela vai fazer?
— Também não sei.
— Eu só queria estar perto de você agora. — Lia declarou de forma manhosa. Ela não parava de lhe encantar nunca.
— Também só queria estar perto de você agora.
— Por favor, toma cuidado!
— Sempre tomo.
Nesse momento viu Lia bocejar profundamente e depois seus olhos ficarem miúdos. Sorriu com isso. Lá em Londres já deveria estar passando das onze.
— Você precisa dormir. Já deve estar tarde aí.
— Canta para mim até eu dormir?! — Lia pediu um pouco sem jeito.
Liz sorriu de lado e começou a cantar a música delas até vê-la pegar no sono do outro lado da linha. Passou alguns minutos contemplando sua face delicada. Ela parecia cansada e desejou mais do que tudo poder estar junto dela. As duas abraçadas, sentindo o calor uma da outra naquela intimidade tão acolhedora. Apenas pensar naquele cenário conseguiu relaxar mais ainda seu corpo e acabou adormecendo também mesmo que fosse ainda muito cedo.
Liz acordou muito cedo no outro dia, ainda não era nem cinco da manhã. Havia dormido bastante, mas isso foi bom para descontar dos últimos dias em que não havia dormido direito.
O dia que se seguiu foi agitado. A polícia chamou Luísa a prestar mais depoimentos e depois disso Flávio apareceu no condomínio de surpresa. Luísa não tratou de disfarçar a emoção que sentiu ao vê-lo nem na frente dos filhos e correu para abraçá-lo. Se ele estava ali queria dizer que havia sido inocentado de uma vez por todas.
— Você aqui!
Flávio tomou a mão de Luísa na sua e a beijou carinhosamente, olhando-a em seguida.
— Finalmente!
Ele tocou a face dela com uma delicadeza que deixou Liz ainda mais emocionada. Já se sentia assim desde noite passada com Lia, mas agora estava ainda mais sensível. Precisava ficar perto de sua irritadinha e naquele momento decidiu que iria a Londres o mais rápido possível para ficar perto dela.
Iria apenas conversar com Luísa e deixar tudo pronto para sua partida, já não queria perder mais tempo. Precisava estar onde seu coração estava...
***
Pov Lia
Duas semanas se passaram desde que Liz havia lhe contado toda a verdade. Não podia mentir que estava preocupada com sua rockeira, mas também com toda a família dela. Temia que algo acontecesse a eles e não queria nem pensar nessa possibilidade.
Não teve um só dia em que as duas não se falassem. Depois que a verdade veio à tona, Liz passou a lhe dar mais atenção e as conversas estavam mais longas e fluídas. Sem o peso do segredo que a namorada vinha guardando por tantos meses. Lia bem desconfiava e sabia que outras coisas rolavam sobre o acidente de Luísa, mas a verdade foi ainda pior do que imaginava.
Outubro chegou e com ele ainda mais deveres e conteúdos. Lia tinha que admitir que estava ficando cada vez mais difícil acompanhar tudo.
Vanessa a convenceu a se candidatar para a vaga de estágio da instituição do intercâmbio. Não doeria tentar a oportunidade. Já haviam feito a prova e agora esperava ansiosa pelo resultado que sairia na próxima semana.
Cada vez mais Lia comprava roupas de frio o que a fazia gastar mais do que o planejado. Os depósitos que os pais faziam em sua conta eram bem mais altos do que haviam combinado. Sua conta estava muito bem abastecida, o que lhe permitia sair vez ou outra com os outros bolsistas.
A alguns dias Liz estava mais quieta do que o normal e com segredinhos. Ficava logo preocupada com isso, com medo de algo estar acontecendo e ela não lhe contar, mas acalmou o coração quando a namorada lhe confessou que uma surpresa viria por aí logo mais. Lia tinha certeza que ela estava vindo para Londres lhe ver. Seu niver estava perto, certeza que ela viria fazer essa surpresa.
Na segunda-feira Lia foi informada que havia conseguido a vaga de estágio dentre todos os outros. Nem precisava falar que ela foi super parabenizada por todos.
— Tem alguma coisa que você não consiga?! — Vanessa perguntou contente e lhe deu um abraço apertado. — Você é incrível, Lia.
— Obrigada! — Agradeceu sem jeito e tentou se livrar do abraço sem ser grosseira. Tinha medo dela tentar algo e não podia se meter em nenhuma situação estranha com ela, ainda mais agora que estava bem com Liz para valer.
— Temos que comemorar mais tarde!
Os outros colegas que estavam perto concordaram. Lia estava animada. Mal podia esperar para contar aos pais e Liz sobre a novidade. Acabou concordando em saírem para comemorar mais tarde.
Quando ela chegou pela tarde em casa, a primeira coisa que fez foi compartilhar a novidade com os pais, que ficaram muito orgulhosos com sua mais nova conquista. Depois ela ligou para Liz, que não a atendeu.
Antes de saírem a noite, Liz ainda não havia lhe retornado, então apenas mandou uma mensagem pedindo para que ela lhe retornasse assim que possível. Ficou preocupada com a demora. Liz nunca mais tinha demorado tanto para lhe retornar assim, mas tentou se acalmar. Ela poderia estar ocupada.
Depois já de algum tempo no pub, a rockeira retornou dizendo que estava tudo bem e que logo logo as duas se falariam. O que será que Liz estava aprontando? Seu coração se agitou com aquilo.
A noite não pode se prolongar muito, afinal estavam no começo da semana ainda e tinham aula no outro dia, mas Lia foi dormir feliz com a comemoração. Agora só faltava Liz chegar para que tudo ficasse perfeito.
No outro dia depois da aula, a coordenação a chamou para conversarem sobre o estágio e todos os documentos necessários para que Lia pudesse preencher a vaga em definitivo. Eles lhe explicaram tudo e disseram que começaria a trabalhar no mês que vem.
Lia queria dar a notícia para Liz e assim que chegou em casa pela tarde, ligou. Porém, a ligação foi direto para a caixa postal. Tentou mandar uma mensagem, mas ela nem ao menos recebeu. Talvez estivesse sem área ou com o celular descarregado.
Logo uma preocupação tomou conta de sua mente junto com a ansiedade, mas lembrou-se da tal surpresa que ela disse estar planejando e se perguntou se ela estaria em um avião vindo à Londres. Seu coração palpitou mais rápido. Era a cara de Liz fazer todas essas surpresas. Iria esperar. Em algum momento ela iria lhe retornar, mas isso não aconteceu mais por aquele dia.
Lia decidiu que se ela não lhe retornasse no dia seguinte, ligaria para Luísa a fim de saber algo sobre seu paradeiro. Liz tinha dessas coisas de sumir e sabia bem disso e por enquanto tentaria não pensar no pior.
A irritadinha acordou se sentindo estranha no outro dia. A primeira coisa que fez ao abrir os olhos foi verificar o celular, mas nem sinal da namorada. Ficou agitada e começou a sentir sua pele se arrepiar. Tinha algo errado.
Não iria ligar para ninguém naquele momento, devia ser madrugada ainda no Brasil, mas assim que pudesse, ligaria para Luísa. Já não aguentava mais de ansiedade. Não podia mais esperar.
Ela estava no meio tempo da segunda aula do dia, tentando se concentrar no conteúdo. Assim que a mesma terminasse, faria a ligação, mas como que por uma força do pensamento, seu telefone começou a vibrar.
Olhou na tela o mais rápido possível e era Luísa mesmo que lhe ligava. Aquilo só podia significar notícia ruim. Suas mãos ficaram geladas e começaram a tremer. Saiu da sala rápido, sem nem pedir licença ou se importar com mais nada e atendeu a ligação com urgência.
— Oi Luísa. — Atendeu em tom preocupado e ansioso.
— Que bom falar com você, Lia. — A voz da mulher saiu cansado e baixo do outro da linha, e Lia sentiu sua espinha gelar. — Como você está?
— Eu estou bem, Luís. O que foi que aconteceu? — Perguntou agoniada e indo direto ao ponto. Sabia que aquilo só podia significar uma coisa.
Luísa soltou um longo suspiro no telefone e ficou em silêncio por alguns segundos antes de responder com pesar:
— Eu estou com a Liz no hospital.
— Ah meu Deus! — Lia se escorou na parede para sustentar-se. Suas pernas começaram a falhar. — O que foi que aconteceu com ela?
— Calma, Lia! Fique tranquila, por favor! Eu precisava ligar para te avisar...
— O que foi que aconteceu? — Perguntou já exasperada e pela terceira vez. — Me diz Luísa!
— Ela levou um tiro.
A voz de Luísa se quebrou do outro lado da linha e Lia sentiu suas pernas tremerem. Isso não podia estar acontecendo...
***
Fim do capítulo
N/A: Não me matem!??‘?
Espero que gostem do capítulo e logo logo estarei de volta com o capítulo final!
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