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Nossa canção inesperada por Kiss Potter

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Palavras: 10418
Acessos: 1040   |  Postado em: 24/03/2022

Capitulo 51 - Três meses parte II

Pov Liz

          A rockeira observou Lia ir se distanciando até sumir de vista no portão de embarque. Seu coração – ao mesmo tempo que estava angustiado em vê-la partir – estava, de certa forma, aliviado por ter conseguido chegar a tempo. Limpou as lágrimas com o punho e apertou o anel que ela lhe dera com a outra mão. O objeto parecia lhe queimar a pele com o tanto de significados que o ato representara.

          Levou a aliança até os lábios, dando um leve beijo e depois colocou-o no dedão já que era mais largo do que seu anelar. Guardaria aquilo como a coisa mais preciosa que possuía, e de fato era. Ficar com Lia era o seu principal objetivo e faria de tudo para voltar com ela o mais rápido possível.

          Sentiu alguém tocar-lhe o ombro e quando virou-se, viu que era Cris. A Loira olhou-a de forma afetuosa e tinha os olhos ainda chorosos. As duas se abraçaram em silêncio. Era bom sentir afeto vindo de alguém tão próximo de sua irritadinha. Ao menos significava que Cris não estava com raiva dela.

          — Que bom que chegou a tempo! — A amiga disse baixinho para que somente ela escutasse. — Fez muito bem a ela. Obrigada!

          — Você não tem que me agradecer, Cris. — Liz afastou-se e segurou as mãos dela. — Eu não me perdoaria se não viesse me despedir. Fiz isso por mim também.

          Cris sorriu e depois Nádia se aproximou das duas. A mais velha tinha um leve sorriso nos lábios e limpava algumas lágrimas. Liz a encarou e ficou surpresa quando a mesma lhe envolveu em um abraço afetuoso.

          — Ela não se conformava em partir sem te ver, Liz! Que bom que você deixou o orgulho de lado e veio falar com minha filha. Lia ama muito você.

          A rockeira pode sentir sinceridade nas palavras da ex-sogra e sorriu aliviada.

          — Eu também amo demais a Lia — declarou com a voz embargada, mas se manteve firme. — Eu não me perdoaria se não viesse falar com ela. Escuta dona Nádia, será que posso falar com a senhora um instante?

          Liz estava com algumas ideias na cabeça e mesmo estando incerta se os pais de Lia aceitariam isso, iria dizer mesmo assim. Antes de se afastarem de todos, a rockeira falou rapidamente com Alberto e Pedro. Percebeu então o olhar de Horácio. Teve vontade de apenas ignorá-lo, mas não queria mais um ponto negativo rondando seu relacionamento com Lia.

          — Olá, senhor Horácio! — Cumprimentou-o formalmente como sempre e ele ergueu a mão de forma espontânea. Liz estranhou, mas aceitou o aperto.

          — Obrigada por ter mantido a palavra e fazer Lia aceitar a vaga. Isso é muito importante para o futuro dela. — Ele disse de um jeito firme e também sincero. — Desculpe também por agir daquela forma. Lia passou semanas sem falar comigo e eu prometi a ela que eu não ia mais me meter no relacionamento de vocês. Ela ficou muito triste com o fim do namoro.

           Ouvir essas coisas do ex-sogro lhe quebrou um pouco mais o coração. Lia deveria ter sofrido muito naquelas semanas também, mas Liz estava tão envolvida nos problemas da família que a única coisa que pensava era que ela estaria melhor longe de sua loucura.

          — Obrigada, senhor Horácio! É muito bom ouvir isso do senhor. — "Mesmo sendo tarde demais " pensou em dizer, mas guardou para si.

          Quando olhou para o lado, viu que Nádia os olhava com atenção e depois ela se aproximou do marido e trocou um leve selinho com ele.

          Ela e Nádia sentaram mais ao longe e a mais velha a olhou com atenção à espera do assunto.

          — Dona Nádia, eu só queria dizer que eu não terminei com a Lia por não gostar mais dela, e sim porque era necessário no momento. Tanto pela teimosia dela, quanto por uns problemas que estou passando, mas eu amo demais sua filha. — A ex-sogra balançou a cabeça em concordância e incentivou-a a falar o resto. — Inclusive eu tinha prometido a Lia que iria com ela nessa viagem.

          Nádia pareceu surpresa naquele momento e franziu o cenho.

          — Mesmo? E por que não foi?

          — Estou com problemas de família. Minha tia está precisando da minha ajuda agora na empresa.

          — Eu imagino. Vimos nos jornais todo o escândalo.

          — Pois é! — concordou envergonhada. — Mas enfim, o fato é que eu gostaria muito de ajudar nas despesas dela em Londres, por favor!

          — Ah Liz! — Nádia pareceu incerta. — Isso é um pouco demais, não acha?

          — Isso não é nada para mim. O que me importa é o bem dela. Nádia, nosso relacionamento é coisa muito séria e eu espero que a gente se acerte logo, mas daqui para lá eu quero muito ajudar. Não quero que falte nada para ela em Londres.

          — Tudo bem, querida. Eu vou falar com o Horácio sobre isso e te dou uma resposta. Não quero que pense que somos interessados no seu dinheiro...

          — Mas eu já tive provas suficientes de que vocês não são assim. Nem pense nisso, por favor! Eu apenas quero ajudar a Lia.

          — Eu entendi seu ponto e obrigada por se importar com a minha bebê.

          Liz teve vontade de rir com o apelido carinhoso e nada a ver. Lia de bebê não tinha nada, mas... não iria acabar com a doce ilusão de uma mãe. As duas trocaram os números de telefone. Nádia lhe deu mais um abraço terno de despedida e disse:

          — A gente se fala!

          — Ok. Fico esperando a ligação.

          Pedro a abordou antes de sair com os pais. Ele parecia meio envergonhado e emotivo.

          — Sabe, Liz... eu ainda me sinto meio culpado pelo término de vocês. — Confessou em tom triste.

          — Não, Pedro. — A rockeira pôs as mãos sobre os combros dele, lhe dando apoio. — A gente já falou sobre isso antes. Você fez a coisa certa contando para o seu pai. Tudo bem que você poderia ter falado comigo primeiro, mas eu entendo. A família é prioridade. Eu não terminei com a Lia só pelo intercâmbio. Não foi culpa sua.

          — De qualquer forma eu fico feliz que você tenha vindo se despedir dela. Se acertaram?

          — Mais ou menos, eu acho! — respondeu de forma incerta, mas deu um sorrisinho ao lembrar-se da despedida. — Seja como for, foi melhor do que eu esperava.

          — Bom ouvir isso. — Pedro, coçou a nuca parecendo sem jeito. — Bem, então a gente se vê por aí.

          — A gente se vê. — Liz ergueu a mão para cumprimenta-lo, mas Pedro abraçou-a.

          Liz não pôde evitar de sorrir e abraçou-o de volta. Desde que terminara com Lia, que percebeu como Pedro ficara diferente com ela. Era bom saber que ainda tinha a simpatia do cunhado.

          Os dois se despediram. A rockeira olhou ao redor e viu que Cris se aproximava junto de Alberto.

          — Como é que você 'tá, Liz? — O amigo perguntou, apertando um pouco o seu ombro de forma afetuosa.

          — Bem! — disse no automático. — Triste, mas bem...

          — Eu imagino. — Dessa vez foi Cris que falou. — Você quer conversar um pouco?

          — Claro! A gente pode ir até algum restaurante? Estou com fome.

          — Sim, é uma boa ideia.

          Cris pediu para que Alberto as deixasse a sós depois do almoço para que pudessem conversar à vontade. Por sorte ele era um cara muito compreensivo e legal. Disse que iria dar umas voltas por aí e que ela ligasse quando estivessem prontas para partir. Do outro lado do salão, sozinho em uma mesa, o segurança de Liz as observava discretamente.

          — Eu estou um pouco preocupada com você, Liz. — Cris expôs sua opinião de forma espontânea e sem rodeios. — Como é que você está realmente?

          Liz franziu o cenho, estranhando o comportamento da loira. Sabia que Lia e Cris eram muito confidentes, é claro que a irritadinha havia lhe dito algo.

          — Estou indo da melhor forma possível. Por quê?

          — Lia me disse que estava preocupada com você. Ainda mais por esses recentes acontecimentos...

          Liz suspirou pesado. De repente, pensar em todo aquele peso, voltou a consumir sua tranquilidade. Imagina se elas soubessem o que realmente estava acontecendo.

          — Nem me lembre! — Liz esfregou as mãos na face. — Está tudo um estresse. Não só na empresa, mas como em toda a família.

          — Eu posso imaginar. Desculpe me meter, Liz. Só quero que saiba que eu sou sua amiga também, ok?

          Liz deu um sorriso genuíno, se sentindo aquecida pelas palavras amáveis da loira.

          — Poxa, Cris! Obrigada mesmo. Nem sei o que dizer. Você sempre ficou do nosso lado desde o começo.

          Cris soltou um sorrisinho sapeca e declarou pomposa:

          — Eu quero ser a madrinha desse casamento. Só para deixar avisado desde já.

          As bochechas de Liz avermelharam um pouco com a fala da amiga e acabou por soltar um risinho nervoso. Havia ficado sem jeito com aquilo, mas a verdade era que seria o seu maior sonho poder chegar naquele estágio com Lia. No fundo, sabia que só casaria um dia se fosse com sua irritadinha. Não tinha interesse em dividir sua vida com mais ninguém além dela.

          — Pode deixar. Você vai ter seu lugar de destaque.

          As duas conversaram por mais um tempinho e decidiram que era hora de seguir seus rumos. Ela se despediu de Cris e Alberto na saída do restaurante. Ela e o segurança pegaram um táxi e foram até o seu apartamento. No caminho recebeu uma ligação da tia, querendo saber se tudo tinha dado certo.

          Chegou em seu apartamento procurando por Vivi, mas a morena não estava em casa.

          — Marcos, eu vou me deitar um pouco e esperar minha amiga chegar. Se quiser água ou suco pode se servir na geladeira.

          — Obrigado, Liz. Pode ir descansar. Vou ficar aqui.

          Assim que deitou em sua cama, procurou pelo anel que Lia lhe entregara. Ficou observando a aliança e foi inevitável não lembrar do dia em que a pedira em namoro. Aquelas lembranças queimavam as entranhas de Liz. Tudo o que envolvia Lia era intenso, assim como o fato de estar longe dela. Uma lágrima quente escorreu pelo lado de seu rosto. Só queria poder viver aquele romance sem mais dramas e dificuldades.

          Liz passou muito tempo remoendo antigas memórias e sentimentos. Nunca mais havia pensado tanto no passado e sabia que aquilo não lhe fazia bem. Misturou lembranças dolorosas com os problemas do presente e sentiu como se estivesse sendo tragada por seus pensamentos obscuros, como se nunca mais fosse ver a luz novamente. Seu coração começou a bater muito rápido e quando percebeu, estava suando frio.

          Pela primeira vez em um longo tempo, a rockeira teve um novo ataque de pânico. Era como tentar respirar fundo, mas o ar não preenchia os seus pulmões completamente. Lágrimas rolaram livremente por seu rosto e correu até a janela, abrindo-a amplamente na esperança de se sentir menos sufocada. Respirava alto e profundamente entre soluços quando ouviu a porta do quarto ser aberta. Era Vivi.

         Assim que a morena percebeu o que acontecia, correu até Liz e segurou-a pelos ombros, mas ao mesmo tempo, sem sufoca-la, respeitando o seu espaço.

         — Calma, Liz! Respira fundo! — A amiga olhava-a preocupada enquanto contava as respirações consigo. O simples fato de vê-la ali já a acalmou um pouco. — Você está bem. Estou aqui com você, minha amiga.

         Os joelhos de Liz ruíram com seu peso, e ficou escorada aos pés da cama, recuperando o seu fôlego por longos e dolorosos minutos. Escorou a cabeça no colchão enquanto preenchia os pulmões com o máximo de ar possível. Sua face estava encharcada de suor e usou a blusa para se secar. Vivi apenas ficou sentada ao seu lado, segurando sua mão com firmeza. Ela já havia presenciado alguns daqueles momentos e sabia bem como agir.

         As duas não falaram nada por um bom tempo. Apenas quando sentiu Liz um pouco mais tranquila foi que a amiga disse alguma coisa:

         — Você nunca mais tinha ficado assim. Está se sentindo melhor agora?

         Liz apenas balançou a cabeça em concordância.

         — Obrigada. — sussurrou de volta. Suspirou pesado, sentindo-se fraca. Odiava ter aqueles ataques. Já fazia muitos anos desde a última vez que havia tido um. — Odeio isso!

          — Quer me contar o que houve?

          Liz não sabia nem por onde começar. A única pessoa que conseguia lhe provocar confidências era Lia. Sentiu um amargo ao pensar na distância que as separava.

          — A Lia viajou para o intercâmbio hoje! — disse simplesmente e viu quando a amiga soltou uma exclamação de entendimento. Não precisava dizer mais nada.

— Vocês se encontraram antes dela ir?

          — Sim, mas foi por pouco. Ela já estava quase entrando no avião quando eu cheguei. — Liz tampou os olhos com a palma das mãos. — Eu sou uma idiota!

          Vivi apenas sorriu ao seu lado e passou um braço por seus ombros.

          — Você não é idiota, minha amiga. Você é a pessoa mais incrível que eu conheço.

          — Incrível? Sério? — perguntou com tom descrente. — Eu sou uma ferrada!

          — Te acho até muito sã, levando tudo em consideração.

          Liz sorriu e permitiu-se escorar a cabeça nas pernas da amiga. Aos poucos sentiu o suave afago da mão dela em seus cabelos. De repente, mais memórias de sua adolescência cruzaram sua mente.

          Liz e Vivi se conheceram desde muito novas na escola e viraram amigas de forma quase que instantânea, antes mesmo de acontecer o acidente de sua mãe. Naquele período tão doido, Vivi foi uma das únicas pessoas que se importavam com Liz de verdade, abaixo apenas da tia.

         A morena havia acompanhado cada uma de suas fases dolorosas. As duas eram muito diferentes desde todo sempre e por isso a amizade caminhava tão bem. Enquanto Liz percorria sua escuridão pessoal, Vivi sempre conseguia iluminar seu caminho com aquele jeito leve.

         Enquanto se afundava nas recordações, sentiu quando Vivi deu uma risada saudosa.

         — O que foi?

         — Lembra a primeira vez que você teve esse ataque de pânico na minha frente?

         Liz fechou os olhos com força. Tentava não lembrar daquele momento, pois havia sido um pouco constrangedor, ao mesmo tempo que também foi uma das melhores coisas que lhe aconteceu.

         — Acredite, eu tento não lembrar daquilo.

         — Eu fiquei nervosa com você daquele jeito. A gente era tão nova, eu não sabia o que fazer. — Vivi declarou sorrindo.

         Não havia mais nada a fazer além de rir. Não era aquela exatamente a melhor qualidade do brasileiro? Rir e fazer meme com a própria tristeza? As duas ficaram em silêncio como se revivessem o momento juntas.

         Liz lembrava-se com perfeição que havia chegado de mais um dia maçante daquela escola de riquinhos nojentos. Ela havia saído no meio da aula porque estava com raiva do que seus colegas estavam dizendo. Não com raiva, mas se sentia embaraçada com aquilo. A rockeira sempre soube que era diferente de suas amigas. Ela sempre havia se sentido atraída pelas garotas.

         Houve um período que um dos colegas ficara apaixonadinho por Liz, mas é claro que a menina nunca correspondeu a ele. No dia em que ela lhe deu o fora, toda a sala viu, e desde então, ninguém a deixava mais em paz. Todo mundo questionava porque ela não ficava com ele e aquilo deixou Liz de saco cheio. Ao mesmo tempo em que se sentia diferente, tinha o questionamento confuso de ser lésbica ou não, afinal, nunca ficara com nenhuma menina para ter certeza.

         Ela chegou mais cedo e trancou-se no quarto, pensando em todas as coisas que acontecera. Aparentemente era notável demais gostar de outra garota. Aquilo era apenas mais um problema a ser acrescentado em sua lista. Só queria poder viver sem tanto drama, mas todas as suas escolhas sempre pareciam tão erradas.

         Liz estava começando um novo ataque de pânico quando Vivi chegou para visitá-la. Elas não tinham mais do que quinze anos na época e a amiga assustou-se em ver Liz daquela forma. A rockeira não deixou-a sair à procura da ajuda de ninguém, apenas escorou sua cabeça nas pernas da amiga e foi se acalmando aos poucos.

         Vivi foi a primeira pessoa para quem Liz contou suas dúvidas sobre a própria sexualidade e a amiga não poderia ter reagido de forma mais altruísta. Vendo sua tristeza e dor, a morena beijou-a nos lábios de forma doce. A verdade é que o ato apenas assustou Liz. Nunca havia olhado para a amiga de outra forma.

         — Por que você me beijou mesmo naquela época? — Liz questionou envergonhada.

         — Eu só queria que você tivesse certeza sobre o que sentia por garotas, e antes que fale besteira, não foi por pena, ok? — Vivi disse decidida, pois após o ocorrido, as coisas tinham ficado estranhas entre as duas. Liz pensava que ela tinha feito aquilo por pena mesmo.

         — Claro que foi por pena. Você é hetero!

         — Sim, e daí? Mas eu só senti vontade de te beijar. Queria te ajudar.

         — Isso é tão confuso! — Liz declarou por fim.

         — Você contou isso para a Lia?

         Os olhos de Liz se arregalaram com a ideia.

         — Claro que não e nem pretendo! Lia é ciumenta. Ela pode pegar marcação em qualquer pessoa, menos em você. Como é que vou explicar que você foi meu primeiro beijo, mas que não passou disso? Ela não acreditaria em mim.

         Vivi apenas sorriu com as palavras da amiga.

— Eu fiquei muito feliz quando eu vi que a Lia te fazia bem de verdade. Espero que vocês consigam se resolver de vez.

— Não tem nada que eu queira mais do que isso, Vivi! Sair correndo atrás dela e não largar nunca mais.

— Ah! O amor é lindo.

— Nunca pensei que eu ia me sentir assim um dia. Quer dizer, eu me casaria com a Lia, sabe? Se a gente se acertar e ela me quiser, eu juro que caso. Jamais vou deixar ela ir de novo.

Naquela momento, quando olhou para o lado, viu que a morena enchera os olhos de lágrimas.

— Você está mesmo falando sério, não é?

— Estou sim! Eu posso até um dia trans*r com outras mulheres de novo, mas amar como eu amo a Lia, nunca mais.

— Own! — A amiga exclamou. — Mas você está se sentindo carente?

— Não! Ultimamente não estou nem tendo tempo para pensar nessas coisas. Mas mesmo que eu tivesse, não faria diferença. Eu vou esperar por ela.

— E como está aquele assunto da investigação? Você falou com a Luísa?

— Falei sim. Ela já sabe de tudo. Parece que as coisas só complicam. Tudo parece conspirar contra o Flávio. Agora a ex-mulher dele também está envolvida na parada. Sinceramente não sei mais em quem acreditar.

— Vocês precisam ter cuidado, Liz! — Vivi advertiu e a rockeira pode ver o quanto ela estava abalada. — Não deveria se meter nisso.

— Nós sabemos disso, Vivi. Acredite, estamos com medo.

As duas conversaram por mais algum tempo e saíram para jantar. Ela convidou Jack e os outro meninos da banda, já que nunca mais os tinha visto, afinal estava precisando espairecer um pouco.

         Por volta das oito da noite ela mandou mensagem para Lia, a fim de saber notícias dela. Queria saber se estava tudo bem e se tinha dado tudo certo com o voo. Ela demorou a receber uma resposta, o que lhe deixou um pouco aflita. Se preocupava demais com sua irritadinha.

         Já passava das dez quando ela lhe respondeu, dizendo que havia feito a primeira parada em Lisboa e que estava tudo bem. Ela lhe enviou algumas fotos e sorriu ao ver que ela usava a sua jaqueta. As duas trocaram mensagens carinhosas e ali Liz teve certeza de que elas estavam bem uma com a outra. Seu coração ficou milhões de vezes mais tranquilo depois dessa conversa.

No outro dia, a rockeira teria reunião com Tom a fim de conversarem sobre como estava a situação geral do bar. O gerente passara a ser seu sócio do bar, tendo em vista que ela não tinha mais tempo de acompanhar nada ali. Por sorte estava tudo okay. Sempre com alguns problemas, mas ele já havia tomado providências.

         Depois do almoço, Liz resolver que já era hora de voltar para a cidade. Luísa deveria estar precisando dela. Vivi insistiu em levá-la até o aeroporto em seu carro e pediu que A rockeira continuasse lhe mandando notícias sempre. As duas se despediram com um abraço apertado.

Ela dormiu durante boa parte do voo. O cansaço mental a abateu pra valer. Liz e Marcos chegaram no condomínio por volta das quatro da tarde. Luísa estava na empresa. Como já era tarde, decidiu que não iria mais até lá por hoje, então apenas foi para o escritório da tia e acessou seu notebook com o intuito de ver suas mensagens e adiantar alguns e-mails.

         Liz ficou extremamente preocupada com a quantidade de contratos que estava vendo revistos, adiados e cancelados por conta da situação que passavam. As pessoas tinham medo que eles não fossem honrar os compromissos por conta dos problemas e ela reconhecia que a situação financeira já estava começando a ficar indesejável por conta de tantos cancelamentos.

         Liz passou muito tempo entretida em seus afazeres que nem viu o tempo passar. Apenas se deu conta de que era noite quando Luísa chegou de mansinho lhe oferecendo um drink.

         — Que horas você chegou?

         — Já passava das quatro da tarde. — Ela respondeu com um suspiro e aceitou o copo que a tia lhe oferecia. Estava mesmo precisando de uma dose forte de uísque. — Vim aqui acessar meus e-mails e vi que vários contratos foram cancelados.

         Luisa bateu com o copo dela no seu como se brindasse e em seguida disse em tom irônico.

         — Seja lá quem quer que tenha feito isso, está conseguindo nos desestabilizar. — Em seguida ela deu um generoso gole na bebida.

         Liz ficou preocupada. Era raro ver a tia naquele estado, mas também não era para menos.

         — Nenhuma novidade por enquanto?

         — Nada. Vanda continua desaparecida. A vigilância na casa do Flávio aumentou. Ele ligou hoje me avisando. Geralmente eles faziam ronda lá um vez por semana, mas agora estão indo quase todo dia e em horários aleatórios.

Liz girou na cadeira e dessa vez ela que deu um grande gole na bebida. Sinceramente não sabia mais o que pensar, em quem confiar.

— Será que estamos sendo ingênuas acreditando no Flávio? Quer dizer, eu estava convencida de que ele era inocente, mas agora... são muitas provas contra ele.

Luísa sentou na cadeira a frente de Liz e soltou um suspiro cansado. Viu quando uma lágrima cortou sua face.

— No começo quando Artur tentava me convencer, eu não queria acreditar que ele tinha feito isso. —Liz achou estranho a forma como ela falou aquilo, mas apenas ficou em silêncio a analisando. — Não posso e não quero acreditar que Flávio faria algo assim contra mim.

         Uma luz de advertência imaginária piscou na mente da rockeira. Tinha algo de estranho ali. A tia nunca falara da Flávio nesse tom tão melancólico antes.

         — Por que a senhora está falando assim?

         — Por nada! — Ela tentou cortar o assunto e enxugou algumas poucas lágrimas. — Estou me sentindo mais abalada hoje, mais emocional. Só isso!

         — Tem alguma coisa que a senhora não está me contando? — Liz perguntou em tom sério, ficando de pé e indo até ela. — A senhora sabe que pode me contar tudo, não é?

         Luísa a olhou por alguns segundos de forma hesitante, mas apenas segurou sua mão em um afago e balançou a cabeça concordando.

         — Eu sei que posso, minha menina. Não se preocupe, não estou escondendo nada.

         Aquilo não convenceu Liz nenhum pouco. Tinha certeza que ela lhe escondia algo, mas respeitou. Sabia muito bem como era não estar preparada para compartilhar algo e apenas respeitou o espaço dela.

         Depois daquilo elas começaram a montar um plano de como fariam a partir daquele momento. Por enquanto tudo estava dando certo, pois a empresa tinha um grande fundo de reserva para eventuais emergências, mas aquilo não iria durar para sempre. Precisavam de um plano melhor. Infelizmente seguiam cortando vagas de emprego aos poucos, não tinha outro jeito. Ao menos algumas obras do governo que estavam sendo feitas não foram canceladas. Com aquele dinheiro entrando, seria um alívio a mais.

         Liz foi dormir extremamente desanimada naquela noite. Era foda, mas não tinha ideia do que fazer. Ela e a tia teriam uma série de reuniões com o alto escalão de gestores da empresa ao longo da semana, sem contar que precisava de uma segurança maior em seu financeiro, pois com certeza as colaboradoras que atuavam lá, estavam de tramóia naquela história da empresa laranja. Luísa já não as demitira porque isso seria um aviso de que ela já sabia de tudo, e ainda não era o momento para tanto alarde. Precisavam pegar Artur de surpresa.

         Acordou no outro dia com mensagens de Lia. Antes de levantar, ela ficou lendo as conversas e vendo as fotos que ela havia enviado. Ela  chegara em Londres e já estava devidamente instalada. Ao menos uma boa notícia no meio de tanto caos.

         Aquela semana foi bastante puxada. Dividia sua atenção com os problemas da empresa e as conversas com Lia. Talvez não conversasse com ela o tanto que gostaria, pois os horários delas não estavam batendo. A diferença de fuso-horário acabava lhes desencontrando. Infelizmente, por enquanto, não tinha o que fazer, mas Lia parecia mais compreensiva com toda a situação.

         Um mês depois da partida de Lia para o intercâmbio, finalmente Liz recebeu uma ligação de Nádia. As duas se falaram apenas pela noite quando a rockeira se encontrava na solidão e quietude de seu quarto, pois queria ter aquela conversa com atenção.

          — Eu tive uma longa conversa com Horácio hoje, querida. Ele não aceitou de jeito nenhum a ajuda que você ofereceu. Meu marido é um pouco orgulhoso, entende?

         Liz suspirou baixinho se sentindo frustrada. Já esperava por isso, sabia que não seria assim tão fácil. Na certa eles estavam querendo provar que não eram interesseiros.

         — Mas o que a senhora acha?

         Nádia ficou muda por alguns segundos do outro lado da linha.

         — Bem, uma ajuda até que não seria nada mal, mas nós não podemos aceitar, Liz. Horácio e eu já vínhamos nos preparando para esse intercâmbio. Temos uma boa reserva guardada para Lia.

         — Eu entendo dona Nádia. Entendo mesmo, mas vamos fazer o seguinte. Eu quero muito fazer isso pela minha irritadinha, por favor! — Sua próxima fala foi carregada de paciência e maciez. Queria parecer firme, mas não soberba. — Se a senhora não concordar eu provavelmente vou conseguir descobrir a conta dela sozinha e depositar alguma quantia de todo jeito, mas eu não quero fazer isso escondida de vocês e nem muito menos quero parecer uma metida. Me deixem ajudar! Eu não vou aceitar um não como resposta, me desculpe. A Lia está em Londres, sei que ela foi a estudo, mas eu quero que ela aproveite ao máximo lá. Quero que ela saia, que conheça lugares, enfim. Quero que ela se divirta também. Preciso fazer isso por ela, entende?

         Sentiu quando a sogra sorriu do outro lado da linha e ficou na esperança de conseguir seu intuito.

         — Alguém já disse o quanto você é persuasiva?

         A rockeira sorriu sem se controlar, lembrando da namorada.

         — Lia sempre me dizia isso!

Liz usava a aliança de Lia pendurada em um cordão o tempo todo. Além de nunca tirar a própria aliança. Iria perseverar o relacionamento das duas até o final. Por mais difícil que fosse. Já estava morrendo de saudades dela e nem todas as mensagens ou ligações que tinham eram o suficiente.

Liz passou a depositar algumas quantias modestas na conta de Lia quinzenalmente. Fazia isso para tentar se redimir por não estar com ela naqueles momentos. Elas haviam feito tantos planos de conhecerem Londres juntas.

***

O mês inteiro se passou sem que nada mais acontecesse. Liz sentia sua vida estagnada, assim como Luísa. As coisas na empresa não estavam nada fáceis. As coisas só mudariam se algo fosse resolvido. Se Flávio era mesmo inocente, eles precisavam provar logo antes que ficasse tudo ainda mais irreversível.

Sentia vontade de pegar o primeiro avião e ir atrás de Lia. Seu peito doía de saudades, mas ao mesmo tempo, se sentia sem forças para isso. Infelizmente não podia deixar a tia sozinha naquele momento e não queria fazer uma viagem tão longa para aproveitar tão pouco tempo.

Até que finalmente, já no começo de setembro, elas receberam a notícia de que o investigador de Flávio, finalmente havia encontrado algo sobre a empresa laranja, mas uma reunião na casa dele seria mais complicado. Geralmente o domingo era o único dia em que a casa não tinha supervisão da polícia hora nenhuma e eles fizeram o mesmo esquema de sempre, era cedo da tarde ainda.

        Lá chegando, o investigador já as esperava. Ele as entregou várias pastas com fotos e documentos de tudo que havia descoberto e começou a explicar.

— Foi difícil, mas finalmente eu consegui alguma ligação dessa empresa com o Artur. O nome dele não é esse para começo de conversa. Antigamente ele tinha o nome de Danilo e vinha de origem humilde. Vocês podem verificar a identidade antiga e a falsa aí. Vão ver que é a mesma pessoa.

Ela e Luísa olharam a foto sem demora. Era de fato a mesma pessoa. Uma identidade com ele mais jovem na foto e a falsa com o nome atual. Antigamente ele tinha cabelos pretos e era mais magro, mas mesmo estando bastante diferente, conseguiam identificar que era a mesma pessoa. Liz não poderia acreditar no que estava acontecendo.

         — Para a nossa sorte, ele foi até esperto, mas também muito burro. Esse sobrenome Ventura é o nome do antigo padrasto dele, que ele usou para abrir a empresa. O homem não tem nenhuma ligação direta com ele legalmente falando, já que nunca casou em papel passado com a mãe de Artur e nem nunca o registrou como filho.

          — Você conseguiu falar com o padrasto dele? — Luísa perguntou assustada.

         — Não senhora! Ele morreu há anos, mas nunca foi dado como morto. Com certeza ele nunca tirou atestado de óbito para continuar usando o nome como fachada. — Ele fez uma pausa para que as duas processassem tudo. — Eu já tinha feito uma pesquisa muito tempo antes e sabia desse homem, mas eu nunca consegui encontrar nada sobre ele. Nem endereço ou telefone, nem nada que ligasse ele ao Artur, mas de tanto investigar eu cheguei em uma foto muito antiga em que os dois aparecem juntos em um evento. Ele quase conseguiu fazer com que essa empresa não tivesse nada a ver com ele. A mudança de nome foi uma jogada excelente, mas também muito arriscada.

        A tal foto estava ali na pasta também. Era indiscutível. Era mesmo Artur e o tal homem juntos. A cabeça de Liz já estava dando voltas e mais voltas. Então não tinha mais para onde correr. Artur estava mesmo por trás de tudo.

Luísa parecia atônita, mas não exatamente triste. Era isso que Liz achava tão estranho. A tia não ficara melancólica como esperava desde que havia rompido com Artur. Talvez ela não gostasse tanto assim dele. Bem, se fosse esse o caso, melhor para ela.

— E o que faremos agora com essas provas? — Liz perguntou esperançosa. Não via a hora de tudo aquilo acabar de vez.

— Eu só preciso provar que essa empresa não é de verdade e também preciso provar que o tal padrasto está mesmo morto.

— Mas como você sabe que ele está morto se não tem prova? — Flávio perguntou seriamente. Era a primeira vez que ele falava algo.

— Eu fiz um pente fino na vida desse camarada. Eu encontrei o último endereço válido dele. A casa parece abandonada. Os vizinhos mais velhos me disseram que ele morreu, mas sem óbito ou túmulo fica difícil provar e pela idade, ele já pode sim estar bem morto e enterrado. Pior que eu não consigo encontrar nenhum outro parente dele e a mãe de Artur, mulher dele também já morreu. É como caçar fantasma essa família.

Liz suspirou frustrada. Queria tanto uma resolução, mas parecia que as coisas só ficavam cada vez mais difíceis.

— Mas não se preocupem. É só questão de tempo até eu encontrar mais alguma coisa. Alguma pergunta? — Lobato perguntou de forma séria e perante o silêncio, continuou a falar. — Bem, agora sobre a Vanda. Eu consegui encontrar o último lugar que ela estava escondida, mas ela é esperta. Fugiu.

         — Como assim fugiu? — Flávio perguntou enraivecido.

         — Ela saiu de carro quando o meu rapaz estava de tocaia. Daí ele foi atrás dela, mas ele a perdeu de vista no trânsito. O pior é que até agora ela não voltou para o apartamento em que estava. Não sei o que aconteceu ainda.

        O tio deu um soco forte na mesa. Viu como ele estava vermelho de raiva, porém, no segundo seguinte ele começou a respirar mais fundo e parecia meio tonto.

         Todos ficaram agitados na sala. O coração de Liz bateu forte quando viu que ele estava tento outro ataque, enquanto a tia e o detetive correram para perto dele.

          — Gente, calma! — Fabricio falou, tentando manter a distância. — Provavelmente ele esqueceu de tomar a dose de insulina pela tarde.

         Fernando correu para ajudá-lo a sentar, enquanto Fabrício foi até a gaveta, pegando rapidamente um vidro e uma seringa para aplicar a glicose no pai.

         Luísa foi para onde Flávio estava e ajoelhou-se, certificando-se de que ele estava bem. Liz achou estranho a cena, mas como também havia ficado preocupada, relevou. Luísa era uma mulher bastante altruísta. Porém, quando Flávio segurou a mão de Luísa firmemente, ali Liz teve certeza de que algo acontecia entre os dois. lhe deixou muito confusa.

         Viu que aos poucos Flávio foi ficando mais corado até voltar com a coloração comum de seu rosto e sua respiração ir voltando ao normal.

— O senhor está bem, pai?

— Estou melhor. Não se preocupem. Foi apenas um susto. — Ele passou a mão em um tapinha no rosto de cada um dos filhos e sorriu.

— Eu acho melhor a gente continuar a conversa em outra hora. — Liz se manifestou preocupada. — O senhor precisa descansar e se acalmar.

— É verdade. — Lobato concordou ao seu lado. — Assim que você se sentir melhor eu volto aqui e conversamos com mais calma.

Flavio parecia um pouco contrariado, mas acabou concordando. Com a saúde não se brincava.

— Tudo bem, depois eu marco outra hora com você, mas desde já obrigada pelos avanços.

— Não tem de quê. E fique tranquilo, logo logo vamos encontrar a Vanda. — O investigador garantiu. — Agora eu vou deixar você descansar. Está uma bela tarde. Vá aproveitar a presença da sua família.

— Eu acompanho o senhor até a porta. — Fernando respondeu solícito e os dois saíram da sala depois disso.

Liz se aproximou de Flávio e pôs a mão sobre o ombro dele, avaliando sua expressão.

— O senhor está bem mesmo?

O tio tocou na mão dela, acariciando-a em um afago fraternal e sorriu, concordando. Ainda era difícil para ela se acostumar com aquele novo jeito dele.

— Será que vocês podem me deixar um momento a sós com Luísa? — Ele voltou a falar, olhando de Liz para Fabrício. — Por favor!

Os dois primos trocaram olhares e concordaram, saindo em seguida e deixando os dois sozinhos. Algumas ideias absurdas povoavam a mente da rockeira, mas não podia ser verdade.

— O que você acha que rola entre aqueles dois? — Liz perguntou jogando verde. Talvez o primo soubesse de algo.

— Como assim? — Retrucou confuso.

— Você não acha esquisito esse jeito deles? Quer dizer, eles viviam brigando e agora...

— É... ele ficou meio mudado desde o acidente da Luísa, mas eu imaginei que ele tinha ficado assim por consciência pesada, levando em conta que ela quase morreu enquanto os dois estavam brigados. — Ele ponderou como se visse flashes passando na própria memória. — Por que a pergunta? O que você está querendo dizer?

Liz não queria dizer nada e levantar suspeitas sem embasamento, porém, ela parecia ter faro para aquele tipo de coisa, e, a não ser que estivesse muito enganada, tinha certeza que os dois tinham algum rolo não resolvido. Pensar nisso causou arrepios em sua coluna.

— Não, por nada. Esquece!

Depois disso os dois ficaram em silêncio, cada um remoendo seus pensamentos até que Fernando juntou-se a eles e ligou a TV no noticiário que passava. O aparelho fazia apenas preencher a sala com barulho, já que suas mentes estavam cheias com tantos pensamentos, até que começaram a discutir os últimos eventos entre si.

Só que não demorou muito até que o noticiário chamou a atenção de Liz. Havia acabado de ter troca de tiro na praia entre a melícia e bandidos, e a polícia pedia para que todos os cidadãos evitassem passar por lá naquele momento. Liz ficou assustada e decidiu chamar a tia para irem embora antes que escurecesse. A cidade era perigosa e era melhor não arriscar.

         — Vou chamar a tia para irmos embora. Pode ser perigoso. Vamos ter que pegar um caminho mais longo para não passar nesse trecho. — Ela se pôs de pé e viu quando os primos concordaram. — Volto já!

         Liz estava cheia de coisa na cabeça e agora ainda mais essa preocupação do noticiário. Ela chegou de mansinho no escritório do tio e encarou a porta que estava fechada. Pressionou o ouvido de leve, mas não conseguiu escutar nada lá dentro. Bateu de leve se anunciando e foi entrando vagarosamente. Assim que espiou dentro do cômodo, viu uma cena que lhe deixou paralisada e chocada.

Luísa estava sentada no colo de Flávio e os dois se beijavam de maneira tórrida. Ele a abraçava pela cintura de maneira firme enquanto ela o enlaçava pelo pescoço. Os dois estavam tão concentrados que nem ouviram as batidas na porta.

Liz ficou ali, parada e com a boca escancarada de surpresa sem saber se anunciava a sua presença ou saía sem ser notada. Nem em um milhão de anos ela conseguiria imaginar uma cena daquelas. Apesar de já ter desconfiado de algo, não esperava que fosse mesmo verdade. Já estava para sair quando ouviu a voz abafada de Flávio.

— Você sabe como eu quero isso há tantos anos.

— É complicado, Flávio. Não podemos, ainda mais agora. — A voz da tia saiu ofegante e arrependida.

— Não faz isso comigo, Luísa! — Liz conseguia ouvir a súplica na voz dele. — Sabe que sempre fui louco por você. E sei que você também me quer.

A rockeira levou a mão a boca para abafar uma exclamação de supresa. Estava tão nervosa que teve vontade de rir. E teria rido mesmo se o choque não fosse maior. Ela fechou a porta com cuidado, esperou uns dois minutinhos e dessa vez, bateu na madeira com força para que eles a ouvissem bem.

Voltou a abrir a porta bem devagar e quando entrou, viu que os dois já estavam separados. Luísa estava de costas e olhava pela janela enquanto Flávio apenas passava a mão pelos cabelos de forma desajeitada.

— Está tudo bem? — Liz perguntou se fingindo de sonsa. Tinha que admitir que era uma boa atriz.

— Sim, está tudo bem. Só estávamos conversando algumas coisas sobre a empresa. — O tio respondeu e depois limpou a garganta.

— O senhor já parece bem melhor! — Soltou sem se conter e teve vontade de rir. — Está bem mesmo?

— Estou sim, querida. Não se preocupe!

Dessa vez Luísa se virou para encará-la. Ela tinha a face corada e a blusa estava um botão a mais aberto. Liz olhou para os próprios pés a fim de não sorrir e tentou se controlar.

— Tia, a gente tem que ir. Passou no noticiário que teve troca de tiros na praia é bom irmos antes que fique tarde.

Aquilo finalmente pareceu acordar a tia do devaneio e ela a olhou com os olhos arregalados.

— Claro. Vamos logo sim, que horror! — Ela disse e voltou a encarar Flávio meio sem jeito. — Você está bem mesmo, não é?

O tio a olhou de forma terna e sorriu em concordância.

— Estou bem sim. E desculpe pelo contratempo. Juro que logo mais vamos conversar melhor sobre tudo. Eu ligo para vocês marcando um novo encontro.

         — Vamos esperar ansiosas por isso. — Liz disse com sarcasmo, mas eles pareceram não entender.

         Sem mais delongas, as duas foram embora. A rockeira via como Luísa parecia distraída e distante. Então ela era o tipo de mulher que se atraía pelos bad boys? Teve vontade de rir com isso, mas tentou se controlar o caminho todo.

         Fabrício as deixou na rua de trás do prédio de Liz e a rockeira chamou a tia para irem até o seu apartamento com a desculpe que precisava dar uma olhada em algo, só que na verdade Liz queria conversar com ela sobre Flávio e nada melhor do que ali, onde não poderiam ser atrapalhadas.

         Assim que elas passaram pela porta, Liz acendeu as luzes e a chamou para sentar no sofá. Sentaram de frente uma para outra e e Liz a olhou seriamente.

          — A senhora tem algo para me contar?

         — Não. Por quê? — Luísa franzio o cenho e a olhou confusa.

         — Tem certeza? — Voltou a perguntar lhe dando um olhar sugestivo.

         Luísa fechou e abriu os olhos lentamente e suspirou, dando de ombros e perdendo a pose.

         — O que é que você sabe?

         — Eu vi a senhora e o Flávio se beijando — disse sem mais delongas. O convívio com Lia havia lhe deixado bastante direta nos assuntos. — Eu quase não acreditei no que meus olhos estavam vendo. Eu pensei que a senhora odiasse ele.

       Luísa tampou os olhos com um das mãos, parecendo envergonhada e depois voltou seu olhar para Liz. Ela estava sem jeito e corada novamente.

         — Eu não sei nem por onde começar, Liz. Não era para ninguém saber isso.

         — Eu não estou entendendo. Eu pensei que vocês se odiassem.

         — Nunca foi nada disso! Muito pelo contrário. — Luísa sorriu tristemente e segurou as mãos de Liz. — O Flávio e eu temos um... lance não resolvido!

         Daquela vez Liz não conseguiu conter o sorriso nervoso. Parecia um absurdo ouvir a tia dizer todas aquelas coisas.

         — Como assim um lance? Vocês já tivera alguma coisa antes?

         — Eu vou contar tudo, mas você me promete que não vai dizer isso para mais ninguém! — Luísa falou em tom sério e apertou suas mãos mais firmemente.

         — E claro que eu não vou falar nada. Prometo!

         — Bem... quando o Flávio e eu nos conhecemos na empresa, eu já era casada com o Nando. — Nando era o ex-marido, o pai de Vitória e Tomás. — A gente sempre gostou de trabalhar um com o outro. Eu não sei que nome dar a isso, mas eu acho que sempre tivemos esse atração incontrolável, mas eu era casada e jamais tive coragem de trair meu marido. Só que o Flávio acabou casando também e a gente se distanciou um pouco.

Nem em um milhão de anos Liz podia imaginar que ela e Flávio tinham essa atração um pelo outro. Era surreal ouvir tudo aquilo, mas apenas ficou calada e incentivou-a a continuar a história.

— E aí alguns anos depois aconteceu o acidente dos seus pais e foi quando eu e ele tomamos a presidência e voltamos a ficar muito próximos. Flávio mudou ao longo dos anos. Nem sempre ele foi aquele escroto que você conheceu. Parece que ele ficou muito amargurado com o casamento.

— Nessa época ele era casado com a Nara, não é? A mãe do Fabrício e do Fernando.

— Isso mesmo. O casamento não foi feliz. A partir do divórcio foi que tudo piorou. Eu fiquei muito mal quando vi o descaso dele com você. Com toda a situação no geral. Tão desumano. Tão... cruel! Ele não era mais o homem que eu lembrava.

— Por que ele mudou tanto? — Liz perguntou sem entender. Pelo visto ele era uma pessoa completamente diferente.

— Ele disse que ficou amargurado por não poder viver o nosso amor. Eu nunca acreditei nisso. Ninguém fica ruim assim por causa de um relacionamento. Ainda mais um homem como Flávio. Forte, milionário, bonito... eu não imaginei que ele sofria tanto assim por minha recusa. Mas as coisas pioraram mesmo quando eu e o Nando nos separamos. Nós dois livres fez reascender aquela atração absurda de novo, mas ao mesmo tempo que eu queria me entregar, as ações dele me afastavam. Eu jamais poderia ter ficado com um homem que agia daquele jeito, mas algumas vezes, eu acabei cedendo.

         — A senhora já foi para cama com ele? É isso?

         — Não. Não chegou a isso, mas quase. — Ela suspirou fortemente como se relembrasse aqueles momentos. — O desejo perturbava a minha cabeça. Era tão difícil controlar, mas ao mesmo tempo... eu nunca faria isso com você. E por um tempo, isso foi tudo o que eu e ele tivemos. Ressentimento um com o outro.

         Agora tudo fazia algum sentido na cabeça de Liz. Por isso ele parecia sempre ter uma espécie de marcação nas duas. Por isso também ele havia mudado tanto desde o acidente.

— Ele ficou irado quando eu comecei a me relacionar com o Artur e não com ele. Irado mesmo. E ficou fazendo aquelas coisas para me machucar. Só que aí teve o acidente e ele disse que finalmente foi isso que o fez mudar. O medo de que talvez pudesse me perder pra sempre. Por isso a mudança que a gente tanto estranhou. Por isso eu fiquei tão triste quando as pistas apontaram pra ele. Eu nunca quis acreditar que o Flávio faria isso comigo, mas o Artur fez de tudo para me convencer. Eu fiquei muito mal.

Agora sim tudo fazia sentido mesmo. Sabendo de tudo isso agora, Liz tinha ainda mais motivos para acreditar no tio. Por isso Luísa acreditou tão rápido na história deles, porque no fundo, ela apenas queria acreditar no amor que ele sempre sentiu. Aquilo era tão profundo quanto complexo.

— Uau! Eu não esperava por essa.

         — Ninguém esperava. Mas é essa a verdade. E agora que eu acredito que ele seja inocente, está cada vez mais difícil controlar. Eu nunca quis tanto um homem como eu quero o Flávio. Eu só queria poder me entregar a isso e descobrir de vez o que eu sinto por ele, mas é tão mais complicado agora.

— É complicado mesmo. Mas isso tudo que acabou de me contar... como conseguiu resistir por tanto tempo? Eu nem consigo entender.

— Eu também não sei como.

— Eu estou chocada com essa revelação, não vou mentir, mas eu não posso julgar. Eu também acredito na inocência do Flávio, ainda mais depois de tudo isso que me contou. Eu acho que a senhora deveria se dar uma chance de experimentar isso. Eu entendo demais isso. — Liz agora falava por experiência própria, lembrando de toda a sua história com a irritadinha. — Eu já tive tantas mulheres antes e nenhuma me atraiu tanto quanto a Lia. Eu jamais conseguiria resistir a ela tanto tempo, mas sei que a nossa situação é bem diferente da de vocês.

— É uma loucura! Eu não sei o que fazer.

— Bem, só a senhora tem o poder de decidir isso, mas eu quero que saiba que eu estou aqui e sempre vou apoiar a senhora. Eu acho que sempre temos que dar uma chance ao amor. Mesmo que ele não dê certo, ainda é melhor sentir do que se arrepender por nunca ter tentado.

— E desde quando é você que me dá conselhos, hein? Sempre era o contrário.

As duas sorriram com isso. Era bem verdade isso, mas uma hora as coisas sempre mudam e ali era a prova disso. Liz se sentia muito mais madura desde seu envolvimento com Lia. Simplesmente as mudanças aconteciam.

***

Na empresa, as coisas iam de mal a pior. Era tanta pressão e tanto problema como Liz jamais vira. A tensão já havia se instalado no meio de todos os colaboradores. Era muito pesado o clima.

Em uma noite extremamente cansativa, Amanda se aproximou de sua mesa a convidando para jantar. Liz estava no meio de uma conversa com Lia e rapidamente a dispensou. Aquela morena não ia desistir fácil mesmo.

O aniversário de Liz chegou rápido. Mais rápido do que ela imaginara e muito mais tenso do que de costume. Estavam tendo reuniões muito intensas com os investidores e praticamente a rockeira não teve tempo para mais nada.

Lia passara o dia lhe mandando mensagens e já estava desesperada sem poder respondê-la. Ela dizia que queria fazer uma chamada de vídeo para comemorarem ao menos um pouco. Liz percebia como a irritadinha estava se sentindo carente e já suspeitava o que ela tanto queria fazer com a aquela vídeo-chamada. Liz também queria, precisava daquilo.

Foi para casa o mais rápido que pode, mas assim que chegou lá a tia e os primos a esperavam com uma super noite do sushi para comemorar a data com ela. Como poderia sair daquela comemoração sem ser rude? Finalmente, depois de um longo tempo, a rockeira estava mesmo criando laços com sua família, como sempre deveria ter sido.

Por fim, quando finalmente conseguiu ir para seu quarto, Lia não mais lhe atendeu. Ela deveria ter ido dormir já que tinha a diferença de horário e ela estava tendo dias maçantes por conta dos estudos. Mais uma vez, foi dormir frustrada pelo desencontro.

Lia vinha reclamando de sua distância ultimamente. E o pior de tudo, começou a cobrar uma visita. Tudo o que Liz mais queria era vê-la. Faria de tudo para conseguir isso, mas não prometeu nada, a fim de que a irritadinha não ficasse ansiosa lhe cobrando isso o tempo todo. Sabia como ela era impaciente às vezes.

Outubro estava chegando e Liz estava se planejando em visitar Lia no dia de seu aniversário. Iria lhe fazer uma supresa. Luísa lhe deu o maior apoio e disse que aguentaria as pontas sem ela por algumas semanas, por mais que fosse difícil.

A rockeira já tinha dito a Lia que o melhor era ficarem longe, mas não conseguia mais resistir. Aquela tensão estava consumindo sua mente e as brigas estavam lhe desgastando.


***

Cedo da noite, Liz chegou em casa. Luísa finalmente tomara uma atitude a respeito de Flávio e disse que passaria a noite com ele. Ela lhe ligou dizendo que não voltaria para casa naquela noite. Liz ficou feliz por ela. Apenas esperava que Luísa encontrasse o prazer que negara por tanto tempo nos braços do homem que sempre havia amado em segredo.

Liz estava um pouco estressada naquela noite. Havia brigado com Lia no dia anterior, mas já tinham feito as pazes. Agora só tinha que acertar os dias de sua viagem. Ela preparou um drink e foi até seu quarto. Lá chegando, ligou seu som alto em uma música de rock e ficou bebendo, tentando aliviar a tensão daquele dia.

Estava deitada de bruços na cama, totalmente relaxada quando sentiu mãos lhe massageando as costas. Nem ouviu ninguém entrando ali por conta da música alta e quando se virou, viu Cíntia bem ali. Liz fez uma careta e suspirou. Aquela mulher parecia assombração. Como foi que ela havia entrado ali?

— Mas o que diabos você tá fazendo aqui? — Perguntou já sem paciência.

— Eu sei que você não está mais com aquela garota.

— Você não sabe de nada, Cíntia. Me deixa em paz!

— Como você conseguiu me esquecer tão rápido? — A loira agarrou suas vestes e se aproximou perigosamente. — O que eu tenho que fazer para você voltar para mim, minha gostosa?!

— Nada que você faça vai me fazer voltar. Será que não entende? Eu estou apaixonada por outra mulher e não quero ficar com mais ninguém. Por favor, entenda isso de uma vez por todas! — Liz arrancou as mãos dela de sua roupa e se afastou. — O que mais eu posso fazer para você me esquecer? Me deixar em paz? Eu não te quero Cíntia.

Viu a expressão na face da mulher mudar de decidida para triste. Se sentia mal por ser uma escrota, mas não tinha mais como agir com Cíntia. Já havia perdido a paciência.

— Mas será que não pode nem me dar um último beijo de despedida?

Liz a olhou sem acreditar no que ela dizia e apenas balançou a cabeça em negação.

— Eu acho melhor não, Cíntia. Sinceramente...

Naquele momento, Silvia entrou em seu quarto e parecia algo urgente. Ela a chamou para conversar fora do quarto.

— Tem uma tal de Vanda lá fora querendo entrar. Ela disse que quer falar com a dona Luísa com urgência. Você sabe quem é?

Vanda? Não podia ser! A Vanda estava na porta do condomínio, depois de tantos meses fugida? Não podia crer nisso. O coração de Liz palpitou de nervosismo. O que deveria fazer? Precisava falar com Luísa e Flávio com urgência.

— Pode liberar a entrada dela. Leva ela para o escritório que eu desço já.

— Ok, Liz. Pode deixar!

— E outra coisa... quem foi que deixou essa doida da Cíntia entrar aqui?

— Foi a novata da limpeza, Liz. Mil desculpas pela falha. Ela abriu a porta para ver quem era e a dona Cíntia foi entrando sem nem ser convidada. Eu devo chamar o seu segurança?

— Não, pode deixar. Eu mesma vou colocar ela para fora. Agora vai rápido e deixa a Vanda entrar. Preciso falar com ela com urgência.

Silvia desceu rapidamente e Liz voltou para o quarto a fim de colocar Cíntia para correr. Assim que percebeu, viu que ela falava ao telefone. Ou pior, falava no telefone de Liz. A rockeira franziu o cenho com aquilo e tomou o celular dela bruscamente. Quando olhou para a tela, viu que ela estava em ligação com ninguém mais ninguém menos do que Lia.

         A rockeira sentiu seu coração disparar feito doido de agonia e medo. Era agora que Lia ia pirar. Levou o telefone ao ouvido e chamou pela irritadinha. Ela ainda estava na linha.

         — Lia! Você tá aí?

         — O que significa isso, Liz? O que essa cachorra está fazendo com seu telefone?

         — Não é nada disso que você está pensando, meu amor, por favor! A empregada novata deixou ela entrar e ela está aqui agora me infernizando.

         — Puta que pariu, Liz. Isso de novo não! — A voz de Lia estava irada. Era a última coisa que precisava naquele momento.

         — Por favor, confia em mim. Eu vou colocar ela para correr daqui. Desculpe por isso!

         — Eu vou desligar antes que eu faça algo e me arrependa depois.

         E sem dar mais espaço para papo, ela desligou mesmo. Liz se sentiu desesperada naquele momento.

         — Por que fez isso?! Você ligou para ela de propósito? — Liz gritou enraivecida e puxou Cíntia a força pelo braço, fazendo-a descer escada abaixo na base da força. — Não aguento mais você estragando a minha relação.

         Liz a empurrou até a porta. A raiva parecia que lhe dar uma força descomunal. A mais velha parecia assustada com seu rompante emocional, tanto que nem tentou se desvencilhar.

         — Vai embora e não volta nunca mais Cíntia!

         Trancou a porta na cara dela enquanto sentia as mãos tremerem de ódio. Precisava colocar a cabeça no lugar, mas não sabia como. Vanda já estava para entrar e precisava falar urgente com Flávio ou Luísa. E sem contar agora essa situação com Lia. Mas os problemas quando chegavam era de uma vez.

         Sacou o telefone do bolso com rapidez e antes de mais nada, mandou um áudio para Lia, explicando o que havia acontecido. Tentaria ligar para ela depois. Logo em seguida ligou para a tia. Tinha certeza que ela não a atenderia, mas por sorte a atendeu alguns toques depois.

         — Liz, algum problema? — Podia ver como a tia estava com a voz relaxada e até se sentiu mal por cortar o clima que os dois deveriam estar tendo.

         — A senhora não vai acreditar em quem deu as caras por aqui!

         Naquele momento, a porta da sala se abriu e Vanda passou por ela junto de Silvia. Agora sim o jogo daria uma virada impressionante. Liz conseguia sentir isso...

***

Fim do capítulo


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Comentários para 51 - Capitulo 51 - Três meses parte II:
patty-321
patty-321

Em: 24/03/2022

Voltou.  Espero  que agora  terminei a estória.  Por favorzinho, Ah liz  que situação foda. 

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