Fique por Leticia Petra
Capitulo 28 - Caio e Bernardo.
7 meses depois.
Julho de 2023.
O vestido que eu estou usando é muito ousado, escolha de Caio, que me disse que queria me ver roubando a cena, os fios delicados nas costas deixavam a mostra a minha tatuagem de serpente. O meu único objetivo com ele era o de ter toda a atenção da minha namorada sobre mim.
Passei um batom neutro, joguei o cabelo para o lado e sorri.
— Uau! – Duda surgiu no reflexo do espelho.
— Uau digo eu... – Me virei para olha-la.
Ela estava com um vestido cor de vinho, ele ia até metade das coxas, tinha uma pequena fenda, de alças finas. O salto preto deixou tudo ainda mais lindo, assim como o cabelo longo solto.
Duda, aos poucos, abandonava os seus traumas referentes a roupa e isso em parte, se devia a Patrícia. Ela deixava a minha irmã segura.
— Você tá linda, Duda. – Me aproximei e a fiz dar uma voltinha. Havia uma fenda nas costas que terminava um pouco antes do bumbum. — Se a minha chefe não infartar antes, com toda a certeza ela vai ficar louca.
Minha irmã sorriu, era visível que estava envergonhada.
— Alguém pode me ajuda com... nossa. – Eric parou na porta. — Estão lindas.
Ele sorriu, segurava uma gravata borboleta.
— Você tá um gato... – O smoking preto caiu muito bem. — Deixa que eu arrumo pra você.
— Quem sabe assim, você desencalha. – Eric franziu o cenho.
— Eu não estou encalhado, ok? É por pura escolha. – Ele ergueu a sobrancelha.
— Sabemos... você tá com quase trinta, depois da Roberta, nunca mais te vi com mulher nenhuma. Aquilo ainda serve pra alguma coisa?
— Maria Eduarda! – O tom de indignação de Eric nos fez gargalhar.
— Tias, a Zoe chegou. – Benjamin gritou da sala. — Ei... uau! Tias, vocês estão umas gatas.
Ele sorriu.
— Olha quem fala. Tá tão lindo e elegante. – Ele ajeitou a gravata, dando uma volta.
— O vovô também tá bonitão, quem sabe ele e a tia Betina não...
— Menino, não termina essa frase. – Eric o interrompeu.
— Tem uma pessoa que tá ansiosa pra te ver, tia Oli.
— Vim buscar a minha namorada... – Zoe parou na porta.
Os meus olhos percorreram o seu corpo, que o vestido marcava. Senti a garganta ficar seca, o meu intimo reagiu.
“Não é o momento, Olivia.”
— Caramba, Oli... você tá tão linda. – Eu estava? — Meu Deus...
Os meus irmãos percebendo o clima, saíram do quarto.
— Zoe, você tá tão maravilhosa... – Me aproximei, não contendo as minhas mãos. – Vermelho fica lindo em você. Alias, qualquer coisa fica lindo em você.
O seu vestido formava um V na frente, mas atrás uma fenda fodidamente sexy, a deixava irresistível. O bumbum ciente era moldado pelo tecido. Os fios estavam mais compridos, quase um Chanel.
Ficamos a nos encarar.
— Se você continuar me olhando assim, a gente não vai chegar ao casamento. – Sua língua passeou rapidamente por seus lábios, deixando quase impossível de respirar.
— Acho melhor sairmos desse quarto, antes que eu te tire desse vestido. – Zoe gargalhou.
Deixamos o quarto.
— Apesar de achar que você fica linda nele, pelada é ainda mais. – Ela contornou a minha cintura com as mãos, parando sobre o meu bumbum.
— Se você continuar, vou trancar essa porta e não respondo por mim. – Sua voz estava carregada, denunciando que suas palavras eram mais que verdadeira.
— Vamos? – Ouvimos alguém gritar da sala.
Nos olhamos, rindo da situação.
O casamento do meu amigo e o meu tio aconteceria no jardim. A nossa família toda estava presente. O único a não vir foi o pai de Caio, que até então, continuava negando o próprio filho. A minha mãe estava com o namorado, um homem simples e muito gentil que ela conheceu há uns meses.
Foi difícil no início para ela.
Difícil, pois havia muito passado para ser superado. Nunca fui visitar o Fábio, apenas sabíamos o que se passava, por causa dos advogados que nos mantinham informados. A minha avó cortou todos os laços conosco, até mesmo com Marina.
Não vou mentir, doeu no início, mas agora virou um grande tanto faz.
— Tá tudo tão bonito. – Zoe segurava a minha mão, enquanto olhava a decoração.
O jardim era enorme.
— Essas luzes deram um charme... nem acredito que estou mesmo prestes a ver o meu melhor amigo se casar. – Minha namorada me olhou.
— E eu o meu pai... queria que a minha mãe estivesse aqui. – Segurei sua outra mão.
— De alguma forma, ela deve estar. E deve estar muito feliz, amor. – Zoe sorriu, grudou sua boca na minha por alguns segundos.
Senti um friozinho gostoso na barriga.
— Eu amo muito você, meu amor. Obrigada por tudo que vem me proporcionando...
O meu sorriso foi de orelha a orelha.
— Eu amo, amo e amo muito você, meu amor.
— Esse casal veio com a intenção de matar os convidados de inveja. – Iris se aproximou com João.
— Vocês estão lindas, meninas, mas quem deveria chamar a atenção não seria os noivos? – João ergueu a sobrancelha.
— Foi por isso que você veio com um terno vermelho, João? Porque também queria chamar a atenção? – Zoe e João não deixavam de se alfinetar.
Todas as vezes era assim.
— Vem, Oli, o Caio deve estar no andar de cima... deixa esses dois se bicando. – Iris saiu me puxando.
Zoe me jogou um beijo.
— Vou ver o meu pai... – Ela falou um pouco mais alto.
— Tudo bem, a gente se encontra daqui a pouco. – Joguei outro beijo.
Subimos as escadas.
— Ele tá aqui, estava louco te esperando. – Entramos no quarto principal.
De frente para o espelho, Caio ajustava o seu terno.
— Você tá lindo... – Ele se virou.
Dona Felícia estava no sofá, enxugava as lágrimas. O terno branco se moldava perfeitamente ao corpo que com o passar dos meses, ganhou músculos.
— Você tá maravilhosa... a madrinha mais gata que existe. – Me aproximei dele, o abraçando forte.
— Oi, dona Felícia... – Fui até ela.
— Oi, menina... que bom que já chegou. Ele estava agoniado te esperando. Disse que não ia descer, enquanto você não chegasse...
— Estou tão nervoso...
— Vai ser incrível, Caio, então respira fundo e não infarta antes. – Iris brincou. — Tá tudo muito lindo lá fora.
— Obrigada... obrigada mesmo por todo o apoio.
Havíamos passado o dia juntos, ideia do meu tio. Fomos a um salão, fofocamos e tentamos deixa-lo mais relaxado. Iris, Caio e eu, quando nos juntávamos, era uma força da natureza. Nesses 7 meses, havia tantas histórias. Zoe sempre se divertia as nossas custas.
— Chegou a hora, filho.
— Vamos te esperar lá embaixo.
— Você tá maravilhoso... te espero no altar, meu best. – Caio sorriu e me abraçou. — Te amo...
— Te amo, Oli... muito...
Zoe, João, Iris e eu nos preparamos no altar, pois erámos os padrinhos.
— Aí vem eles. – Minha namorada falou.
Os dois estavam lindos de terno branco, dona Felícia chorava ao lado deles. Era muito bonito de se ver. Os dois chegaram ao altar, ambos com os olhos marejados. Caio olhou para nós, eu mal podia acreditar que aquilo estava mesmo acontecendo. Um pequeno filme passou por minha cabeça.
A nossa vida mudou radicalmente em 1 ano.
— Tenho que dizer, esse é o vigésimo quinto casamento que realizo e como se fosse o primeiro, estou muito emocionado. – O cerimonialista iniciou. — O primeiro casamento gay que tive a honra de celebrar foi o do meu filho.
Zoe segurou a minha mão, deslizando o polegar sobre o dorso.
— E hoje sigo unindo inúmeros casais. Sejam bem-vindos, meus amados...
A cerimônia se iniciou, os votos foram feitos e as alianças trocadas. Eles estavam muito emocionados e selaram aquele momento com um abraço apertado. A minha maquiagem deveria estar borrada a essa altura. Zoe estava emocionada ao meu lado, segurava a minha mão com carinho.
— Logo será o nosso. – Zoe secou o meu rosto com o lenço que João havia dado.
— Mal posso esperar, meu amor. – Beijei o canto de sua boca.
— Que o amor seja o guia de vocês, meus queridos. Felicidades e oficialmente, vocês estão casados.
Os convidados se levantaram para aplaudir, estavam todos ali. Yuna e eu viramos grandes amigas, ela e a Zoe mantinham um certo respeito pela outra. Ela resolveu não vir ao casamento e eu a entendi perfeitamente. Há um tempo, Ben contou a Mina sobre a sua transição.
No fim, Mina disse que já sabia e que estava apenas esperando por ele.
— Vamos dançar e comer, pessoal! – Caio gritou.
Fomos para a pista de dança e Zoe me conduzia, enquanto If I Ain’t Got You, de Alicia Keys tocava em um ritmo mais lento. A atmosfera era incrível, a paz que eu sentia naquele momento, vivendo o inimaginável há alguns meses, nos braços da mulher que eu amo.
Como a letra da canção dizia: mas tudo não significa nada, se eu não tiver você.
— Ana e Miguel adorariam estar aqui. – Zoe grudou a sua testa na minha.
— Estava pensando a mesma coisa. – Nos abraçamos. — Mal posso esperar pra tê-los aqui.
— Esse dia vai chegar, amor. Eu prometo pra você... – Aspirei o ar com calma.
A festa seguia, em determinado momento, algumas pessoas subiram ao palco para falar algumas coisas para os noivos, então a minha namorada decidiu dizer algo também.
— Boa noite a todos... – Além da família, havia alguns amigos e conhecidos mais próximos. — Hoje é um dia memorável, eu agradeço a cada que está aqui, prestigiando a união do meu pai com o homem que ele ama. Muito obrigada!
Ela sorriu e eu fiquei hipnotizada.
— Pai, o senhor é uma das pessoas mais corajosas que já conheci e tenho certeza absoluta que a mamãe está muito orgulhosa, aonde quer que ela esteja. Caio, você é uma grata surpresa. Meu pai não poderia ter se apaixonado por um homem mais integro e de bom coração. Um brinde a vocês...
Todos levantaram suas taças.
— Você é linda, meu amor! – Gritei, fazendo os outros rirem.
Zoe gargalhou e eu agradeci mentalmente a Deus por tanta felicidade.
5 dias depois.
Tiramos aquele dia para fazer uma faxina no apartamento, pois estávamos de folga da faculdade e trabalho. A veterinária não era nenhum pouco fácil, entretanto, eu estava feliz. Me sentia em fim no lugar certo.
Ouvimos a campainha.
— Eu vou atender...
Ben deixou a vassoura.
— Será que o Eric esqueceu a chave? – Era estranho, o porteiro teria interfonado.
Fomos até lá.
— Roberta? – Duda falou.
— A mãe do Ben? – Ergui as sobrancelhas.
Olhei para a mulher a minha frente, vestida impecavelmente. Eric ao seu lado, totalmente mudo.
— Minha mãe? – Ele a olhava, desacreditado.
— Ben? – A mulher olhou para ele em descrença.
— Benjamin, vai pro quarto... – Duda pediu.
— Mas tia, é a minha mãe. Eu quero conversar com ela.
— Querido, obedece a tia Duda. – Botei minha mão em seu ombro. — Depois você poderá conversar com ela.
— Tá bom, tia...
Ele olhou para a mãe por um tempo, até que foi para o seu quarto.
— Roberta, pode me explicar o que tá fazendo aqui? – Eric finalmente disse algo.
— Posso ao menos entrar? – Ela me olhou. – Não me diga que essa é... a sua irmã?
— Sim, é a Olivia. – Franzi o cenho.
— Vocês a encontraram. Eu fico muito feliz... o Eric falava muito de você no abrigo, dizia que iria te encontrar a todo custo. Você é incrivelmente parecida com eles. – Suas palavras me soaram sinceras. — Me desculpe aparecer assim.
Ela sentou, olhando ao redor.
— Mas Eric, aquele menino... ele... – Roberta fez uma expressão de confusão.
— É o nosso filho, Roberta.
— Um menino trans?
— Sim...
Ela ficou em silencio, parecia digerir as coisas.
— Ele deve ter enfrentado muita coisa, não? – Os seus olhos marejaram. — Eu sinto muito, Eric. Deus...
— Como nos achou? Essas roupas, você parece outra pessoa. – Eric mantinha certa distância.
— Fui adotada por uma família de espanhóis, eles me deram boas condições, estudei, me formei... sou medica. – O seu sorriso era triste. — Sei que não tenho nenhum direito, mas eu queria muito participar da vida dele.
Duda e eu nos olhamos.
— Eu deveria ter vindo antes, eu sei, eu só... não tive coragem. Os meus pais adotivos, eles me incentivaram a vir. Faz um mês que tô na cidade, mas só agora reuni um pouco de coragem...
O meu irmão a encarava.
— Roberta, eu não sei se você... droga. – Ele sentou. — Nunca pensei que você voltaria.
— Por favor, Eric, eu quero muito conhecer o meu filho. Eu quero poder conviver com ele, vê-lo realizar os seus sonhos... naquela época, eu não podia oferecer nada a ele. Eu era uma pessoa quebrada, mas agora, eu juro, eu estou bem e quero muito me aproximar.
— Essa decisão terá de ser dele, Roberta. Não vou proibir você de se aproximar, mas é a ele quem você deve pedir permissão. – A atitude de Eric foi totalmente sensata.
— Posso ir até ele? – Ela ficou de pé.
— Vou te levar até o quarto. – Eric nos olhou rapidamente e foi a frente.
Roberta o seguiu.
— Eu nunca que achei que isso iria acontecer. – Duda me olhou. —Mas ainda bem que aconteceu, a Roberta parece outra pessoa.
— Acho que vale a pena dar uma chance a ela, o Ben tem o direito de conhecer a mãe. – Minha irmã sorriu.
— Espero que ela não faça nenhuma besteira, pois quebro ela no meio. – Abafei o riso.
Maria seria totalmente capaz de cumprir a ameaça.
— Mas de qualquer maneira, acho que aconteceu em boa hora. O Ben vai poder ter a mãe por perto. – Sua voz soou triste.
Não queria a ver assim.
— Ei? Tem uma pilha de louça nos esperando na cozinha. – A puxei.
— Ah, meu Deus, já tinha esquecido...
— Vamos, que a faxina tem que continuar... – Coloquei o pano de prato em suas mãos.
Fomos para a cozinha, passei a conversar com ela e em poucos segundos, a minha irmã já sorria. Eu também queria ter conhecido a nossa mãe, mas evitava pensar tanto sobre. Ficar imaginando como poderia ter sido, só trazia ainda mais frustrações.
E merecíamos ser felizes, que as tragedias ficassem no passado, onde era o seu lugar.
A empresa estava agitada, os negócios estavam a todo vapor. Recentemente, optamos por vender a firma de advocacia e a emissora. Foi mais de um mês para chegarmos a um consenso.
— Tenho ótimas notícias, Zoe. – João sentou na cadeira a minha frente. — As medidas que tomamos contra assédios deram resultados positivos. Reuni todas as psicólogas, os relatórios passados foram quase perfeitos.
— É de fato uma ótima notícia, João. Acho que se dedicar somente a rede de supermercados foi a melhor decisão que tomamos. Olha o que acabou de chegar... – Abri a gaveta e peguei a pequena caixa de veludo.
— Então vai ser hoje? – Sorri.
— Sim, já preparei tudo... espero que ela goste. – João admirava a joia.
— Tudo o que fizer, a Oli vai amar só pelo fato de ser você, Zoe. – Suas palavras me tranquilizaram.
Olhei as horas.
— Eu preciso ir pra casa e arrumar tudo. – Peguei o meu blazer e a bolsa.
— Amanhã quero saber os detalhes. – Ele sorriu.
— Fofoqueiro...
Deixei a minha sala às pressas.
Passei na floricultura para buscar as flores que encomendei, comprei um vinho em uma adega recomendada por João e fui para o meu apartamento, pois ainda faltava a lasanha.
Oli adorava massa.
Entrei no elevador, mas outra pessoa também o fez.
— Boa noite, Zoe. – Yuna se colocou ao meu lado.
— Boa noite, Yuna. – Me mantive séria.
Ela e a Oli desenvolveram uma amizade, assim como eu e Valentin. Todas as vezes que nos encontrávamos, era sempre muito impessoal. Não viramos amigas e nem acho que isso iria ocorrer um dia.
Parei no meu andar, deixando o elevador.
Deixei as minhas coisas na cozinha, separei tudo o que iria precisar e quando me preparava para iniciar, a minha campainha tocou e eu estranhei muito. Olhei no olho magico e fiquei surpresa.
— Viemos ajudar... – Iris entrou, seguida de Violeta e Mina.
Franzi o cenho, não entendendo nada.
— Eu estava vindo pra cá e encontrei elas. – Mina falou, estava com uma panela nas mãos.
— Zoe, vai tomar banho e ficar linda pra sua namorada, a gente cuida do resto. – Violeta me empurrou para o corredor.
— Mas...
— Sem mais, deixa tudo com a gente. – Coloquei as mãos na cintura, não acreditando naquilo.
— Vai logo...
Ainda sem entender nada, fui para o meu quarto. Tomei um banho rápido, sequei o cabelo e optei por um vestido branco simples, penteei o cabelo da forma que a Olivia adorava e finalizei com o perfume.
Olhei a hora e vi que logo ela chegaria, então fui para a sala ver o que elas haviam aprontado e me surpreendi.
— Caramba... – A mesinha de centro estava com algumas velas e o vinho.
As pétalas de rosas vermelhas espalhadas, uma luz fraca deixa o cômodo em um clima lindo.
— A gente arrasou, sabemos... – Violeta falou.
— Zoe, a lasanha está quase pronta. Em dez minutos, você pode desligar o forno. – Mina vinha da cozinha.
— Nem acredito nisso. Obrigada, meninas. – As três me olhavam com um sorriso.
— Amanhã queremos saber dos detalhes. E vê se pega leve no s-e-x...
—Violeta, tem criança aqui. – Iris deu um tapa de leve na nunca da irmã.
Mina e eu rimos das duas.
— Tchau Zoe...
— Não esquece da lasanha no formo...
As três deixaram o meu apartamento.
— Que loucura. – Sorri.
Peguei a pequena caixinha de veludo e deixei no centro da mesinha. Olhei ao redor e outra vez sorrir, me sentindo uma adolescente que estava prestes a dar o primeiro beijo.
— A lasanha... – Corri para a cozinha, desliguei o forno e a tirei.
O nervosismo me consumia. A campainha tocou, então respirei fundo e fui abrir a porta para Oli. No primeiro momento, dei uma leve pausa. Ela estava linda de vestido azul bebe.
Perdi o rumo por alguns segundos.
— Você tá tão linda, meu amor. – Eu queria me ajoelhar nos pés dessa mulher.
— Linda tá você, meu amor. – Os nossos corpos se encaixaram em um abraço longo.
Passei o dia todo ansiando por isso.
— Amor, por que tá tudo tão... escuro? – Nos afastamos e eu a deixei ir a frente.
Esperei para ver a sua reação.
— Zoe, não me diga que...
Aspirei o ar com calma e sorri.
— Ah, Zoe...
Olivia se virou para mim, os seus olhos marejados estavam brilhantes por conta das luzes das velas.
— Você é a mulher da minha vida, Olivia, não há mais nada que eu queira nesse mundo do que ser a sua esposa. – Me aproximei, segurando as suas mãos e as minhas tremiam. — Eu... eu quero saber se aceita casar comigo?
Encarei os olhos castanhos.
— Ah, Zoe... é claro que eu aceito, meu amor. – Olivia me abraçou pelo pescoço. — Sim, sim, sim, mil vezes sim!
Todas as preocupações que eu tinha, sumiram na hora.
— Eu te amo... você é a mulher mais incrível desse mundo, Zoe. – A envolvi pela cintura, totalmente entregue aquele momento.
As nossas bocas se encontraram, um beijo gentil e longo.
Peguei a caixinha de veludo, tirei a delicada joia e a coloquei no dedo de Olivia, que não parava de me encarar, sorrindo. Comemos, conversamos e ouvimos inúmeras canções, enquanto degustávamos do vinho.
Eu estava extasiada.
— Eu estou tão feliz, Zoe... – Oli deixou a taça de vindo de lado. — Você me faz a mulher mais feliz desse mundo.
Ela sentou em minhas pernas, de frente para mim. Beijou a minha boca de uma forma sensual, acendendo o meu corpo inteiro. Segurei firme em sua cintura, gemi quando a minha língua foi ch*pada.
— Me ame... aqui, sou toda sua... – Com muita agilidade, ela já tirava o meu vestido. — Você me enlouquece... minha noiva. Deus, a minha noiva.
Sorri, gargalhei, eu estava eufórica.
— Soa incrivelmente delicioso quando você fala... – Tirei o seu vestido, a deixando somente de calcinha.
Prendi a respiração.
— Ainda não me acostumei com a beleza do seu corpo, meu amor... – Toquei os seios firmes. — Você é maravilhosa.
Oli fechou os olhos, mordendo o lábio.
Fizemos amor no carpete da sala, acredito que em todos os cômodos do apartamento, Olivia e eu já havíamos nos amado. Agora, oficialmente, a mulher da minha vida era a minha noiva e em breve, estaríamos casadas.
Acredito que alcancei o topo de mim mesma.
Era final de julho, últimos dias de férias da faculdade de Oli, então decidi levar ela no sitio, porém sem dizer que aquele seria o nosso destino. Minha noiva achava que iriamos a fazenda do meu pai. Adoraria que Miguel e Ana Luiza estivessem presentes. Até tentei, mas a diretoria do abrigo não permitiu. Sei que seria uma grande batalha até Oli e eu conseguirmos a adoção, afinal somos um casal de mulheres e infelizmente, o preconceito ainda cega a nossa sociedade.
— Amor, passamos da entrada. – Sorri.
— Tenho uma surpresa pra você... – Oli me encarava.
— Surpresa? – A olhei rapidamente.
— Sim, e espero que goste... – A entrada havia sido restaurada.
Uma placa feita de madeira foi feita.
— Sitio Valeria e Marcela? Não me diga que... – Parei o carro.
— Depois que você terminar a faculdade, podemos vir morar aqui em definitivo. – Olivia me olhava, parecia desacreditada. — O que você acha?
— Amor, mas... a empresa, você vai deixar a cidade? – Busquei a sua mão.
— O meu lar é onde você estiver, meu amor. Eu também quero fazer isso. – Os olhos marejados me fizeram sorrir. — É todo nosso.
— Ah, Zoe... – Ela me puxou para um beijo.
Aspirei o ar com calma, me sentindo tão bem.
— Vamos entrar? É a primeira vez que verei depois das reformas. – Abri a porta do carro.
— Quando você comprou? – Abri o portão.
— Faz uns meses... – Oli ligou o carro e entrou.
Fechei o portão e ela foi conduzindo o carro até chegarmos em frente à casa de dois andares. Não era uma casa exagerada, mesmo com a reforma, mantiveram a simplicidade.
— É linda, Zoe... – Olivia olhava para a casa.
Me encostei no carro, acompanhando as suas reações.
— E tão grande... poderemos trazer a Zoe. Ana e Miguel, eles vão amar isso tudo. – Ela me encarou. — Podemos ver tudo?
O seu sorriso era genuíno.
Entramos na casa, conhecendo cada cômodo, andamos por toda a propriedade e os reparos ficaram ótimos. A baia estava quase finalizada e futuramente, planejava construir uma pequena clínica.
— É muito lindo, amor. – Estávamos na extensa varanda. — Você é maravilhosa.
Ela estava aconchegada a mim.
— Estou aliviada que tenha gostado. – Beijei a sua testa.
— Deve ter custado caro... – Olivia me encarou. — Depois que nos casarmos, a gente vai dividir as coisas.
— Eu sei amor, vai ser do jeito que você quiser. Não poderia deixar passar, o lugar é lindo e o preço estava acessível. – A fiz desmanchar o bico. — Me diga, como tá sendo a aproximação da mãe do Ben?
— A Roberta é uma boa mulher, tá tentando pra valer recuperar o tempo perdido. Ele adorou os avôs adotivos.
— Mina esteve em meu apartamento ontem, ela disse que adorou conhecer a Roberta. Oli, tem uma coisa que ainda não entendi... Mina e Ben são só amigos? – Nos encaramos. — Nunca tive a ousadia de perguntar a ela.
Oli riu.
— O Ben me disse que eles são amigos por enquanto, mas que se gostam de outra forma. Eles decidiram esperar um pouco...
— Por que? – Fiquei realmente curiosa.
— Acham que ainda não estão preparados pra serem namorados. – Fiquei surpresa com a maturidade. — Amor?
— Oi, querida... – A olhei.
— Obrigada por ter colocado o nome da minha mãe... os meus irmãos, eles vão gostar bastante. – Aspirei o ar com calma, toquei em sua face.
Grudei os meus lábios nos dela, por um longo tempo. Não precisei dizer nada, Oli entendeu perfeitamente.
Alguns dias depois.
Era uma quarta de manhã e eu havia recebido uma ligação da Anelise, a diretora do abrigo. Deixei a empresa apressada, pois ela havia dito que tinha uma ótima noticia para me dar, porém seria pessoalmente. Já havia dado o inicio o processo de adoção, Oli e eu os visitávamos duas vezes na semana todas as semanas, até mesmo já havíamos sido liberadas para leva-los para passeios breves.
Estávamos totalmente conectadas aos irmãos.
— Bom dia, Zoe... senta. – Fiz o que ela pediu.
— Estou muito ansiosa, Anelise. – Ela sorriu.
Oli estava na faculdade.
— Vou acabar com a sua ansiedade agora mesmo. Hoje chegou à decisão do juiz... – Ela me entregou uma papelada. — Ele liberou a Ana e o Miguel, você tem a guarda provisório deles.
Ergui as sobrancelhas, em total surpresa.
— Não brinque comigo desse jeito... – Passei a ler os documentos. — Meu Deus...
— Serão feitas visitas do conselho, eles iram fazer relatórios todos os meses, até que saia a sentença. Tenho absoluta certeza que vocês já ganharam, Zoe, então será mera formalidade...
Eu não podia acreditar.
— Quando eles irão pra casa? Posso leva-los agora? – Anelise riu da minha agonia.
— Pode, apenas irei pedir para que arrumem as coisas deles. – Ela ficou de pé. — Você poderia aguardar aqui?
— É claro... eu vou ligar pra Olivia. – Peguei o meu celular.
Chamou duas vezes.
— Amor? Onde você tá? – Perguntei assim que ela atendeu.
— Oi, amor... estou no ônibus, vou passar no abrigo. – Passei a mão sobre a cabeça.
— Então ficarei te esperando, estou aqui. Tenho uma ótima notícia...
— Do que tá falando? Que notícia? Zoe...
— Calma! Te espero aqui...
— Tudo bem, eu chego em vinte minutos.
Encerramos a ligação.
Fiquei andando pela sala da diretora, agoniada com a espera. Mais de 10 minutos se passaram e a porta foi aberta. Os pequenos estavam com suas mochilas nas costas e sorriam.
— Tia... – Miguel correu e abraçou as minhas pernas.
Me agachei para pega-lo no colo.
— Tia Zoe, que saudade. – Ana me abraçou pela cintura. – Vamos passear outra vez?
— Não, meu amor... dessa vez vai ser diferente. – Os meus olhos ardiam.
— Ana, Miguel, vocês agora irão morar com a Zoe. – Anelise falou.
Nesse momento, ouvimos duas batidas na porta e Oli entrou.
— Tia Oli, a gente vai morar com vocês. – Ana correu para os braços de Oli, que apenas ficou estática.
— Amor, a gente conseguiu...
— Eu... Zoe...
Pude ver os olhos da minha mulher se encherem de lagrimas. Ela pegou Ana Luiza no colo e veio até Miguel e eu, nos abraçando com força. Não consegui segurar e chorei, chorei agarrada a eles.
A nossa família.
Fim do capítulo
oiiiiiiiiiiiiiiiiiieeee
mais um cap, minhas lindas.
oh, agora falta apenas 2.
já estou sentindo saudades :)
Comentar este capítulo:
Lea
Em: 25/05/2022
Que linda as palavras do cerimonialista. O casamento foi lindo, Caio todo emocionado... Bernardo todo realizado com o seu amor,toda a sua família!!
Foi um choque essa aparição da Roberta,mas que bom que ela decidiu estar presente na vida do filho.
Zoe e a Olívia tem os melhores amigos.
Agora a família da Zoe e Olívia está completa. Chorei junto!
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