Fique por Leticia Petra
Capitulo 27 - O nosso universo particular.
Alguns dias se passaram, a minha irmã acabou contando a minha mãe tudo o que aconteceu, na mesma semana, ela viajou para Minas Gerais, ficaria responsável pelo RH da nova filial, que estaria pronta em 3 meses, tempo esse que ela também permaneceria lá.
Foi a forma que encontrou de ficar longe de Duda.
João e Iris resolveram iniciar algo, depois da briga entre ele e o governador, Iris se mudou para a casa da mãe. Ele estava movendo um processo contra João. Graças a Deus, tudo foi abafado e não o prejudicou publicamente, porém nossa família foi banida do tal grupo de caridade.
Era sábado de manhã, Duda me trouxe no orfanato que cresceu. Já havia vindo com Eric na quarta, mas estava louca para voltar e a convenci a me trazer, pois iria seguir a ideia da Zoe e investir o dinheiro que as ações estavam rendendo ali.
— A reforma do berçário terminou, ficou esplendido. — A diretora dizia. — Recebemos recentemente uma grande quantidade de doações em alimentos.
Descobri que os meus irmãos faziam pequenas doações todos os meses, desde que saíram.
— Conseguimos também o fogão novo...
— Quantas crianças vivem aqui? – Perguntei.
— Duzentas crianças de todas as idades. Mudou muita coisa desde a saída dos seus irmãos... – Ela sorriu.
Duda e ela continuaram a conversar. Me distanciei um pouco, bisbilhotando tudo que podia e cheguei a uma sala.
— Eu já te falei muitas vezes, Miguel, ela é muito velha pra você. – Parei.
— Mas mainha, eu gosto dela. – O menino, que estava sentado no chão, falou.
— Mas ela não de você. Precisa parar de dar todo seu lanche pra ela. – A voz séria da menininha me fez sorrir. — Você sabe que comemos apenas quatro vezes por dia e os biscoitos são poucos.
Os dois desenhavam com giz de cera.
— Oi? – Os dois se viraram para me olhar.
A menininha de cabelos encaracolados e olhos incrivelmente expressivos, franziu o cenho. O pequeno ao seu lado também tinha as mesmas feições, porém os seus olhos eram diferentes.
Um castanho muito claro.
— Oi, tia... tá procurando alguém? – Os dois se aproximaram. — Tia, você é muito bonita.
— Obrigada, querida. Você também é muito linda. Aliás, vocês dois são... – O Miguel sorriu. — Qual é o seu nome?
— Me chamo Ana Luiza, esse é o meu irmão Miguel. Tia, você quer brincar com a gente? Qual é o seu nome?
— Me chamo Olivia, querida. De que vamos brincar? – Miguel estava calado, apenas me olhava com curiosidade.
— De casinha, a gente adora...
— Posso sim, mas terão de me ensinar, pois já esqueci como é. – Ana Luiza segurou a minha mão, me levando até um fogão de brinquedo.
— Miguel, pega as panelinhas, vamos fazer bolo e chá pra tia. – O pequeno fez o que a irmã pediu.
Não havia os visto da primeira vez.
— Tia, você gosta de bolo de cenoura? Guardei um pedaço que a tia Marta fez ontem. – Miguel me perguntou.
O seu cenho franzido me divertiu.
— Que tal a gente dividir? – O rosto infantil logo ganhou uma expressão mais relaxada.
— Deixa que eu faço, tia. – Me sentei no chão, enquanto os dois falavam pelos cotovelos.
Não sei ao certo quanto tempo fiquei brincando com os dois, que me encheram de perguntas. Aos poucos, Miguel se soltou. Um sentimento desconhecido desabrochou em meu peito. Fiquei curiosa para saber mais sobre eles, mas não quis ser muito invasiva. Então apenas os deixei conduzir as coisas.
Depois que deixamos o local, a minha cabeça trabalhava a todo vapor.
— Você tá bem? – Duda me perguntou.
Estávamos em um carrinho de aplicativo, indo para casa.
— Só pensando... – Sorri. — Aqueles meninos, a diretora disse que eles foram abandonados pelos pais há dois anos. Como ninguém os adotou? Eles são tão bonzinhos.
— Os casais geralmente só escolhem os recém nascidos, crianças abaixo de três anos. Crianças maiores raramente são adotadas. – Franzi o cenho. — Infelizmente, as coisas são dessa forma.
Aspirei o ar com calma.
— Podemos voltar no próximo sábado? – Duda sorriu.
— Podemos sim... e todas as vezes que você quiser. Conversei bastante com a diretora, há algumas coisas que eles precisam com urgência. A ajuda que você dará, maninha, vai fazer muita diferença.
— Espero que sim, maninha. – Voltei a me fechar em meus pensamentos.
Outra vez, pensei em Ana Luiza e Miguel.
Quando chegamos em casa, encontramos o seu Antônio e o Ben na sala. Eric havia se aproximado bastante do pai, mas a Duda ainda estava relutante. Ele vinha várias vezes na semana, conversava e depois partia.
O pouco que conversamos, percebi que ele é um bom homem e foi muito sensível sobre o Ben.
— Ei, moleque, o que fizeram o dia todo? – Duda perguntou.
— O vovô e eu ficamos vendo filmes de ação. Ele também gosta dos filmes da Marvel... – Benjamin o adorava.
— Filha, eu já vou indo. – Seu Antônio ficou de pé.
— Vô, vem amanhã de novo... eu gosto quando o senhor está em casa. – Ben é um menino maravilhoso.
— É, seu Antônio, vem almoçar conosco. – Ele olhava para Duda.
— É dia de lasanha, seria bom que viesse. – Minha irmã foi até ele, lhe dando dois tapinhas no ombro.
— Sendo assim, virei sim... – O sorriso em sua face foi genuíno.
Duda me olhou, ela sabia o quanto foi importante para ele o seu convite.
Quando cheguei ao restaurante, o movimento estava intenso. Patrícia conversa com alguns clientes, Ivi recebia outros. Servi várias mesas, ganhei uma boa gorjeta e fiquei feliz que seria um ótimo mês para as finanças.
Em breve, poderíamos nos mudar para o apartamento.
— Olivia? – Me virei. — São pra você.
Olhei para o buque de rosas vermelhas com surpresa. As pessoas no restaurante me olhavam com curiosidade. Peguei o buque, havia um pequeno cartão. Desfiz o delicado laço.
“Pensando em você, meu amor. Vou te buscar essa noite. Te amo, sua namorada.”
— Foi a sua namorada toda bonitona que te mandou? – Ivi me empurrou de leve pelo ombro. — Nem precisa responder, essa cara de boba já diz tudo.
Levei as flores para a cozinha, improvisei um jarro e passei o restante do trabalho ansiando pela chegada da Zoe. Voltei para o salão e os meus olhos foram em direção a porta, vi a minha avó entrando.
Senti um leve aperto no peito quando os nossos olhos se encontraram.
— Oli, a senhorita Ludmila pediu pra você atende-la. – Patrícia tocou o meu braço. — Tudo bem?
— Sim, sim... tá tudo bem. – Sorri. — Irei até lá...
Evitei ter contanto visual com a minha avó, pois mesmo com tudo, ainda era dolorido saber que ela me rejeitava. Não procurei saber nada sobre ela depois da prisão do meu pai, menos ainda sobre ele. Fazia aquilo pelo bem da minha saúde mental.
Eles não mereciam qualquer desgaste emocional de minha parte.
Finalmente aquela noite chegava ao fim, arrumei as mesas com os outros funcionários, fazendo a limpeza em seguida. Havia dias que o trabalho era árduo, mas posso dizer com toda a certeza do mundo, eu gostava de trabalhar ali, graças ao ambiente impar fornecido por cada um.
— Olha quem encontrei por aí, Oli. – Abri um sorriso instantâneo.
— Amor... – Fui até a Zoe, a abraçando.
— Vim buscar a minha garota. – Nos encaramos.
— Você já pode ir, Olivia. Ótimo trabalho hoje. – Patrícia deu uma piscadela. — Volte mais vezes, Zoe.
— Virei sim, pode ter certeza... irão enjoar de ver a minha cara. – Patrícia riu.
— Algo bem difícil de acontecer, viu? Os meus clientes amaram o gesto romântico. – Zoe sorriu.
— Vou apenas buscar as minhas coisas e já vamos, amor. – Lhe beijei a bochecha.
Entrei no vestiário, peguei a minha mochila rapidamente e o meu buque. Me despedi de todos e deixamos o restaurante. Zoe abriu a porta do carro para mim, como de costume. Já se passava da 23:00hrs, então iriamos para o seu apartamento. Estava com tanta saudade dela.
— Fiz aquela mistureba que você gosta, amor. – Ela disse, agarrada a mim.
— Vou tomar banho e comemos juntas. – Me virei para olha-la. — Quero dormir abraçadinha a você. Obrigada pelas flores, eu adorei.
— Então vamos tomar banho juntas? Quero que me diga como foi no abrigo. – Ela beijou os meus lábios.
— Perfeito...
Fomos para o banheiro, enquanto a Zoe lavava o meu cabelo com shampoo, algo que virou mania em todas as vezes que tomávamos banho juntas, eu lhe contava sobre os pequenos que conheci, despertando o seu interesse em conhece-los também.
— Podemos ir no próximo sábado, o que acha? – Ela secava o meu cabelo.
— Que tal irmos amanhã? Eu quero conhecer esses pequenos que te deixaram assim. – Me virei para olha-la.
— Eu me pergunto as vezes se você é real, sabe... – Toquei sua face.
Grudei os nossos lábios, tirei-lhe o roupão e grudadas, fomos para o quarto, onde fizemos amor repetidas vezes. Os braços de Zoe eram o lugar onde eu sempre encontrava paz, proteção e tanto amor, que me fazia transbordar.
Eu a amava, amava com todo o meu ser.
No dia seguinte, acordamos cedo para ir até o orfanato, mas antes passamos no shopping, pois Zoe fez questão de comprar algo para eles. Avisei a diretora da minha visita. Zoe e ela conversaram bastante, enquanto andávamos por toda as áreas. Busquei incansavelmente por Ana e Miguel, mas não os vi.
Uma pequena preocupação me tomou, mas logo se dissipou.
— Tia... – Fui abraçada pelas pernas.
— Tia Olivia, que bom que veio. – Ana também me abraçou. — Oi, eu sou a Ana e esse é o Miguel.
Zoe sorriu.
— Eu sou a Zoe, a Oli falou muito de vocês, então queria os conhecer pessoalmente. – Zoe se agachou.
— Você é tão bonita, tia... parece até personagem de filme de super heroína. – Ana tinha um carisma que deixava qualquer pessoa rendida e com a Zoe não foi diferente.
— Você é muito bonita também, querida. Seu cabelo é lindo... – Ela olhou para Miguel. — E você rapazinho, vem aqui...
Meio relutante, ele se aproximou.
— Trouxe um presente pra você e pra sua irmã. – Miguel olhou para Ana.
— Mainha, eu posso aceitar o presente da tia? – O ato nos pegou de surpresa.
Fiquei emocionada e pude ver que Zoe também.
— Claro que pode. – Ele sorriu. — Escuta, tias, vocês podem brincar com a gente?
— Vamos sim, querida... a tia Zoe vai entregar os presentes que ela trouxe. O que acham? – Sorri, disfarçando meu estado.
— Se comportem, viu? Meninas, fiquem à vontade... qualquer coisa, estarei na direção.
— Obrigada, Anelise. – A diretora se afastou.
Zoe e eu fomos com os pequenos para a área de brinquedos, onde ela entregou os presentes a eles. Os dois, assim como fizeram comigo, a encheram de perguntas e foi lindo ver a interação dos três.
Quando deixei aquele lugar, um sentimento novo foi comigo. Sentimento esse, que pelo semblante de Zoe, ela compartilhava.
3 meses depois.
14 de outubro.
Observava o pequeno aro dourado em meu dedo, me sentindo um pouco alta por conta do vinho que tomei. A noite estava linda, um vento fresco soprava pelo jardim da casa da minha mãe.
Estava completando 23 anos.
O meu celular tocou, olhei para a tela e era a Yuna. Imediatamente, atendi.
— Feliz aniversário, Oli. – Sorri. — Espero que tenha gostado do presente.
— Eu adorei, a Zoe também...
O pequeno animal estava entre os arbustos de minha mãe.
— Ela já ganhou um nome? – Zoe se aproximava nesse momento.
— Sim, demos o nome de Lua. – Puxei minha namorada para sentar comigo no banco de balanço. — Obrigada, Yuna.
— Por nada, Oli. Mande um abraço pra sua família e de novo, feliz aniversário...
— Pode deixar que mandarei. Logo te mando algumas fotos da Lua. – A ligação foi encerrada.
— Era a chata?
— Zoe...
— O que? Ela é chata mesmo... – Zoe revirou os olhos, me fazendo rir.
— Achei que essa implicância já havia sido superada.
— Igual você superou a sua pelo Valentin? – Imitei o seu gesto de há pouco.
— Ok, você ganhou essa... – Zoe sorriu. — Podemos ficar aqui? Abraçadinhas, vendo o céu?
— Acho a ideia perfeita. – Zoe entrelaçou nossos dedos. — O meu pai planeja pedir o Caio em casamento.
Ergui as sobrancelhas.
— Sério? Quando?
— Em breve, ele até me pediu ajuda pra escolher as alianças. Mal posso esperar pra nossa vez. – Me apoiei no cotovelo e a encarei. — Sei que faz pouco tempo que estamos juntas, mas não consigo controlar os planos que a minha mente cria todo dia.
Grudei os meus lábios nos dela.
— Eu também vivo fazendo planos, mas não sei se todos você estará de acordo. – Zoe franziu o cenho.
— Pode me falar quais seriam?
— Bem, eu queria poder morar em uma fazenda, rodeada de verde e bichos. Os meses que passei na fazenda do titio, foram um dos melhores da minha vida. Sabe, amor, eu nunca me senti parte de nada, mas lá me senti em casa. Minha vida antes dos meus irmãos, de você, era tão superficial.
Zoe tocou o meu rosto.
— O que você acha de comprarmos um pequeno sitio para nós? Futuramente, você será uma veterinária e naquela região há muitas fazendas, muito gado e outros animais, seria perfeito.
— Mas e você, amor? Você tem o sonho de se tornar presidente. Eu não quero que abra mão de nada por mim.
— Amor, passei muitos anos em cidades, viajei e fui a muitos lugares. Já realizei quase todos os meus sonhos, nesse momento, eu só quero construir um lar com você, quero estar com você... temos algum tempo ainda, então não se preocupe com isso. – Ela sorriu.
— Vamos cortar o bolo? – Marina estava com um chapéu de aniversário.
Minha mãe obrigou a todos nós a usar.
— Vamos, minha namorada... – Zoe ficou de pé e me ajudou a levantar.
Minha namorada... a frase ainda me deixava em euforia.
— Vou, minha namorada...
20 de novembro.
Acabava de sair do segundo dia da prova do Enem, estava satisfeita e muito confiante. Todos esses meses de estudo valeriam a pena. Faltava apenas um mês para me formar.
Finalmente acabaria.
Durante aquele tempo, Zoe e eu íamos ao orfanato pelo menos duas vezes na semana. Brincávamos com Ana e Miguel, havia se tornado algo sagrado para nós quatro. Conhecemos muitas crianças e até mesmo pudemos reformar a biblioteca.
A sensação era maravilhosa.
— Olha, fiz um café fresquinho. – Seu Antônio me serviu. — Fiz pão de queijo caseiro.
— Obrigada, seu Antônio. – Eric e Ben haviam saído, Duda estava com Patrícia.
— Você me lembra muito a sua mãe, quando a conheci. – Ele e eu havíamos nos aproximado.
Seu Antônio, nesses poucos meses, havia se tornado um pai. Ele me ligava quase todos os dias, perguntando como eu estava. Sempre que nos visitava, me enchia de comida caseira.
— Queria muito ter a conhecido. Seu Antônio, logo a Duda vai te dar espaço... ela é orgulhosa, mas em breve isso vai mudar.
— Espero que sim, filha. Queria participar da vida dela. – Sua feição era entristecida.
— Estou em casa. – Ouvimos a voz de Duda.
— Estamos na cozinha. – Em poucos segundos, ela surgiu na porta.
— Patrícia... – A minha chefe sorriu.
— Oi, Oli...
— Amor, esse é o meu pai. – Duda surpreendeu a nós.
— É um grande prazer, seu Antônio. Fico muito feliz em te conhecer.
Ele ficou de pé.
— O prazer é meu, minha nora. – A sua felicidade era notável.
Duda olhou para mim e piscou. Ela finalmente resolveu ceder e isso me encheu de felicidade.
24 de dezembro.
Chegamos há pouco na fazenda do meu pai, a nossa celebração do natal seria ali, e Olivia não poderia estar mais feliz. Ela estava louca para voltar, mas as nossas rotinas agitadas não haviam permitido até então.
— Cadê a Olivia? – João descia a escada.
— Foi ver as éguas. – Fomos para a varanda. — É bom estar aqui...
— Sim, uma folga de toda a agitação. Só achei que a Iris viria... – Ele suspirou, frustrado.
— Ela estará aqui pela manhã. Você fará algo agora? – Toquei em seu ombro.
— Por que? – Desci os poucos degraus.
— Queria ver um pequeno sitio aqui perto. – O encarei. — Um conhecido me falou sobre.
— Quer comprar um sitio? – João ergueu a sobrancelha.
— Sim, futuramente deixarei a cidade. – Ele ficou surpreso.
— É sério, Zoe? – Me aproximei do jipe.
— Muito sério... você vem? – Ainda desacreditado, João se aproximou.
Deixamos a fazenda e o sitio ficava a 10 minutos de distância, e esse fato me alegrou bastante. A proprietária nos recebeu, nos levou para andar por toda a extensão do sitio, que não era tão pequeno quanto achei. Havia uma casa de dois andares que precisava de pequenos reparos, uma piscina grande e um córrego que cortava todo o sitio, indo para as fazendas vizinhas.
— E qual é valor? – Olhávamos para imensidão do céu.
Quase não dava para ver o cercado.
— Oitocentos mil, baixei o preço por conta dos reparos. – Um bom preço.
— O que acha, João? – Ele olhava para todo aquele verde com entusiasmo.
— O preço tá acessível, então acredito que seria um ótimo negócio, Zoe. A Olivia vai adorar isso aqui. Tem espaço pra égua correr livremente.
Sorri, imaginando tal cena.
— É um valor interessante mesmo, quando poderemos iniciar a papelada? Eu gostei, tem muito potencial pra ser uma grande fazenda.
— Quando você quiser, podemos fechar negócio. – Sorri, satisfeita. — Há algumas fazendas ao entorno, alguns terrenos para vender. Se o seu plano é de fazer do sitio uma fazenda, então será ótimo.
— Mandarei o meu advogado, ele cuidará de todos os tramites legais. Na segunda pela manhã, ele entrará em contato. Considere o negocio fechado. – Apertei a sua mão.
Olivia adoraria este lugar.
Quando voltei a fazenda, soube por Duda que a Olivia estava no estabulo, auxiliando a Lanna. Fiz um sanduiche e um suco fresco, e decidi levar para ela. O meu pai passeava com Caio, Marina viria somente a noite.
Eric estava com o seu Antônio e o Ben na varanda.
— Vim alimentar a minha futura veterinária. – Oli sorriu, vindo na minha direção.
— Procurei por você, onde estava? – Coloquei o sanduiche e o suco em uma pequena mesa.
— Fui resolver algumas coisas com o João. – A abracei pela cintura. — Vamos passear na cidade?
— Vou apenas comer e tomar banho. Você me espera? - Ela me beijou os lábios com calma.
Estávamos apenas nós duas.
— Espero sim, amor. – Oli sorriu.
Fiquei na varanda a esperando, enquanto ela subiu para tomar banho. A minha família se reuniu para jogar baralho e não poderia ser mais engraçado. Caio estava emburrado, pois Duda roubava na cara dura.
— Mas que merd*, Duda. – Caio jogou as cartas.
— Pra mim, já chega. Perdi todas as minhas fichas... – Meu pai cruzou os braços.
— Deus, como você pode ser tão boa? – Minha tia também desistiu.
— Boa? Só se for em roubar. – João rolou os olhos.
— Duda roubando de novo? – Oli perguntou baixinho.
A olhei, os fios estavam molhando e ela exalava um cheiro bom de erva doce.
— Deixou todo mundo pra trás. Vamos, antes que comecem com o show de acusações. – Olivia riu, segurando a minha mão.
Deixamos a fazenda, a tarde estava bonita, a música na rádio tocava baixinho. Olivia cantarolava, não poderia ser mais perfeito. Olhei para a aliança de namoro em meu dedo e sorri.
Havia virado mania.
— Esse é o nosso primeiro natal juntas. – Ela levou a minha mão até a boca.
— O primeiro de todos os outros que virão. – A olhei rapidamente. — Quando voltarmos, vamos ao orfanato levar os presentes.
— O Miguel vai adorar o vídeo game. Queria tanto fazer mais por eles. – Oli lamentou.
— Amor, eu estive pensando muito desde que você me levou até o orfanato. Lembra da nossa conversa sobre termos filhos? – Parei na pracinha, o lugar estava todo enfeitado.
A encarei.
— Lembro sim, amor... – Oli franziu o cenho.
— Não sei te explicar, mas desde que os conheci, venho pensando na possibilidade de adota-los. – Olivia ergueu as sobrancelhas. — Eu gosto tanto deles, amor. E todas as vezes que vamos até lá e temos que nos despedi, sinto um aperto no peito.
O sorriso bonito que surgiu em seu rosto, me fez elevar os batimentos cardíacos.
— Andei pensando sobre isso também... eu gosto tanto deles. Também sinto esse aperto no peito. Eu amo aqueles meninos. – Aspirei o ar com calma. — Eu nem sei o que dizer, amor. Obrigada, obrigada, obrigada...
— Desculpa se estou apressando as coisas, amor, mas eu realmente desejo formar uma família com você. Só quero que saiba que as minhas intenções são sérias.
Oli sorriu.
— Você é tão maravilhosa, meu amor. Eu te amo muito... não precisa se desculpar, a gente não tá apressando nada. Nós nos conhecemos a vida toda.
Olivia passou a me beijar pelo rosto todo, me fazendo rir.
— Vou falar com o advogado e vamos conversar com a diretora, ela poderá nos ajudar muito no processo. – Oli segurava o meu rosto. — Vai ser algo demorado, pois você sabe como isso funciona no Brasil, então vamos contar a eles somente quando tudo estiver ganho.
— Eu concordo plenamente com você, amor. Eu estou muito feliz... obrigada. – Ver a Olivia sorrindo se tornou um dos meus maiores prazeres.
Eu amava ver a minha mulher feliz.
A noite chegou, um grande banquete foi servido no quintal, alguns peões e suas esposas e filhos, foram convidados e estavam espalhados. Oli e eu estávamos em uma roda, conversando sobre bobagens.
Olivia fazia carinho em meu braço, sobre a tatuagem que cobria a cicatriz.
— A Iris vai expor mesmo o quadro de vocês? – Duda perguntou.
O seu pai, assim como o meu, conversavam um pouco afastados. Eric também se juntou. Eles haviam se dado super bem e para a minha surpresa, Antônio é um homem muito fora dos padrões.
— Sim, mas vai ser apenas por uma noite. A minha pintura vai voltar pra parede do quarto da Zoe. – Beijei seu ombro.
— Ela é muito talentosa, fico feliz que esteja conseguindo espaço no meio. Ela foi muito corajosa ao cortar os laços com o irmão e o pai. – Marina, que havia chegado há 1 hora, comentou.
Ela e a Duda não se falavam, apenas se tratavam com cortesia.
— Iris sofreu muito no início, mas o apoio da mãe e dos outros irmãos a ajudaram. Tô muito orgulhoso dela. – João tinha um brilho no olhar.
Eles dois se tornaram inseparáveis.
— A gringa é mesmo foda... pedirei a ela uma pintura de euzinho pelado. – Caio falou. — Vou dá de presente pro meu namorado.
Ele não tinha a menor vergonha da presença de dona Felícia.
— Pelo amor de Deus, não começa, Caio. – Oli pediu, nos fazendo rir. — Respeita a sua mãe.
Dona Felícia gargalhou.
— Já basta o tanto de nudes que você manda pra minha namorada. – Falei com falsa irritação.
— Sou um bom amigo, sei que o meu corpo sexy salva os dias dela. – Os dois quando estavam juntos, nenhuma conversa era séria.
— Olha, Zoe, o Caio tá insinuando que o seu corpo não é sexy o suficiente. – Marina entrou na brincadeira.
— Amor... – A fiz me olhar. — Qual é o mais sexy?
O vinho começou a mexer com a minha postura.
— Desculpa amigo, mas a minha mulher ganha com folga. – Sorri, me sentindo vitoriosa.
Caio apenas mostrou a língua para ela.
— Não fica triste, filho, você tem uma genética ótima. Olha pra sua mãe, uma gata... – Dona Felícia fez todos rirem.
Jantamos e quando a meia noite chegou, começamos um cumprimento mutuo. O clima estava bom, leve. Eu me sentia feliz, realizada, completa. Naquele lugar estavam todas as pessoas que eu amava.
Iris fora a única não estar.
— Feliz natal, meu amor. – Olivia me abraçou pela cintura.
— Feliz natal, meu amor... – Escondi a minha face entre os fios castanhos, aspirando o seu perfume.
— FELIZ NATAL! – João gritou e foi imitado por todos.
— Vamos ligar pra Iris? – Oli pegou o celular.
— João, Caio, Duda? Venham aqui... – Os chamei.
Fizemos uma vídeo chamada, onde pudemos ver que Iris estava muito feliz. Falamos com a sua mãe, que nos desejou ‘feliz natal’ e nos fez prometer que em breve, iriamos conhece-la.
A sensação era a de tudo no lugar.
Quando o relógio marcava 3:00hrs, subi com a Oli. Ela estava bêbada, Caio e ela resolveram entrar em uma disputa boba para ver quem bebia mais vinho e isso é claro, divertiu a todos e os deixou em um estado de embriagues total.
— Você... não pode me segurar assim. – Ela tentava me impedir de tirar-lhe a roupa.
— Amor, eu preciso te dar um banho. – Eu estava em melhores condições que ela. — Pra você poder dormir cheirosa e limpinha.
— Não... não pode. Só a minha na-namorada pode me ver pelada. – Não controlei o riso. — Tá... rindo de que?
Era a primeira vez que a via dessa forma e achei a coisa mais fofa do mundo.
— Tenho certeza que ela não verá problema. Vamos tomar banho e depois deitar...
— Vou contar pra ela...
— Vai é? – Consegui abrir o zíper de sua saia. — O que vai dizer a ela?
— Que uma... ah, sei lá. Só sei que ela vai te descer a porr*da. – Outra vez, ri até sentir os meus olhos lacrimejarem.
— Tudo bem, eu me entendo com ela depois...
Com um pouco de trabalho, consegui tirar a sua roupa e fiz o mesmo com a minha. Entramos embaixo do chuveiro, ela ainda resmungava algo. Enxuguei os nossos cabelos e nuas, nos deitamos.
Ela se aninhou a mim, e em questão de minutos, adormecemos.
Acordei sentindo o braço de Oli sobre o meu abdômen, ela ainda dormia. Resolvi permanecer ali, apenas a observando por um tempo, até ela acordou e sorriu ao me olhar.
— Amor... tô sentindo que fui atropelada por um caminhão. – Ela escondeu o rosto em meu pescoço. — Me diz que não fiz nenhuma bobagem, por favor. Está chateada?
Inevitável não rir.
— Por que estaria, amor? Você e o Caio foram a atração da festa. Se eu não te parasse, você teria subido na mesa pra cantar. – Ela me olhou rapidamente com as sobrancelhas arqueadas.
— Zoe, pelo amor de Deus, me diz que isso é mentira...
Não controlei o riso.
— Não, Zoe, que vergonha... – Oli cobriu o rosto com o lençol. — Não vou descer, passarei o dia todo aqui.
— Sabe a melhor parte? – Decidi continuar a lhe provocar.
— Deus, ainda tem mais? Amor, não me deixa tocar em bebida alcoólica pro resto da nossa vida.
— Mas essa parte é boa, amor... – Sorri.
— É? – Ela baixou um pouco o lençol e me olhou.
— Sim, você ficou gritando pra todo mundo assim: Zoe, eu te amo, você é a mulher da minha vida. Ainda vou casar com você...
— Oh meu Deus. – Gargalhei.
— Eu tenho um vídeo, você quer ver?
— Por Deus, não... que vergonha. Não vou sair do quarto nunca mais.
Ela voltou a se cobrir.
— Oh, Deus, que coisa linda... – Tirei o lençol, deitando sobre ela e prendendo os seus braços acima da cabeça.
— Não, Zoe, cocegas não...
— Que tal um monte de beijos? – Me encaixei em seu corpo, aspirei o cheiro bom de seu pescoço.
— Os beijos eu... ah. Eles eu aceito...
Os nossos sex*s se esfregavam, nossas bocas buscaram uma pela outra. O corpo de Olivia, ele sempre seria o meu lugar favorito no mundo. Podia dizer com tranquilidade, nem depois dessa vida, o amor que tenho por essa mulher acabaria. Ela é o meu ponto de equilíbrio, um porto seguro e que me amada na mesma proporção.
E a gente só estava no início.
Fim do capítulo
Logo volto com mais.
Obrigada pelos comentários :)
Li cada um. Só não pude responder, dias complicados.
Um super beijo.
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HelOliveira
Em: 23/05/2022
Como estou amando essa paz e felicidade das nossas meninas
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