Capitulo 103
Capítulo 103.º
Alice
Enquanto minha mãe atravessa até o meu lado para abrir a porta, eu tento assimilar o que está prestes a acontecer. Minhas mãos tremem descontroladas. Por mais que eu tente fazê-las pararem é inútil. Pode parecer loucura, mas de repente o ar começar a ficar mais difícil de ser levado até os meus pulmões. Me causando uma leve ardência em meu peito.
Pisco os olhos várias vezes. Minha mente é invadida por memórias do que fizemos há algumas horas. Nossas juras de amor sussurradas ao pé do ouvido, nossos corpos nus, colados. A troca de carinhos. As promessas de que ficaremos juntas para todo o sempre. Isso tudo está prestes a se cumprir.
— Filha, vamos? — fito o rosto da minha mãe e em seguida sua mão que está estendida em minha direção.
Tento falar, mas me faltam palavras. Apenas aceno e seguro sua mão.
— Você está fria e tremendo. Quer fugir? Ainda dá tempo.
— NÃO! — minha voz sai em um tom mais alto do que desejei.
— Foi o que eu pensei. — ela lança um sorriso de lado enquanto toca duas vezes seus dedos na minha mão.
Paramos em frente as portas do local. O ambiente é gigantesco, me lembro de já ter vindo alguns aniversários aqui. Questiono-me quando foi que Rebeca teve tempo de organizar tudo isso sem que eu percebesse.
— Mamma, eu não fiz meus votos. — falo desesperada.
— Fale com o coração, tudo ficará bem.
As portas se abrem. Vejo um caminho iluminado por pequenas decorações que simulam velas. Alguns jarros de flores e a minha frente um tapete indicando, por onde devemos seguir. Assim que os convidados nos veem ficam de pé. A decoração é rústica. Do jeito que algumas vezes nós conversamos. Ela pensou em tudo. Não posso deixar de sorrir.
A mamma dá um passo para a frente, nos deixando bem embaixo da porta. Meus olhos correm em direção a parte mais alta, o que deveria ser o altar. Rebeca sorri para mim, suas mãos seguram um buquê, de repente meu coração fica mais calmo. Posso simplesmente fingir que somos apenas nós duas. Será como dizer-lhe diariamente o quanto a amo antes de irmos dormir.
— Está pronta? — a mamma me pergunta.
— Como nunca estive antes. — respondo sem tirar meus olhos de Rebeca.
A banda começa a tocar, reconheço de imediato os acordes da música “Um Amor Puro”. Sorrio aberto, a letra é perfeita demais. Olhar para a mulher que eu amo, apenas a alguns metros de mim, cantando enquanto eu caminho até ela para selarmos nossas vidas para sempre, me leva as lágrimas. Rebeca não está diferente, observo Amélia reclamar sobre ela borrar a maquiagem.
Não consigo ver quem são os convidados. Isso para mim não tem importância, casaria apenas se estivéssemos só nós duas. É o bastante para mim. Rebeca sempre será o suficiente para mim. Minha mãe segue o caminho sorrindo para algumas pessoas, mas meus olhos continuam presos em Rebeca. A cada passo em sua direção meu coração saltita em meu peito.
Ela está linda, usa um vestido na mesma tonalidade que a minha roupa. Seu cabelo está com um penteado impecável, a maquiagem apesar de suas lágrimas me parece perfeita. Sigo observando-a, quando chego a seus pés sorrio ao ver que ela está de tênis, um par igual ao meu.
Paramos bem em sua frente. Nossos olhares continuam fixos um no outro. Até que a mamma fala:
— Acho que esse é o momento que tenho que deixar a minha menina se tornar mulher. — sua voz é banhada de emoção. Seus braços me envolvem com delicadeza, mas o abraço é apertado. — Cuide bem da minha filha. — fala isso para Rebeca, se abraçam, Rebeca diz algo, porém não consigo escutar.
— Você está linda. — digo assim que estamos sozinhas.
— Não tanto quanto você.
— Podemos começar? — a juíza questiona.
— Sim! — respondemos juntas.
Rebeca enlaça seus dedos aos meus, noto que ela está tão nervosa quanto eu. Sua mão está fria, sua palma suada.
— Boa noite! A todos. Reunimos-nos aqui hoje para celebrar os mais puros dos sentimentos da vida, a confiança, a esperança, o companheirismo, a bondade e principalmente o amor. O mais sublime dos sentimentos tornou possível a união deste casal. E todos vocês foram convidados para compartilhar este momento com essas duas belas noivas, porque são as pessoas mais importantes para elas. O respeito, a compreensão e o carinho que sustentam o relacionamento delas têm suas raízes no amor que todos vocês deram a este jovem casal. Vocês fizeram parte do passado, fazem parte do presente, e com certeza farão parte do futuro. Elas escolheram uma à outra como sua família, e hoje estão celebrando o amor que já começou e vai continuar crescendo ao longo dos anos. Pois, o casamento é a união, é uma caminhada rumo a um futuro, que envolve abdicar do que somos, separados, em prol de tudo o que podemos vir a ser, juntos. Rebeca e Alice. — olha de Rebeca para mim. — Vocês já foram muitas coisas uma da outra, amigas, companheiras, namoradas, noivas. Agora, com as palavras que vocês estão prestes a trocar, vocês passarão para a próxima fase.
Pois, com estes votos, vocês estarão dizendo ao mundo: “esta é minha esposa”.
Rebeca, é de livre e espontânea vontade que você aceita a Alice como sua companheira em matrimônio?
— Sim. — ela responde com um largo sorriso, sua mão aperta a minha com força.
— Alice, é de livre e espontânea vontade que você aceita a Rebeca como sua companheira em matrimônio?
— Sim. — eu não hesito. Esperei tempo suficiente para dizer isso. Ensaiei tantas vezes sonhando com o dia que eu poderia responder ao que seria a pergunta mais importante da minha vida.
— Assim sendo, por favor, deem-se as mãos e preparem-se para dar e receber os votos de amor, que estão entre os maiores presentes da vida. — ela acena para nós.
Rebeca segura minhas mãos, seus olhos estão com um brilho ainda mais intenso. Eu nem imaginava que isso era possível. Sempre achei seus olhos a coisa mais linda e brilhante do mundo. Sinto-me ainda mais linda quando consigo me ver em suas pupilas dilatadas depois que ela diz que me ama.
— Alice, eu sei que isso tudo parece uma loucura sem tamanho. Mas desde que você chegou em minha vida tudo tem sido assim, uma grande loucura. Foi loucura eu tentar esconder meus sentimentos por você desde a primeira vez que te vi. De início quis te matar, você deu perda total em uma das minhas blusas preferidas. — todos riem, eu inclusive. — Mas quem diria que tanta raiva seria transformada no mais sublime dos sentimentos, o amor. E como eu amo cada coisa em você. Seu sorriso, a cor dos seus olhos, nossas conversas no tapete de um apartamento que você me obrigou a comprar. Tudo bem, você não me obrigou, mas eu prefiro acreditar que sim. — novamente ela consegue arrancar risos. — Amo até como quase me fez morrer engasgada com vinho quando descaradamente flertou comigo. Sua fala aquela noite despertou ainda mais a chama que crescia desenfreada no meu coração. Que já nem palpitava normal quando estava ao seu lado. De todas as coisas que eu pedi a Deus, acredite, você não era uma delas. Mas eu sei, e entendo, que Ele é tão maravilhoso, que guardou o melhor dos presentes para mim, e que surpresa boa Ele me fez. Você é a pessoa mais doce, gentil, meiga, atenciosa, cuidadosa, e preciosa que eu já tive o imenso prazer de conhecer. Você nem se importou em ficar comigo mesmo quando eu já não era apenas uma. O Teodoro se fez presente em nossas vidas antes mesmo de dizermos o primeiro “EU TE AMO”. O que seria da vida sem amor? Dia após dia você me mostrou em gestos o quanto me amava, mais do que isso, você demonstrava algo que qualquer mãe deseja ter, um parceiro que ame seu filho como se fosse dele. Você fez isso, você amou meu filho, fazendo dele nosso filho. Por que você, Alice, você é isso, você é amor. E eu te amo por isso.
Já nem conseguia vislumbrar a imagem de Rebeca a minha frente, meus olhos estavam banhados por lágrimas. Sei que eu não era a única, conseguia escutar algumas pessoas fungando nas primeiras fileiras. Dentre elas, claro, nossas mães. Rebeca sorri para mim, e eu me sinto ainda mais nervosa, afinal não preparei nada. Mas percebo que Rebeca não leu, ela apenas falou. “Fale com o coração”, lembrei-me das palavras de minha mãe antes de entrarmos. Foi isso que Rebeca fez. Ela falou com o coração.
— Assim fica difícil superar. Uma declaração de amor dessas não é nada fácil de bater. — digo em meio aos risos. Procuro a mamma com o olhar, ela me diz a mesma coisa de antes, apenas abrindo e fechando a boca, sei o que ela quer dizer, pois, aponta para o coração. Aceno para ela concordando. — Eu te amei por que essa é a coisa mais fácil que já fiz na vida. Não é que você seja algo simples, comum, não é nada disso. É que nosso amor é tranquilo. Tão tranquilo quanto o das minhas mães é. O que mais me faz te amar é ver o quanto sou melhor ao seu lado. Quanto eu te conheci, juro que não estava procurando um amor que me roubasse o ar. Foi exatamente isso que aconteceu no nosso primeiro esbarrão, você me roubou o ar. Por mais que naquele momento eu me negasse a te admirar por toda a sua beleza, meus olhos me traíram. Você estava irritada, brava, furiosa. E eu seguia apenas te achando a coisa mais linda do mundo. Não tinha ideia, naquela época de que era sua blusa preferida. Mas só quero deixar claro para todos aqui que eu me redimi. Dei um closet inteiro do mesmo modelo da blusa, em várias cores. Ela já me perdoou, por isso estamos aqui. — escuto algumas risadas. — Estamos aqui hoje porque eu quero dizer para todos o quanto eu amo você, o quanto amo nosso filho. O quanto amo a família que estamos construindo juntas, família essa que já veio pronta, antes era apenas um filho. Agora temos quatro. — ela sorri. — É bom saber o quanto nosso amor é grande, pois cabe tanta gente nele. No curto espaço que dividimos tudo, somamos muito mais. Diariamente agradeço a Deus por ter te colocado naquele dia no meu caminho. Sei que Ele tramou tudo direitinho, pois mesmo que não tivesse acontecido aquele dia especificamente, em algum outro momento iriamos nos encontrar. Afinal Ele cuidou direitinho para que todas as possibilidades pudessem acontecer, nosso encontro viria. Ele cuidou disso, assim como tem cuidado de nós e do nosso amor. Obrigada por dividir a vida comigo, obrigada por me fazer alguém melhor todos os dias. Eu te amo.
— Que lindo testemunhar a mais pura união do amor.
A banda começa a toca novamente, dessa vez a música escolhida é Aliança — dos Tribalistas. As portas se abrem, eu sorrio ao ver Dominique, Eliel, Teodoro no colo de André. Eles estão lindos, os meninos de terno, da mesma cor que o meu, mas em um modelo masculino, Dominique usa algo parecido com o vestido de Rebeca. Eles sorriem-nos. Alguém diz para eles caminharem até nós. Dominique vem a frente, jogando flores. Eliel traz as alianças. A música segue, parando apenas quando os quatro estão bem na nossa frente.
— Você está linda. — digo a Dominique.
— Vocês também. — responde com um largo sorriso.
Abraçamos os meninos, assim como fizemos com Dominique. André parece bem familiarizado com Teodoro, que sorri assim que nos vê. Eliel entrega as alianças.
— E agora as alianças. — a juíza inicia. — As alianças são símbolos físicos do compromisso de um casal e de sua ligação emocional e espiritual. Elas são consideradas um círculo perfeito, sem começo nem fim. Assim deve ser o amor de vocês, que mesmo tendo iniciado com um simples esbarrão, possa ser sem fim. Por todos os dias.
Rebeca e Alice, que estes anéis sejam um lembrete visível de seus sentimentos uma pela outra neste momento e em todos os outros que vierem, que mesmo na adversidade eles possam ser um lembrete constante do amor. Ao olhar para eles, lembrem-se que vocês têm alguém especial com quem compartilhar suas vidas. Lembrem-se de que vocês se encontraram uma na outra, e de que nunca mais andarão sozinhas.
Rebeca pega sua aliança, deixando próxima ao meu dedo anelar esquerdo.
Ela dá um longo suspiro. Em seguida abre um largo sorriso.
— Alice, eu te dou esta aliança como sinal de que escolhi você para ser minha esposa e minha melhor amiga por todos os dias da minha vida. Receba-a e saiba que eu te amo hoje e te amarei eternamente. — ela coloca a aliança em meu dedo, em seguida beija o objeto.
— Rebeca, eu te dou esta aliança como sinal de que eu escolhi você para ser minha esposa e minha melhor amiga por todos os dias da minha vida. Receba-a e saiba que eu te amo hoje e te amarei eternamente. — coloco a aliança em seu dedo, beijando sua mão em seguida.
— “O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha. Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor. O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.” (1 Coríntios 13:4-7). — a juíza segue a cerimônia. — Alice e Rebeca ninguém além de vocês mesmas podem explicar o quão grandioso é o amor que nutrem uma pela outra. Amor esse que fez com que chegassem até este presente momento. Porém, vocês nos escolheram como anunciantes desta boa nova. E assim, tendo testemunhado sua troca de votos diante de todos que estão aqui hoje é com grande alegria que nós declaramos que vocês estão oficialmente casadas. As noivas podem se beijar.
Deus!!!! Isso aconteceu mesmo? Juro que se eu estiver sonhando me deixa dormir pelo menos mais umas horinhas. Sou tirada de meu devaneio quando sinto a mão de Rebeca enlaçar minha cintura. Nossos lábios se tocam, parecem feitos um para o outro. Quero acreditar que se existe mesmo essa coisa de metade da laranja, a minha metade está bem aqui, com os lábios colados aos meus.
— Uau! Como é bom beijar a minha esposa. — ela diz isso ainda de olhos fechados. Nossos rostos continuam próximos.
— Abra os olhos. — peço.
Olhar em seus olhos é como assistir uma linda queima de fogos. E hoje me vejo através deles não como a garota que um dia fui, mas como a mulher que ela me tornou. Toco seus lábios novamente. Mas logo somos afastadas por nossas mães que querem nos abraçar. Enquanto cumprimentamos a todos, nossos olhares se buscam, como se nossa ligação hoje estive ainda mais viva.
— Nunca pensei que te veria casar. — Anna diz quando se aproxima. — Ainda mais com uma mulher. Que orgulho de você. — me abraça apertado. — Apesar de achar que deveria ter recebido algum agradecimento por ter te tirado do armário.
— Obrigada por me mostrar o lado bom da vida. — brinco. — No final você estava certa eu gostava mesmo de mulher.
— Agora não tem graça, era para todos saberem que eu tinha razão, você tirou todo o meu mérito. — ela sorri me abraçando de novo.
— Vejo que fez as pazes com Heloísa. — digo olhando para ela que está ao lado de Rebeca.
— Digamos que o sex* resolve tudo. — fala com ar de riso fitando-a.
— Quero saber tudo.
— Claro, mas não agora. Temos uma festa nos esperando e eu preciso remexer a bunda e beber. — diz isso enquanto se afasta de mim e segura a mão de Heloísa.
— Perdi algo? — Rebeca me questiona ao ver as duas juntas.
— Nós perdemos. Mas ela não me contou detalhes.
— Pelo menos estão juntas. Vamos?
Entramos no jardim com as mãos dadas. Teodoro está no colo de Rebeca. Eliel, André e Dominique estão ao nosso lado. Juntos caminhamos por entre os convidados, a mesa com o bolo estava posta embaixo de uma árvore, havia muitas luzes pequenas iluminando as folhas. Alguns convidados já estavam a nossa espera, começamos a tirar fotos. Minha família estava toda presente. Até tia Iara e Bianca vieram. Meu avô e minha avó, tio Isaac e a tia Mile. O que me surpreendeu foi a presença de Maria e Nina.
— Como conseguiu convencê-la a vir? — questiono, quando nos posicionamos próximo à mesa.
— Ela entrou comigo na igreja. — diz sorrindo.
— Que maravilha. — toco seu rosto. — Agora me diz como conseguiu esconder isso tudo de mim?
— Nem foi tão difícil.
— Nossa! Você consegue esconder as coisas muito bem ou sou eu que não presto atenção aos detalhes?
— Sou ótima em esconder as coisas. — brinca.
— Devo me preocupar com tal afirmação?
— De forma nenhuma. Não pretendo esconder mais nada de você, minha esposa.
— Repete. — peço completamente boba ao vê-la me chamar assim.
— Minha esposa. — trocamos um leve beijo.
— Será que posso dançar com a noiva? — Amélia se aproxima de nós.
— Claro. — deixo as duas e vou para a mesa que minha família está.
A mamma sacode levemente Teodoro no colo. Ele está dormindo, possivelmente exausto por ser o centro das atenções durante a noite. Meus avós me abraçam apertado, me parabenizam pela cerimônia, desejam toda a felicidade do mundo para nós.
— O amor de vocês é lindo. Até me deu vontade de casar de novo. — tia Iara diz.
— Suponho que isso foi uma indireta. — tia Mile provoca olhando para Bianca.
— Indireta? Isso foi mais que direta. — o vovô insiste no assunto com seu comentário começamos a rir.
— Você quer casar? — Bianca indaga, posso ver o receio em sua voz.
— Sim, ela quer, mas por deus! faça um pedido descente. — a mammy reclama. — Compre algumas rosas. Coisa mais seca: “Você quer casar?”. — minha mãe imitou sua fala. O que saiu tão perfeito que arrancou risos de todos na mesa.
— Alguém sabe onde estão meus outros três filhos? — Rebeca questiona apoiando os braços em meus ombros, ela está de pé, atrás de mim.
— Vi Domi e Eli correndo em algum lugar. Quanto a André, eu não sei. — a mamma responde.
— Eles são maravilhosos. — o vovô diz. — Você tem um coração generoso Rebeca. Minha neta não poderia estar em melhores mãos.
— Obrigada, Sr. Antônio. — ela sorri. — Eu tenho sorte em tê-la como esposa. — aperta meu ombro carinhosamente.
— Vejo que o romance tem mesmo estado presente nessa família. Antônio e eu, Larissa e Isabella, Isaac e Milena. Agora vocês duas. — a vó Helena diz sorrindo. — Espero que daqui alguns meses possa ser essas duas. — ela bate no ombro de Bianca e tia Iara.
— Isso se a Bia não fugir. — tia Mile implica. — Aposto que se fosse ela no lugar de Alice teria corrido para o outro lado.
— Isaac, será que você pode controlar sua esposa? — Bianca suplica.
— Não controlei no início de namoro, acha mesmo que depois de todos esses anos vou conseguir essa proeza.
— Isso mesmo, amor, sou um bicho indomado. — tia Mile pisca para Bianca.
Aquele assunto claramente está deixando-a incomodada. Percebendo isso tia Iara intervem.
— E a lua de mel?
— Não podemos ter lua de mel agora, temos quatro filhos. Um deles ainda mama. — eu digo.
— Mas claro que vocês terão lua de mel. Dois dias para namorar à vontade. Enquanto isso nossos netos ficarão conosco. — a mamma diz sorrindo. — Rebeca pensou em tudo. — pisca para ela.
— Se depender da sua esposa você vai voltar até grávida dessa viagem. — tia Milena completa arrancando risos.
— Até que não seria má ideia. — Rebeca sussurra no meu ouvido. Sinto meus pelos arrepiarem, mal vejo a hora de irmos embora para eu poder amá-la.
Distraímos-nos com as conversas da mesa. Minha família sabe como aproveitar uma festa e como em todas às vezes são os últimos a irem embora. Já é quase dia e continuamos conversando e bebendo. Observo Anna e Heloísa juntas, elas dançam próximas uma da outra. Conversam em meio a risos apaixonados.
— Ela está feliz. — Rebeca comenta.
— Sim. Mas ela merece depois de tudo que aconteceu. — aperto sua mão.
— Queria que ela estivesse aqui hoje. Foi o dia mais feliz da minha vida e mesmo assim eu não consigo deixar de me lembrar dela.
— Não tem motivos para esquecer sua melhor amiga. Acredito que de onde ela estiver, está feliz com a nossa felicidade. E é isso que importa. Agora podemos ir embora? Preciso te ver sem essas roupas.
— Podemos sim. Vou só me despedir da sua mãe e pegar o carro.
Seguimos para um dos melhores hotéis da região. Enquanto ela dirige, minhas mãos insistem em provocá-la por baixo do vestido.
— Você vai me fazer bater o carro. — reclama algumas vezes.
— Temos quatro filhos, e um em planejamento. Não podemos morrer. — brinco.
Ela não responde nada, apenas balança a cabeça e sorri. Quando chegamos ao quarto começamos a tirar nossas peças de roupas, espalhando-as pelo caminho.
— Eu preciso de um banho. — ela afirma.
— Juntas?
— Sempre. — ela sorri.
A banheira está cheia, tem champanhe ao lado. Rebeca entra, em seguida eu faço o mesmo me apoiando em seu peito. Seus dedos percorrem meus ombros vagarosamente.
— Como se sente? — questiona.
— Nesse momento?
— Sim.
— Cansada. Faz tempo que não ficamos sozinhas. O silêncio é bom às vezes. — digo sorrindo.
— Podemos reformar nosso quarto, deixá-lo a prova de som, igual seu escritório da boate. — ela sorri.
— Vou pensar nessa ideia. — afirmo. — Mas agora podemos dividir uma taça de champanhe?
— Sim. Apenas uma, porque depois eu quero beber outra coisa. — a malícia em sua voz me deixa esperançosa por tudo que está por vir.
Alguns minutos depois já estamos nuas na cama, nos amando como se fosse a primeira vez. É deliciosa a sensação de pertencer a algo. Em seus braços me sinto em casa. Sinto-me completa e em paz. Nem consigo lembrar se algum dia na vida me senti assim. Rebeca me conhece, sabe onde e como me tocar para me levar à loucura.
— Amor, por favor. — suplico sentindo sua respiração em minha nuca.
Seu corpo está em cima do meu, seus seios tocam minhas costas nuas. Ela sorri com satisfação.
— Você fica linda a cada dia mais. — passa a mão em meu rosto. — Eu quero te amar de todas as formas possíveis. E guardar cada detalhe na minha cabeça. Você é deliciosa. — aperta minha bunda com força. — E toda minha. Diz que você é minha!?
— Eu sou toda sua.
Os lábios dela deslizam pela minha pele, deixando um rastro quente. Meu corpo inteiro vibra com o gesto. Posso até imaginar sua cara de satisfação. Mantenho meus olhos fechados, sentindo cada toque dela em meu corpo, quente, ansioso por mais.
— Por favor. Consuma logo de uma vez esse casamento.
Sua língua me invade com rapidez, mas também com precisão. Involuntariamente meu quadril se ergue, como se tivesse vida própria, movimentando-se enquanto os dedos de Rebeca me preenchem por completo. Sou tomada pela euforia do orgasmo, em questão de segundos meu corpo inteiro treme. Minha voz ecoa pelo quarto inteiro enquanto grito o nome dela.
Rebeca tem um sorriso vitorioso. Acaricia minha barriga. Beija o topo da minha cabeça. Se aninha ao meu lado. Enquanto isso tento controlar meu corpo.
— De pensar que iremos viver isso diariamente. — enlaça nossos dedos. — Contudo com menos silêncio. — se diverte.
— Verdade. Mas chega de falar de filhos. Agora é a minha vez de consumar esse casamento.
A ideia de passar dois dias longe dos meninos foi por água a baixo logo que a tarde surgiu. Confessamos a saudade que já sentíamos deles. Decidimos assim retornar para a fazenda antes do esperado. Assim que o carro parou Dominique correu em nossa direção.
— Vocês voltaram.
— Nossa! Isso tudo é saudade? — pergunto enquanto a pego no colo.
— Sim. Fiquei com medo que vocês não voltassem mais. — confessa escondendo o rosto na curva do meu pescoço.
— Imagina se nós não voltaríamos. Vocês ainda estavam aqui. Onde está o seu irmão?
— No lago, tio Dré jogou ele com roupa e tudo. — ela sorri. — Ele correu atrás de mim com um sapo na mão, esse foi o castigo.
— Que maldade. Vamos lá?
Caminhamos em direção ao lago. Dominique continua presa em meus braços. Assim que nos vê Eliel corre para junto de nós. Conversa algo com Rebeca. Depois nos juntamos ao pessoal que conversava na sombra do velho carvalho. A vida agora parece tão perfeita que chega a assustar. No fundo, tenho medo que algo aconteça e de repente tudo mude. Não sei o que faria sem a minha grande e barulhenta família.
Fim do capítulo
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Lea
Em: 16/05/2022
Foi lindo demais esse casamento. Elas estavam tão emocionadas, não era para ser diferente!
Bianca está com medo de se casar?? Ou ela pode estar preparado um pedido de casamento.e não queria transparecer,para não estragar a surpresa! Tomara que seja isso!
É tão bom ver a Anna sorrindo de novo!
Como sempre as mães corujas "babando" nas filhas!
Será que o pai da Rebeca ainda vai aprontar,junto com o ex da mesma???
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