Capitulo 102
Capítulo 102º
Narrador
As datas de fim de ano, principalmente o Natal sempre é uma época de se reunir com a família e agradecer. Mas este ano tudo para Anna estava muito nebuloso, não conseguia sentir-se grata. Ela sabia ter um emprego bom, ao qual lhe proporciona ganhar bem e conhecer muita gente. Porém, não conseguia esquecer o fantasma de Tália, isso tem consumido todo e qualquer sentimento de gratidão.
Por tantos dias acordou se sentindo idiota por sentir falta de alguém que foi capaz de lhe trair, entretanto, no mesmo instante lembrava do quanto os momentos ao lado dela foram bons. Os sentimentos conflituosos lhe irritavam ainda mais, por mais que tentasse odiar a ex, só conseguia sentir sua falta.
Falando em sentir falta, esse era outro problema. Sentia falta também da companhia de Heloísa. Não havia falado com ela desde que se mudou para a casa de Alice. Algumas noites após tomar uma, ou quem sabe duas cervejas, era invadida por uma vontade absurda de mandar mensagem. Apenas para saber se a outra estava bem. Entretanto, sempre era covarde, bloqueava o aparelho e ia focar suas energias em outra coisa que não fosse pensar em Heloísa.
Chegava a deduzir ser apenas carência. Estava se sentindo sozinha. Começou a se arrepender por recusar o convite para viajar com Alice. Só queria fugir das lembranças daquele lugar. Foi lá que pediu Tália em namoro. Tudo o que não precisava era ficar ainda mais envolvida em suas lembranças.
Anna acordou na manhã de sábado. Não dormiu quase nada na noite anterior. Ficou dividida entre sonhos com Heloísa e Tália. Irritada pegou o travesseiro e sufocou um grito. Depois o atirou na parede. Precisava de um banho para acalmar os nervos, caso contrário ficaria louca.
Deixou a água relaxar seu corpo gradualmente. Fechou os olhos, passando a mão em seu pescoço. Foi invadida por uma breve lembrança do sonho. Heloísa beijava seu pescoço, enquanto às duas tomavam banhos juntas após fazerem amor.
- Droga! Será que não posso ao menos tomar um banho em paz? — questiona entre dentes.
Fecha o chuveiro com pressa. Busca a toalha, enrolando-se nela. Pega a primeira roupa que encontra. Quando encara o closet observa uma caixa embrulhada em papel vermelho. Fita o objeto.
Não sabia onde estava com a cabeça quando achou uma boa ideia comprar um presente para dar a Heloísa. Na verdade, queria apenas agradecer de alguma forma pela força que a mulher lhe deu. Pensando nisso decidiu unir a data festiva ao desejo de presentear a outra.
— Melhor eu me livrar logo disso. — falou enquanto colocava a camiseta.
Pegou o embrulho, suas chaves e saiu apressada. Dirigiu com calma até o apartamento de Heloísa. Estacionou o carro em frente ao prédio. Poderia facilmente subir, pois, ainda tinha a chave, não entendia por qual motivo não havia devolvido. Porém, não queria simplesmente invadir o apartamento da outra.
— Oi! — cumprimentou o porteiro.
— Menina Anna, que surpresa. Decidiu voltar? — o senhor de cabelos calvos questiona com um olhar curioso.
— Não. Só vim dar um presente a Helô. Sabe se a ela está em casa?
— Sim. Ela está. Quer que eu interfone ou vai usar sua chave reserva? — questiona com ar de riso.
— Interfona. — Anna responde rapidamente.
Enquanto espera o homem ligar Anna resolve observar o prédio. Passou tantas vezes ali, mas sempre tão apressada. Nunca havia notado o sofá amarelo, cor de gema de ovo, que ficava no canto. Depois fitou a pequena tv que o porteiro observava as câmeras de segurança.
— Anna, ela disse que pode subir.
Quando escutou a frase, sentiu que poderia facilmente correr na outra direção. De repente ficar a sós com Heloísa depois do sonho que teve lhe parecia uma péssima ideia. Tudo aquilo era uma péssima ideia. Poderia ter simplesmente deixado o presente na portaria, depois mandar uma mensagem avisando sobre.
— Anna? — o senhor a chama.
— Sim! Estou indo. — força um sorriso.
Caminha vagarosamente até o elevador. Com a boca seca, fica difícil engolir sua saliva. Seus dedos apertam com força a caixa de presente quase chegando a amassá-la. Encara a janelinha com os andares passando rapidamente. Até que, para.
— É isso. Não tenho como voltar. — diz se encorajando.
Vai a passos incertos até a porta. Toca a campainha e espera. A cada segundo sente seu coração bater mais acelerado. Mas quando a figura de Heloísa aparece na porta, parece que o mundo inteiro fica em câmera lenta.
— Anna! Que surpresa! Não sabia que era você. — sorri aberto.
— Eu...eu...- ela não consegue formular uma frase. Parece que os dias longe deixaram a mulher a sua frente ainda mais linda. — Ernesto não disse que era eu? — pergunta confusa.
— Não. — afirma. — Entra. — dá passagem.
Anna a segue tentando a muito custo desviar seus olhos do rebol*do de Heloísa. A mulher usava um short curto, os que ela sempre costumava usar quando estava em casa.
— Espero não está atrapalhando.
— Você nunca atrapalha. Senta. — aponta o sofá.
Ela sorri sem graça.
— Não vou demorar. Só queria te dar isto. — entrega a caixa.
— Um presente! — diz surpresa. — Mas eu não te comprei nada. — diz envergonhada.
— Nem precisa. É apenas uma forma de agradecer o que você fez por mim. — sorri. — Não! — diz assim que a mulher faz menção em abrir. — Deixa para abrir sozinha, assim não precisa mentir caso não goste. — Heloísa ri.
— Tudo bem. — concorda. Um silêncio constrangedor se instala. Existe uma intensa troca de olhar. Como se algo ligasse suas pupilas uma na outra. — É... você quer tomar algo?
— Acho melhor eu ir embora. — responde ficando de pé.
— Porque a pressa? Parece que está fugindo de mim. — Heloísa diz em tom de brincadeira.
Anna queria gritar ser exatamente isso, que a outra não saia dos seus pensamentos. Nem em seus sonhos conseguia se livrar dela. Pensava nela o tempo inteiro.
— Você está fugindo de mim? — aproxima-se enquanto segura seu braço.
Encurralada, Anna desvia dos olhos de Heloísa para sua boca. Podia jurar que a cura de todos os seus problemas, seria beijar seus lábios. Estavam próximas demais, isso era perigoso. Anna sabia disso.
— Sim. Estou. — afirma. — Mas parece que não adianta. — Heloísa contém um sorriso. — Então, que tudo vá a merd*.
Completa a frase se jogando contra o corpo da outra. Por pouco elas não vão ao chão. Heloísa é pega de surpresa, sente-se em completo êxtase. Desejou por dias, sentir o sabor do beijo de Anna e agora estava com ela ali, em seus braços. Era quase inacreditável. As mãos ágeis de Anna retiravam sua camiseta. Ela arfava, contendo gemidos contra seus lábios sedentos por mais. Enquanto sentia os dedos da outra deslizarem por sua pele.
Anna parou o beijo, afastou-se dela. Olhou-a com intensidade, como se quisesse decorar cada pedaço desnudo. Seu peito descia e subia com muita rapidez, uma velocidade absurda. Podia jurar que seu coração palpitava em seus ouvidos, pois os sentia ali, pressionando seus tímpanos.
— Você é linda. — afirma. — E eu estou apaixonada por você. — Anna diz de uma vez só.
Heloísa abre e fecha a boca várias vezes. Tentando formular uma resposta para tal afirmação. Fazia poucos dias que havia escutado Anna dizer amar Tália, esse foi um dos motivos que a levou a ficar com a ruiva na boate. Não veio uma resposta para o que Anna lhe disse. Nada lhe vinha à mente. Deu um passo em sua direção, acariciou o rosto de Anna que com o gesto fechou os olhos. Beijou a ponta de seu nariz, depois as bochechas, para então tomar seus lábios novamente. O beijo já não tinha mais a mesma urgência. Havia mais carinho do que desejo.
Uma mão em sua cintura, a outra em sua nuca, trazendo a cabeça de Anna ainda mais perto. Pareciam prestes a se fundirem, queriam que isso acontecesse. O arrepio provocado por um beijo em sua pele, na curva de seu pescoço fez Anna suspirar profundo.
— Eu vou enlouquecer. — arfou sentindo suas costas tocarem o sofá.
Heloísa a empurrou, ficando em pé entre suas pernas. Ela não queria piscar, precisava lembrar cada pedaço daquele momento.
— Então me deixa fazer isso ao seu lado. Por que eu juro que se eu não te tiver nesse momento, vou enlouquecer. — suplica Heloísa, com os olhos assustados.
— Sim. — afirma com um sorriso em seus lábios.
Não demorou para o restante das roupas serem jogadas por toda a sala. Os gemidos ecoavam pelo apartamento. Havia desejo, mas também muita paixão. Nenhuma delas estava mais disposta a esconder ou fugir disso. Assim entregaram-se ao prazer.
Anna não tinha pressa, sentia cada carinho, cada gesto com toda a intensidade que a outra lhe entregava. Já havia esquecido o quanto era maravilhoso se sentir desejada, e era isso que os olhos de Heloísa mostravam. Exalavam todo o desejo que ela reprimiu durante esse tempo. O orgasmo foi alcançado junto. Entre gritos e gemidos, os corpos suados, colados.
Heloísa acaricia os cabelos de Anna, enquanto ela está deitada em seu peito. As respirações ainda estão pesadas.
— O que isso significa agora? — Heloísa questiona.
— Como assim?
— Você disse que está apaixonada por mim, nós fizemos amor. Então o que isso quer dizer? Estamos juntas?
Pega de surpresa pela pergunta direta de sua companheira, Anna senta-se.
— Eu não sei. — Anna é invadida por um sentimento de culpa.
— Ei! Está tudo bem. — a mulher senta-se ao seu lado. — Não precisamos definir nada agora. — beija seu ombro. — Temos tempo para isso. — sorri. — Que tal um banho?
Anna sorri de sua proposta. Iria mesmo realizar o sonho da noite anterior, banhar-se na companhia de Heloísa depois que trans*ram. Ela apenas concorda com a cabeça sendo arrastada para o banheiro.
Na fazenda, era a quinta vez que Alice ligava para a amiga. Estava preocupada com a falta de sua falta de notícias. Suspirou bloqueando o celular. Olhou para o gramado de onde Rebeca acenou chamando-a. Desceu a escada com pressa.
— Nada?- questionou Rebeca enquanto se apoiava nela.
— Nada. Mas não vou ficar pensando nisso. Se fosse algo ruim a essa altura já saberíamos. Quero saber quando vamos apresentar Dominique aos cavalos. — ela sorri.
— Agora.
Não demorou até que todos estivessem no cercado. Dominique segurava firme a mão de Rebeca, que pacientemente explicava coisas sobre os animais. Diferente do que Eliel pensou, Dominique não teve medo, pelo contrário, estava completamente encantada pelos bichos.
— Podemos montar? — Eliel questionou para Alice.
— Claro que podem. Eu ficarei bem aqui, admirando todos vocês, mas de longe. — disse rindo.
Apesar de ter montado com Rebeca, aquela sem dúvidas era uma experiência que não desejava vivenciar de novo deixaria apenas em sua memória. Rebeca gargalha com o que ela diz.
— Alice tem medo do cavalo. — afirma.
— Pensei que você era uma heroína. — Dominique a fita com os olhos confusos. — Heroínas não podem sentir medo. — afirma.
— Cavalos são minha criptonita. Acho mais seguro ficar olhando de longe com o Teo.
— O que é uma criptonia? — pergunta com os olhos curiosos.
— É algo que me deixa fraca, que me faz perder os poderes.
— Ahhh! Entendi. — ela fita os olhos da loira, para em seguida completar: —Você que sabe, mas vai perder a diversão. — implica.
— Essa diversão eu passo. Onde estão André e os meninos? — Alice indaga para Amélia.
Como Alice recusou o passeio, Amélia decidiu fazer companhia a ela e ficar com Elisa. Agora estão sentando-se encostadas ao velho carvalho. Alice com Teodoro no colo. O restante do pessoal já estava longe, galopando.
— Seus irmãos descobriram os quadriciclos na garagem, foram para a trilha com André. — informa.
— Esse trio vai aprontar.
— Os meninos são responsáveis. Relaxa. — responde enquanto estica suas pernas na grama. Elisa está a alguns metros, atirando pedrinhas no lago. — Rebeca está no paraíso. — falou enquanto a observava.
Ela estava se dividindo para conseguir orientar Eliel e Dominique. Os dois faziam exatamente o que ela mandava. Era gostoso de ver a interação dos três. Rebeca sorria orgulhosa, parecia uma mãe coruja.
— Sim. Ela está. — concorda sem conter o sorriso.
— Nunca imaginei que a minha irmã pudesse mudar tanto. Tudo isso graças a você. — os olhos de Amélia buscam os dela. Surpresa Alice olha para a cunhada. Não consegue disfarçar sua felicidade em ouvir aquilo. - Rebeca vivia para o trabalho, não tinha tempo para nada mais. Desde que te conheceu já veio para cá duas vezes. Descobriu que pode ser uma ótima mãe, tanto que quis mais três filhos. — sorri olhando ela beijar a testa de Dominique. — Essas crianças têm sorte. Eles não fazem a menor ideia da dimensão do amor que vão receber. Obrigada por cuidar dela tão bem, por mostrar que a vida pode ser mais que trabalho. — aperta sua mão levemente.
— Ela me faz mais bem do que eu a ela. Essa que é a verdade. Não vejo a hora de casar com essa mulher. Mas ela parece decidida a fugir de mim. — brinca arrancando risos.
— Isso é o que ela mais quer. Acredite em mim. E olha que eu nunca pensei que ouviria da se dua boca que vai se casar. Mas até isso você mudou. — o silêncio se instalam entre elas.
Alice não tinha mais o que dizer, acreditava nas palavras de Amélia. Afinal ela melhor do que ninguém conhecia a irmã. O restante da manhã passou entre risadas. Logo a hora do almoço chegou, todos já estavam na mesa, comendo, conversando. Alice se preocupou em ajudar Dominique com os talheres. Coisa que não passou despercebida aos olhos das demais. O carinho entre eles era notório, o que causava admiração de todos que observavam.
— Filho, larga o celular. — Isabella reclama com Bernardo.
O menino sorri sem graça, esconde o celular no bolso enquanto volta sua atenção a conversa na mesa.
— Aproveitem enquanto podem. Logo eles são engolidos pela tecnologia. — Isabella completa revirando os olhos.
— Deve está falando com o namorado. — Alice implica.
— Namorada. — Bernardo corrige. — Ela prefere ser chamada por pronomes femininos. — diz enquanto passa o garfo pelo prato, espalhando a comida. Aparentemente perdeu o apetite. — Posso me levantar? — questiona olhando para a mãe.
— Você nem tocou na comida. — responde.
— Perdi a fome. Com licença. — sai em silêncio.
— Como eu disse antes, aproveitem. Logo eles viram rebeldes.
— Vou levar sobremesa para ele. — Alice diz ficando de pé. Pensava que deveria pedir desculpas a ele.
Sabia que aquela era a sobremesa preferida do irmão. Assim como sabia que algo o estava incomodando. Pediu licença e fez o mesmo percurso que o garoto. Não foi difícil de encontrá-lo. Bernardo estava sentado no parapeito da varanda, as pernas balançando no ar enquanto fitava o chão.
— Trouxe para você. — estende o objeto para ele. O garoto olha para ela com desconfiança. — É o seu preferido.
— Obrigado. — pega a sobremesa. Alice senta-se ao seu lado.
Bernardo come em silêncio. Não queria expressar o quanto aquela sobremesa estava boa.
— Desculpa pelo que eu disse lá dentro. Eu não sabia sobre ela.
— Tudo bem. Não precisa se desculpar.
— Tem algo te incomodando? — questiona.
— A mammy te mandou aqui? — olhou em sua direção com curiosidade.
— Lógico que não, sabemos bem que eu não costumo fazer o que a mammy manda. — ela brinca batendo seu ombro no dele o que faz com que seu corpo vá para o lado. — Sou sua irmã mais velha, só fiquei preocupada. — ele dá um longo suspiro. — É algo com o Paulo?
— Paula. Ela mudou de nome. Quer dizer, vai mudar.
— Então ela é uma garota?
— Isso. — ele continua balançando os pés.
— Isso é um problema para você?
— Não. Claro que não. Não me importa o jeito que ela quer ser chamada, desde que esteja bem que se sinta feliz.
— Então qual o motivo da sua tristeza?
— Ela vai mudar de escola o ano que vem. Vai mudar oficialmente seu nome, e acredita que seja melhor recomeçar em outra escola. As pessoas podem ser bem idiotas.
— Concordo. Pessoas podem mesmo ser um saco. — ele se vira rapidamente. — A mammy não vai nos ouvir. — tranquiliza-o. Em casa era proibido o uso daquele tipo de palavra.
— Algumas pessoas são um pé no saco. — diz com ar de riso. — Eu só queria ir com ela. Estudar nessa escola nova, garantir que ninguém a maltrate. — Alice nota a voz do garoto embargar.
Se aproxima deixando que a cabeça dele repouse em seu ombro. Acaricia seus cabelos. Aquela era a primeira paixão de seu irmão, e como toda primeira paixão é cheia de problemas.
— Você não pode evitar esse tipo de coisa. Não o tempo inteiro. Essa é uma briga dela com essa sociedade lixo. Mas você pode fazer algo ótimo.
— O quê? — indaga curioso.
— Pode estar presente na vida dela, quando as coisas não estiverem bem. Pode fazer com que ela se sinta especial e amada. É para isso que os namorados servem.
— Nós não namoramos. Não oficialmente.
— Mas estão juntos. Isso é o que importa.
— É talvez.
— Podemos voltar?
— Prefiro ficar mais um pouco. Se não tiver problema.
— Tudo bem. — ela e levanta. — Bê...
— Oi! — ele se vira para ela.
— Se precisar conversar sempre estou à disposição. E se acreditar que tem coisas que não pode me contar, pode fazer terapia.
— Eu sei. Obrigado. A mammy já me disse isso.
O garoto abraça a irmã que logo em seguida se afasta. Quando Alice chega à sala de jantar todos ainda continuam à mesa. Isabella lhe lança um olhar como se questionasse se tudo estava bem. Alice gesticulou com a cabeça, fazendo a expressão da mãe relaxar.
— André vai continuar na empresa? — Larissa pergunta. Neste instante Alice senta-se ao lado da namorada.
— Não. André vai focar nos estudos. Ele quer ser médico. — Rebeca comenta olhando para André, o menino claramente está envergonhado com toda aquela atenção.
— Que bacana. Meu pai é médico. — Isabella diz. — Você não imagina a decepção quando Alice não escolheu nenhuma das nossas profissões.
— Eu sou uma ótima empresária. Fora que o posto de presidente fica melhor com a Rebeca. — segurou sua mão, enquanto trocaram um intenso olhar.
— Isso eu vou ter que concordar. — é a vez de Larissa falar. — Você foi de longe a melhor presidente que aquele lugar já teve.
— Nossa! Fico até envergonhada.
— Não fique é apenas a verdade. — Larissa toca sua mão.
— Vou até procurar o número de Ingrid para avisar que ela perdeu o posto. — Isabella brinca pegando o celular.
A risada toma conta do ambiente. Apesar de naquele momento apenas metade da família está reunida a alegria se fazia presente. Até mesmo a presença de Lívia não era um problema. Alguns minutos de conversa depois, os casais resolveram descansar um pouco.
— Posso ir com Arthur para o lago? — André pergunta a Rebeca que fica surpresa.
— Claro. Só não demorem muito. A noite vai ser longa.
— Pode deixar. — beija a bochecha dela, em seguida a de Alice.
Ambas ficam estáticas, não esperavam que ele tivesse esse tipo de demonstração de carinho tão cedo. O casal observa o garoto correr pelo corredor.
— Você viu isso? — questiona Rebeca com um sorriso enquanto sua mão continua no local que recebeu o beijo.
— Vi sim. E achei fofo. Você já é mãe de um marmanjo barbado. — ela brinca.
— Nós somos.
— Sim, nós somos. — afirma beijando seus lábios.
— Ecaaa!!!- Eliel e Dominique dizem juntos, os dois haviam ficado para trás.
— Olha só os curiosos. O que acha de fazer cosquinhas nesses dois intrometidos?
— Acho uma ótima ideia. — Rebeca concorda.
Elas correm em direção as crianças que já começam a rir antes mesmo de sentirem o efeito do toque dos seus dedos. Dominique é a primeira a pedir para que parem. Caso contrário iria fazer xixi nas calças.
— Só vou parar porque seria um desperdício essa roupa linda ser suja de xixi. — Alice diz. — Mas agora, vamos para o banho e tirar uma soneca.
— Ótima ideia. — Dominique concorda fazendo um joinha com o polegar.
— Estou mesmo com sono. — Eliel concorda bocejando.
— Nossa! Não pensei que dar banho em uma criança pudesse ser tão cansativo. — Rebeca diz enquanto deixa seu corpo cair ao lado de Alice.
— Daqui a pouco são duas crianças. Teodoro está cada dia maior. — vira-se na direção dela.
— Eu sei. Acredita que decidimos precipitadamente?
— Claro que não. Você precisava se ver hoje com eles dois. Você nasceu para isso. Daremos conta. E ainda teremos mais um filho, não se esqueça disso.
— Não vai desistir dessa ideia?
— Claro. — responde com ar de riso. — Que não. Inclusive eu penso que deveríamos começar agora.
Em segundos seu corpo está sobre o da namorada. Seus lábios colados, gemidos abafados por um beijo quente e sedutor. Não demora muito para que os corpos suados caiam um ao lado do outro. O cansaço misturado a satisfação é uma dupla infalível para ajuda-las a dormir.
Não demorou a anoitecer. O vento que adentrava pela janela do quarto fez com que Alice despertasse. Buscou o calor do corpo de Rebeca para aquecer-se, mas não a encontrou. Sentou-se na cama ainda sonolenta, passou os dedos nos olhos tentando melhorar sua visão que até o momento estava embaçada.
Saltou da cama com curiosidade ao ver uma roupa separada ao lado de sua cama. Não sabia que Rebeca escolheria suas roupas. Mas não detestou a escolha, o terninho branco lhe cairia bem aquela noite. Fechou a janela do quarto e foi para o banho.
Demorou tempo mais que suficiente no banho. Fez uma leve maquiagem, arrumou seus cabelos. Em seguida vestiu a roupa escolhida por sua amada. Tropeçou nos sapatos escolhidos por ela. Não pode deixar de sorrir. O All Star branco com detalhes pretos ficaria perfeito.
— Ela me quer linda hoje. — sorriu largo enquanto se observava no espelho.
Desceu as escadas e estranhou o silêncio na sala.
— Rebeca? Amélia? Tem alguém aí? — grita, mas não obtém resposta.
— Uau! Você está linda. — Larissa diz ao se aproximar.
— Mamma, que susto. — leva a mão ao peito. — Onde está todo mundo?
— Estão nos esperando. — afirma sorrindo.
— Onde?
— Isso é surpresa. — sorri misteriosa. — Podemos? — estica o braço para ela.
Alice não diz nada, caminha na direção da mãe. Segura seu braço e assim as duas saem em direção aos carros. Larissa ocupa o lugar na direção, dar a partida e rumam para um lugar completamente desconhecido por Alice.
— Isso tudo está estranho. — fala desconfiada. — Estamos indo para a cidade. Pensei que iriamos ficar na fazenda hoje.
— Você pode só relaxar?
— Relaxar? Não faço a menor ideia do que está acontecendo. Você está me levando para um lugar que não tenho a menor ideia de onde seja.
— Sou sua mãe, você deveria confiar em mim. — diz com falsa ofensa.
— Tudo bem, desculpe. Só estou nervosa.
— Eu também fiquei.
— Agora?
— Não. Quando isso foi acontecer comigo.
— Isso? Isso o quê?
Larissa conseguiu distrair a filha até que chegassem ao destino sem que ela percebesse. Desligou o carro em frente ao local que Rebeca havia mandado.
— Então? Não vai me responder?
— Filha, tem certos momentos na vida que nos marcam profundamente. Quando conseguimos por menor que pareça a conquista sempre são valiosas. Ainda lembro de vibrar sua primeira nota dez da escola. E você só pintou sem borrar nada. — ela sorri. — Você estava orgulhosa e eu mais ainda.
— Mamma, não estou entendendo nada.
— Calma. — toca suas mãos. — Só queria dizer o quanto sou orgulhosa por ser sua mãe. O quanto você foi uma filha maravilhosa, uma amiga exemplar, uma ótima namorada, uma ótima mãe, e acredito eu que uma excelente esposa. Você é uma pessoa incrível, e não poderia estar mais feliz por te entregar a uma mulher tão incrível quanto você.
— Me entregar? O que está falando?
— Nesse momento, todos os que amamos estão esperando nossa entrada por aquela porta. — só então Alice percebeu estarem paradas. — Naquele lugar tem uma mulher incrível, dona de um coração tão maravilhoso quanto o seu. E eu não poderia estar mais feliz. Espero que vocês possam ser feliz tanto quanto sua mãe e eu.
— O que está tentando me dizer?
— Estou te dizendo que é normal a noiva atrasar, mas não tantas horas. E aposto que Rebeca está nervosa pensando que você fugiu. Então, é melhor entrarmos ou seus convidados irão embora. Vamos descer, precisamos ir ao seu casamento.
Alice abre e fecha a boca varias vezes. Uma lágrima involuntária escorre dos seus olhos, banhando sua bochecha. Estava emocionada, não sabia ao certo se pelas palavras que sua mãe disse sobre o quanto é orgulhosa por ser sua mãe, ou se pelo fato de ter acabado de escutar que iria se casar hoje.
Fim do capítulo
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Baiana
Em: 16/05/2022
Finalmente a Anna e a Heloísa pararam de cheiro mole e se entregaram ao sentimento,agora só alegria...
Rapaz, só assim para essas duas se casarem. Falando nisso,espero que a Anna esteja presente,ela melhor do que ninguém merece está ao lado da amiga nesse momento tão especial
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