Me vesti e quando sai Marga também já estava de descida.

--presta atenção no que a gente vai fazer. Quero que reúna o grupinho do conselho. Vou levar Lina para o ginásio. Ela me disse que achou mais uma prova.

--e o que vai fazer se descobrir que foi alguém aqui de dentro?

--como assim?!ta mais que na cara que aquele povinho do conselho fez isso.

--mesmo assim não excluo a possibilidade da minha teoria.

--que seja.

Segui para o ginásio e por sorte encontrei primeiramente Diego.

--encontra o resto do conselho pra mim. Marga quer falar com eles.—pedi e ele me olhou curioso.

--..o morro foi invadido ou o que?

--ela esta achando que alguém do conselho matou uma das vigias.

--por que eles fariam isso?

--ela acha que foi por conta da votação..e também não nego que possa ter acontecido algo do tipo.

--(rs) eles são exagerados em alguns pontos mas não a tanto!

--só chama eles. Eu ainda quero investigar o problema do portão sul.

Ele correu e sumiu no fim do corredor e com isso segui para o portão sul. Demorou um pouco para se chegar la a pé mas a movimentação de curiosos e de guardas que passavam pelos becos justamente para diminuir a força dos números de contaminados no portão me preocupou. Elas continuavam sob as ordens de Rosa fazendo barulho pelo muro para atrair mais deles para outro local, outras apenas colocavam mais barreiras e seguiam um ritmo frenético em uma bagunça que demorei ate para achar Lina e Marga do outro lado do bloqueio de carros e me surpreendi ao ver que tinham em mãos um cara que lutava para soltar-se delas.

Marga o jogou contra o chão e ele a olhou furioso, ainda bem que tinhas os pulsos bem presos com fios porem ele forçava seu corpo contra o chão a fazendo o segurar fortemente. Me aproximei e vi Lina já cansada.

O cara de olhar marcante cheio de fúria, de roupas rasgadas e de estilo punk não queria parar e Marga já tava bem puta com isso.

--quem é esse?—perguntei vendo Marga domar aquele cara no chão.

--eu peguei esse miserável escondido em uma das casas vazias próximo do muro do morro.—me disse Lina.--Ele de algum modo entrou, descobri isso quando vi umas telhas quebradas em um dos becos. Entrei na casa e achei ele tentando voltar pelo telhado. O pau comeu!

--me solta sua vagabunda!!!—gritou ele e Marga segurou seu moicano e bateu sua cabeça no chão.

--já passou da hora de dormir filho da puta!—Marga usou toda sua força mais uma vez e com a cabeça sangrando e completamente zonzo ele finalmente parou.—anda Lina me ajuda a levar pro ginásio.

--o que vai fazer com ele la?o grupo do conselho já esta lá.—a lembrei vendo Lina também curiosa.

--que bom.(rs) eles vão adorar.

Lina me olhou sem entender, mas ajudou Marga a erguer ele e do nada ele novamente se animou e tentou um chute que por pouco não pegou em mim. Ele era pura raiva.

--você ta ferrada Marga!!!(rs) logo eles vão entrar aqui e todo mundo vai se foder gostoso por aqui!!seu reino vai cair e ai eu quero ver você fodida la fora (Rs)—ele a ameaçou e mesmo Marga não ligando para suas palavras eu via o ódio que o grupo dele tinha de nós.

--cansei desse merd*!!—ela virou ele rapidamente e com um soco forte derrubou ele duro no chão.

--porr* Marga!!!—Lina observou assim como eu aquele maluco cair duro ao chão.

--rápido, amarra ele direito.

Marga já estava de péssimo humor com aquela ameaça, como se algo estivesse realmente dado errado esses dias. E se fosse verdade que o punk não morreu, teríamos o maior problema que poderíamos enfrentar, ou melhor dizendo já enfrentamos.

--Mari ajuda aqui. Lina pega a caminhonete.

Com Lina dirigindo uma caminhonete Marga me fez ajuda-la a colocar o homem na caçamba e agora partíamos em direção ao ginásio e o silencio naquele carro me apavorou.

--sei que Punk Blaze não morreu e a prova disso são os contaminados. Por que quer levar ele para mostrar aquelas pessoas?—perguntei a Marga mas ela estava bem pensativa.

--você já vai entender.

Chegamos ao ginásio e o cara ainda continuava desacordado e assim Marga e Lina o arrastaram para o pátio onde ele foi jogado bem na frente deles. O susto aparente veio porem para alguns o silencio.

--(rs)...eu resolvi muita bosta aqui do morro..muita!—dissera Marga caminhando próximo ao desacordado.--Daquelas que entopem a porr* do cano e a gente tem que enfiar a mão para fazer descer com força sabe. Hoje eu me fodi inteira por causa de uns merdinhas de moto porque VOCÊS gentilmente me pediram. Não aguentariam um dia no controle desse morro. Sei que já sabem da mais nova novidade. O portão sul está quebrado e continua sendo forçado pelos contaminados em fúria do outro lado graças ao nosso mais novo amiguinho.—Marga tinha os olhos bem sobre o homem e seu sorriso fino no rosto me fez ficar atenta enquanto que todos ainda a olhavam intrigados por tudo que viam. Era um confronto direto e eles estavam incomodadíssimos com isso.

Marga suspirou e abaixou-se contemplando o rosto do cara apagado.

--as pessoas acham que não me importo verdadeiramente com o morro ou com cada família e ser que vive aqui.(rs) ate o mais simples papagaio eu levo no coração. Cada um..—ela retirou escondida da bota uma faca que desdobrou com o aperto de um botão e sua ponta foi certeira a orelha do homem. Era inacreditável a pontada do susto que senti quando vi o que ela queria fazer.

Ela segurou bem a orelha dele e posicionou a lamina da faca. Lina a essa hora que de braços cruzados estava mostrou o leve sorriso maligno apaixonado pelo extremo de Marga.

--sabem bem porque eu o trouxe aqui, agora a questão é quantos pedaços terei que arrancar para se prontificarem?--Marga preparou-se para o corte e a faca afiada já trilhava seu caminho pele adentro e ate o sangue já descia quando o grito firme e raivoso deixou o conselho.

--solte-o Marga!!solte meu sobrinho!!!—a voz alertou todos.

Marga sorriu e eu estava impressionada, ela fez Carla gritar de ódio.

--pediu a esse merdinha para vir aqui??por causa de uma merd* de conselho!?!!!—Marga queria saber e Carla encheu o peito e se aproximou.

--ele veio aqui com seus propósitos.—dissera ela.

--e você soube aproveitar muito bem Carla. Não é a toa que perdeu seu direito de advogar de tanto defender esse merd*.

--acha que não me arrependo das coisas que fiz por esse rapaz? Esta enganada. Tentei dar a ele uma vida decente e ele se bandeou para aquela maldita gangue e se quer saber não o chamei aqui e muito menos ele sabia dos meus problemas.

--conta outra pois vou fazer da orelha dele um lindo colar!—Marga começou a cortar a orelha e o homem acordou aos berros.

Marga o segurou com o joelho e nem todo seu desespero fazia ela parar de cortar-lo e aquela cena era agonizante tanto que perdi o ar e tive que pegar minha bombinha as pressas. O grito dele era o puro significado de dor.

--pare Marga!!—interviu Luiz bem nervoso.—vai fazer Carla ter um infarto com isso!

--solte meu neto Marga!!—firme Carla pediu e Marga a olhou como um perfeito animal segurando a presa.

--ele matou uma das minhas quando entrou aqui,nada mais justo se eu cravasse a porr* dessa faca na cabeça dele!!

Marga ergueu a faca porem aquele cara virou de frente para ela e riu.riu tão alto que todos pararam  para observa-lo.

--eu sei o que esta fazendo e não vai funcionar. Eles vão vir aqui e como eu vão quebrar os portões do seu reino. Achou mesmo que ele deixaria isso de graça?(rs) mais virão e você vai pagar Marga.(rs) vai pagar! Vai pagar! Vai pagar!!Por isso não fique com raiva da minha avó ou do Luiz..vão todos morrer (rs)—ele estava louco repetindo aquilo enquanto ria e amaldiçoava Marga.

--por que Luiz?—perguntou Marga segurando seu queixo trazendo o olhar enlouquecido dele a ela.

--ah ele não contou?eu só fiz o trabalho que ele mesmo ia fazer.(rs) eu peguei ele querendo quebrar um dos portões feito um idiota!—ele gargalhou e um silencio terrível se fez no eco daquela risada insana.

Luiz olhou para Marga e estava branco de medo e diante da fúria de Marga ele não esperou por uma boa samaritana que lhe perdoasse e correu deixando para trás seu grupo perplexo do que fora capaz de fazer.

--eu posso quebrar ele se quiser Marga. Enfiar uma tora no meio do cu dele! Filho da puta.—Lina observou bem a saída de Luiz a espera somente de uma ordem de Marga.

De repente uma explosão e tiros. Marga se ergueu para ouvir melhor toda aquela bagunça que já enlouquecia o morro.

--Minha vida pelo fim da ordem é um preço pequeno para se pagar. Somos a desordem!(rs)—disse ele rindo descontrolado, algo que já estava cansando.

--é mesmo? Querem ser úteis??—perguntou Marga ao quinteto de caras medrosas. —chamem todos para o ginásio. Todos devem ficar aqui protegidos.—quando todos deixaram o ginásio ela pegou sua arma do jeans e destravou.

O homem se sentou esperando sua sentença com um sorriso no rosto e ela veio sem hesitação.me virei e tampei os ouvidos e nem assim deixei de escutar o tiro.

--precisamos conferir todos os portões. Reforçar a proteção. Esses desgraçados estão se infiltrando de alguma forma no meio dos contaminados para danificar os portões. Teremos uma chacina aqui se todos os portões forem prejudicados. Chame as minas e coloque algumas para guiar as pessoas do morro para cá e proteger o ginásio. Tenho que pensar em um plano.

Lina correu já gritando da porta pelas guardas e o suspiro pesado de Marga me fez olhar unicamente para ela pois fiz de tudo para não olhar para aquele homem morto no chão.

--vamos, talvez sua mãe tenha uma ideia de como ajudar nessa situação.

Entramos novamente na caminhonete e chegamos rapidamente ao portão oeste. Parte dele tinha explodido e do buraco no metal os contaminados que entravam estavam sendo fuzilados de imediato porém precisavam fechar a entrada.

A caminhonete parou e Marga já desceu dando ordens. Placas de madeira e uma Kombi foram usadas para segurar e fechar a passagem dos contaminados e do alto do posto de vigia minha mãe atirava com seu rifle a procura de algo no meio da multidão enlouquecida e corri ate ela.

--mãe!!—gritei e ela estava tão concentrada que não perdeu tempo olhando para mim.

--fica ai filha!!Os desgraçados estão camuflados. Eles colocaram um botijão de gás no portão. Ele quebrou a parede e o metal. Os outros portões estão sendo atacados da mesma forma, o barulho esta atraindo mais e mais!!Rápido!!Ajude as outras!!

Desci rapidamente as escadas e ajudei as minas a empurrar mais um carro para embarreirar a entrada enquanto buscavam outra placa de metal para cobrir o estrago no portão.

Eu via Marga de um lado a outro tentando entender toda aquela loucura. As mulheres mataram todos os contaminados que entraram e nos postos de vigia e sobre as casas mais próximas do muro eu as via atirando a toda potencia, caindo sobre a rua uma chuva de balas. Contudo, o terror ainda assombrava a porta e ver esta ainda mexendo realmente assustava.

--temos que ver os outros portões!!—Marga apressou o passo vindo ate mim e seu rosto preocupado ela já não mais escondia.

--eles estão cercando o morro. Aos milhares!—Rosa se aproximou furiosa com a arma pendurada e pela cara cansada já estava cheia desses monstros.

--minha mãe contou que eles estão disfarçados. Passarão despercebidos pelos contaminados para nos atacar!!E toda essa barulheira só vai piorar.

--se os portões caírem estamos fudidos!—Marga pegou o comunicador e Lina prontamente atendeu.

--os portões ainda intactos são o norte e leste. O norte esta limpo e o leste já esta se concentrando uma leva grande de contaminados Marga. Ficaremos presas se não fizermos nada!!—mal dava pra ouvir Lina e toda a gritaria dos contaminados por lá.

--é o plano deles mas não vamos esperar que esses fodidos nos derrote.

--eles vão quebrar os portões! Temos que acha-los!

--isso vai demorar uma eternidade Marga!

--se acharmos os infiltrados na horda só precisamos fazer silencio e controlar essa boiada para longe daqui!

--ate la eles vão destruir os portões e não poderemos fazer nada! Temos que ter um plano para tirar as pessoas daqui o mais rápido possível. —falei e parecia que eu estava falando a pior das minhas ideias a Marga tanto que ela parou totalmente e voltou-se a mim.

--o que? Não!!esse lugar esta seguro, temos tudo que precisamos aqui e não vamos fugir porque um bando de viciado suicida ta la fora!!nem sabemos o que tem lá!!

--Marga eles estão explodindo os portões!!Logo não vai haver nada para impedir esse exercito de entrar aqui!!Temos que aproveitar que o portão norte ainda da pra ser usado.

--arrggrrrh!!!essa porr* de morro tem vários becos podemos resolver!!encurralar eles e..—ela estava irredutível mas eu não poderia deixar ela acreditar nisso agora.

--para de ser cabeça dura e me escuta! Você viu como eles são rápidos! Se entrarem aqui vão subir o morro atrás das pessoas, e se acharem, vai bastar minutos para que todos se transformem! A gente tem que pensar neles primeiro. De forma alguma também podemos deixar as minas se arriscarem. Vão morrer todas se deixar!—eu estava desesperada segurando ela pelos braços mas ela já me olhava com autoridade e em seus olhos não existia nada além de ódio.

--pelo nosso lar..vale a pena Mari!!e sei que elas também concordarão!!—ela passou por mim e ate Rosa preocupou-se.eu a segui.

--nem pense em dar essa ordem!!Temos que aproveitar que o portão norte ainda esta livre e salvar essas pessoas!!E você sabe!!—completei angustiada com o silencio dela enquanto a seguia.

--Marga!!o portão leste foi comprometido também!!!Eles estão explodindo tudo!!Eles estão entrando!!Estamos bloqueando a rua.—gritou Lina no comunicador para fim da paciência de Marga.—Marga!!!Eles entraram no beco!!!Eu preciso de ajuda!!!—aquilo me gelou, Lina estava em perigo tanto quanto qualquer uma de nós.

Ela se recusava a aceitar, mas era a dura realidade e com o comunicador em mãos ela hesitou em dar mais uma ordem e com os olhos em mim ela tomou coragem.

--Lina, reúna o máximo de caminhões na rua principal do portão Norte. Temos que tirar nosso povo daqui. Organize tudo com Rosa que Mari e eu vamos cuidar do resto.

--se eu chegar ai com vida!!—dissera Lina em meio a tiros.

--bloquei o beco. Tem permissão para usar o fim de papo.—disse Marga guardando seu comunicador.

--fim de papo?—perguntei curiosa.

--granadas. As minas tem aos monte.—assim que ela me disse isso eu ate pude ouvir algumas explosões. Aquele beco viraria uma pilha de destroços em segundos.--temos que subir e pegar mais armas.se vamos fazer esse plano dar certo precisamos de coisa pesada.

--e minha mãe??!

--ela vai ficar bem aqui e acredite, ela ia odiar deixar eles entrarem tanto quanto eu. Vamos, porque se ela já te botou pra correr de la de cima não vai querer sair daqui ate pegar os desgraçados.Rosa procure por Lina por favor, preciso de ordem nessa bucet*.

--sim senhora.

Entramos na caminhonete e Marga dirigiu ate a quadra de basquete onde pegamos uma boa parte de armas e munições. Nem sei quantas malas de armas enchemos e pegamos e nem quantas caixas Marga carregou cheias de granada e explosivos c-4 ela reservou num canto lançando a mim um olhar perturbador.

--quero que atire como da ultima vez. Porque se eu tiver ocupada não vou poder salvar seu rabinho lindo.—depois de minutos ali carregando arma era isso que ela tinha pra me animar.

--..eles não vão conseguir né?—perguntei ate temendo sua resposta.

--(rs) depois de você me fazer medo você vem me perguntar isso?

--mas é uma possibilidade.

--vamos abastecer os postos de vigia de cada portão. Proteger melhor o lugar enquanto preparam os carros e se realmente tudo cair igual babilônia e as pessoas estiverem seguras, eu vou por em pratica meu ultimo plano para atrair esses merdinhas comedores de gente para bem longe de nós.—Marga estava puta mas nunca vi ela estar tão decidida como agora vindo ate mim.

Logo Lina e Rosa chegaram e minha mãe logo em seguida acompanhada de hyong e seus primos e também Diego. Todos bem cansados.

--que ótimo, a cambada toda aqui.—disse Lina aliviada e toda suja de poeira de concreto e cimento assim como Rosa que tinha o olhar perdido e corpo cansado vindo logo atrás dela com passos pesados. Elas pareciam ter saído de uma guerra.—deu certo o bloqueio. As meninas já estão atrás dos carros Marga.

--a gente quer ajudar também!!tem muita gente desesperada pelo morro sem saber o que fazer.—Hyong como sempre decidida estava pronta para a briga.

--reúnam todos possíveis e levem eles para os carros na entrada norte, vamos abastecer os postos de vigia leste, sul e oeste para que os contaminados não sigam para a entrada norte e impeçam a saída dos caminhões. Podem fazer isso organizadamente??—falei e não vi nenhum desistente o que só motivava nosso plano.

--mas devem seguir minhas ordens, todos!!Ninguém vai deixar o morro ate eu ter certeza que precisa. -- Marga estava tão calma que ate estranhamos, mas conhecendo ela seu cérebro estava em chamas. Ela sabia bem como colocar as peças de seu xadrez da melhor forma.

--e se nada der certo??se os portões não segurarem Marga??e se eles entrarem??!—perguntou Hayato curioso e Marga abriu um sorriso.

--o plano conto do flautista vai entrar em ação. Alguém vai ficar pra trás pra ativar as bombas e explodir os miseráveis. —dissera ela e acho que me empolguei ao dizer que ninguém desistiria e depois dessa seria fácil.

--você ta maluca?!?!—minha mãe tirou as palavras da minha boca.

--era o que eu deveria ter feito no estádio..só que não consegui entrar.

--e quem vai fazer essa porr*? Você??!Não seja burra!!—Lina logo se exaltou com a ideia.

--não se lembra da historia??basta assoprar a flauta que os ratos vem atrás.—Marga era uma boa filosofa quando queria mas isso era loucura.

Fim do capítulo