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Fique por Leticia Petra

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Palavras: 4586
Acessos: 3454   |  Postado em: 02/05/2022

Capitulo 20 - No limite.

 

      Eric terminava de lavar as louças do jantar, Duda passava um café fresco, enquanto eu esperava os mistos ficarem prontos. Há pouco havia falando ao telefone com Caio e ele não poderia estar mais feliz. Dona Felícia conheceu o meu tio e tudo ocorreu muito bem. Era quase 00:00hrs, a minha mãe havia ido há pouco mais de duas horas. Ela conseguiu convencer o Eric a aceitar a sua ajuda.

— Três mistos quentinhos. – Os coloquei na mesa.

— Ainda não me conformo de ter aceito isso. – Eric virou para nós, colocando o pano de prato sobre o ombro. — A mensalidade é mais que o meu salário.

— Pensa que você tá protegendo o Ben, irmão. – Sentei. — É pra segurança dele. Coloque isso em primeiro lugar.

— Oli tem razão, mano. – Maria me serviu café. — O Ben precisa de um local seguro e com pessoas com o mínimo de tato. Dona Betina gosta dele de verdade.

— Tenho medo dele se deslumbrar com isso tudo, com esse mundo que não pertence a nós. – Eu o compreendia até certo ponto.

Eu fiz parte dele.

— Não vou abandonar as minhas raízes, papai. – Ben entrou na cozinha e a sua expressão não era de felicidade. — E me deixa muito triste que o senhor não acredite na criação que me deu.

Duda, Eric e eu ficamos levemente surpresos com a maturidade dele.

— Filho...

— Não, papai. Só vim beber água.

Eric nos olhou e Duda fez um gesto para que ele ficasse calado. Ben deixou a cozinha em silencio.

— Falei besteira. – Ele colocou a mão sobre o rosto.

— Falou mesmo. Amanhã você conserta isso. – Minha irmã sentenciou. — Por hora, deixe seu orgulho de lado. O Ben é mais importante.

      Tomamos café em silencio e pouco tempo depois decidimos ir descansar. Demorei a pegar no sono, ultimamente estava difícil de conciliar, pois meu corpo queria uma coisa, mas a cabeça não colaborava. Tanta coisa para resolver.

Eu só queria um tempo de mim mesma.

 

6 de julho.

      Dona Patrícia havia me pedido para ir ao restaurante à tarde, então acordei cedo e decidi ir até a casa da minha mãe, pois Marina iria viajar a trabalho e eu queria me despedir. Não contei a ela sobre o que se passou no sábado e menos ainda sobre a nossa vó.

Só iria piorar tudo.

      Sei que prometi não esconder nada, mas não queria ficar para sempre na posição de acuada, não era assim que deveria ser. Quero provar a mim mesma que posso dar conta. Também não soube nada a respeito do cara que me atacou, ninguém da delegacia havia ligado. Zoe e João certamente deveriam estar à frente de tudo. Aquele bandido só queria brincar comigo, me ver apavorada.

Eu o odiava tanto.

— Vai ficar quanto tempo fora? — Marina terminava de arrumar as malas.

— Uma semana apenas, será mais do que o suficiente pra vistoriar as estruturas em Minas. Logo estarei de volta. – Ela me encarou. — Sabe, você me deve algumas informações.

Franzi o cenho.

— Do que tá falando? – Minha irmã arrumou o cabelo em um coque.

— Você e a sua namorada, a qual você jamais trouxe aqui. – Então era isso.

A verdade era que eu era uma namorada horrível e um ser humano pior ainda.

— Aconteceu tantas coisas. – Senti os meus olhos arderem.

Não queria ser julgada por estar com Yuna, quando meu coração não pertencia a ela.

— Me conta então, você pode me dizer tudo.

— Assim como você me disse sobre você e a Duda? — Marina ficou pálida. — Ou aquele cantor que saiu do nada. Você nunca o apresentou, não sabemos nada dele.

Seus olhos arregalados logo tentaram fugir dos meus.

— Ela te contou? – Aspirei o ar com calma.

— Sim, e eu queria muito que vocês duas pudessem se acertar. Vocês se gostam, por que não tentar?

A minha irmã voltou a me olhar.

— Você melhor do que ninguém pode me entender, Oli. Você ama a Zoe e ela ama você, como nunca achei que aquela mulher seria capaz... – O meu coração disparou. — Mas ainda assim, não estão juntas.

Ela tinha toda razão.

— É complicado, não é?! – Disse por fim.

Não foi uma pergunta e sim uma constatação.

— Tô muito confusa com tudo, nunca nem me imaginei em tal situação. Eu faço mal a Eduarda, eu sei bem disso, mas é... tão complicado.

Ficamos em silencio por algum tempo.

— Sei que não estou em posição de te dar nenhum conselho, mas acho que preciso mesmo dizer isso. – Nos encaramos. Minha irmã colocou a mão em meu ombro. — Aquela mulher te ama, ela seria capaz de qualquer coisa por você, Oli.

Duas batidas na porta e minha mãe adentrou.

— Filha, que bom te ver aqui. – Minha mãe veio até a mim e me abraçou. — Vamos levar sua irmã no aeroporto?

— Vamos sim, mamãe. – A abracei forte, com as palavras de Marina ecoando em minha cabeça.

      Cerca de 1 hora depois, chegávamos ao aeroporto. Marina esperava pela chamada do embarque. Ela, minha mãe e eu passamos a conversar sobre o futuro. Elas vinham me apoiando muito sobre o curso de veterinária. Em novembro ocorreria a prova do Enem, e eu me preparava para ela.

— O que aconteceu ontem? Mamãe não soube me explicar direito. – Marina se referia ao Ben.

— Ele foi agredido por um garoto que disse coisas absurdas. O Ben vem suportando tudo isso há muito tempo. – Minha irmã franziu o cenho.

— Ele realmente vai optar pela transição completa? Não há riscos dele se arrepender futuramente? – Pensei por um instante.

— Confesso que não entendo muito sobre, até busquei ajuda de uma psicóloga pra poder sair dessa ignorância. – Minha mãe sorriu.

Dava para ver a sinceridade em seu olhar.

— Ele sempre se viu dessa forma, sabe, não foi uma escolha. Ben é muito novo, porém extremamente inteligente. Ele sabe a grandeza disso, mas não quer abrir mão de ser quem ele é. – Benjamin é tão forte.

— Invejo ele, tão novo e tão decidido. – O tom usado por Marina me fez perceber que ela lutava uma batalha interna.

A entendia tanto.

— Voou com três, dois, oito... com destino a Belo Horizonte...

— É o meu voou... – Marina ficou de pé. — Cuida da nossa mãe, Oli.

Ela me abraçou.

— Quanto a você, mãe, tome cuidado. Volto em uma semana. – Elas se abraçaram por vários segundos.

— Que Deus te abençoe, filha.

— Amo vocês...

— Amamos você também.

Marina sumiu de nosso campo de visão.

— Filha, almoça comigo no shopping? Quero ficar um pouco com você. – Sorri, segurando por seu braço.

— Claro que vou, mãe. – Ela também sorriu.

      Reparei que ela estava um pouco mais animada. Desde que tudo aconteceu, ela até tentava parecer uma rocha, porém ainda assim dava para ver as suas cicatrizes. A minha mãe estava sendo tão corajosa com isso tudo. Eu desejava de todo coração que ela pudesse esquecer o Fábio, que encontrasse alguém bom o suficiente, porque ela não merecia menos que isso.

— Faz tanto tempo que não passeamos. – Entramos em uma loja de sapatos.

— Precisamos fazer isso mais vezes. Olha, esse aqui é perfeito pra você.

— Que sapato bonito... vou experimentar. – Dona Betina chamou uma vendedora.

Era bom vê-la assim.

      Almoçamos, conversamos e posso dizer, nas horas que estivemos juntas, nada me atormentou. A minha mãe seria para sempre uma das mulheres mais importantes da minha vida.

 

— Mãe? – Estávamos no estacionamento do shopping.

— Oi, filha. – Ela virou para mim, depois que colocou o cinto.

— Eu te amo. – Sua expressão foi de surpresa, mas logo suavizou.

Um sorriso bonito surgiu na face bonita.

— Eu te amo, filha.

Ela tirou o cinto e nos abraçamos por um longo tempo.

      Pedi para que ela me deixasse em frente ao restaurante, nos despedimos com a promessa de logo marcarmos algo. Entrei e fui recebida por Ivi, que me levou ao escritório de dona Patrícia.

— Oi, Oli. – Ela veio até a mim e me abraçou. – Sente, por favor.

— Obrigada, dona Patrícia. — Deixei escapar o dona.

— Deixa de ser tão formal. – Ela sorriu. — Te chamei aqui porque queria te fazer uma proposta.

— E qual seria? — Franzi o cenho.

— Bem, sei que você tá de férias da faculdade, então queria propor que você trabalhe conosco durante todo o mês. – Ergui as sobrancelhas. — Veja.

Ela me passou um contrato e não poderia estar mais feliz, era uma quantia boa e sem contar nas gorjetas que receberia.

— E quando eu poderia começar? – Sorri muito animada.

— Amanhã à noite. Você terá as quintas de folga. – Seu olhar me analisava. — É incrível como todos aqui gostam de você, Olivia. Ouvi coisas maravilhosa, então vai ser bom te ter aqui conosco.

— Eu aceito sim. Aceito. – Tentei conter a minha empolgação. — Desculpa.

Ela riu do meu momento abobalhado.

— Ótimo! Então assine e estará tudo certo. – Fiz o que ela disse. — E não se desculpe, a sua empolgação só me confirma a ótima decisão que tomei.

— Nem sei como agradecer. – Fiquei de pé.

— Todos falam muito bem de você, não faço mais que minha obrigação em manter uma ótima funcionaria. – Sorri mais ainda.

Deixei o restaurante com uma felicidade gigantesca, passei em frente a uma vendedora de tacacá e em imediato recordei da Zoe.

— Pode não parecer, mas eu gosto mesmo da nossa cultura. Temos uma das melhores culinárias do país, se não a melhor.

— Isso significa que sairemos mais vezes e poderemos tomar um tacacá?

— Tá me convidado pra sair?

— Só se a resposta for sim, se for um não, finge que nunca tivemos essa conversa.

— Eu aceito, assim que voltarmos a Belém, a senhorita me levara para esse encontro...

      Uma vontade quase que insuportável de vê-la me assolou. Peguei o me celular e mandei uma mensagem para Caio, perguntando se ela estava na empresa e quase de imediato, ele me respondeu que ela havia saído mais cedo.

Tentei pensar em Yuna, mas não foi o suficiente.

“Preciso vê-la. Só olhar pra ela por uns segundos.”

Quando me preparava para chamar um carro por aplicativo, o meu celular tocou e o nome da minha mãe apareceu. Atendi de imediato.

— Oi, mãe...

— Filha, vem pra cá... por favor.

Meu coração acelerou.

— O que aconteceu, mãe?

— Ele esteve aqui...

Travei por alguns segundos.

— Chego em poucos minutos. Chame a polícia, agora...

— Já chamei filha... vem logo.

Olhei ao longe e notei que o carro do segurança que sempre me acompanhava, estava do outro lado da rua. Atravessei, batendo no vidro.

— Me leva na casa da minha mãe, Cássio?

— Entre, senhorita Olivia.

      Estava um pouco nervosa, mandei uma mensagem para Yuna, que disse que também iria a casa da minha mãe. Quase 40 minutos depois, chegamos e havia dois carros de polícia em frente.

— Obrigada, Cássio.

— Ficarei aqui, senhorita Olivia. – Acenei em concordância. — Qualquer coisa, me chame.

      Quando entrei, a minha mãe conversava com uma mulher com o uniforme da polícia civil, ela estava com um copo com água em mãos. Me aproximei, ficando cada vez mais nervosa.

— Filha...

— O que aconteceu, mãe? – Ela tremia muito.

— Ele esteve aqui... ele.

— Calma! Respire por favor. – Passei as minhas mãos sobre seu rosto.

— Já vistoriamos o condomínio inteiro três vezes e nem sinal dele. Estamos interrogando o porteiro nesse exato momento. – A delegada olhou para mim. — Fique com ela, sim?

— Tudo bem. – Segurei as suas mãos.

— Ele estava no escritório, disse que nunca deixou de nos vigiar. Olivia, aquele homem é um monstro. – Aspirei o ar com força. — Ele me deixou isso na mesa.

Minha mãe me entregou uma folha de papel.

Um dia você, Marina e eu poderemos ser felizes outra vez, Betina.

A nossa família jamais irá sucumbir, meu amor. Eu prometo que irei voltar por nós.

Não tenha medo de mim, serei incapaz de te fazer algum mal.

Nem a você, e menos ainda a nossa filha, Marina.

Eu amo vocês e em breve estaremos juntos outra vez, os três.

Iremos superar isso juntos.

Com amor, Fábio.

      Amassei o papel, o jogando sobre a mesinha de centro. Não posso descrever o que estava sentindo. Empurrei a mesclagem de emoções para o fundo da minha alma e foquei em minha mãe.

— Ele fez alguma coisa a senhora? – Minha mãe lacrimejava.

— Não deu tempo, porque gritei desesperada e ele saiu correndo. Como ele conseguiu entrar?

— A senhora não ficará aqui sozinha. Vai ficar em casa até que a Marina volte...

      Fiquei ali por longos minutos, até o meu tio, acompanhado de Eric e Maria, chegarem à casa da minha mãe. Havia mandado uma mensagem para Yuna, explicando rapidamente o que aconteceu e ela estava a caminho também.

— Senhorita, alguém avisou a imprensa e há um grande alvoroço lá fora. – Um dos policiais nos informou.

— Abutres. – Tio Bernardo praguejou.

— Toma esse chá, dona Betina. – Duda entregou a ela uma xicara.

— Obrigada, filha...

— Tenho algumas noticiais sobre o porteiro. – A delegada chegou dizendo. — Ele foi coagido a liberar a entrada. Pelo o que ele disse, seu ex-marido não estava sozinho e ameaçou mata-lo se não o deixasse entrar ou se chamasse a polícia.

— Deus...

— Aconselho a senhora a procurar outro local pra passar a noite. Apesar de ser pouco provável que ele retorne, não podemos correr o risco.

Respirei lentamente, sentindo a minha cabeça doer.

 

 

      Iris pintava na varanda, a sua atenção estava nos quadros desde que sai pela manhã, era a forma dela de pôr as suas frustrações para fora. Recebi uma ligação do delegado informando que o cara que havia atacado Olivia estava solto, então avisei a todos os seguranças que ficassem em alerta.

A campainha tocou.

— Se arruma, precisamos ir pra casa da sua tia. – João entrou nervoso.

— O que aconteceu? – Franzi o cenho.

— O Fábio teve a cara de pau de ir até o condomínio e entrar na casa da sua tia.

— Filho de uma... vou só trocar de roupa. Iris, você vem comigo?

— Claro... vou me trocar também.

      Não demorou muito para chegarmos ao condomínio, notei uma grande movimentação na rua. Havia carros de polícia e a maldita imprensa. Foi difícil entrar, mas com o auxílio da polícia, conseguimos.

O meu pai, assim como os irmãos de Olivia, estavam ali. Aquela mulherzinha também se encontrava na sala, indicando que a Oli estaria por perto, pois não a vi.

— Filha, que bom que veio. – Abracei rapidamente o meu pai.

— Viemos assim que soubemos. Como a senhora tá, tia? Ele lhe fez alguma coisa? – Me agachei diante dela.

— Não, filha, não deu tempo de nada... quando cheguei, ele estava revirando o escritório. Quando gritei, ele saiu correndo...

— A senhora vai ficar na casa do meu pai. Os seguranças irão ficar de plantão. – Ela estava tão apavorada, que as suas mãos tremiam.

— Obrigada, filha...

Fiquei de pé, indo até a Maria Eduarda.

— Onde ela tá? – Olhei para Yuna, que me encarava com seriedade.

— Foi pra cozinha... ela não tá nada bem, mas tá fingindo ser forte. – Aspirei o ar devagar.

Decidi ir atrás de Olivia, caminhando rapidamente até a cozinha.

— Onde você tá? Me diga, seu infeliz, eu vou aí e resolvemos isso. Tô tão cansada de você. Deixa a minha família em paz, seu bandido!

Franzi o cenho.

— Com quem tá falando? – Olivia se virou.

Peguei o celular de sua mão.

— Alô? – A encarava.

— Olha, se não é a vagabunda defensora dos pobres e oprimidos. – Meu sangue ferveu no mesmo momento.

— Como se atreve? Você tá se achando o poderoso chefão, não é? Mas eu prometo que logo irá pagar por tudo que vem fazendo, seu bandido de merd*.

Ele gargalhou.

— Você não me assusta, menina Zoe... – O desgraçado desligou.

Não podia acreditar que ela cogitou mesmo ir até ele.

— O que pensa que estava fazendo? – Ela sentou no chão, passando a mão sobre a cabeça. — Tá louca, Olivia? ir até ele sozinha?

— Eu só queria acabar com isso, Zoe. – O meu peito doeu em vê-la daquela forma.

— Você não vai fazer nenhuma besteira, Olivia. Me ouviu? – Me agachei de frente a ela. — Eu te proíbo... nem que seja necessário te amarrar.

— Eu me sinto tão inútil...

Trinquei o maxilar e depois aliviei a pressão.

— Você tem a mim... eu não vou te deixar sozinha.

      Olivia me olhou com a face entristecida e novamente o meu peito doeu. Sentei de frente para ela e a puxei para os meus braços. Ela se escondeu em meu peito, me abraçando forte pela cintura, então inevitavelmente senti que aquele era o meu lugar, ao lado da mulher que amo. Eu faria e faço qualquer coisa para vê-la bem.

A protegeria do mundo, se necessário fosse.

— Eu tô aqui...

— Não vai embora... – Fechei os meus olhos. — Por favor, não vai...

— Não vou a lugar algum. – Apertei o abraço. — Eu te... eu vou ficar aqui, meu anjo.

— Dói tanto, Zoe... esse inferno todo, a minha família em perigo. – Olivia soluçava e tinha dificuldade em falar.

— Vamos dar um jeito, meu amor. Logo você vai poder ser livre, não vai mais precisar sentir medo. – Beijei sua testa com carinho.

— Oli...

Olivia se afastou brevemente, enxugando a face. Fiquei de pé e a ajudei a levantar.

— Eu não queria interromper. – Yuna franziu o cenho. — Só vim ver se estava tudo bem.

Não pude identificar a expressão em sua face.

— Desculpa ter te deixado na sala Yuna, mas recebi uma ligação dele. – Yuna olhou para ela e depois para mim.

— E o que ele disse? – Fiquei calada para ouvir.

— Ele debochou de mim, me desafiou a ir atrás dele. Eu o odeio tanto, que uma parte de mim deseja que ele... morra.

Yuna passou a mão sobre a cabeça.

— Você deveria ficar na casa do seu tio essa noite, pra fazer companhia a sua mãe. – Vi uma preocupação genuína vinda de Yuna. — Você vai tá segura lá. Você e os seus irmãos... ele certamente deve saber onde vocês moram.

— Yuna tem toda razão, Oli. Fica na casa do meu pai... vocês vão ficar seguros lá. – Olivia olhou de Yuna para mim.

— Você também deveria ficar com eles, Zoe. – Por essa eu não esperava. — E sobre a viagem que faríamos, acho que seria melhor cancelar. Sem condições de deixar Belém assim. Você precisa ficar ao lado da sua mãe, Oli.

“Elas iriam viajar? Droga, Zoe, esse não é o foco.”

— Você também tem que tomar cuidado, Yuna. – Cruzei meus braços sobre o busto. — Ele deve estar de olho em você.

Não gostava dela, mas tinha de admitir que ela estava mesmo pensando no bem estar de Olivia.

— Não se preocupe, Zoe, o meu pai sempre fez isso... Mina e eu sempre tivemos seguranças particulares. – Ela olhou em seu relógio. — Preciso ir, mas estarei com o meu celular a noite inteira.

— Me avise quando chegar a sua casa, por favor. – Olivia foi até ela e Yuna lhe deu um selinho rápido.

Virei o meu rosto para não ver, mas não a tempo.

— Aviso sim... – Por que ela estava sendo tão simpática comigo?

— Acho melhor você sair aqui por trás. – Falei, apontando para a porta.

— Vou apenas me despedir da mãe da Oli e dos outros.

— Zoe? – João entrou, me salvando daquele ar sufocante que a cozinha se tornou.

As duas deixaram a cozinha.

— Tá tudo bem? – Aspirei o ar, ainda sentindo o cheiro dela em mim.

— Está sim... você quer me dizer algo? – Sentei no banco alto.

— Falei com a Marina, tive de fazer. – Ele me encarava. — Ela vai voltar amanhã a noite, então terei que ir pessoalmente pra Minas.

—  Eu cuido de tudo por aqui... se fosse outra situação, iria no seu lugar, mas...

— Você não quer deixar a Olivia só.

Ele sorriu.

— É isso mesmo. Ela precisa de mim...

— Te dou todo apoio. – Ele veio até a mim, colocando o seu braço sobre o meu ombro. — Eu amo você, Zoe. Eu amo mesmo você.

Senti um frio de leve no estomago, me fazendo aspirar o ar profundamente.

— Eu amo você também, João. Você é o meu melhor amigo.

Ele ficou mudo por vários segundos, parecendo não acreditar no que eu disse.

— Bendita seja a Olivia. – Ele não poderia deixar de fazer uma gracinha.

— Vamos tirar a tia daqui. Vou distrair os abutres e você os leva daqui. – Levantei.

— Te espero na casa do seu pai.

      Passei pela sala, olhei rapidamente para Olivia, que estava abraçada a tia Betina e fui para a porta. Havia pelo menos três emissoras e assim que pisei na calçada, fui bombardeada por perguntas. Respondi todas superficialmente e quando recebi um ‘ok’ de João, entrei.

      Ao passar pela sala, notei um papel todo amassado sobre a mesa de centro, peguei e quando li o conteúdo, entendi ainda mais a reação de Oli na cozinha. Se possível, o ódio que sentia por Fábio só aumentou.

— Ah, Olivia...

Respirei fundo.

      Quando cheguei a casa do meu pai, o encontrei no quintal conversando com os seguranças. Fui até a cozinha e encontrei Duda e Iris, ela estava com a aparência cansada, o dia foi exaustivo.

— Por favor, me diz que você vai dormir aqui. – Elas comiam macarrão instantâneo.

— Se você quiser, Zoe, eu posso voltar pro seu apartamento. – Iris levou uma garfada a boca.

As duas estavam sentadas lado a lado.

— Não posso, não sei se seria cômodo pra Olivia. Vamos voltar juntas, Iris. Jamais te deixaria ir sozinha. – Me aproximei. — Onde está o Ben?

— Ele tá na casa da Yuna... ela insistiu que o deixássemos com a Mina. Seria melhor pra ele...

Não queria simpatizar com essa mulher, mas tenho que admitir que ela era uma boa pessoa.

— Ela tem razão, não seria um bom ambiente. Escuta, você pode tirar folga amanhã. – Duda franziu o cenho.

— Mas Zoe, aquilo vai tá uma loucura amanhã. Eu preciso te ajudar com isso tudo.

— Você fica com a Oli e a tia Betina. Não está em discussão. – Passei minha mão sobre a cabeça dela. — Vou me despedir dos outros. Volto no horário do almoço amanhã.

Ela bufou, contrariada.

— Tudo bem.

— Volto pra te pegar, Iris.

— Vou esperar...

Deixei a cozinha, indo para o escritório.

— Pai, vim dizer tchau. – Tia Betina estava com ele. Os seus olhos estavam inchados.

— Pensei que fosse ficar. – Era de partir o coração.

— Acho melhor ir pra casa, mas não se preocupe, não ficarei sozinha. – Fui até ela. — A senhora tem a todos nós, tia. Não vamos deixar você passar por isso sozinha.

— Obrigada, filha... obrigada. Eu queria tanto que você se acertasse com a minha filha, vocês duas se amam...

— Como assim? Do que tá falando, Betina? – Meu pai nos encarou.

— Pensei que você tivesse contado ao seu pai. – Droga. — Desculpe, minha filha.

— Tá tudo bem, tia. Eu conto tudo em outro momento, papai. – O encarei. — Tudo mesmo.

— Vou esperar por essa conversa, Alexandra. Não acredito que ocultou algo assim de mim.

— Não foi de proposito, só não queria... – Puxei o ar com força. — Só não queria projetar sobre o senhor as minhas frustrações, você já estava cheio de problemas. Vou me despedir da Oli...

— Ela tá no seu antigo quarto... João e Eric estavam com ela. – Meu pai me olhava com magoa.

— Amanhã estarei aqui e vamos esclarecer isso. Por hora, foquem no presente e tomem todo cuidado possível.

Deixei o escritório, subindo a escadaria.

Bati na porta.

— Entra. – Ouvi a voz de João.

Abri, entrando com certa cautela.

— Vim dizer tchau... – Olhei para Olivia, que estava de banho tomado.

— Vamos deixar vocês a sós.

Os dois saíram, sem esperar resposta.

— Achei que fosse dormir aqui... – Olivia ficou de pé.

— A casa tá um pouco cheia, mas voltarei amanhã. – Não sai do lugar.

Tinha medo de chegar muito perto e de não controlar as palavras que queimavam em minha garganta.

— Queria que ficasse... – Sorri, passando a mão sobre a nuca.

Tinha tanta coisa presa, tanta coisa que queria dizer a ela, mas não era o momento.

— Voltarei amanhã, por agora, só quero que descanse. Não pense duas vezes em me ligar, se você precisar. – Olivia esfregava as mãos no roupão.

— Promete que volta? – Deus, eu nem ao menos queria ira.

“Olivia, você nem imagina o quão difícil é te ver e não poder te abraçar, te tornar minha.”

— Eu prometo sim.

Ela sorriu e mesmo sendo um sorriso tímido, era lindo.

— Até amanhã, Olivia.

— Até amanhã, Zoe...

Respirei fundo, me forçando a sair daquele quarto.

      Encontrei João e Iris na sala, nos despedimos de todos e deixamos a casa do meu pai. Por segurança, passamos rapidamente em meu apartamento para pegar algumas roupas e fomos para o de João.

— Já tá em todas as mídias. – Deixei o celular no sofá.

— A pizza chegou... – João adentrou a sala.

— Nem sei o que dizer sobre isso tudo. – Iris estava na poltrona.

Ela estava conhecendo o lado podre da minha família.

— Não sou a única com uma família complicada.

— Temos mais uma coisa em comum.

— Logo vai acabar, Zoe. Sei que é péssimo a mídia inteira noticiando isso, mas agora que a cara de Fábio estar por toda parte, ele terá que se manter distante. A polícia vai conseguir pegar ele. Esse filho da puta vai pagar...

— Vai pagar com juros...

— Vamos comer e depois descansar. Amanhã o dia será ainda mais longo. – Iris abriu a caixa da pizza.

      Comemos, cada um preso em seus próprios pensamentos. Os meus estavam obviamente em Olivia. Se houvesse uma forma de tirar toda a dor dela e passar para mim, eu o faria sem pensar duas vezes. Clichê? Sim, mas não me importo, pois era a mais sincera verdade. Deus, era tão difícil vê-la sofrendo daquele jeito.

“Eu vou cuidar de você... eu juro, Olivia.”

 

Fim do capítulo

Notas finais:

Bom dia!

E chegamos ao capitulo 20.

Passou bem rapido até. Vou ficar com saudades quando terminar.

Quarta tem mais.

Beijos.


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Comentários para 20 - Capitulo 20 - No limite.:
Tazinha
Tazinha

Em: 02/05/2022

Confesso que estou ficando preocupada agora... 20 já é essas duas assim ainda... Vamos Olivia , agarra logo essa mulher, afinal , tu que terminou com a zoe e ainda está com a yuna.  Chega logo quarta feira pelo amor de Deus 

Responder

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Marta Andrade dos Santos
Marta Andrade dos Santos

Em: 02/05/2022

Fabio é um peste.

Responder

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patty-321
patty-321

Em: 02/05/2022

Ainda não entendi pq o fabio tem tanto ódio da Olivia. Que fixação, é filha biológica tb. Se a zoe pega ele...vai ser foda. 

Responder

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Lea
Lea

Em: 02/05/2022

Ele chegou muito perto,perto demais. Qual é o plano desse bandido? Sequestrar Betina e Marina,e matar a Olívia?? Ele ainda acha que tem e pertence a essa família.

Dinheiro ele tem de sobra,com certeza foi esperto e não deve ter depósitos em seu nome,pois já teria sido bloqueado!

Eric fez a coisa certa e aceita a ajuda de dona betina,com certeza é o melhor para o Ben.

Marina tem medo do quê afinal,a família já é um arco-íris,todo mundo tem os pés no vale,ela está com conflitos internos e deixando a felicidade ir embora.

Meu  coração se despedaça ao ver a Olívia e a Zoe sofrendo assim.

 

 

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