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Fique por Leticia Petra

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Palavras: 5163
Acessos: 3566   |  Postado em: 28/04/2022

Capitulo 18 - Liberdade e bebedeira.

 

     Desde aquele dia no apartamento da Zoe, vivemos a nos evitar totalmente e acabei por saber pelo Caio que ela havia se mudado, assim como João. Os primeiros dias foram estranhos, a vontade de vê-la duelava com a razão e por fim, pude me manter distante e pôr a minha energia onde realmente importava. Os meus irmãos e eu nos mudamos, a minha mãe até tentou nos convencer a não partir, mas precisávamos daquilo. Maria estava trabalhando com a Zoe, Eric iniciou em uma empresa de transportes e eu como garçonete em um restaurante no centro. Era um lugar refinado, a dona estava viajando e foi a gerente, uma mulher muito simpática, quem me contratou. Estava sendo uma boa experiência, pude me sentir útil e essa sensação era indescritivelmente libertadora.

Um mês se passou e hoje tomei uma dose de coragem, decidi visitar a minha vó.

— Obrigada por vir comigo, meu bem. – Adentrávamos os portões do condomínio.

O porteiro já me conhecia e não foi um problema ser liberada.

— Não me agradeça por isso, amor. – Yuna levou minha mão até seus lábios e beijou o dorso.

      Não contei sobre o que se passou na noite da festa e menos ainda sobre a minha ida ao apartamento da Zoe, apenas optei por fingir que nada ocorreu, esquecer aquela paixão não seria simples e eu sabia que não iria passar assim tão rápido, porém estava disposta a tentar.

Yuna me fazia bem.

— É aqui. – A casa era a mais “simples” do condomínio.

      Toquei a campainha e em segundos uma senhora me atendeu, jamais havia a visto, certamente era uma funcionária nova. Estava com roupas do dia a dia, sem aquelas roupas de empregadas que era tão comuns e isso me deixou surpresa.

Minha vó costumava ser muito formal.

— Bom dia, me chamo Olivia, a minha vó está? – Busquei a mão de Yuna.

— Bom dia, moça. – Ela nos olhou da cabeça aos pés.

— Olivia? – Minha avó surgiu bem atrás. – O que faz aqui?

Não esperava por essa recepção.

— Vó...

— Eu não quero que volte aqui, tudo o que está acontecendo é por sua causa!

— Vovó, do que tá falando? – Senti o me coração apertar.

— Senhorita Rute, se acalme...

— E quem é você? – Minha vó perguntou a Yuna. – Saiam daqui.

Apertei meu punho.

      O seu olhar estava carregado de raiva e isso me fez dar alguns passos para trás, receosa. Yuna segurou a minha mão, me levando para o carro e dando partida imediatamente. Fiquei tão atordoada, a minha cabeça estava confusa.

— Me leve pra sua casa, Yuna...

— Quer que eu ligue pra alguém? – Aspirei o ar com força, sentindo uma dor no peito. – Sua mãe ou os seus irmãos?

— Não, por favor...

      Por mais que estivesse doendo, eu me recusava a chorar, podia ver a preocupação na face de Yuna, mas dessa vez ela não precisaria me consolar, estava na hora de pôr um basta nessas pessoas que tinham o poder me de machucar.

Foda-se meu pai, minha vó, eu tenho uma família de verdade.

 

— Vamos fazer o almoço? – Yuna franziu o cenho, colocando as chaves sobre uma mesinha do corredor. – Comida rápida.

Apenas sorri.

— Não quer conversar? – Suas mãos pousaram sobre o meu rosto.

— Chega de sofrer por eles. – Eu sou forte.

— Eu vou estar aqui, ouviu? – Olhei para aquela face bonita, os fios escuros. – Não precisa ser forte o tempo todo.

Os dias que estivemos juntas estavam sendo os melhores e mais tranquilos da minha vida.

— Eu sei que sim.

      Aproximei meus lábios dos dela, iniciando um beijo calmo e demorado. Empurrei para longe qualquer pensamento distopico e acendi aquela Olivia que tinha controle sobre seu corpo, seus desejos.

— Vem...

Interrompi o beijo.

      A puxei pela mão, levando-a para o quarto, fechei as cortinas. Yuna apenas me observava, sentada na beira da cama.

— Olivia...

— Só quero esquecer o mundo lá fora.

      Eu sempre tive o sex* como uma válvula de escape, quando na verdade deveria fazer terapia, entretanto, dessa vez era porquê de fato era melhor ser amada por aquela mulher até a exaustão, do que ficar remoendo algo que estava fora do meu controle.

— Então só ame meu corpo.

      Tirei a minha blusa, o short e fiquei apenas de roupas intimas, sob o olhar de desejo da bela mulher a minha frente. Yuna colocou suas mãos em meu quadril, beijando o meu abdômen, tirando meu sutiã e em seguida devorando a minha boca.

— Não vou conseguir parar... – Tirava sua roupa.

— Então não para.

      Yuna deitou sobre o meu corpo, o calor e o contato das peles me fizeram respirar mais rápido. Sua boca distribuía beijos molhados por meu pescoço, chegando aos meus seios.

Levei minha mão a boca, abafando meu gemido.

— Eles são tão lindos. — Ela ch*pou o biquinho, mordiscou de leve, tudo com muita calma e gentileza.

      Ela sentou sobre o meu sex*, enquanto acariciava os meus seios com os dedos que ficavam cada vez mais atrevidos. Yuna passou a se remexer levemente, me olhando fixamente, mordendo o canto da boca, isso me deixou mais excitada. Podia sentir a sua intimidade molhada contra a minha pele. Minha mão deslizou sobre sua coxa, até os meus dedos encontrarem a sua intimidade.

— Humm... — O gemido fraco me fez respirar profundamente.

      Toquei no clit*ris inchado, brinquei com todo o seu sex*, alternando entre os grandes lábios e o ponto mais sensível, ela começou a fazer movimentos leves sobre os meus dedos, pude sentir eles deslizarem com facilidade, enquanto seus movimentos se tornavam mais rápidos, exigentes. Yuna apertava as minhas coxas, soltando gemidos baixos.

Por um momento, uma lembrança intrusa me assolou e eu fechei os olhos e as expulsei.

“Agora não, Zoe.”

— Humm... Olivia. — Aumentei o ritmo, sentindo o aperto em minha pele aumentar.

      Senti o seu liquido quente escorrer sobre os meus dedos e o corpo bonito relaxar. Ela me beijou, a sua respiração ainda estava ofegante. Yuna deitou sobre o meu corpo outra vez, descendo os beijos até os meus seios, só que dessa vez mais exigente, os seus dedos adentraram a minha intimidade, sua boca suave percorria sobre minha barrigada chegando até o meu sex*, ela abriu um pouco mais minhas pernas, passando sua língua de leve, até coloca-la totalmente, em um vai e vem gostoso...

Fechei os meus olhos e só deixei o meu corpo ser amado.

 

      Quando acordei, o relógio marcava duas da tarde e a Yuna dormia totalmente nua ao meu lado, relaxada. Toquei sua face com cuidado para não a acorda-la, admirando a bela mulher.

— Você é linda. – A cobri.

       Deixei o quarto, preparei algo rápido para comermos, em algumas horas teria de ir para o trabalho.

— Por que não me acordou? – Yuna secava o cabelo.

— Não tive coragem. – Ela veio até a mim, beijando minha boca.

— Você me deixou exausta. – Não pude deixar de rir. – Acho que vou precisar de umas vitaminas.

Não pude deixar de rir.

— Então coma pra recuperar a energia. – Yu sentou em minhas pernas, levando uma garfada da salada a boca.

— Vou te levar ao trabalho. – O cheiro bom de sabonete se desprendia de seus fios.

— Você tá cheirosa. – A abracei pela cintura, aspirando seu cheiro.

— Se continuar assim, não vou te deixar ir trabalhar. – Nos encaramos.

Yuna buscou a minha boca.

— Espero que receba muitas gorjetas. – Não pude deixar de sorrir.

Paz...

      O restaurante estava cheio, já havia servido inúmeras mesas e as gorjetas foram mesmo generosas. Daria para os gastos que estávamos tendo na nova casa, o aluguel do mês estava ganho e ainda sobraria para outras pequenas coisas. Não era um kitnet pequeno, para a nossa sorte o proprietário tinha algumas casas no mesmo bairro e nos encantamos por aquela. Dividia o quarto com Duda, enquanto Ben pode ficar com um somente para ele.

Ele havia gostado bastante.

— Olivia? Há uma mesa pra você atender. – Minha gerente me cutucou.

Olhei para onde ela apontava e pude sentir emoções já conhecidas. Minha boca secou e a mente embaralhou, me deixando um pouco desnorteada.

Zoe?

Ela estava acompanhada pelas duas loiras, por João e o tal namoradinho.

“Malditas reações.”

— Por favor, Ivi, atende eles. – Ela me olhou como se eu estivesse pedindo o maior absurdo.

Bom, em tese era mesmo.

— Olivia...

— Eles são importantes, são pessoas de muita influência e... – Apelei.

— Eu sei quem são, mas por que você não quer atendê-los? – Mordi minha bochecha por dentro. – Aquele loiro é seu ex? Ou o outro de cabelos negros?

— Não! De forma alguma. Aquele loiro azedo não faz o meu tipo. – Me senti ofendida.

— E então?

— É uma longa história. – Ivi passou a mão sobre os fios negros.

Seu olhar sempre sério, agora expressavam leveza.

— Ok. Sua gorjeta vai ser minha. – Ela brincou.

      O alívio foi imediato, pois em definitivo, ver a Zoe não estava em meus planos. Sei que em algum momento teríamos de estar frente a frente, mas não precisava ser agora.

Me escondi atrás de uma estante que ia até o teto, era de madeira trabalhada e com algumas plantinhas que davam ao restaurante um ar mais fresco.

— Com tantos restaurantes. – Não podia me deixar dominar por aquilo. Em imediato, pensei em Yuna e na tarde maravilhosa que tivemos. – Não é da minha conta com quem ela sai. Merda!

— Tá se escondendo de quem? – Levei a mão ao peito, o xingamento morreu no exato momento que olhei para a mulher. – Desculpe, não quis te assustar.

A loira me encarava com um sorriso gentil.

— Você deve ser a Olivia, a nova funcionária. Me chamo Patrícia, sou a...

— Dona. – Eu iria mesmo xingar a minha chefe? – É um prazer conhece-la, senhorita Patrícia.

— Só Patrícia, por favor. – Ela parecia ser muito mais nova que eu. – Não pude dizer antes, mas seja bem-vinda a Lótus.

— Oh, muito obrigada. Você fez um trabalho lindo nesse lugar. – Ela sorriu outra vez.

— Obrigada, Olivia. Fico lisonjeada. – A mulher a minha frente transmitia uma áurea de leveza. – Preciso sair, você poderia avisar a Ivi que cheguei de viagem a pouco e que amanhã cedo estarei aqui?

— Claro, eu aviso sim. – Sorri de volta. – Boa noite.

— Obrigada e até amanhã, Olivia. Uma ótima noite. – Ela se afastou, indo para a porta da frente.

Fiquei a observa-la e tive a sensação que a conhecia. Redes sociais?

— Senhorita? Poderia me ajudar? – Um senhor chamou a minha atenção.

— Claro, senhor. Em que seria? – Ele não era um velho, deveria ter seus 40 anos.

E já havia vindo outras vezes.

— Pode me mostrar onde fica o banheiro? – Estranhei, mas decidi ajudar.

Fomos até a área dos banheiros, que ficava em um corredor, então fui surpreendida.

— O que o senhor está fazendo? – Fui prensada contra a parede. – Me solte.

Ele segurava as minhas mãos para trás.

— Oi, bonitinha. Eu tenho um recado do seu pai. – Senti o meu sangue gelar.

Não pode ser, não pode ser.

— Me solta ou eu vou gritar. – Passei a sentir um pouco de desespero.

— Vai ser pior, não me arriscaria se fosse você. – Ele enfiou algo no bolso do meu avental. – Seu pai mandou ver isso, ele vai entrar em contato em breve.

Deus, alguém me ajude.

— Que caralh*s você pensa que tá fazendo? – Só pude sentir o aperto sendo afrouxado e um barulho muito alto. – Você está bem?

João?

— Deus... – Me agarrei a ele.

Olhei para todos os lados e o homem asqueroso havia desaparecido, deixando apenas um vaso quebrado.

— Ele te machucou? – João segurou a minha face e a sua demonstrava preocupação.

— Não, você chegou a tempo. – Meus olhos queimavam.

— Precisamos fazer alguma coisa. Aquele idiota não pode ficar impune. – Me escondi em seu peito.

— Ele foi mandado pelo Fábio. 

— Como é?

— A senhorita está bem? – Os dois seguranças apareceram.

— Vou dar uma olhada em todo o restaurante. – O mais forte saiu rapidamente.

      Alguns minutos depois, estávamos dentro da sala da gerência. Ivi havia me dado um copo com água, João olhava as câmeras com o segurança. Ouvimos batidas na porta e a única pessoa que não queria ver, estava bem a minha frente. Pude sentir o meu peito ficar inquieto, as minhas mãos suaram.

Seu olhar veio de encontro ao meu e me atropelou como se fosse um caminhão.

— Como você está? – Zoe veio até a mim, mas eu não sabia dizer o que a sua face demonstrava, sua expressão era neutra.

Não houve contato físico.

— O João chegou a tempo de acontecer qualquer coisa. – O traidor deve ter avisado a ela.

— Já acharam aquele homem? – Zoe perguntou a Ivi.

— Já o identificamos e agora depende da Olivia. – Eles me olharam.

— Vamos a delegacia prestar queixas. – Zoe disse com um tom seco.

— Não, isso não...

— Já está decidido, Olivia. – Sua expressão era fechada.

Resolvi não contra argumentar.

— Zoe, precisamos conversar. – João a olhou sério.

Os dois iriam sair da sala, mas pararam assim que mais alguém se fez presente.

— Vim o mais rápido que pude. – A dona do restaurante veio diretamente a mim. – Como você está?

      Patrícia se agachou diante de mim, segurando as minhas mãos que antes estavam sobre a minha coxa. Rapidamente olhei para a Zoe, que estava com uma das sobrancelhas arqueadas.

— Estou bem, Patrícia. Ele não chegou a fazer nada. – Sua feição era de real preocupação.

— Sinto muito que isso tenha acontecido aqui, tomarei providências imediatamente. – Ela ficou de pé. – Você pode ir pra casa, amanhã não precisa vir.

— Mas eu não posso faltar. – Droga.

— Não se preocupe com isso, vá em paz. – Ela finalmente encarou Zoe e João.

Houve uma breve apresentação, logo depois deixamos o restaurante.

— Ele me entregou isso. – Tirei do meu bolso o pen drive.

      Não disse nada antes, contei somente dentro carro e deixei todos do restaurante pensando que foi uma tentativa de assédio, contar a verdade só me traria mais problemas.

— Ele disse mais alguma coisa? – João pegou o objeto.

— Que em breve, vai entrar em contato. – Aquele pesadelo de novo.

— Infeliz... – Zoe socou o teto.

Me encolhi, apenas respirando fundo.

— Desculpa estragar a noite de vocês. – A vida não me daria descanso? – Podemos não contar a mais ninguém? Só por enquanto.

— Vou deixar alguns seguranças com você. Por tempo indeterminado. – Zoe falou e seu tom ainda era duro, indiferente.

João não disse mais nada.

      Passamos na delegacia, fiz um boletim de ocorrência, deixamos a imagem que os seguranças conseguiram. Infelizmente, sabíamos que de nada adiantaria.

Eu só queria ir para casa.

 

— Olivia, chegamos. – João avisou.

Olhei para o portão.

— Se precisar de alguma coisa, não hesite em me chamar. – Apenas sorri. – A qualquer hora.

— Obrigada por tudo. Obrigada mesmo. – Abri a porta.

— Se cuida, Olivia. – Foi somente o que a Zoe falou. – Logo eles estarão aqui, são os mesmos da fazenda.

Ela não me olhava e eu julguei ser melhor assim.

— Obrigada.

      Tomei banho e não fiz o menor barulho, os meus irmãos dormiam e eu não queria explicar o que se passou, não com eles seguindo a vida. Liguei para Yuna, expliquei o que aconteceu. Passei um longo tempo conversando com ela.

Dormi com ela me olhando através da vídeo chamada.

 

 

      Olhei novamente para o cigarro aceso, o vendo ser consumido pelas chamas e a fumaça se espalhar pela sacada. Apenas o tinha entre os meus dedos, não o encostei em minha boca. Estava ansiosa, o cheiro me deixava estranhamente relaxada.

Não dava para ir ao supermercado e me distrair na máquina de garra.

— Quando isso vai passar? – Mordi meu lábio, olhando para a minha cama.

      Valentin dormia, seu corpo estava exposto depois das horas de sex* que tivemos. Em minha boca havia um sabor amargo, nem de longe estava em minha melhor fase. Esquecer aquela mulher exigia mais esforço do que imaginei e a grande verdade era: de nada adiantou. Eu continuava aqui, pensando nela, me preocupando e odiando o fato dela estar com outra.

— Pensando nela? – Nem ao menos notei que ele havia acordado.

Apaguei o cigarro.

— Eu não... não sei o que... – Mordi o meu lábio.

— Tá na hora de dizer o que tem escondido aí, Zoe. – Ele me deixou surpresa com toda a sua calma. – Vem, senta aqui.

— Me desculpe. – Valentin sorriu.

— Se você tá se esforçando tanto pra gostar de mim, significa que devemos mesmo pôr um fim na nossa relação. – Levei minha mão a cabeça, me sentindo uma imbecil. – Eu amo você, Zoe.

Meus olhos buscaram o dele, tentando achar algum vestígio de inverdade.

— E é por isso que quero seu bem. – Mas não havia.

— Eu sinto tanto, Valentin. – As palavras ficaram presas em minha garganta. Pensei por um momento. — Eu não quero te machucar, mas é o que tô fazendo. Eu juro que tentei, tentei, mas eu... droga.

Ele pareceu perceber o meu estado, me puxou para si.

— Não conseguiu, eu sei disso. Me dê só um tempo e prometo que poderemos ser bons amigos. – Fechei os meus olhos, incapaz de dizer qualquer outra coisa.

      Ver a Olivia trouxe de volta tudo o que fugi, quando a vi a vontade de abraça-la foi esmagadora. Ver a mulher que amo em um estado tão indefeso e ter que fingir indiferença foi extremamente difícil. Tentei me convencer no último mês que a odiava, que o fato de ter sido rejeitada foi o ponto final, mas por Deus, ainda pensava nela todos os dias. E tê-la tão próximo só serviu para constatar isso.

Foi difícil dormir depois que o Valentin deixou o meu apartamento.

 

Domingo, 3 de julho.

— Isso não pode ser verdade. – Joguei a porcaria do pen drive no chão.

— Aquele filho da puta. – João socou a mesa.

Passei minha mão sobre a nuca, apertei a área com força e depois aliviei.

— Ele só queria brincar com a gente. Esse cara é mesmo um doente. – A porcaria estava vazia.

Precisava de um analgésico.

— Fábio só nos deixará em paz quando morrer. — Massageei as minhas têmporas.

      Ele iria tentar entrar em contato com ela, mas como poderia a proteger se nem podíamos ficar próximas? Olivia corria perigo e só de imaginar que aquele canalha poderia machuca-la.

— Zoe, os seguranças mandaram uma mensagem. — João veio até a mim, mostrando a tela do celular.

— Vamos até eles. — Falei assim que li o conteúdo.

      Deixamos o apartamento de João, com destino a uma área afastada da cidade. Um segurança vinha logo atrás. Entramos em um ramal, chegando a uma espécie de fabrica abandonada.

Franzi o cenho.

— Por aqui, senhorita Zoe. — Ronny nos conduziu.

Entramos e em imediato pude ver um homem amarrado a uma máquina enferrujada.

— Ele desmaiou, não nos deu nenhuma informação. — Leo me trouxe uma cadeira.

Respirei fundo, travando uma batalha entre a raiva e a moral.

      Sabia que não era correto fazer justiça com as próprias mãos, mas a vontade era tremenda. O homem a minha frente se tratava do mesmo que atacou a Olivia no restaurante. Os meus seguranças haviam o caçado a noite toda.

— O que vamos fazer com ele? — João perguntou.

O carinha estava machucado.

— Deixa-lo em frente à delegacia, exatamente do jeito que está agora. — Meu lado moral venceu. — Fizeram um ótimo trabalho, rapazes.

Fiquei de pé.

     Voltei para o meu apartamento, tive que me arrumar para a comemoração do aniversário do meu ex-sogro. João e Violeta haviam tido uma briga, então a baixinha não o acompanharia.

Coloquei um terninho feminino, não estava no clima para me enfeitar.

— Zoe, já terminei. — Iris surgiu na porta do meu quarto. — Tá linda.

— Você também. — A loira usava um vestido branco, colado ao corpo.

Os olhos verdes estavam em destaque por conta da maquiagem mais escura.

— O Valentin me contou o que aconteceu. — Ela disse assim que entramos no elevador.

— Não pretendia magoa-lo. — Antes de a porta fechar, uma mão feminina se colocou ali.

Yuna.

Ela olhou de Iris para mim.

— Boa noite. — Ela nos cumprimentou.

— Boa noite. — Que desconfortável.

— Queria mesmo falar com você. — Ela me encarou. — Os seus seguranças, não serão necessários.

Ergui as duas sobrancelhas.

— Como é? — Minha voz saiu controlada.

— Eu mesma irei contratar alguns, não é necessário que você o faça. — Não pude deixar de rir.

— E por que acha que irei aceitar o que me disse? — Yuna levou a mão a cabeça, visivelmente, ela se controlava para não perder a postura.

— Olivia é a minha namorada, também é de minha responsabilidade cuidar dela. Eu posso e tenho os meios, não precisamos de você. — O meu sangue começou a ferver. — Nem de seus pretextos pra se aproximar da minha mulher.

Sua?

— Ela precisa de mim, você, eu quero que se foda. — A porta do elevador se abriu. — Eu disse que vou cuidar dela. O que você quer não é relevante.

— Vamos, Zoe. — Iris saiu me puxando.

      Entrei no carro, batendo a porta com força, precisava descontar a minha ira em algo. Segurei o volante com força, apoiei a minha testa e tentei voltar ao meu estado normal.

— Aquela mulherzinha, quem ela pensa que é? — Senti a mão de Iris em meu ombro.

— Respira devagar, Zoe. — Foi o que fiz.

Liguei o carro, dando partida.

      A festa de Jonathan seria em uma cobertura que eles mantinham em Ananindeua, o que era curioso, afinal os milionários viviam em condomínios de luxo em Belém ou nos caros edifícios. Os pais de João nunca foram convencionais, não era à toa que moravam em um sitio no meio do mato. Quando chegamos, fomos recepcionados por Carlos.

— Zoe, que prazer te ver. — Ele me abraçou exageradamente. — Quem é a sua amiga?

— Me chamo Iris, é um grande prazer. Qual seu nome?

— Esse é o Carlos, irmão do João. - Ele tentou abraça-la, mas a loira apenas lhe mostrou a mão para aperta-la.

Achei engraçada a cara que Carlos fez.

— Então, vou leva-las até os meus pais. – Pelo que parecia, ele iria grudar em nós.

       Fomos até a mesa onde meus ex-sogros estavam, rodeados de muitos desconhecidos para mim. Eles ainda não haviam aceitando o fim do nosso casamento, porém me trataram da mesma forma de sempre. Entreguei o presente escolhido há meses, e apresentei Iris a eles, que a reconheceram.

A família do governador era bastante conhecida.

— Mande meus cumprimentos ao seu irmão. — Jonathan falou, cheio de gentileza.

— Com toda certeza, e novamente, parabéns. — Ela sorriu.

      Momentos depois, João chegou e se juntou a nós, o seu olhar estava entristecido e eu me perguntei se era devido ao rompimento com Violeta. Decidi não sair de sua companhia, não queria deixa-lo naquela sozinho.

Carlos estava presente e isso sempre deixava João desconfortável.

— Queria dar uma notícia a vocês e acho que essa é a ocasião perfeita. — Carlos colocou o braço sobre o ombro da esposa. — Ella e eu iremos ser pais. Parabéns, vovôs.

A expressão dos meus ex-sogros foi de alegria.

— Não acredito, eu vou ser avô. — Jonathan abraçou o filho e depois a nora.

Olhei para João e vi em seus olhos uma tristeza disfarçada de indiferença.

— Finalmente uma criança pra alegrar o sitio. — Meu ex-sogro comemorou.

— É sim, papai, porque se depender do João, você nunca terá um neto. Não é, irmão? — Naquele momento, tive a certeza que as coisas não sairiam bem.

João retirou o braço de Carlos de seu ombro de uma forma bruta.

— Vai se foder, Carlos. — Os que estavam presentes arregalaram os olhos. — Eu tô cansado dessa porr*.

— João, acho bom que peça desculpas ao seu irmão, ou...

— Ou o que? — João estava com a face avermelhada. Eu poderia interferir, porém ele necessitava por aquelas coisas para fora.

— Calma, João...

— Calma é o caralh*, Carlos. Passei a merd* da minha vida tentando ganhar o respeito de vocês, nem que fosse a droga de um olhar orgulhoso seu, pai, o senhor sempre só teve olhos pro Carlo.

— Filho...

— Você também, mamãe, nunca escondeu a sua preferência. Pra vocês, eu sempre fui um bosta. — Ele olhou ao redor, depois para mim. — Me perdoe, Zoe, por tudo que te fiz.

— Chega desse showzinho, João. Tá nos envergonhando. — Carlos se meteu.

      João o encarou por breves segundos, até acerta-lo com um soco, levando-o ao chão, o nariz passou a sangrar em imediato.

— E antes que eu me esqueça, Ella, o Carlos te trai com aquela sua amiga, a Monique...

Todos fizeram um som em surpresa e eu apenas abafei o riso.

— Vamos, meninas. Vamos fazer uma festa de verdade no meu apartamento. — Olhei para os meus ex-sogros.

Eles mereciam.

       João saiu nos puxando, entramos no elevador as gargalhadas. Fazia tanto tempo que não me divertia daquela forma, tanto tempo que não o via assim, tão leve e solto. Olhei para Iris e por um breve momento, notei seu olhar para ele.

“Ora, ora...”

      Empurrei aquele pensamento para longe, ouvi João fazer algumas ligações e rejeitar todas as tentativas de contato do pai e do irmão. Passamos em um supermercado, ele encheu o carrinho de bebidas. Pouco mais que meia hora depois, estávamos em seu apartamento e haviam inúmeras pessoas circulando por ele.

Pessoas que eu nem ao menos conhecia.

— Tenho uma proposta a fazer. — Ele me entregou um shot.

— E o que seria? — Tomei o liquido, que desceu rasgando.

— Vamos esquecer as etiquetas por hoje e beber até cair. — Ele me deu uma rodela de limão com sal. — Que acha?

Iris riu.

— Uma vez na vida não irá nos matar. — Bebi outra dose. — Então, aceito. E você, Iris?

Ela nos olhou por uns segundos.

— Ok. Eu aceito também.

— É assim que se fala. — João a abraçou rapidamente. — Vamos beber, lindas mulheres.

      Havia mais de 20 pessoas andando, bebendo e dançando pelo apartamento, a música alta certamente traria confusão, entretanto, decidi fazer o mesmo que João e me despir de toda a etiqueta, da Zoe de sempre. Beber nunca foi uma predileção, nem ao menos me recordo se alguma vez cheguei a esse extremo, mas só dessa vez não faria mal.

— Ele vai ficar bem, não é? — Iris olhou para onde João estava.

O observei virar duas tequilas.

— Com toda certeza, acho que nunca o senti tão leve. Ele precisava mesmo daquele rompante.

Não contive o sorriso.

— E quanto a você? - Iris me encarou.

— Acho que cometi um erro com o seu irmão, pra começar, eu não deveria ter iniciado algo em cima de um sentimento que ainda não deixou de existir. - Tomei mais uma dose de tequila. — Que coisa horrível.

Ela gargalhou.

— Só se vive uma vez. – Ela imitou o meu gesto e bebeu aquela coisa, fazendo careta em seguida.

       Parei de contar quantas doses eu tomei, depois que cheguei na decima. Jamais havia exagerado tanto, nem em minha adolescência foi assim. Dancei, me soltei e até mesmo lembro de ter cantado um pouco antes de perder totalmente a consciência.

Não sei ao certo o que se passou, mas quando acordei, sentia a cabeça latejar.

— Você acordou. – Levantei em imediato ao ouvir aquela voz, sentindo o meu corpo reagir, o coração ficar aos pulos.

Levei a mão a cabeça, pois a mesma latejou forte.

— Olivia? – Pisquei algumas vezes, achando que estava vendo coisas.

Eu estava sonhando?

— O que deu em vocês? – Não era um sonho. – Olha a bagunça que está esse apartamento. Vocês têm quantos anos, afinal?

      Coloquei toda a minha atenção na mulher a minha frente e como ela era linda, ficava ainda mais com aquela expressão de descontentamento. O que ela estava fazendo aqui?

— Como chegou aqui? – Olhei para a janela e ainda estava escuro.

— João me ligou faz duas horas, ele estava chorando e me pediu pra vir até aqui. — Ela estava mesmo brava.

Aquilo me fez sorrir.

— Qual a graça? Olha pro seu estado, Zoe.

— Só achei fofo te ver assim. – Me sentei. – Onde está o João?

— Oli? – Franzi o cenho. – Ah, oi Zoe. Que festão, hein?!

Maria Eduarda sorriu, se aproximando.

— Oi, Duda...

— O João, ele... bem. – Olivia limpou a garganta.

— Ele tá peladão no quarto, aquela sua amiga loira, também tá do mesmo estado. — Ergui a sobrancelha.

— É sério? - Fiquei de pé outra vez, com certa dificuldade.

      Andamos pelo corredor até o quarto do João e eu senti uma vontade incontrolável de rir ao ver o estado dos dois e foi exatamente o que fiz, mas o meu estomago reclamou e por pouco não chego a tempo ao banheiro.

Senti duas mãos segurarem meu cabelo e não precisei me virar par saber que era ela.

— Toma um banho depois, vou fazer um café forte.

      Não estava em condições de responder, apenas sentia o meu coração acelerado, nada em me interior funcionava como deveria. Era incrível o poder que Olivia exercia sobre mim, sobre meu corpo, sobre o meu ser. Fechei os meus olhos, tentando não parecer desesperada, mas a verdade é que estava, mas ao mesmo tempo feliz, a mulher que eu amo com toda minha existência, estava bem aqui.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fim do capítulo

Notas finais:

Uma amizade talvez? 

Até segunda, meus amores.


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Comentários para 18 - Capitulo 18 - Liberdade e bebedeira.:
Helenna
Helenna

Em: 28/04/2022

Amor e amizade!

 

Ótimo esse extra!

Obrigada

 

Abraços

 

 

 

 

 

 

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patty-321
patty-321

Em: 28/04/2022

Hum. Yuna foi bem antipática ou ela quis desmarcar território?

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Lea
Lea

Em: 28/04/2022

Estranho,pq o Fábio enviaria um pen drive vazio para a Olívia? Aí tem. Uma ameça "invisível".

Yuna defendendo "seu" território. Ah, não senti emoção nenhuma da parte da Olívia transando com a Yuna!

Que bom que a Zoe colocou um ponto final na relação com o Valentin. Dois sofrendo não é saudável em um relacionamento.

João jogou toda a sua raiva para fora. Adorei.

Vamos lá, entendi direito,a Íris gosta do João,os dois transaram. Ferrou tudo. Como fica a parte que envolve a Violeta??

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