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A Última Rosa por Vandinha

Ver comentários: 5

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Palavras: 1864
Acessos: 770   |  Postado em: 21/04/2022

Capitulo 71

 

A Última Rosa -- Capítulo 71


Maya sentia-se como se um peso enorme tivesse sido retirado dos seus ombros.

-- Já que vocês insistem, eu vou passar essa noite aqui.

-- Ah, Maya. Você sempre será bem-vinda, esta casa é sua também. 

Maya estudou as rugas profundas no rosto do pai, o castanho empalidecido do olhar. Nunca mais os abandonaria.

-- Eu sei pai -- Maya afagou-lhe os cabelos grisalhos e beijou-o em ambas as faces -- Agora, vamos conversar sobre coisas boas, como está a tia Marta?


O voo foi ótimo e após três horas e quarenta minutos o avião pousou em Verdes Mares. Qualquer cansaço que Jéssica pudesse estar sentindo foi imediatamente esquecido pelo pensamento de que Maya poderia estar sofrendo sozinha.

"Soube de gente que suicidou-se por bem menos". Ela pensava nas palavras de Natália, enquanto atravessava o saguão do aeroporto. E, carregando uma pequena mala e uma caixa de Ferrero Rocher, entrou no táxi. 

-- Quero ir para São Batista -- disse Jéssica, ao motorista -- Hotel Santa Fé.

-- Ah, desculpa moça, mas à essa hora não vai dar.

Ela olhou séria para ele e falou gentilmente:

-- Dá sim, cala a boca e dirige.


Maya suspirou fundo, e jogou o celular sobre a cama. 

-- Algum problema? -- perguntou Carmem, fechando a porta atrás de si.

-- A Jessica não está respondendo aos meus whatsapps, sequer visualizou. 

Carmem sentou-se na cama, ao lado da irmã.

-- Acho que ela aproveitou a sua viagem para dar umas fugidas.

-- Quem? A Jess? -- Maya riu -- Eu e a Jess construímos um relacionamento baseado em confiança, amizade, respeito, carinho, companheirismo e, principalmente, em amor. Foi difícil, tem muita coisa envolvida como: autoconfiança, traumas passados, falta de diálogo. Enfim, tivemos os nossos momentos de insegurança, mas hoje, o nosso amor está em outro patamar.

-- Tenho inveja de você -- disse Carmem. Havia uma tristeza na voz dela que preocupou Maya.

-- As coisas não estão fáceis, não é mesmo? A mãe me contou sobre o seu casamento.

Carmem mantinha a cabeça baixa.

-- Felix, meu ex marido, está me ameaçando de morte. Estou pensando em me mudar para bem longe daqui.

-- Poxa, Carmem. 

-- Ele vai me matar, Maya. Sinto que isso está perto de acontecer -- Carmem olhou para a irmã fixamente, com uma indisfarçável expressão de tristeza e abatimento -- Já fiz tudo o que estava ao meu alcance, mas o máximo que consegui foi uma medida protetiva de segurança. A juíza proibiu o Félix de se aproximar de mim. Ela determinou também que ele não se aproxime dos meus familiares, a menos de 20 metros de distância.

-- Ele está respeitando a ordem judicial?

-- Imagina. Não existe lei para aquele homem.

Maya segurou as mãos dela entre as suas.

-- Não fique assim, vamos pensar em algo. Estou do seu lado.



O hotel Santa Fé estava situado numa praça de São Batista. Na sua entrada havia um porteiro parado à sombra de um toldo. Jessica ergueu a cabeça e entrou no saguão. Uma mistura de perfumes e aroma de café fresco permeava o ar. Aproximou-se do recepcionista: 

-- Meu nome é Jéssica! Estou procurando pela hospede Maya Simas. 

O jovem olhou rapidamente para ela e consultou a tela do monitor à sua frente.

-- Sim, o nome dela está aqui, mas a senhorita Maya não está. Ela saiu ontem de manhã e ainda não retornou. 

-- Entendo.

-- Ela sabe que a senhorita está aqui?

-- Não, Maya não sabe. Eu quero fazer uma surpresa a ela.

Jessica decidiu dar uma volta pelos arredores do hotel enquanto aguardava pelo retorno de Maya. Aproveitou para se sentar à sombra de uma árvore frondosa e ouvir o canto dos passarinhos. O Hotel Santa Fé não era nada parecido com os hotéis de Hills, mas o que faltava em matéria de luxo era compensado pela beleza da vegetação. 

Decidiu enviar uma mensagem de áudio para Maya:

-- Bom dia amor, onde você está?

Maya respondeu imediatamente:

-- Finalmente, dona Jessica! Eu que pergunto, onde você estava que não respondeu às minhas mensagens?

-- Estava trabalhando, amor -- Jessica conteve o riso -- Ainda está na casa dos seus pais?

-- Nesse momento estou voltando ao hotel.

Jessica sorriu, satisfeita.

-- Ótimo, mais tarde me liga contando as novidades. Beijos.

-- Beijos -- Maya respondeu, sorrindo. A noite passada tinha sido incrível. Parecia que ela e a irmã haviam voltado ao passado, para as noites de conversas que passaram naquele mesmo quarto anos atrás.  

-- Aqui está bom -- disse Maya, assim que o táxi parou no estacionamento do pequeno hotel -- Obrigada! 

-- Ei, você!

A voz suave de Jessica soou pelo campo aberto e Maya girou a cabeça na direção de onde vinha o som. Assim que a avistou, Maya imediatamente foi ao encontro dela.

-- Eu não acredito! -- ela apressou o passo -- Você veio!

Jessica abriu os braços, num gesto mais significativo que mil palavras. Maya refugiou-se neles, recebendo todo o amor do mundo.

-- Pensou que eu fosse deixar o meu amendoinzinho sozinha?

Maya afastou-se um pouco.

-- Porque amendoinzinho?

-- Sei lá, acho que é porque eu adoro amendoim torrado.

-- Hã! -- Maya apanhou a mão de Jessica e entrelaçando os dedos nos dela, propôs um passeio pelas redondezas -- Tenho que admitir que estou surpresa por você ter decidido vir atrás de mim. Você é maravilhosa! -- ela exclamou e beijou os lábios de Jéssica. Mas antes que pudesse aprofundar o beijo, Maya se esquivou e baixou a cabeça.

-- O que houve? -- perguntou Jessica, surpresa.

Maya não tinha a intenção de continuar com as carícias antes que elas tivessem uma conversa séria.

-- Preciso te contar uma coisa.

Jessica ergueu as sobrancelhas.

-- O que você aprontou?

-- Eu convidei a Carmem para ir comigo para Hills -- ela declarou com a voz estremecida e começou a torcer a ponta do rabo de cavalo.

-- A Carmem, aquela dedo duro que ficava espionando a gente para depois contar para o seu pai?

-- Ela mesma -- Maya balançou a cabeça -- Preciso que você entenda uma coisa.

-- Entender o que? -- Jessica estava irritada -- Ela sempre me odiou e não perdia uma oportunidade para me humilhar.

-- Você tem toda a razão de não querer a Carmem por perto. Ela foi muito maldosa em nossa época de escola -- Maya baixou os olhos e ficou observando arbustos e pequenas árvores balançando nas rajadas de vento -- Mas tudo mudou, os meu pais mudaram, a Carmem mudou -- Maya sentou-se em um banco e apoiou os cotovelos nos joelhos. Jessica permaneceu em pé, atenta às palavras da noiva -- Ela está sendo ameaçada de morte pelo ex marido. Eu não posso abandoná-la, ela é a minha irmã, Jess -- ela confessou com a voz tão fraca que mais parecia um sussurro.

Jessica também sentou-se no banco, tocou no joelho dela e sorriu. 

-- Você é o amor da minha vida, Maya. Não quero te ver triste e nem preocupada. Se levar a bruxa para perto de nós te deixa tranquila, quem sou eu para contestar -- Jessica levantou-se, estendeu a mão e pediu que ela também levantasse -- Mas se ela começar a infernizar a nossa vida, não vai ser preciso o ex marido para matá-la. 

-- Jessica!!!

-- Só estou brincando.

-- Brincadeira sem graça.

Jessica enlaçou a cintura de Maya e aproximou o corpo dela do seu. 

-- Eta, que a sua família não pode ver uma confusão que já vai se metendo. Que coisa!

Maya afundou o rosto no tecido macio de algodão da camiseta que ela usava.

-- Quem fala. 

Jessica afagava as costas dela com carinho.

-- Convidou a sua família para o nosso casamento?

Maya permaneceu em silêncio. Jessica levantou-lhe o queixo com a ponta de um dedo e forçou-a a encará-la.

-- Você não contou à eles que vamos nos casar?

Maya negou com um gesto de cabeça.

-- Porque? -- perguntou Jessica.

-- Achei que seria demais para a cabeça deles. 

Jessica olhou para o alto incrédula ou decepcionada, talvez um pouco dos dois.

-- Pensei que tivesse vindo para ter uma conversa franca com os seus pais. Abrir o jogo e não esconder nada.

-- Eu tive uma conversa franca com eles. 

-- E não me incluiu na conversa franca?

-- Claro que sim! Contei que estamos juntas.

Jessica estreitou os olhos, como se estivesse pensando.

-- Ótimo -- ela afirmou, com voz animada -- Já é um começo. Então, pedir à sua mão em casamento será o próximo passo. 

-- Pedir a minha mão em casamento? -- Maya engasgou -- Você só pode estar brincando! 

-- Brincando de pedir a sua mão? De jeito nenhum. 

-- Então está louca. Pedir a minha mão para os meus pais? Não há a menor condição! 

-- Por acaso você tem medo dos seus pais, Maya?

-- Claro que não!

-- Pois então, eu também não tenho. Não há nada que me impeça de ir até lá e pedir a sua mão. 

Maya ficou um tempo olhando para ela. O que podia fazer para tirar essa ideia maluca da cabeça dela? Quando Jessica cismava com alguma coisa, era pior que uma mula.

-- Jess, meu pai é antiquado. Pode até sofrer um infarto com a notícia.

-- Levamos um cardiologista junto, então.

Maya bufou e saiu caminhando em direção ao hotel.

-- Vou tomar um banho e descansar um pouco.

-- Eu não -- disse Jessica.

Maya se virou para ela.

-- Não me provoque, Jess. 

-- Não é provocação, eu quero falar com os seus pais -- seu rosto expressivo manifestava uma vontade inflexível -- Vamos falar a verdade à eles, se o seu pai não aceitar, tudo bem. Mas pelo menos não levamos conosco o arrependimento de não termos falado.

Afastando os cabelos de seu rosto, Maya beijou-a com carinho na face e na ponta do nariz. Sua expressão suavizou-se e ela falou calmamente:

-- Você está certa. Desculpa, amor. Eu vou ligar avisando que estamos indo.


Jessica abriu a porta do carro para Maya descer, pagou o taxista e olhou para a casinha branca dos Simas. A casa era pequena, mas maravilhosa. Seu telhado bem inclinado era interrompido aqui e ali por janelas altas. 

Jessica e Maya percorreram em silêncio a pequena distância que separava o portão da entrada do bangalô. 

Maya suspirou, sentindo-se ligeiramente nervosa. Jessica colocou uma das mãos no ombro da noiva, fazendo-a parar.

-- Você está bem? -- perguntou, observando-a com atenção.

Maya não conseguiu disfarçar a expressão de angústia que passou por seu rosto e Jessica lançou um olhar compreensivo. 

-- Oh, Jess, eu não quero que você seja magoada, sou capaz de fazer qualquer coisa para defendê-la. E se isso significa que terei que brigar com ele, não hesitarei um segundo.

-- Olhe, Maya, você não disse que ele mudou? Então... -- Jessica começou, mas, neste momento, Honório abriu a porta e ela se calou.

-- Maya? Jessica? O que é que vocês estão cochichando aí fora?













.


 









 

Fim do capítulo


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Comentários para 71 - Capitulo 71:
Marta Andrade dos Santos
Marta Andrade dos Santos

Em: 23/04/2022

Surpresa kkkkkk

Responder

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patty-321
patty-321

Em: 22/04/2022

Jess e corajosa.gosto disso 


Resposta do autor:

patty-321

Sim, acho que elas aprenderam com o passado. A covardia as separou.

Abraços.

Responder

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NovaAqui
NovaAqui

Em: 22/04/2022

Leva a família toda para morar em Hills. E manda prender esse ex marido da irmã

Agora é pedir a mão de sua amada e partiu casar.

Fico imaginando o pai da Maya com o Pepe. O velho vai enlouquecer com o Pepe falando pelos cotovelos kkkkk

Abraços


Resposta do autor:

Olá NovaAqui.

Honório e Pepe, esse encontro vai acontecer, pode ter certeza.

Paz e Luz.

Responder

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Lea
Lea

Em: 21/04/2022

Capítulo curto,faz tempo que não vejo um assim!! 

Já falei que adoro a Jéssica? Pois é,adoro a Jéssica! Kkkkkk 

Aparentemente a família da Maya a aceitou!

Veremos na hora em que a Jéssica fizer o pedido de casamento!

Só acredito vendo! Hahahaha 

Boa noite Vandinha!!

 

 

 


Resposta do autor:

Olá Lea.

A história está chegando ao fim e os capítulos serão curtos para eu poder dar um final legal para todos os personagens.

Beijos. Até. 

Responder

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Mille
Mille

Em: 21/04/2022

Oi Vandinha 

Jessica vai encerrar os sogros e claro que ninguém a segura. 

Bjus e até o próximo capítulo 


Resposta do autor:

Olá Mille.

Com certeza.

Beijos. Até.

Responder

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