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Fique por Leticia Petra

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Palavras: 4866
Acessos: 3819   |  Postado em: 15/04/2022

Capitulo 13 - Se expondo.

 

— Marina, como a vovó reagiu a isso tudo? Ela já sabe que eu sou neta de sangue dela? – Minha irmã me olhou rapidamente e depois voltou a fitar o horizonte.

— A vovó ficou muito mal com essa situação do papai. Liguei mais cedo e soube que ela estava de cama, mas nada grave, não se preocupe. – Mordi minha bochecha por dentro, não deixando de notar que ela respondeu apenas uma das duas perguntas.

— Quando isso tudo acalmar, eu vou vê-la. Ela deve estar sofrendo muito. – Um pequeno nó se formou em minha garganta.

— Irei com você, afinal ela deve estar bem confusa com toda essa situação. Já ligou para ela? – Fitei as minhas mãos.

— Não tive coragem... – Resolvi ser sincera.

Estávamos algum tempo ali, apenas vendo o tempo passar.

— Oli, o papai chegou a bater em você? – Pisquei várias vezes, surpresa com a pergunta.

Me calei por uns segundos, recordando de todas as ocasiões em que ele levantou a mão para mim.

— Sim. Algumas vezes...

Marina levantou, parecendo ficar nervosa.

— Como pude ser tão relapsa? Não acredito que...

— Marina? – Ela não me olhou. — Não precisa ficar assim.

— Como não? Eu fui uma irmã tão ruim. Eu vou entrar... preciso organizar essa bagunça. – Ela se agachou ao meu lado, beijando minha testa. — Eu vou te compensar, Oli. Prometo.

Minha irmã entrou no casarão.

— Trouxe esse sanduiche pra você, tia. – Benjamin estava todo sujo, os fios castanhos estavam longos.

Sua face estava corada.

— Obrigada, querido. – Ele me encarava. – Aconteceu alguma coisa? Acho que esse cabelo tá precisando de um corte.

— Nada, tia. – Ben entrelaçou seus dedos aos meus. – Tô feliz, a senhora voltou pra casa e agora estamos juntos. A senhora vai cortar meu cabelo?

Senti uma vontade enorme de chorar.

— Depois que eu terminar o sanduiche, vamos ver como estão os gatinhos? – Ele me encarou outra vez. – Sim, eu vou cortar, vai ficar ainda mais lindo.

— Vamos tia, eu queria dar nomes a eles. Podemos? – Como alguém que até há umas semanas era um total desconhecido, agora se tornou uma parte tão importante e essencial da minha vida?

      Nunca imaginei que seria possível desenvolver sentimentos tão rapidamente por alguém, passar a vida toda sem saber da existência dessas pessoas, não podemos formar laços e mesmo assim com um espaço estreito de tempo, já não poderia viver a vida sem a presença deles.

Não me imaginava sem eles.

— Já tem algo em mente? – Esse pequeno ser, essa sensação.

— Sim, o que parece o frajola, podemos chamar de Batman. – Não pude controlar o riso.

— Eu adorei, você é bom nisso. – Ben sorriu convencido.

— Tia, eu te amo. – Ele me abraçou de lado, me pegando desprevenida.

Por um instante, foi como se o mundo parasse.

— Eu... eu te amo também, Ben. – Retribui o abraço. – Amo muito.

Ficamos ali por um longo tempo, engoli a vontade de chorar.

 

      Depois do almoço, com a permissão de Eric, cortei o cabelo de Benjamin e ele adorou, conversamos por um tempo, até que fui para a clínica e passei a tarde toda ali e quando o relógio marcava 16:45hrs, notei uma movimentação no estabulo. Me aproximei e pude ver os funcionários tentando colocar uma égua na baia, mas ela se recusava com bravura.

Era um animal bonito, de pelagem negra. Tão lindo, quanto selvagem.

— Cuidado, ela tá agitada demais. – Um dos homens falou.

— Bonita, não é? – Somente naquele momento notei que aquele homem da empresa em que Eric trabalhava, estava ali.

Desde a primeira vez que o vi, percebi que havia algum passado entre ele e a Zoe.

— Muito, ela parece ser de linhagem pura. – Os homens conseguiram pôr a égua na baia.

— Seu tio a mandou pra você. – Franzi o cenho.

— Meu tio? – Encarei aquele homem.

Como é mesmo o nome dele? Carlos, Charles?

— Sim, ele me pediu para entregar a você. Ela será adestrada e logo poderá monta-la. – Por que o tio Bernardo faria isso?

— Eu não posso aceitar, ela deve ter sido...

— Caríssima? Sim, mas o seu tio fez questão. – Essa história estava estranha.

Assim, do nada?

— Olivia? Posso conversar com você? – A minha mãe se aproximou.

Olhei uma outra vez para aquele moço e depois para a égua.

— Pode, vamos conversar no meu quarto. – Deixamos o estabulo em um silencio mortal.

Era a hora de acabar com aquilo.

— Filha, tô preocupada com você. – Minha mãe esfregava a mão uma na outra. – Você tá triste e eu notei que a partida da Zoe te afetou.

Estava tão na cara assim? Escancarado.

— Você e a Zoe, vocês estão... estão tendo um caso? – Eu deveria dizer o que? A verdade talvez seria melhor.

Pensei por algum tempo.

— Não, mamãe, foi só algo passageiro. – Ela ficou muda por vários segundos, a conhecendo, ela deveria estar se policiando.

Senti os meus olhos lacrimejarem.

— Filha, você gosta da Zoe? – Fui até ela e a abracei, escondendo meu rosto em seu pescoço. – Oh, filha...

Eu estava me sentindo tão frágil, que possivelmente o vento me faria desmoronar.

— Me deixa ficar aqui, só um pouco? – Eu não queria chorar, mas não estava conseguindo ser forte o suficiente.

Tudo o que se passou me afetou de uma maneira que jamais pensei ser possível. O amor doía...

Amor...

— Você não precisa dizer mais nada, minha filha, eu já entendi. – Ela me acolheu.

— Já acabou, mãe, mas eu quero dizer, porque tá me sufocando muito. Eu gosto muito da Zoe, mas eu sei que a gente não tem futuro. – Ela fazia carinho em meus cabelos. – Mãe, eu não quero mais ficar longe da senhora.

— Me perdoa por ter escondido tanta coisa de você, filha. Eu quero te compensar, então me deixa ficar perto de você. – A apertei, prendendo o folego por um momento.

Um acordo silencioso foi selado entre nós, minha mãe permaneceu no quarto comigo.

 

Sábado, 26 de abril.

      Vários dias se passaram, ignorei algumas mensagens e ligações da Zoe, o bilhete deixado por ela foi rasgado, eu não saberia o que dizer, certamente se ela aparecesse na fazenda, toda a minha segurança iria ruir. Não conseguiria afasta-la uma segunda vez.

Precisava seguir firme.

      Durante aquele tempo, aprendi muito com a Lanna e nos fins da tarde, tentava domar a nova égua ainda sem nome. Ela me derrubou por algumas vezes, alguns peões se divertiam com as minhas falhas tentativas e hoje era mais um dia de hematomas.

Por falar em peões, até ganhei um amigo.

— Escuta, tem certeza que não quer parar? A Zoe é muito bruta. – Maria Eduarda vivia chamando a égua por esse nome.

— Já te falei que o nome dela não é esse, Duda. – Ela sorriu.

— Dona Olivia é muito danada de corajosa, ela vai conseguir. – Felipe, filho de um dos trabalhares da fazenda, me incentivava.

Sorri, convencida do elogio.

— Vai mesmo tentar fazer isso? É muito perigoso, Oli, você ainda tem marcas roxas da última vez. – Marina e suas tentativas em vão.

— Vocês duas são tão estraga prazeres, olhem o Ben e o Eric, estão super de boa. Só se unem pra pegar no meu pé. – Sorri, me afastando.

Marina e Duda não se davam bem, elas viviam em pé de guerra. As partidas de baralho sempre terminavam com bate bota.

— Vai lá, dona Olivia. – Felipe gritou.

      A égua estava parada no meio da pequena arena feita especialmente para aquele fim. Me aproximei, com toda cautela do mundo. A última vez que ela me levou ao chão, passei três dias com o bumbum dolorido.

— Por favor, pega leve comigo hoje. – Se o Caio estivesse aqui. — Prometo que terá recompensas.

— Oli, estão apostando na Zoe. – Eric gritou, fazendo os outros rirem.

O nome havia se espalhado.

— Não ligue para eles, só olhe pra mim, garota. – Fiz carinho em sua crina, toquei a cela e esperei alguma reação.

Ela continuava imóvel.

— Vou subir agora... – Apoiei minha perna esquerda e me impulsionei, montando nela. – Isso, calminha...

      A égua passou a dar trotes leves e eu começava a me sentir mais confiante, quando ela acelerou, fazendo a minha frequência cardíaca aumentar. Zoe tentou me derrubar, circulando a arena cada vez mais veloz e bruscamente parou, me jogando do outro lado do cercado.

Senti o impacto na minha costa, mas não me sentia mal e sim com muita vontade de rir.

— Você tá bem? – Minha mãe se agachou ao meu lado. – Chamem uma ambulância.

— Mãe, não é preciso... – Ri, mas parei ao sentir a dor. – Só me levantem.

Eric e ela me ajudaram a ficar de pé, os peões que ali estavam, riam e aplaudiam.

— O placar está de lavada pra Zoe. – Um deles gritou, me fazendo rir.

— Parece que você tem fãs. – Maria Eduarda gargalhou.

— Do que tá rindo? Olha com ela tá. – Marina me entregou uma garrafinha com água.

— Você é tão chata, garota. Não sei pra quem deve ter puxado esse gênio, sua mãe é tão gente boa.

— Vocês vão começar outra vez? – Ben brigou com as duas. – Vem tia, da próxima a senhora consegue.

Deixamos as duas para trás, adentrando o casarão.

      Tomei um banho bem longo e estava um pouco animada, Yuna chegaria em breve. Estava ansiosa para vê-la e um pouco receosa também. Os meus sentimentos andavam tortuosos e direcionados a uma única pessoa. Pensava em Zoe todos os dias e isso me deixava sem saber como agir na presença de Yuna.

 Eu deveria contar o que estou passando? Acho que é o mínimo que poderia fazer.

— Oli, a sua amiga acabou de chegar. – Marina bateu na porta.

— Já vou descer.

Terminei de vestir minha roupa e desci às pressas, estava louca para vê-la.

— Que saudade! – Eu disse, assim que a abracei.

— Eu também estava. – Yuna respondeu, me apertando contra si.

— E eu? Também não sentiu minha falta? – Mina cruzou os braços.

— Vem cá, sua fedelha.

Mina gargalhou e me abraçou.

— Vamos, quero apresentar vocês a todos...

      Fomos até a sala, onde eles estavam esperando e pelo que percebi, um pouco curiosos com a visita. Ben e Mina fizeram amizade incrivelmente rápido, os dois passaram a conversar no sofá depois do jantar.

— Seu sobrinho, ele parece encantado com a minha irmã. – Olhei rapidamente para os dois. – Quantos anos ele tem?

— Vai fazer treze amanhã, iremos fazer uma pequena comemoração. – Yuna sorriu. – Você está com ciúmes?

— Ah, não é bem isso... eu. – Não pude deixar de rir. – Para! Talvez eu esteja um pouco.

— Ela vai ficar bem, eles dois estão apenas conversando, senhorita protetora. – Segurei sua mão, atraindo seu olhar.

— Filha, já preparei o quarto e as malas já estão lá. – Minha estava louca para me perguntar algo. – Talvez você e sua irmã queiram tomar um banho quente, querida.

— É uma ótima ideia, senhorita Cavalcante. – Ela certamente estava querendo ficar a sós comigo.

A olhei, erguendo a sobrancelha.

— Mina, vamos subir e tomar banho?

— Claro! Ben, eu volto em uns minutos. – Mina veio até nós.

— Vou esperar vocês. – Sorri.

Yuna e Mina subiram, então encarei a minha mãe.

— Mãe, deixa a Olivia em paz. – Marina veio ao meu socorro.

— Mas...

— Vamos para o escritório, temos algumas pendencias. – Marina a arrastou dali.

— A Mina é legal, não é tia? Acho que vou convidar ela pra conhecer os gatinhos. – Benjamin se sentou ao meu lado. – Será que ela vai me achar uma criança por isso?

Sorri com a preocupação genuína.

— Eu acho uma ótima ideia, querido. Podemos fazer isso amanhã, você pode leva-la pra conhecer a fazenda. – Pude ver o quanto a ideia o agradou.

— Olivia, chame sua amiga pra jogar baralho quando ela descer. – Eric estava na mesa de jantar junto de Duda.

— Eric e eu estamos apostando. – Levantei, indo até eles.

— Tia Olivia, nem se envolve nisso. O papai e a tia Duda roubam toda vez. – Ben sentou.

— Garoto, não diga besteiras. – Eric o repreendeu.

      Yuna e Mina logo desceram e se juntaram a nós e Ben tinha razão, os dois eram uns trapaceiros. Minha mãe e Marina também resolveram arriscar, Duda e Marina passaram a competir entre si.

— Eu tô fora... – Joguei minhas cartas.

— Desisto também. – Yuna me encarou.

— Vocês também vão desistir? Essa é a rodada do tudo ou nada. – Duda provocou.

— É claro que não vamos desistir. Eric, embaralha isso aí. – Marina respondeu.

— Elas estão levando mesmo a sério. – Yuna cochichou em meu ouvido.

— Acho que essa é a nossa deixa. – Ela sorriu e levantamos, indo para a varanda.

Caia uma chuva leve, deixando o tempo agradável.

— Você parece adaptada a esse lugar. – Nos encaramos.

— O lugar me ganhou por completo. – Sorri. – Eu preciso te contar uma coisa.

Yuna segurou minha mão.

— Estou te ouvido...

Respirei fundo, analisando como começaria a dizer aquilo.

— Você lembra que eu disse que estava dividida? – Ela confirmou com um acenar de cabeça. – Essa pessoa é a Zoe.

Ela não me pareceu surpresa.

— O que aconteceu? – Mordi meu lábio.

— A gente se envolveu, mas as coisas já chegaram ao fim. – Yu ficou em silencio por uns segundos.

— Agora entendo o motivo de ser olhada com tanta arrogância pela Zoe. – Franzi o cenho. – Isso te afetou?

Passei a mão sobre a cabeça, até chegar à nuca.

— Que pergunta boba, é claro que te afetou. Oli, você pode levar o seu tempo, o que sinto não é passageiro e não é tão frágil. Obrigada por contar, isso me faz sentir parte da sua vida. – Yuna é mesmo uma mulher incrível.

— Você não cansa de me surpreender. – Apoiei minha cabeça em seu ombro. – Que bom que está aqui.

— Você roubou sim! – Ouvimos a voz de Marina.

— Deixa de ser uma má perdedora. Eu joguei limpo...

Yuna e eu voltamos até a sala de jantar.

— Roubou sim! De onde tirou esses trios?

— Você deve se divertir muito aqui. – Yuna falou baixinho, rindo das duas que não paravam de discutir. – Sua família é incrível.

Olhei para eles, estavam rindo e parecia uma família normal.

“Eles são sim.”

 

 

      O céu estava nublado, havia chovido o dia inteiro, deixando o clima de Belém mais frio. Os meus pensamentos estavam longe, mas especificamente em Olivia. Ela estava me evitando e eu precisava vê-la. Havia adiantado todo o meu trabalho, meu pai ainda estava fora do país, porém João ficaria à frente de tudo.

E fazia mais de quinze dias desde que Caio me contou sobre ele e o meu pai.

— Ah, papai... – Olhei as horas.

Preciso ir dormir.

      Separei o presente de Ben, Maria havia me dito que no dia seguinte seria o aniversário dele e então decidi comprar algo. O garoto é um carinha muito fácil de se encantar, o jeito doce ganha qualquer um e eu não era imune. Estava contando com a dica que Maria Eduarda havia me dado.

 

No dia seguinte.

      Decidi sair cedo, pois queria chegar o mais breve possível à fazenda e quando me aproximei do casarão, notei um carro diferente estacionado. No mesmo momento, me recordei do que a irmã de Yuna havia dito sobre a vinda das duas.

Aquele incomodo novamente me fez visita.

— Você voltou. – Maria Eduarda me abraçou assim que sai do carro.

— Estou faminta. – Ela se afastou e sorriu.

— Fiz um bolo de milho, você gosta? – Nesse momento, Benjamin desceu a pequena escadaria ao lado de Mina.

Os dois sorriram ao me ver.

— Não achei que iria te ver tão cedo. – A irmã de Yuna falou.

— Decidiram te dar férias das pastas? – Ela riu.

— Parece que a você também. – A menina era afiada, eu gostava disso nela.

— Então vocês já se conhecem. – Maria pegou a minha mala.

— Belém é um ovo. Onde está a Olivia? – Olhei ao redor.

— Ela deve tá no estabulo trabalhando. – Trabalhando?

— Vou levar isso pra dentro. – Peguei a mala das mãos de Maria.

— Você carrega o que aí? Isso tá tão pesado. – Olivia estaria com Yuna?

Só de pensar nessa possibilidade, me enchia de fúria.

— Você tá sedentária, Duda.

      Comi algo rapidamente, desfiz as minhas malas, falei com a minha tia, a notando estranha, e sai do casarão a procura de Olivia. Fui informada que ela estava na clínica e antes e chegar à porta, pude ouvir a sua voz.

— Você pode...

      Me aproximei e senti o coração gelar, Olivia era beijada por aquela mulher. Me afastei, sem fazer barulho. Voltei para o casarão no automático, indo para o quarto e permaneci lá por um longo tempo. Sentia o coração sendo castigado por um incomodo traiçoeiro chamado ciúmes.

Recordei da conversa que tive com João no restaurante.

— Parece que há mais uma pessoa na disputa, não é mesmo?

— Você quer o coração da Olivia, eu quero o corpo. Nesse caso, sua concorrente pro coração dela é aquela lá.

— Então vai me dizer que não se sente nenhum pouco incomodada com a possibilidade de nenhum de nós dois sermos os felicitados e aquela bela asiática ali ter o coração... e o corpo?

Eu deveria insistir ou apenas deixar que Olivia...

— Droga! – Eu nem conseguia pensar nisso.

Essa é a parte ruim de estar apaixonado, essa maldita sensação de fraqueza.

— Zoe? – Era a voz de Maria. – Vem comer.

— Já vou descer. – Respirei fundo, passando a mão sobre a nuca. – Não me reconheço, estou mesmo intimidada com isso?

“Quando que imaginei que estaria insegura?”

Abri a porta do quarto para sair.

— Zoe? – Segurei a maçaneta um pouco mais forte. – Quando você...

— Oli, você deixou o seu celular... – Yuna parou de falar assim que me viu. – Olá, Zoe.

— Olá Yuna, Olivia. – Dei o meu melhor sorriso.

Fechei a porta.

— Com licença.

Não era o momento para dizer nada. Não sou mulher de barraco ou ceninhas, porém o ciúme queimava em meu peito.

Desci as escadas.

      O almoço foi servido assim que as duas se juntaram a nós, Olivia se sentou ao meu lado e Yuna logo adiante. A conversa na mesa girava em torno da festa de aniversário de Ben, esse nem ao menos prestava atenção, estava distraído com Mina.

— Ainda bem que você pode vir, Zoe. – Eric comentou.

— Não poderia faltar. – Notei que minha tia me encarava de forma analítica.

— O tio Bernardo já voltou da viagem? – Marina me serviu salada.

— Obrigada! Ele ainda tá no exterior, mas acredito que amanhã já esteja embarcando de volta. – Queria que aquele almoço chegasse logo ao fim.

— Já soube do festival da fazenda Carolina? Esse ano a fazenda do tio Bernardo irá participar. – Franzi o cenho com a informação de Marina. – A Oli irá levar a égua nova. Ela será a nossa representante

— Soube pelo papai sobre ela, é um animal bonito. – Comentei, sem olhar para o lado.

Apenas podia sentir o cheiro dela. Aquela noite me acoitou outra vez, assim como fez nos últimos 15 dias.

— Colocamos o nome de Zoe, em sua homenagem. – Benjamin falou empolgado, recebendo o olhar de todos.

— É mesmo? – Aquilo só podia ser brincadeira.

— Ben, você deveria terminar logo e subir, precisa terminar aqueles deveres que a professora passou. – Eric, visivelmente constrangido, falou ao filho.

Pude ver Marina rir, assim como minha tia.

      Terminamos o almoço, subi com a esperança de ver Olivia e não aconteceu. Aquilo já estava me deixando muito frustrada e com raiva. A tarde chegou, o dia estava bonito e a pequena festa de aniversário se desenhava na varanda.

Vi que alguns peões passaram a se reunir no cercado e estranhei.

— O que se passa ali? – Perguntei a minha tia.

— Olivia vai tentar outra vez montar aquele bicho. – Ergui as duas sobrancelhas.

Decidi me aproximar e ver como aquilo se desenrolaria.

— O placar está sendo um massacre, a Zoe já derrubou a tia Oli umas vinte vezes. – Ben sorriu.

Meu nome na égua? Eu só podia rir mesmo.

      Olivia chegou mais perto do animal, primeiro ela ofereceu uma maça e a égua aceitou, então ela passou a fazer carinho na crina e subiu. A princípio, não houve nenhum movimento e aos poucos, a minha “chara” passou a trotar.

Os que estavam ao redor passaram a assoviar e bater palmas.

— Ela conseguiu. É ISSO AI, TIA OLI!

— Dona Olivia, a senhora é a melhor. – Um rapaz franzino gritou.

Apenas sorri, me afastando do cercado.

      Quando a noite chegou, a pequena festa de aniversário começou. Entreguei o presente do Ben, pedindo a ele que abrisse só quando fosse dormir. Conversei antes com Eric, se estava tudo bem dar algo tecnológico e ele somente agradeceu, pois fazia um tempo que desejava dar o mesmo ao filho.

Vi Olivia entrar no casarão sozinha e ali vi a minha chance de me aproximar.

      A encontrei subindo as escadas, segurei pelo seu braço e mesmo sob os seus protestos, a fiz parar.

— Que droga, Zoe, não podia apenas chamar como uma pessoa normal? – Ela parecia brava e isso só me fez sorrir.

— Senti saudade de ver esse rosto. – Ela ergueu as duas sobrancelhas. – Eu preciso conversar com você. Tô muito puta com você, mas preciso mesmo te dizer uma coisa importante.

Toquei sua face.

— Por que tá puta comigo? – Eu queria tanto beija-la. – O que você quer falar?

— Eu vou te esperar no meu quarto, depois da festa do Ben. – A puxei para um abraço, aspirando o seu cheiro e desejando tê-la ali mesmo.

— Zoe...

— Zoe, Olivia... vamos cortar o bolo. – Nos afastamos imediatamente.

      Tia Betina nos olhava com certa... raiva? Olivia desceu rapidamente, mas a minha tia permaneceu parada e me encarava. Ali notei que ela já sabia de tudo.

— Preciso falar com você, Zoe. – Ela cruzou os braços.

— Tudo bem, tia. Também preciso conversar com a senhora. – Ela apenas acenou em concordância.

Voltamos para a festa lado a lado, em silencio.

     Ben, surpreendendo a todos, deu o primeiro pedaço de bolo a minha tia e a sua reação foi a de abraça-lo. Olhei para Eric e Maria, e os dois pareciam igualmente mexidos. Olivia sorria, acredito que o momento de união entre as pessoas que ela mais amava era sublime.

Um momento bom em meio aos motivos que obrigaram todos a conviver.

— Escuta, o que há entre você e a minha irmã? – Marina me fez olha-la.

— E o que há entre você e a Maria? – Ela arregalou os olhos.

Sorri, me divertindo com sua reação.

— Do que tá falando? – Coloquei minha mão sobre seu ombro.

— Essa implicância toda deve ser tesão, vai por mim, sei bem do que tô falando. – Falei um pouco mais baixo.

— Então isso quer dizer que você... e a Olivia. – Marina abriu a boca e fechou várias vezes. – Eu não posso acreditar. Você nunca gostou de ninguém de verdade, Zoe.

— Au! Quase fiquei magoada. – Levei a mão ao peito, pois minha prima odiava quando não levavam a sério seus momentos sendo chata. – A sua irmã não é ninguém.

Sua expressão só foi ficando ainda mais estupefata.

— Meu Deus! Você tá mesmo falando bem da Olivia? Espera, isso significa que tá apaixonada por minha irmã? – Aspirei o ar com calma.

— Seria um problema pra você? – Marina levou a mão ao pescoço.

— Sinceramente, eu não sei o que pensar sobre. Acredito que até hoje, vivo em uma bolha e não entendo nada sobre isso. – Ela pareceu se preocupar. – O que você espera dela?

Olhei para Olivia, ela conversava com Ben, um pouco mais afastados e riam de algo.

— Espero recuperar o tempo perdido. – Minha tia se aproximou.

— Zoe, podemos conversar? – Aquela seria uma noite longa.

— Sim, tia. – Deixei o copo com suco sobre a mesa. — Vamos para o escritório.

Novamente aquele silencio.

      Entramos no escritório e ela fez questão de trancar a porta e algo me dizia que não seria uma conversa amigável. Me acomodei na poltrona e ela sentou na cadeira atrás da mesa de madeira.

— A Olivia me contou o que aconteceu e vou ser sincera com você, Zoe, ver a minha filha triste e chorando por sua causa não foi a melhor cena que já presenciei. – Franzi o cenho, me sentindo muito culpada com aquela informação.

— Tia...

— Me deixa terminar, porque tenho muito a dizer. – Aspirei o ar com calma. – Eu não queria me envolver nessa situação, eu nem concordava muito com essas relações entre pessoas do mesmo sex*. Sempre fui uma estupida sobre o assunto, o que aconteceu e está acontecendo com o seu pai, me fizeram refletir bastante.

Tia Betina passou a mão sobre a cabeça, parecia tentar se acalmar.

— Fui negligente, mesmo percebendo desde sempre que ele era diferente, mas fingi que nada se passava por meu próprio bem, eu fui egoísta demais. Ainda não entendo, eu admito, mas quero mesmo deixar de ser alguém ignorante sobre o assunto.

— Meu pai vai ficar feliz em ter seu apoio...

— Zoe, eu gosto de você e mesmo sendo uma pessoa um pouco difícil as vezes, sei que é uma boa mulher.

— Mas?

— Mas você faz mal a Olivia, vocês nunca se deram bem e agora tá brincando com os sentimentos da minha filha. – Pressionei o meu maxilar, aliviei a pressão e a deixei continuar falando. – Agora, você volta e te vejo a rodeando. O que você quer com ela? Você é uma mulher casada, você e ela fizeram sex* enquanto o seu marido estava aqui, Zoe. Que tipo de vida você tem a oferecer pra ela?

Olivia realmente contou tudo.

— Tia Betina, João e eu estamos separados há mais de um mês. – Sua expressão foi de surpresa. – Eu fui embora a pedido da Olivia, e por covardia minha também. Ah, eu me arrependo de muitas coisas sobre ela, preciso admitir.

Fiquei de pé e fui para a janela atrás dela.

— Vou te contar algo, mas peço que não diga nada a ela, pois quero fazer eu mesma. – Eu detestava aquela sensação de vulnerabilidade, mas precisava que ela me ouvisse. – Já faz muito tempo que a Olivia me fez olha-la com outros olhos, não é algo repentino. Eu só não dei seguimento, fui uma covarde e preconceituosa comigo mesma, com aquele tipo de relação. Crescemos ouvindo dos mais velhos que Deus fez o homem pra mulher e a mulher pro homem...

Dei a volta, sentando outra vez de frente para ela. Me expor dessa forma não era a melhor sensação do mundo.

— E eu me convenci disso também, tia, afastei a Olivia, conheci alguns caras e me casei com o João. Me mudei, achei que nunca mais iriamos conviver uma com a outra e eu estava errada.

Minha tia mudou sua expressão, antes era raiva e agora parecia ser compaixão.

— Mas mudei radicalmente meus pensamentos, já fiz coisas que não me atreveria a dizer a senhora. – Sorri, mas era um sorriso amargo. – Eu sou apaixonada pela Olivia desde a adolescência e até cheguei a pensar que isso tinha desaparecido, ah, eu sempre fui boa em fingir até me convencer da minha própria mentira.

      Nunca me senti tão exposta, nem sabia o porquê de estar me explicando, mesmo sendo minha tia, facilmente poderia me recusar a dizer qualquer coisa, mas quando se tratava de Olivia, as coisas não eram bem assim.

— Mas não passou e agora, nem sei mais nomear o que sinto.

— Então por que não diz a ela? – Mordi minha bochecha por dentro.

— É exatamente o que vim fazer...

Acho que nunca fui tão sincera em minha vida.

 

Fim do capítulo

Notas finais:

Um cap extra para o feriado.

Não se acostumem. :)

Os momentos complicados vão começar, porque não só de momentos felizes é feita a vida.

Momentos esses que só quem realmente tá ligado a estória para ler sem desistir.

Até segunda e bom feriado.

 


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Comentários para 13 - Capitulo 13 - Se expondo.:
patty-321
patty-321

Em: 16/04/2022

9 feliz Páscoa   adorando  este momento  Zoe apaixonada. 

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CatarinaAlvesP
CatarinaAlvesP

Em: 15/04/2022

Obrigada maravilhosa por esse extra pra nos alegrar no feriado! 

Gente, estamos totalmente fundidas viu, essa história pegou geral de jeito. A melhor história do site na atualidade sem duvidas! Amando demais, to muito ansiosa já pelo próximo, pra ver elas juntas novamente.

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laisrezende
laisrezende

Em: 15/04/2022

E essa Japa dos infernos que fica em cima da Olivia igual urubu, manda ela lá pro país dela. A única coisa útil é que a zoe morre de ciúmes, kkkkkk. Ela está puta com a Olivia, tenho até pena dela nessa conversa.

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Tazinha
Tazinha

Em: 15/04/2022

Ansiosa demais para chegar logo segunda feira e ver a conversa dessas duas. Zoe morrendo de ciúmes, isso vai dar bom hein. Te prepara Olivia que a mulher vai te pegar de jeito depois de comer teu fígado kkkkkkk

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barbara7
barbara7

Em: 15/04/2022

Abre logo a porra da boca Zoe, sempre nessa de não é o momento! Cuida mulher 

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Marta Andrade dos Santos
Marta Andrade dos Santos

Em: 15/04/2022

Zoe desembucha logo de uma vez e corre para o abraço.

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Lea
Lea

Em: 15/04/2022

Boa tarde,bom feriado!!

Será que a Zoe chegou tarde??

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