Fique por Leticia Petra
Capitulo 12 - Palavras não ditas.
Eu queria dar uma volta, respirar um pouco, o que se passou no escritório ainda ecoava em minha cabeça, pois uma voz irritante ficava repetindo que estava sendo injusta com a minha mãe, que deveria deixa-la se aproximar e começar de novo, mas não era tão simples assim.
Sai com a cabeça nas alturas, só notei que me aproximava do estabulo, quando ouvi vozes.
— Não é disso que tô falando, Zoe, eu falo de amor. – Era o João e a Zoe.
— Amor? De onde tirou esse absurdo, João? Você virou mesmo um bobalhão com essas coisas. – De quem eles estavam falando?
Eu deveria ir embora, mas a minha curiosidade foi muito maior.
— Zoe, você não faria tudo isso por qualquer pessoa, tá fazendo porque é a Olivia e você sente... – Coloquei a mão sobre a boca quando ouvi meu nome.
— Tesão! – A voz da Zoe soou firme, não podia vê-los. – Eu sinto tesão pela Olivia, apenas um grande e forte tesão. Na minha vida, não há espaço pra nada além.
Senti como se algo se quebrasse dentro de mim. Algo que me fez permanecer em silencio. Me afastei, tentando não fazer nenhum barulho, não queria ser vista de forma alguma. Só nesse momento notei que prendia a respiração.
Puxei o ar com força.
— Então, é só isso mesmo que ela quer. Por que eu estou surpresa? Já sabia desde o início que era só sex*. – Sentei em um troco, um pouco mais afastada do estabulo. — Eu já sabia...
Mesmo assim, ouvi-la externar isso me deixou em pedaços.
Eu quis acreditar que ela estava sentindo algo, que alguma coisa havia mudado e poderíamos ser mais do que um sex* casual. A culpa não é dela, eu mesma me iludi com a forma que estava sendo tratada. Como ela disse, estava fazendo tudo aquilo por se tratar de problemas familiares.
Somente isso.
— Preciso de um pouco de adrenalina pra pensar com mais clareza. Eu não vou chorar por isso, não vou.
Fui para o estabulo, mas antes me certifiquei que eles já haviam ido embora e com um pouco de receio, selei a Safira. Havia tentado montar nela, mas foi com a ajuda da veterinária. Com todo cuidado, deixamos o lugar e aos trotes, a linda égua me levou para passear pela fazenda.
— Obrigada por não me derrubar e desculpa te trazer aqui, menina, você estava descansando e eu fui te atrapalhar. – Safira era tão dócil. – Você é uma boa menina.
Senti o vento gélido contra o meu rosto.
Eu daria um fim a tudo isso e seria hoje, a Zoe quer sex* e certamente, depois disso voltará a ser como antes. Então me entregaria a ela e depois, assim como em toda a minha vida, seguiria em frente.
Vou matar esse sentimento antes que ele ganhe proporções ainda maiores.
— E depois disso, eu vou te esquecer, Zoe. Eu juro que vou...
Olhei as horas e já se passava das 23:34hrs, provavelmente todos já estariam dormindo. Deixei Safira em sua baia, entrei no casarão com todo cuidado para não ser ouvida e fui para o quarto, tomei um longo banho, coloquei um roupão e criando coragem para o que viria, respirei fundo.
Sai do quarto e parei em frente ao da Zoe, resolvi não bater na porta e quando entrei, a vi sentada na cama, havia um livro em suas mãos e ela usava os seus óculos de leitura. Seu olhar veio de encontro ao meu.
— Olivia...
Ela deixou o livro de lado e retirou os óculos.
— Procurei por você... – Fiz um gesto para que ela não levantasse. – O que houve?
Zoe ficou sentada na beira da cama, me olhando sem entender nada.
— Eu... – Mordi meu lábio, tranquei a porta e voltei a encara-la.
“Esse vai ser o nosso fim, Zoe.”
Tirei o roupão, ficando totalmente nua diante dela e o efeito foi imediato, pude ver a sua expressão mudar rapidamente. Lentamente, fui até ela e toquei sua face, a deixei nua da cintura para cima, o que foi fácil, pois ela usava apenas um robe preto de seda. O tecido deslizou com facilidade pela pele bem cuidada. Os seus seios eram lindos, totalmente atrativos, convidativos.
Um oásis no deserto.
— Essa noite, eu serei totalmente sua, Zoe. – Forcei meus olhos a focar nos dela, pois deixar de admirar aqueles montes foi difícil. – Você poderá fazer o que quiser.
A forma como ela me olhava, me deixou de pernas bambas.
“Eu posso perder o controle, será apenas dessa vez.”
— Eu quero que me toque dessa forma... – Sentei em suas pernas, a montando de frente. – Quero olhar pra você, enquanto me faz sua.
A minha boca salivava, o meu coração batia tão forte, assim como o meu sex* latej*v* em antecipação. Me senti até mesmo um animal no cio. Zoe segurou firme em minha cintura, olhando para a minha boca, depois para os meus seios e sex*.
— Você é linda, Olivia. Um verdadeiro pedaço do paraíso... – Como eu conseguiria superar isso? Eu conseguiria, certo?
— Me toque, Zoe, me toque como se eu fosse toda sua, como se fosse a primeira ou a última vez. – Porque seria. – Quero me sentir sua mulher outra vez.
Ela me segurou pela nuca e com muita delicadeza, passou a beijar os meus lábios. Uma emoção inédita me tomou, segurei o choro, abraçando seu pescoço e intensificando aquele beijo tão gostoso.
Ela me abraçou pela cintura, colando nossos corpos.
Podia sentir o meu sex* cada vez mais molhado e o tesão, misturado com a paixão, duelando para ficarem no controle. Zoe segurou meu bumbum, as minhas coxas e finalmente tocou a minha intimidade, massageando meu clit*ris.
Rompi o beijo, ficando sem ar e colocando minha testa na dela.
— Uma delícia... – A voz dela saiu rouca, me deixando embriagada.
O seu dedo passou a passear por toda a extensão do meu sex*, chegando a minha entrada e me invadido com força, alternando entre o delicado e o selvagem. Segurei em seus cabelos, movimentando o meu quadril contra o seu dedo.
A minha respiração estava cada vez mais ruidosa, desenfreada. Sua boca ch*pava o meu seio, que certamente ficaria marcado.
— Zoe... – Seu nome saiu em um gemido.
Levantei sua face, tomei sua boca, querendo goz*r com ela me beijando com toda a propriedade, mas a Zoe diminuiu o ritmo, me fazendo parar o beijo e encara-la.
— Continua... – Minha voz saiu falha.
— Você tá muito apressada, parece que quer fugir. – Ela retirou seu dedo de dentro do meu sex* e levou até a boca. – Tenho muita fome de você, Olivia, me deixa aproveitar cada pedacinho teu, sem pressa.
Por que você tem que ser assim? Por quê? Por quê?
Como se houvesse sido enfeitiçada, me deixei ser conduzida. Zoe me fez deitar, enquanto com muita calma, ela retirava todo o robe. Ver aquele monumento de mulher totalmente despida, me fez sentir que nada mais no mundo importava.
Que o mundo fosse para o inferno.
— Zoe, como você é linda... – Não conseguia parar de olha-la. Passeei com as pontas dos dedos desde o vale entre seus seios, até o sex* exposto.
E então ela sorriu e eu percebi que seria um verdadeiro inferno esquece-la.
— Isso me deixa com o ego nas alturas. – Ela levantou uma de minhas pernas, colocando sobre seu ombro, encaixou os nossos sex*s, fazendo um choque percorrer o meu corpo com o contato. – Ouvir isso de uma deusa como você, meu amor...
Segurei a coberta com força.
“Meu amor? Não, Zoe, não dificulte tanto as coisas.”
— Me chame de novo...
— O que? – Sua língua passeou em minha panturrilha.
Obscena.
— Meu amor? – Mordi meu lábio. — Meu amor... minha mulher.
— Sua...
Ela passou a se mover sobre mim, me fazendo segurar em sua coxa com força e minha outra mão foi para a cabeceira da cama. Podia ver os seus seios se moverem, a sua face me mostrar uma expressão nunca vista. Os fios longos estavam jogados para o lado, a boca entreaberta e os gemidos baixos invadiam meus ouvidos.
Era tão delicioso, tão excitante.
— Minha mulher...
Ela rebol*va cada vez mais rápido, e os nossos gemidos baixos se misturavam pelo quarto, eu podia sentir que em segundos chegaria ao pico do prazer. Segurei ainda mais firme em sua coxa e ela espalmou sua mão em meu seio e passou a brincar com ele, e então fui levada por aquela onda de tesão e ela poucos segundos depois também, diminuindo o ritmo, até cessar. Zoe me encarou com um sorriso lindo, aproximando seu rosto e me beijou gentilmente, deitando sobre mim. O meu coração estava tão acelerado. Esqueci até mesmo da minha mão machucada.
A minha mente estava entorpecida.
— Você sabia que foi a primeira mulher que eu toquei? – Ela me encarou, depositando um beijo sobre meu colo.
A primeira? Não, eu não deveria deixa-la falar muito, só deixaria as coisas mais difíceis para mim, eu precisava fazer aquilo.
— Me beija, Zoe...
E antes que ela pudesse responder, tomei sua boca em um beijo faminto. Pude sentir o meu corpo reacendendo. Guiada apenas por meu desejo, inverti as posições e fiquei por cima dela, tocando os seios fartos, substituindo as mãos pela boca e a textura não podia ser descrita, trilhei o caminho do abdômen liso, até chegar ao sex* molhado.
Olhei para ela e a Zoe sorria. O tipo mais perigoso de mulher.
Passei minha língua por todo o seu sex*, demorando no clit*ris. Zoe segurou firme em meu cabelo, mas quando passou a rebol*r, a fiz ficar de bruços. Me posicionei sobre ela, arqueando uma de suas pernas, me dando uma visão melhor.
— Olivia...
Beijei suas costas, deixei algumas marcas na pele branquinha e então toquei seu sex* com uma de minhas mãos, até penetra-la. Zoe fechou os olhos, empurrando sua intimidade contra os meus dedos. Ela era quente, apertada, fazendo meu tesão triplicar.
Iniciei um vai e vem lento, amando ver as reações de seu corpo.
— Delicia, você é... muito gostosa. – A minha voz estava carregada pela luxuria, paixão, tesão.
— Forte... mais forte...
Intensifiquei as estocadas, ela ficava cada vez mais molhada e isso facilitava ainda mais. A segurei pelos cabelos, perdi a noção de tudo mais uma vez e quando dei por mim, Zoe goz*va em meus dedos.
Foi como contemplar uma obra de arte.
Não sei ao certo quantas vezes ela me deu prazer aquela noite, mas quando dei por mim, estávamos dormindo. Zoe me abraçava de forma possessiva e isso dificultaria muito a minha saída. Em outro momento, se a situação fosse diferente, eu ficaria ali a noite inteira, somente parada e sentindo o seu coração batendo contra as minhas costas.
“Droga.”
— Preciso sair... – Fiz tudo o que era possível e consegui me intuito.
Passei a procurar pelo quarto o meu roupão, olhei as horas e já se passavam das três da madrugada.
— O que tá fazendo? – Fechei meus olhos. – Pra onde vai?
Tirei a mão da maçaneta e virei para olha-la.
— Vou pro meu quarto. – Ela sentou, deixando o lençol mostrar a sua nudez.
— Não pode ficar aqui? – Droga, eu precisava fazer isso. – Queria dormir a noite toda ao seu lado.
Aspirei o ar com calma, tentando organizar a minha cabeça.
— Sabe, Zoe, uma coisa que eu nunca imaginei que aconteceria, aconteceu. – Cruzei meus braços e criei coragem para dizer o que o meu coração pedia. – Eu estou apaixonada por você...
A sua reação foi de claro espanto.
— Me apaixonei feito louca, totalmente e completamente. – Sorri, mas o meu sorriso foi de tristeza. – Eu não paro de pensar em você, te ver é a melhor parte do meu dia e eu, por breves momentos, achei mesmo que você também sentia algo, mas era tudo uma grande ilusão dessa paixão que tá queimando aqui... – Coloquei a mão sobre o meu peito.
— Olivia...
— Mas hoje, depois de ouvir da sua própria boca que o que sente por mim é apenas tesão, que não tem espaço pra mais nada, eu entendi que era hora de acabar com esse sentimento não correspondido.
Zoe levantou, ficando de pé e não deixava de me encarar.
— Hoje posso dizer que sou uma mulher, uma mulher feita e que merece mais do que você pode me oferecer, eu mereço. Mereço sentimentos recíprocos... você conseguiu o que queria, agora já pode partir. – Segurei a maçaneta.
Deixei de olha-la, pois o meu olhar denunciaria o meu estado nada seguro.
— Olivia, eu...
— Volte pra cidade, Zoe.
Deixei o seu quarto, mas confesso que desejei ouvi-la dizer que sentia o mesmo, porém é a Zoe.
Uma parte de mim pedia insistentemente que fosse atrás da Olivia, que mesmo sem saber o que dizer, que tentasse, entretanto eu só consegui ficar parada ali, olhando para a porta igual uma idiota.
Com uma sensação de vazio, de perda.
— Olivia... o que devo fazer? – Pressionei o meu pescoço com força, tentando clarear a mente.
Precisava pensar com clareza, organizar toda essa bagunça e dessa forma, conversar com ela. As coisas que disse ao João foram da boca para fora e ele tinha razão. INFERNO! Eu sou uma idiota covarde.
Sentei na beira da cama.
Deveria dizer a verdade a ela? Contar o que guardei durante todos esses anos? Dizer que ela é a minha primeira paixão, que no passado a forma que encontrei de ter a sua atenção foi implicando com ela e na noite que me entreguei a ela, entrei em pânico na manhã seguinte e me afastei?
— Estamos muito bêbedas, a minha mãe vai me matar. – Olivia tentava fechar a porta.
— Por que... tá trancado? – Ela passou a rir.
— Eu não sei, acho que vou dormir aqui no seu quarto. – Eu não estava tão bêbada quanto ela.
— Vou tomar banho, não vomita em nada. – Olivia apenas me mostrou seu polegar.
— Espera, eu também quero tomar banho. – Ela veio até a mim, me puxando pela blusa.
Caímos no chão do banheiro, rindo igual duas idiotas.
— Pensei que não iria me convidar pro seu aniversário, Zoe. – Sua mão veio até meu rosto. — Achei que me odiasse.
— Eu queria que viesse, não seria a mesma coisa sem você. – Segurei sua cintura, ela estava sobre mim. — Talvez eu odeie um pouco.
— Eu gosto de você, apesar de você ser uma tremenda chata, dona do mundo e blá, blá, blá...
— Você também é chata, mas é uma chata bonita. – Nossos olhos se prenderam.
— Você me acha bonita? – Aproximei meus lábios dos dela.
— Linda, eu queria muito te beijar. – Pude sentir sua respiração mudar.
A vi fechar os olhos e a beijei e quando dei por mim, estávamos sem roupa em meu quarto.
— Eu não consigo pensar direito.
Fui até o criado mudo, peguei um tranquilizante e tomei dois de uma única vez, precisava dormir e esquecer disso por um momento. No dia seguinte, eu iria até ela e tentaria externar essa avalanche de sentimentos. Por agora, não poderia enfrenta-la.
1 de abril de 2022.
Acordei depois das oito da manhã, a minha cabeça doía e no espelho, eu podia ver as marcas que essa madrugada me deixou. Não iria adiar, ela e eu precisamos ter uma conversa, Olivia precisa saber que...
— Zoe, preciso falar com você. – João bateu na porta.
— Me espere no escritório, vou tomar banho e já desço. – Entrei no banheiro.
O banho foi rápido, coloquei uma blusa que escondesse os ch*pões e desci, encontrando Ben sozinho na cozinha. Ele enrolava uma massa, estava todo sujo e ria de alguma coisa que via no celular.
— Onde está sua tia? – Ele me encarou.
— Tia Oli ou a tia Duda? – Incrível a semelhança entre eles.
— Sua tia Duda... – Peguei um dos bolinhos já pronto.
— Tia Duda estava implicando a outra irmã da tia Olivia. – Não pude evitar o riso.
— E a sua tia Olivia? – Precisava conversar com ela.
— Ela tá ajudando a veterinária com os bichinhos da fazenda. Encontramos uma caixa cheia de gatinhos, a tia Oli tá cuidando deles naquela sala toda branca. – A clínica veterinária.
— Cuidado e fica longe do fogão. – Ele apenas acenou em positivo.
Fui até o escritório, João falava ao telefone.
— Tudo bem, iremos a tarde. – Ele me encarou. – Sim, irei comunicar a ela.
Ele encerrou a chamada.
— O que aconteceu? – Sentei na poltrona, me servindo do café que ele havia deixado em uma mesa.
— Seu pai vai ao exterior, ele precisa de nós na empresa. Iremos essa tarde, temos um problema em uma de nossas filias. – Franzi o cenho.
— Muito grave? – João passou a mão sobre a cabeça.
— Sim, uma funcionária ameaçou vir a público e denunciar uma violação sexual. – Merda. – Um gerente está sendo acusado.
— Deveríamos trocar todas as gerencias, pôr mulheres na liderança, coisas assim seriam evitadas. – Ele me encarou.
— Não é uma ideia ruim, Zoe, podemos levar isso a todos. Vamos marcar uma outra reunião e expor essa ideia.
— Então voltamos essa tarde? – Fiquei de pé.
— Sim, eu vou arrumar minhas coisas. O que aconteceu com você? – Evitei contato visual.
— Vou resolver umas coisas, fale com um dos seguranças, ele voltará conosco e o outro continuará aqui. – Deixei o escritório.
Sai do casarão, indo até o estabulo e Olivia não estava lá, andei mais um pouco e cheguei à pequena clínica veterinária. Da entrada, pude vê-la agachada, ela brincava com três gatinhos pequenos.
— Eu adoraria que viesse, traga a Mina também. – Ela falava ao telefone.
— Vou me organizar e irei em breve, estou com saudades de você. – A ligação estava no viva voz e eu reconhecia aquela voz.
O meu humor mudou rapidamente.
— Também sinto sua falta, Yuna. – Rolei os olhos.
— Que gostoso ouvir isso, Olivia. Eu não paro de pensar em você, espero que tudo isso acabe logo e assim, possamos nos ver todos os dias. – Pressionei o meu maxilar.
Resolvi deixar o local, sentindo um ciúme absurdo e nunca experimentado. Fui para o quarto, arrumei minha pequena mala. Só desci para o almoço, encontrando todos na mesa.
Seria a primeira vez no dia que Olivia e eu nos encararíamos, mas ela evitou.
— Tudo bem você ficar cuidado das coisas aqui, Marina? – João perguntou.
— Podem ir, não se preocupem que irei assumir qualquer eventualidade. – Então Olivia me olhou.
— Vamos continuar com as reuniões via vídeo chamada.
Eu só queria ir até ela, pega-la nos braços e dizer que mesmo não sabendo lidar, eu queria, eu precisava...
— Irão voltar a fazenda? – Tia Betina perguntou.
Olivia desviou o olhar.
— Sim, assim que resolvermos tudo na capital, voltaremos a fazenda. – Respondi.
Busquei seu olhar outra vez, mas sem sucesso.
Terminamos o almoço, João desceu com as nossas malas. Olivia havia sumido, estava me evitando de todas as formas. Deixei um pequeno bilhete em seu quarto, esperava que ela o lesse.
Me despedi de Maria e Ben, Eric estava no trabalho.
O segurança seria o condutor, então só me acomodei no banco de trás e quando estávamos deixando a fazenda, pude ver Olivia galopando na Safira. Ao ver o carro, ela diminui o ritmo.
— Aconteceu algo com vocês? – João tocou meu braço, o ato me fez olha-lo.
— Não quero falar sobre isso ainda. – Ele apenas acenou em positivo.
Quando chegamos a Belém, já era início de noite, meu pai viajaria naquela noite e nos aguardava com as malas prontas. Não tivemos muito tempo para conversar, eu queria saber como ele se sentia.
Das poucas vezes que conversamos, ele disse que a mídia andava sedenta por uma entrevista.
— Volto em uma semana, filha. – Ele me abraçou. – Preciso conversar algo muito sério.
Franzi o cenho.
— Quero que saiba por mim. – Ele soou preocupado.
— Tudo bem, papai...
O segurança faria sua escolta até o aeroporto, depois da ligação de Fábio, meu alerta não parava de soar. Aquele infeliz iria fazer algo a qualquer momento e deveríamos ficar prevenidos.
— Zoe, seu celular.
Nem havia me dado conta, peguei o aparelho e era Maria Eduarda. Atendi, subindo a escadaria.
— Você chegou bem? – O meu quarto estava impecável.
— Sim, como estão as coisas por aí? – Sentei na poltrona.
— Bem, quer dizer, notei que a Oli tá um pouco triste... desde que você foi, ela tá no quarto. – Aspirei o ar com força. – O que aconteceu?
— Eu gosto da sua irmã, mas acabei magoando-a. – Mordi meu lábio com força.
— Você disse isso a ela? – Não, porque sou uma covarde.
— Não tive a oportunidade, eu vou passar esse tempo longe e vou reorganizar toda essa bagunça. – Sentia um nó na garganta.
Toda as minhas defesas estavam no chão, Olivia as deixou em ruinas.
— Espero que seja o quanto antes, não suporto vê-la dessa forma.
— Cuide dela, não a deixe sair sem segurança e se algo acontecer, você pode me ligar imediatamente. – Em menos de 24 horas, experimentei todos os sentimentos conhecido, mas do que qualquer momento em minha vida.
— Me mande mensagem sempre que puder.
— Mandarei sim. Obrigada, Duda.
Conversamos por mais um tempo, depois desci para o escritório, precisava manter a minha cabeça ocupada.
2 de abril.
Uma reunião foi agendada com o acusado de assédio. João e eu o esperávamos na sala de reuniões, a funcionária assediada estava com uma das psicólogas, ela pediu demissão e um advogado já havia entrado em contato para um acordo. Decidimos conversar pessoalmente com o assediador, mesmo não sendo algo de praxe da empresa.
Teria o gostinho de demiti-lo.
— Senhorita Zoe, com licença. — Valentina bateu na porta. — Carlos Junior Mendes já está aqui.
— O mande entrar, Valentina. Obrigada.
Alguns segundos depois, um homem alto e sem nenhum atrativo físico, adentrou a porta. O seu nariz empinado mostrava claramente que ele não fazia ideia do motivo que o trouxe aqui.
— Posso saber qual é o motivo dessa reunião? É uma honra estar de frente para o alto escalão, mas confesso que estou surpreso. Vou ser promovido? – O tal tentou ser engraçado.
Ele era gerente de uma unidade em Ananindeua.
— Sente. – João mandou, totalmente sério.
— Quero que preste muita atenção no que iremos lhe mostrar, senhor Mendes. – Fui até o telão, dando play em um vídeo.
Nas imagens feitas pela funcionária, era possível ver o dito cujo passando a mão nas coxas dela, enquanto ela pedia para parar. Ele dizia coisas obscenas a ela e a ameaçava também.
— Isso... isso é um ultraje. – Apenas rolei os olhos.
— Não se faça de ofendido. Isso aqui vai pra polícia, o senhor vai pagar por sua conduta imoral. – O homem ficou branco. — Não era necessário à sua vinda aqui, mas não perderia a oportunidade de fazer isso pessoalmente. O senhor está demitido e aguarde as medidas legais.
João sentenciou.
— Mas, isso não é verdade. Essa mulher tá tentando me prejudicar porque a rejeitei. – Ele queria mesmo nos fazer acreditar nisso?
— Tenha um pouco de decoro e saia daqui agora mesmo. – A minha paciência estava no limite. — Espero que sua estada na cadeia seja maravilhosa.
— Isso não vai ficar assim.
— Obvio que não vai. – O respondi.
O asqueroso homem deixou a sala.
— Vou falar com os nossos advogados e deixar tudo nas mãos deles. – João pegou seu telefone.
— Vou voltar pra minha sala.
Aspirei o ar sem calma.
Participei de mais algumas reuniões e afins, e quando deixei o escritório no horário do almoço, vi uma pessoa conhecida no estacionamento. A menina se equilibrava com algumas pastas, derrubou outras e passou a rir sozinha.
Me aproximei, pegando os que caíram.
— Muito obrigada. – Ela me olhou. – Você é a filha do senhor Bernardo, não é? – Franzi o cenho. – Meu nome é Mina, sou amiga da sua prima Olivia.
A irmã da Yuna.
— O que faz aqui com todos esses documentos? - Não vi a tal Yuna em lugar algum.
— Meu pai pediu pra buscar essas coisas, ele tá muito ocupado e a Yu também. – A menina não deixava de sorrir.
— Pra onde vai agora? – Ela parecia ser uma boa garota.
— Pra casa, ia chamar um carro pelo aplicativo. – Pensei por alguns segundos.
— Eu levo você, estava indo para o meu apartamento. – Eu estava mesmo fazendo isso?
— Eu aceito, muito obrigada senhorita Cavalcante. Onde está o seu carro?
— Me chame de Zoe, e é por aqui...
Fomos até o meu carro, abri a porta de trás e colocamos suas pastas no banco. A menina falou rapidamente ao telefone, parecia ser o pai. Apenas fiquei em silencio, enquanto ela lia um dos documentos.
— Yuna me disse que iremos ver a Olivia, sinto falta dela. – Ela iria mesmo até a fazenda.
Quanta irresponsabilidade se expor dessa forma, teria que dar um jeito nisso.
— Ela tá bem? – Mantive a calma, afinal a menina do meu lado não tinha a menor noção do que se passava.
— Ela tá bem, em pouco tempo voltara a cidade. – Chegamos ao edifico, estacionei próximo ao elevador, para facilitar com as pastas. – Vou te ajudar, qual é o andar do seu pai?
— É na cobertura. – Adentramos o elevador, parando no último andar.
O duplex era gigantesco.
— Pode deixar sobre essa mesa aqui. – Fiz o que ela falou.
— Mina, nossa, eu estava preocupada...
Yuna parou de falar assim que me viu.
— Zoe... – A última pessoa que desejava ver.
— Yuna. – Ajeitei meu blazer sobre o braço.
— Mana, a Zoe me ajudou, eram tantas coisas pra trazer. – Ela também parecia desconfortável.
— Obrigada por ajudar a minha irmã.
— Não precisa agradecer. Bem, vou indo... foi um prazer, Mina. – Me aproximei da porta.
— A Olivia, obrigada por tudo que fez por ela. – Pressionei o meu maxilar, aliviando aos poucos.
— Tá sendo um prazer, a Olivia é minha família, mas que isso. – Forcei um sorriso ao olha-la. – Até mais...
A presença dessa mulher me deixava incomodada, tanto que podia sentir o meu sangue ferver. Resolveria tudo o que estava pendente e voltaria a fazenda o mais breve possível, a Olivia teria que me escutar.
Nem que para isso precisasse amarra-la.
— Cadê o seu assistente? – João estava concentrado no notebook.
— Foi tomar café, um pequeno intervalo. – Decidi ir até ele.
— Já volto. – Deixei o escritório.
Me aproximei da copa e parei ao ouvir vozes alteradas.
— Não acredito, Caio, eu não posso acreditar nisso. – Franzi o cenho.
— Rodrigo, vai embora, a gente conversa quando eu chegar em casa. Esse é meu local de trabalho. – Eles falavam baixo, porém dava para entender tudo.
— Que se foda, eu não merecia isso, Caio... me dediquei na porr* desse relacionamento e no fim, você me devolve todo o esforço com um par de chifres? E ainda por cima, com um cara que deve ter o dobro da sua idade. Se queria subir na vida as custas de um velho rico, ao menos poderia ter terminado comigo. – Decidi acabar com aquela conversa.
— Caio, me disseram que o seu café é bom. – Entrei na copa e os dois me encararam.
Caio com espanto e o outro rapaz com uma expressão que não consegui ler.
— Olha só, que coincidência dona Zoe. – O rapaz estava com a face molhada, os olhos estavam vermelhos.
— Rodrigo, não faz isso...
— Fazer o que? Dizer a ela que agora ela tem um padrasto com a idade dela?
Ergui as duas sobrancelhas e imediatamente, lembrei dos dizeres do meu pai.
“Preciso conversar algo muito sério.”
Fim do capítulo
kkkkk tô até com medo
O odio não leva ninguém a lugar algum, viu meninas? kkk
Bom dia.
Comentar este capítulo:
izamoretti30
Em: 14/04/2022
Mas também não custa nada um extra né, tenho certeza que não vai atropelar nada e muitos menos mudar... a gente merece também, ainda mais nesse feriado! Não pode simplesmente soltar um cap desse e aparecer aqui só segunda autora, posta uma vai! Por favor, a gente nunca te pediu nada. Extras é igual sobremesa, se for boa, a gente sempre volta pra jantar de novo.
Resposta do autor:
Não vou prometer nada, vou trabalhar no cap 13 e se tiver tudo de acordo, posso até postar 1 amanhã, mas será só 1. Já adiantei duas semanas da história porque me empolguei junto. Vocês são demais mesmo... Aí ai.
Amanhã pela manhã terá 1 extra e depois só segunda e quarta.
Sobremesa boa, né? Aí, aí.
Tanny Miroma
Em: 14/04/2022
Ola meninas, estamos felizes por vocês estarem gostando e acompanhando essa linda estória, ainda vem muita coisa maravilhosa pela frente, os cap estão sendo preparados com toda dedicação. Só peço que sejam compreensiva e não desistam da gente haha. Adoramos seus comentários, fiquem até o Fim.
Bjos, aguardem os próximos cap.
Resposta do autor:
Boa.
Isso mesmo, leiam o comentário da nossa neném.
É para entregar algo legal a vocês.
??
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barbara7
Em: 14/04/2022
Gente, estávamos falando sobre isso ontem... eu ia ler quando acabasse pra não ficar ansiosa com capítulo esperando. Eu li todas as histórias da Letícia antes, uma mais perfeita que a outra, mas confesso que essa aqui já é uma das preferidas do site. Queria ler mais, ainda mais nesse feriado.
Resposta do autor:
Kkkkk eu amo isso. Vocês estão tão envolvidas que estão querendo fazer chantagem até kkkk vocês são as melhores. Tudo bem, então vou aguardar você quando a estória estiver finalizada. Quero trabalhar sem atropelar as coisas e entregar algo equivalente ao tanto que estão entregues. Beijos e até breve.
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laisrezende
Em: 14/04/2022
Sorry, autoras.
mas, vou deixar acumular caps pra eu ler e comentar. Meu psicológico não está preparado pra me envolver e ter caps de semana em semana! Vou tentar se segurar pra deixar acumular alguns pra ter aquele compromisso de ler durante o dia como fazia com suas outras histórias! Bjs
Resposta do autor:
Ok, meu bem.
Eu entendo, não se preocupe. Vou continuar postando por semana, pois é de acordo com o meu tempo. Não vou atropelar as coisas, quero uma narrativa fluida, que eu possa trabalhar os personagens sem atropelo. Nos vemos no fim do mês S2
Obrigada por comentar, foi legal ler.
Beijos.
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Marta Andrade dos Santos
Em: 13/04/2022
Vixe jogou a merda no ventilador.
Resposta do autor:
Que a Zoe seja compreensiva.
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Lea
Em: 13/04/2022
Quando a Zoe resolver deixar seus sentimentos claros para a Olívia,a Yuna já vai está namorando Olívia!
Com certeza esse funcionário assediador vai aprontar .
O Ser humano é tão mesquinho,se o Caio estava se sentindo atraído por outro,era só terminar primeiro com o namorado, não precisava trair.
O Fábio vai encontrar o paradeiro da Olívia, só acho.
Resposta do autor:
Infelizmente, tá sendo difícil pra ela deixar as coisas fluírem. É da natureza dela.
Ele poderia, não é? Nem tudo tá sob o controle. As vezes fazemos bobagens envolvidas pelo momento. Não justifica, é claro.
Ele já sabe, deixou claro pra Zoe que sabe do padeiro deles. Vamos ver se terá ousadiase ir até lá.
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