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  • Um Novo Começo: O Despertar de Alice
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Um Novo Começo: O Despertar de Alice por maktube

Ver comentários: 6

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Palavras: 4206
Acessos: 2433   |  Postado em: 11/04/2022

Capitulo 95

 

Capítulo 95º

Rebeca

            Duas semanas se passaram desde o dia que decidimos dar início ao projeto que mudaria a vida de todas aquelas famílias. Fiquei completamente aliviada quando Larissa se prontificou a ajudar também. Inclusive ela organizou uma equipe para escolher alguns homens para fazer parte da construção e assim ganharem salários que serão custeados pela empresa.

            A venda da cobertura já está mais que acertada. Falta apenas organizar a transferência na documentação. Inclusive, minha mãe já está de mudança para o novo endereço. Assim que recebeu a notícia, Amélia me ligou agradecendo. Pois, ela já não sabia mais o que fazer para tirar nossa mãe de sua casa. Quem detestou a novidade foi Letícia, já que adorava a companhia da querida sogra.

            Hoje é sábado. Acordei cedo, apesar do clima frio e a vontade de hibernar na cama, me obriguei a deixa-la. Assim que escutei os primeiros sinais da chuva, me preocupei com André e os meninos. Despertei de uma forma que nada me fez conseguir voltar a dormir, nem mesmo o calor aconchegante do corpo de Alice acalmou meu coração aflito.

            Estou parada há quase meia hora em frente à porta que dá acesso à varanda. A chuva se intensificou desde que parei aqui. As gotas de água deslizam rápidas pelo vidro transparente. O gramado está encharcado. A lona que cobre a piscina está pesada. Posso jurar que a qualquer momento ela irá se romper.

            Um raio corta o céu. Sinto meu coração ser invado por medo, angústia. Não tenho notícias de André. Não faço a menor ideia de como estão as condições na escola. Da última vez que choveu um teto quase desabou sobre a cabeça de Dominique. Só em pensar que algo pode ter acontecido com algum deles, sinto meu coração acelerar. Os batimentos descompassados estrondam em meu corpo, tão velozes quanto os pingos que escorrem do vidro. Outro raio. Eu suspiro. Desliso meus dedos pelo pescoço. Culpo-me por não ter dado um celular para André.

            Não dei apenas por querer respeitar sua vontade já que ele deixou claro que não queria um. Mas agora a ideia me parece estúpida. Se eu continuar aflita desse jeito vou acabar tendo um mal súbito. Fecho os olhos, conto até três. Um trovão me causa um susto. Começo de novo, 1,2,3. Respiro fundo.

            O exercício me ajuda. Por alguns segundos paro de pensar o pior. Apesar de já termos decidido sobre trazê-los para cá, ainda não conversamos com André. Alice acredita que devemos ir com calma. Afinal faz apenas alguns dias que ele começou a trabalhar. Foi uma mudança brusca. Nesse ponto concordo com Alice. Ele tem se saído bem na empresa. É um rapaz proativo, dedicado e responsável. Aprende tudo com rapidez, isso só me orgulha.

            Sopro o conteúdo da xícara que se apoia em minhas mãos. O gesto faz uma leve fumaça subir, enquanto o líquido preto cria pequenas ondulações. Tomo um gole com cuidado para não me queimar. Não tiro os olhos da chuva. Por mais que tente não consigo.

            Às vezes me pego pensando em tudo o que aqueles três já devem ter passado. A fome, o medo, o frio, o sofrimento enraizado nos olhares tristes, mas que, no fundo, bem, no fundo, ainda conseguem sentir esperança. Chego a esquecer que um dia Alice foi como eles. Sozinha, indefesa, sem uma casa, sem uma família e principalmente sem amor. Espero que aceitem nosso convite. Espero que possam se dar uma nova chance. Quero muito poder cuidar e dar amor a todos eles.

            Fecho os olhos sentindo um nó se formar na minha garganta. Esse assunto tem me tirado do eixo. Não saber como eles estão me deixa nervosa. Ao menos sei que em algumas horas vamos para lá. Combinei com Heloísa de irmos contar as boas novas a todas as famílias hoje.

— Só espero que essa chuva melhore. — falo entre um gole e outro.

— Ih! Dona Rebeca, essa chuva não vai dar trégua. — ao ouvir a voz de Tereza, dou um pequeno grito de susto. — Desculpe, não quis assustá-la. — diz com a voz branda.

— Não precisa se desculpar. Só estava distraída. — forço um sorriso.

— Percebi. — me olha estreitando os olhos. — A senhora não dormiu?

— Dormi. Mas quando levantei para amamentar Teodoro não consegui mais.

— Mas ainda é cedo. Devia voltar para a cama. — me diz.

            Só então observo o relógio na parede. Seis horas da manhã. Mas poderia jurar ser noite, as nuvens lá fora tornam o dia sombrio. Tereza continua me olhando como se tentasse desvendar minha alma.

— Acho pouco provável que eu consiga dormir. Minha cabeça está cheia.

— Posso fazer um chá de camomila, ajuda a relaxar. — oferece.

— Ainda prefiro meu café. — mostro a xícara entre minhas mãos.

— A senhora que sabe. — dá de ombros. — Vou para cozinha preparar o café. Qualquer coisa me chama.

— Certo. — caminha em direção a cozinha. 

            Voltar a dormir não seria má ideia. Talvez se eu forçasse a minha mente a desligar por alguns minutos, tivesse um resultado positivo. Deixo a xícara sobre a mesinha na sala. Rumo em direção ao segundo andar. Abro a porta lentamente, assim que entro posso escutar a respiração pesada de Alice. Ela dorme como um anjo. Os lábios rosados entreabertos. Uma expressão serena em sua face.

            Deito-me com cuidado. Encaixando meu corpo ao dela. O medo que antes povoava meus pensamentos se dissipa como em um passe de mágica, o que é um chá de camomila comparado ao calor do corpo de Alice. Eu relaxo, adormecendo sem precisar fazer muito esforço.

            Um barulho irritante me faz despertar. Abro os olhos com dificuldade. Alice reclama algo ainda dormindo. Mal consigo entender o que ela tenta pronunciar. Tateio a mesa de cabeceira atrás do celular. Mesmo na minha mão ele continua vibrando e tocando.

— Alô. — aperto os olhos tentando me fazer despertar.

— Rebeca?! Sou eu a Heloísa. Te mandei mensagem, mas você não me respondeu.

— Oi! Helô. Eu acabei perdendo a hora. — digo já saindo da cama. — Estou atrasada? — mordo o lábio fitando meu reflexo no espelho.

— Não. Ainda não. A chuva deu uma diminuída agora, então pensei que deveríamos deixar melhorar um pouco mais.

— Claro! É o tempo que eu me organizo para poder sair.

— Ótimo. Até daqui a pouco.

— Até.

            Encerro a ligação. Deixo o celular de lado. Apoio minhas mãos na pia. Encaro-me pelo espelho, observando a minha cara de quem dormiu pouco. As olheiras enormes formam bolsas de cansaço embaixo dos meus olhos. Meu cabelo está bagunçado. Admira-me muito Alice me dizer que acordo linda. Só pode ser amor mesmo. Não controlo o riso que surge em meus lábios.

            Retiro minhas peças de roupas, ligo o chuveiro, entro debaixo dele em seguida. A água morna me aquece. É quase como receber um abraço caloroso. Faço minha higiene matinal. Visto algo confortável. Estou terminando de secar meus cabelos quando percebo a presença de Alice me observando.

— Bom dia! Meu anjo. — sorrio para ela.

— Bom dia! Amor. Acordou cedo?

— Muito.

—  Hum! Eu capotei, estava cansada demais. — afirma.

— Percebi. Mas conseguiu descansar é o que importa.

— Vai sair? — questiona.

— Sim. Você esqueceu? — franzo o cenho. Ela ri.

— Não. Estava apenas implicando com você. Já vou tomar banho, depois tomamos café e podemos ir. — beija meu ombro. — Que cheirosa. — aspira o cheiro do meu pescoço.

— Eu acabei de tomar banho. — sussurro já perdendo o rumo de meus pensamentos.

— Deveria ter me acordado. — afasta uma mecha do meu cabelo. Beija minha nuca.

— Não!!! — começo a ficar desesperada. — Se eu tivesse te acordado iriamos acabar nos atrasando. — afirmo.

— Tudo bem. Mas você perdeu a chance de me ouvir gem*r logo cedo. — aperta minha cintura. Sinto meu corpo inteiro reagir. — Agora vou ter que tomar banho sozinha. — se afasta, deixando o pijama cair. Sai usando apenas uma minúscula calcinha branca. Ela fez só para me provocar. Odeio ter que admitir, mas funcionou. Meus olhos ficam vidrados em seu corpo rebol*ndo enquanto caminha.

— Depois te compenso.

— Vou cobrar. — ela grita já de dentro do banheiro. Logo escutei o barulho da água caindo.

            Sai do quarto já pronta para encontrar com Heloísa. Na sala encontrei Teodoro brincando no tapete. Ele já parece entender o som da minha voz e quando chamo seu nome se vira me presenteando com um lindo sorriso.

— Como você está lindo, meu filho. — falo tirando-o do chão. Ele passa as pequenas mãos desastrosamente no meu rosto.

— Ele está cada dia mais esperto. — a babá comenta.

— Está sim. — sorrio para ela. — Obrigada por ficar até agora. — agradeço.

            Alice e eu concordamos de nos fins de semana não usarmos os serviços da babá. Já passamos tanto tempo longe de casa dele que a única alternativa foi essa. A mulher me sorri de volta se despede de Teodoro com um afago em seus poucos cabelos e sai.

— Você é mesmo um conquistador. Não é? — ela gargalha enquanto faço cócegas nele.

            Alguns minutos se passaram até que conseguíssemos sair de casa. Alice prende a cadeirinha no carro. O motorista vai nos levar até nosso destino, logo atrás outro carro nos acompanha com quatro seguranças. Exigências de Isabella. Pelo menos Alice parou de implicar. Penso que, no fundo, ela ficou assustada com as coisas que meu pai consegue fazer, tomando consciência de que é melhor não arriscar.

            Passo uma mão na outra. Sou invadida por uma sensação de medo. Estamos prestes a anunciar a todas aquelas famílias que podemos mudar suas vidas. Isso é uma responsabilidade enorme.

— Está nervosa?

— Muito. — confesso deixando que seus dedos se prendam aos meus.

— Vai ficar tudo bem. — ela me diz isso com tanta certeza que algo dentro de mim se aquieta. Forço um sorriso para ela.

            Seguimos em silêncio até a escola. Ao pararmos o carro já avistei Heloísa e Anna. Juro que em outros tempos se alguém me dissesse que eu iria ver Heloísa de outra forma a não ser a mulher que ficou com a garota que eu amava, diria ser uma loucura. Mas não consigo não sentir admiração pela atitude dela com todas essas pessoas. Alice ainda me contou que essa não é a única obra social que ela faz.

— Podemos? — sou tirada de meus pensamentos por Alice. Ela acaricia meu joelho que está descoberto por conta da fenda do vestido que vai até aproximadamente o meio da minha coxa. Aceno coma cabeça.

            O motorista abre a porta para ela sair, em seguida me oferece sua mão para eu segurar. Aperto meus dedos nos dela. Alice solta a cadeirinha de Teo, que adora tanto passear de carro que acabou dormindo. O colocamos no carrinho e seguimos para junto de Heloísa e Anna.

— Olá. — Heloísa diz sorrindo. Se aproxima, depositando um beijo em cada lado do meu rosto. Fazendo o mesmo com Alice.

— Oi! Helô. Desculpa a demora. — me justifico.

— Imagina. Acabamos de chegar também. Está preparada?

— Não! — afirmo quase em desespero. — Mas já vim até aqui. Agora vamos até o final. — respiro fundo.

            Observo a entrada. Diferente da última vez que andei aqui, hoje não há sinal de crianças jogando bola. Aquilo de certa forma me causa uma insegurança. Minha mente já imagina que algo deve ter acontecido, principalmente com Dominique e Eliel.

            Caminhamos em silêncio até a entrada. Heloísa já havia avisado a todos sobre uma reunião que fariam hoje. Mas ninguém sabia de fato sobre o que seria. Quando passamos os portões já consigo ver todos sentados organizadamente. Meus olhos buscam por André. Encontro-o em um dos cantos, Dominique sentada em seu colo. Eliel em pé ao seu lado. O menino acena-me com um largo sorriso. Dominique faz o mesmo para Alice, noto que André a impede de se levantar e vir até nós.

— Bom dia! A todos. — Heloísa começa.

—  Bom dia! — respondem juntos.

— Sei que devem estar se perguntando o motivo dessa reunião. — há um breve motim, vozes falam em simultâneo. — Mas juro que é por um bom motivo. Quando eu conheci todos vocês, sempre achei que o que fazia para ajudar nunca seria o suficiente. Sempre pensei ser pouco em relação a tudo que vocês precisavam. Porém, Deus coloca as pessoas certas nas nossas vidas. Em nenhum dos meus sonhos mais loucos imaginei que um dia estaria diante de todos vocês e diria algo tão grandioso como vou fazer hoje. — ela respira fundo. Tentando conter a emoção, não muito diferente de mim, Alice e Anna. — Só queria anunciar que Rebeca com Larissa, mãe de Alice, vão custear um condomínio para vocês.

— Como assim?

— Isso é loucura?

            Muitas pessoas falando em simultâneo. Todas querendo entender o que aquilo tudo significava. Heloísa pede calma a todos. Lentamente as vozes cessam.

— Eu sei que é difícil de acreditar. Mas nós vamos conseguir dar uma casa a todos vocês. Larissa vai ajudar na construção, inclusive vai oferecer algumas vagas para aqueles que tiverem interesse em ajudar. E irão receber por isso. — afirma. — Gente, ainda existem pessoas boas. — ela diz isso olhando diretamente para mim. — Acredito que todos estejam em choque, mas felizes.

— Sim! — gritam.

— Então em nome de todos quero agradecer a você, Rebeca. Pela iniciativa. Por seu olhar cuidadoso e principalmente por sua generosidade.

            Há uma grande salva de palmas. Sinto meu rosto corar. Nem ao menos consigo me mover. Alice sorri orgulhosa, segurando Teo nos braços. Meus olhos buscam por André. Ele parece feliz, sorri aberto, batendo uma mão na outra com força. Seus olhos brilham admirados.

— Os detalhes estão sendo acertados. Há muito trabalho pela frente, mas acredito que tudo dará muito certo. — Heloísa continua. — Como já tomei tempo demais de todos vocês, vou deixar que voltem aos seus afazeres.

            Lentamente as pessoas vão se afastando. Outras caminham até mim, me abraçam, agradecem, me abraçam de novo. Outros vão em direção a Heloísa para saber como podem ajudar na construção. Meus olhos continuam presos em André. Levo alguns minutos até conseguir chegar perto deles.

— Tia Rebeca. — Eliel diz agarrando a minha cintura.

— E aí, carinha? — respondo afagando seus cabelos. — Está tudo  bem?

— Sim. É verdade o que a Helô disse? — Dominique me fita antes que o irmão pudesse responder minha pergunta.

— É sim. — afirmo.

— Então vamos ter uma casa? — ela olha para André.

— Acredito que sim. — ele responde sorrindo. Está feliz.

— Posso ter um quarto só para mim? Sem precisar sentir o cheiro do chulé do Eliel?

— Ei! Eu não tenho chulé. — o menino retruca envergonhado.

— Quer mentir para mim? — Dominique revira os olhos.

            Se eles tivessem dimensão de tudo que eu desejo oferecer-lhes. Não só bens materiais, mas todo o amor e cuidado que eu pudesse dividir.

— Isso são modos? — André briga. — Vão falar com a Alice. — diz apontando a direção.

            Os dois concordam e saem correndo. Um silêncio se instala. Há tanta coisa a ser dita, mas não faço ideia de pôr onde devo começar.

— Fiquei preocupada. — confesso. Ele faz uma cara confusa. — A tempestade. — completo. — Fiquei apreensiva de que algo pudesse acontecer. Tipo uma parece cair ou algo do tipo. — ele solta um riso sem graça.

— Apenas algumas goteiras. Nenhuma parede caiu.

— Você poderia ter me dito isso por telefone, se tivesse me deixado te dar um.

— Já falamos sobre isso. — afirma.

— Tudo bem. Não vou insistir. — fito meus pés, envergonhada. Não sei como lidar com ele fora da empresa, lá ele simplesmente tem que obedecer às minhas ordens.

— Bem legal essa sua atitude.

— Obrigada. Não é nada de mais.

— O que pode não ser nada para você, vai ajudar mais de vinte famílias. — insiste e eu me dou por vencida.

— André. — por um segundo penso em fazer a minha oferta. Mas o medo da recusa me torna covarde.

— Sim?! — me fita curioso.

— Você estudou até que ano? — mudo o foco, mudo o assunto. Qualquer coisa é melhor que levar um não daquele menino.

— Você me contrata sem se importar com isso. O que mudou? Vai me demitir? — vejo aflição em seus olhos.

— Não! Não! De forma alguma. — seguro suas mãos.

— Fiz até o segundo ano. Depois de tudo que aconteceu não consegui terminar os estudos.

— Você pensa em fazer faculdade?

— Sim. Mas isso é bobagem, nunca vou ter dinheiro para isso. — afirma com pesar.

— Qual curso?

— Eu sempre sonhei em fazer medicina. — seus olhos brilham ao me contar isso.

— Se eu posso te dar um conselho. Não desista daquilo que você mais deseja.

— Eu desejei tantas coisas. Imaginava uma vida diferente. Olha onde estou. Não que eu não seja feliz cuidando dos meus sobrinhos. Eles são minha vida. Mas às vezes eu só queria poder viver diferente. — meu coração fica apertado no peito.

— Pensa em voltar a estudar?

— Agora? — faço que sim com a cabeça. — Agora não tem como. Preciso cuidar dos meninos quando chego do trabalho.

— Entendo. — afirmo. — Mas não desista. — ele concorda.

— Acho melhor eu ir tirar a Dominique de perto da Anna, ela enche a menina de doce. Depois ela fica correndo igual uma maluca e eu que preciso dar conta. — diz sorrindo.

            Mal ele se afasta e mais pessoas vêm até mim. Agradecer a minha generosidade. Alguns minutos depois Alice se junta a mim. Senta-se ao meu lado.

— Vi você conversando com o André. Está tudo bem?

— Sim. Apenas sondei algumas coisas.

            Ela me encarou curiosa e eu contei sobre nossa conversa. Concordamos em convidá-los para conhecer nossa casa, apenas um almoço casual. Eu amei a ideia. Abracei-a beijando seu rosto. Ficamos mais algumas horas conversando com o pessoal. Antes de irmos embora Alice puxou André para um canto, conversou algo com ele. Nem consegui prestar atenção no que Heloísa me dizia meus olhos estavam presos nos dois. André sorri-me, depois para Alice. Os dois apertam as mãos e se despedem.

— Então?! — indago ansiosa.

— Fiz o convite. André aceitou, combinei de mandar o motorista vir busca-los às nove.

— Ótimo. — sorri beijando-a.

— Você precisa ter paciência com André. O cara se virou do jeito que pode para cuidar daquelas duas crianças. Vai recusar a ajuda. Precisamos conquista-lo.

— Nós vamos. — afirmo decidida segurando sua mão.

            Não demoramos a chegar em casa. Alice caminhava conversando algo comigo. Ela carregava Teodoro no colo. Assim que abri a porta me surpreendi com ao ver Suely sentada no sofá. Alice me encara sem entender nada. A mulher fica de pé, encarando Teodoro. Posso jurar que por um segundo sua expressão facial já não era tão dura.

­— Dona Rebeca, me desculpe. Mas ela insistiu em esperar pela senhora. — Tereza se explica.

— Tudo bem, Terê. — tranquilizo-a. — Pode nos trazer um pouco de água? — ela assente e se retira. — Alice, essa é Suely, mãe de Pedro. — as apresento.

— Ah! Claro. É um prazer conhece-la. — fala simpática. Suely continua fitando Teodoro.

— O prazer é meu. — responde saindo de seu transe. Há alguns segundos de silêncio constrangedor.

— Você quer segurá-lo? — Alice questiona a mulher.

— Claro! Se não tiver nenhum problema. — juro que não faço ideia de quem seja essa mulher na minha sala. No escritório ela gritou absurdos sobre Alice, mas nesse momento, acredito que observando o quanto Teodoro a ama, Suely conseguiu entender muita coisa.

— Não tem problema nenhum. A senhora é a avó dele. — dá de ombros. Suely sorri surpresa.

            Quando meu filho está nos braços da avó sinto meu coração cheio de amor. Por saber que ela será mais uma, a amá-lo. Ele parece reconhecer algum tipo de sentimento por ela. Não sei se movido pelo sono, mas ele repousa a cabeça em seu ombro. Suely tenta controlar a emoção, fecha os olhos, acariciando os poucos cabelos dele. Alice fica ao meu lado. Segura minha mão enquanto dá um sorriso genuíno para mim.

— Quer conhecer o quarto dele? — questiono.

— Claro. Se importa que eu fique um pouco?

— Não. Pode ficar para almoçar conosco. — Alice responde. — Vou acompanha-la até o quarto. — indica a escada.

            Suely começa a andar com Teodoro. Alice olha-me, eu sussurro um “Obrigado”, ela apenas sorri. Alguns segundos se passam até que ela suma no topo da escada. Tereza aparece com a água.

— A madame já foi? — questiona confusa.

— Não. Está lá em cima. — olho para o segundo andar. — Aparentemente a madame vai frequentar muito essa casa. — digo sorrindo.

— Quem é ela? 

— Ela é a mãe do Pedro. A avó do Teodoro. — digo sem esconder meu sorriso. Afinal se ela está na minha casa acredito que decidiu fazer parte da nossa família sem questionar minhas escolhas e muito menos sem ofender Alice.

            Tereza não diz nada. Lembro-me então de avisar sobre o almoço na manhã seguinte. Iniciamos uma conversa sobre o que deve ser servido. Certifico-me de que tudo seja simples, para não constranger os convidados. Fiquei na dúvida se deveria chamar minha mãe, as mães de Alice. Mas acredito que seria muita informação para os três. Decidi então que ficaremos apenas nós.

            Aperto as mãos em completo nervosismo. Escuto passos na escada. Alice desce com um sorriso.

— Ela é melhor que pensei. — senta-se em meu colo.

— É sim. — concordo, omitindo o escândalo que Suely fez na minha sala.

— Está nervosa? — questiona.

— Um pouco. Estou com medo que algo dê errado. Tenho medo de assustá-los.

— Vai dar tudo certo. — afirma me abraçando. — Eles não sabem a sorte que têm por ter alguém como você disposta a ajuda-los.

— Como nós. Sei que você está encantada por Dominique. — corrijo. Alice sorri.

            Perco-me em seu sorriso. Tudo parece tão pequeno, todo problema, toda preocupação. Parece nula diante da imensidão daquele sorriso. Toco seus lábios levemente.

— Estou precisando de um banho. — afirmo. — Me acompanha?

— Com sua ex-sogra no quarto ao lado? Nem pensar. — ela ri.

— Aposto que ela está muito ocupada cuidando do neto. Mas antes de irmos para o banho posso me certificar que ela está bem e orientar para que caso precise de algo basta chamar por Tereza.

— Você já pensou em tudo?

— Sempre penso. Agora para de me enrolar. Por que eu estou te defendo esse banho. — concorda.

            Antes de entrar para o nosso quarto, faço exatamente o que eu disse. Pergunto se Suely precisa de algo, mas acredito que enquanto ela estiver velando o sono de Teo esquecerá até como respirar. Aviso que vou tomar banho e digo que o almoço será servido em seguida.

            Nosso banho foi regado a muitos carinhos. Porém, Alice fez questão de fugir de todas as minhas investidas. Sua alegação era de que não se sentia confortável em fazer aquilo com a mãe de Pedro no quarto ao lado. Por fim acabei entendendo seu receio. Não queria causar uma má impressão em Suely.

            Quando descemos para o almoço, Tereza e Suely conversavam como velhas conhecidas. O que não passou despercebido por nós. Alice foi a próxima a conquistar o coração da avó de nosso menino. Claro que não poderia ser diferente. Alice é encantadora, sabe como conquistar as pessoas. Suely não seria imune a sua boa educação e cordialidade.

            Sorri satisfeita ao ver o clima alegre da mesa durante o almoço. Senti saudade de Pedro. Imaginando que ele poderia estar ali, conosco. Rindo sobre as coisas bobas que nosso filho está aprendendo. Então meu pensamento viaja até meu pai e em tudo que ele fez. Só então me situo que poderia também ter perdido Alice. O medo me assola. O frio na barriga é quase como andar em uma montanha-russa, ou saltar de um avião. Eu morreria se a perdesse. Eu morreria se algo acontecesse com a pessoa que eu mais amei na vida.

            Alice é meu alicerce. Minha base. Mais do que minha noiva, futura mulher. Ela é o grande amor da minha vida. Ela agora gargalha sobre alguma história que Suely conta, meu coração se enche de alegria e gratidão. Falta apenas conseguir trazer os meninos para junto de nós, assim tudo ficará perfeito.

 

           

Fim do capítulo


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Comentários para 98 - Capitulo 95:
Mille
Mille

Em: 15/04/2022

Oi autora 

Rebeca fez a alegria de muitas pessoas.

E ainda bem que mãe de Pedro veio desarmada e só espero que  não seja fachada. 

Andre é cabeça dura mais logo ele se renderá pelos sobrinhos. É difícil aceitar em boas pessoas e logo ele que passou por muitas coisas para cuidar dos sobrinhos. 

Bjus e até o próximo capítulo 

Responder

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Lysvi
Lysvi

Em: 15/04/2022

Olá, li há um tempo atrás a primeira parte dessa estória e tem autoras aqui que sigo desde o antigo ABCles e de todas as estórias que li está tem um cantinho especial no meu coração, amo tua escrita, consigo captar, sentir casa personagem individualmente e isso é incrível. Eu normalmente só leio as concluídas, sou muito ansiosa para esperar kkkk.... Entrei no site a procura de algo pra ler, normalmente vou direto nas concluídas, mas acho que vou tinha acabado de postar o capítulo e estava bem no topo, vi o título, logo vi que se tratava da continuação e comecei a ler, sem me ligar que não estava concluída ????????‍??

Agora querida autora, li tudo em 4 dias kkkk pq sei maratonar, tu irás consegui me deixar ansiosa...

E só repetindo, acho que nunca é demais, adoro sua escrita, a estória é maravilhosa.????

Responder

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preguicella
preguicella

Em: 12/04/2022

Rebeca é a perfeição em pessoa, boa empresária, boa namorada, mãe e ainda se preocupa com a sociedade! Vou passar a perna na Alice! hahaha

Ainda bem que a vó de Teo resolveu ser uma boa pessoa. Eita que a família só cresce! Adoroooooo!

Bjuuuu

Responder

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Baiana
Baiana

Em: 12/04/2022

Ainda bem que a mãe do Pedro resolveu não ser um megera,e assim poder conviver com o neto 

A pergunta que não quer calar, será que o André vai aceitar ser adotado? 

Responder

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Marta Andrade dos Santos
Marta Andrade dos Santos

Em: 12/04/2022

Espero que Rebeca consiga concer André estou na torcida.

Responder

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Lea
Lea

Em: 11/04/2022

Creio que o André resistirá sobre a adoção!!

Sabia que a dona Suely iria se redimir!

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