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  • Um Novo Começo: O Despertar de Alice
  • Capitulo 94

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Um Novo Começo: O Despertar de Alice por maktube

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Palavras: 4703
Acessos: 2696   |  Postado em: 30/03/2022

Capitulo 94

 

Capítulo 94.º

Alice

— Amor, diz algo. — me pede com os olhos assustados. Movimenta-se dois passos em minha direção. Segura minhas mãos entre as suas. Posso sentir o tremor.

            A frase dita anteriormente ainda ecoa em minha cabeça. Estou completamente aérea. Sem conseguir entender o que aquilo quer dizer. Nem sei em qual momento nos sentamos no pequeno sofá que temos no closet. Rebeca seguia me fitando, a aflição era notória em sua expressão.

— Amor, você está me assustando. — toca meu rosto. — Eu falei bobagem, esquece o que eu disse. — fica de pé tentando dar o assunto por encerrado.

            Se pudesse definir como ela estava, poderia jurar que o nervosismo fazia com que ela não conseguisse se controlar. Passa as mãos nos cabelos, apertando o pescoço em seguida. Aquele assunto tem a incomodado, algo me faz acreditar que não é de hoje. Ela jamais me faria uma proposta dessas se não tivesse pensado bem sobre o assunto.

— Não é bobagem. — consigo dizer. Vira-se para me olhar com a face um pouco mais amena.

— Foi um pensamento idiota. Acabamos de ter um filho. Trazê-los para cá vai mudar toda nossa rotina. — começa a dizer os possíveis problemas que teríamos em uma tentativa de se sabotar, encerrando assim nossa conversa.

— Calma. — peço. — Vamos conversar. — digo buscando suas mãos novamente.

— Eu preciso deitar. — sai me deixando sozinha. Estava buscando uma forma de fugir do assunto por medo de como eu poderia reagir, nesse ponto percebo que não tive o raciocínio rápido suficiente para dar uma resposta.

            Deixo que ela se deite, em seguida faço o mesmo. Nossos corpos estão distantes. Parece que o peso do que conversamos trouxe um imenso espaço entre nós. Rebeca está contraída no canto, os olhos fechados, a boca semiaberta. Estava perdida em seus pensamentos. Nunca a vi assim. Ela sempre fala sobre tudo, domina todo e qualquer assunto. Mas agora, vendo-a vulnerável desse jeito me sinto idiota por reagir mal ao seu pedido.

— Vem para perto. — estico o braço esperando que ela se aproxime. Meus braços agora estão em volta de seu corpo quente, ela solta todo o ar dos pulmões quando sente nossos corpos se unindo. — Me diz como está se sentindo. — peço roçando meu nariz em seu rosto.

— Confusa. — uma única palavra em seguida o silêncio toma conta do espaço, naquele instante ele diz muito mais do que o que ela conseguiu expressar. Parece organizar as ideias antes de começar a falar novamente. — Sei que agora que estou retornando a minha rotina. Mas não sei, desde que vi os meninos me senti na obrigação de fazer algo. Eles são três crianças. André não teve uma vida certa para a idade que tem. Nem sei se ele estudou até o ensino médio. Só queria proporcionar algo a eles. — sua voz embarga. — É loucura, eu sei. Mas é isso que sinto. Pensei que pudéssemos acolhe-los aqui. Oferecermos um lar de verdade. Onde eles não precisem se preocupar se um teto vai desabar sobre suas cabeças.

            Sua voz embarga, a respiração já não é tranquila. Ela chora, eu também. Senti uma ligação forte com eles assim como ela sentiu, mas nunca iria propor algo do tipo a Rebeca. Até por que André tem quase a minha idade. Então ele poderia não aceitar receber ordens minhas, caso morasse conosco. Abraço-a forte. Suas lágrimas molham meu ombro.  

— Eles já sofreram demais. Merecem uma chance para serem algo além de três crianças sem teto. Você precisava ver como o pessoal da recepção tratou o André. Julgando-o por sua cor, pelas roupas que vestia. Foi chamado de trombadinha. Isso me irritou de uma forma que nem consigo colocar em palavras. — posso sentir o quanto aquilo havia a irritado apenas pelo tom que usou ao contar.

— Quem estava na recepção?! Essa pessoa vai ser demitida amanhã. — falei com raiva.

— Não. Ele tem família também, não vou prejudica-los pelo erro dele. Depois da bronca que dei acredito que não vá mais tratar ninguém daquela forma. Ao menos é o que espero. — ela suspira. — André ficou envergonhado. Assustado. Quis desistir de trabalhar lá. Eu pedi desculpas, mas como resposta ele disse que já estava acostumado com aquele tratamento. Ele não devia se acostumar. Disse que era preciso que se defendesse. Ele é só um menino. — completa.

— O que quer fazer? — questiono vendo o quanto aquilo tudo a abalando.

— Quero adotar os meninos. Sei que André já é maior de idade, talvez nem queira aceitar vir morar aqui. Ele quase não aceita as roupas que comprei. — diz pensativa. — Está acostumado a se virar sozinho. Não tem costume de receber ajuda. Mas no fim ele é apenas um menino assustado, com uma responsabilidade enorme nas costas. Ele devia estar aprontando com os amigos, saindo para festas. Não tendo que cuidar de duas crianças.

— Você tem razão. — digo por fim. — Mas para pedirmos a guarda deles antes da adoção, precisamos nos casar.

— Você quer mesmo me arrastar para o altar, não é? — ela brinca contendo uma risada.

— Penso nisso dia e noite. — respondo. Ficamos em silêncio, ela acaricia meu rosto. Enquanto eu enrolo meus dedos em seus cabelos.

— Então você aceita?

— Se casar? Já disse que sim. — ela resmunga irritada.

— Não. Estou falando sobre os meninos. — diz nervosa. Seu corpo se tensiona e eu posso sentir seus músculos se contraindo.

— Claro que sim. Eu disse que queria ter mais filhos, e já que todos vêm maiores eu adoro ainda mais. Não preciso acordar na madrugada para amamenta-los. — Rebeca dá uma sonora gargalhada. Em seguida seu corpo está em cima do meu e ela me beija por todo meu rosto.

— Eu te amo. — sussurra.

— Eu também te amo.

— Tenho mais uma coisa para contar.

— Você está cheia das novidades. Mas me diga logo o que é essa outra coisa.

— Quero ajudar todas as pessoas do abrigo. — afirma. — Pensei em uma forma de fazer isso. Mas vou deixar isso para amanhã. Afinal já está tarde, precisamos dormir.

            Seu corpo se aninhou ao meu me causando uma sensação maravilhosa de paz e logo adormeci sentindo seu calor. Na manhã seguinte despertei já desejando encontra-la ao meu lado, mas nem sinal dela. Escutei o barulho do chuveiro. Encarei o relógio ao lado na mesinha de cabeceira. Nem eram seis horas. Como Rebeca conseguiu acordar antes de mim? Questiono-me lutando contra a minha vontade de permanecer deitada.

            Vou me arrastando até o banheiro. Quando chego a porta Rebeca já está enrolada em uma toalha. Sorri ao me ver.

— Bom dia! Amor. — diz beijando meu rosto.

— Bom dia! Meu anjo. Eu te empurrei da cama? — questiono com a sobrancelha erguida. Ela gargalha negando com a cabeça.

— Não. Só acordei cedo. Estou animada. — afirma.

— Estou percebendo. Isso tem a ver com os meninos?

— Sim. Estou ansiosa para conversar com a mamãe hoje. A noite se tudo sair como planejado na minha conversa com ela, vou marcar um jantar aqui em casa com as suas mães, Heloísa e Anna.

— Nossa! Planejou isso enquanto dormia? — brinco.

— Não. Foi durante o banho. — ela sorri. — Agora me deixa terminar de me vestir. — beija meus lábios.

            Rebeca parece pronta para iniciar uma guerra e sair vitoriosa. Enquanto isso meus neurônios nem voltaram a funcionar direito. Sinto-me bem por vê-la assim. Contudo, se eu continuar aqui admirando-a vou acabar perdendo a hora. Corro para o banho, em seguida tomamos nosso café da manhã. Despeço-me de Rebeca e dou um beijo em Teo que segue sua rotina de sono.  

            Chego à faculdade em cima da hora. Corro para a sala de aula. Anna já estava guardando meu lugar como de costume. Alguns minutos se passam e o professor não aparece.

— Eu preciso alimentar meus vermes. — Anna diz se pondo de pé. — Vamos à cantina?

— Não estou com fome. — respondo.

— Mas não perguntei se você quer comer, te chamei para me acompanhar. E de preferência pagar meu lanche. — ela ri. Agarra meu braço e sai quase me arrastando pelos corredores da faculdade.

            Joga-me em uma mesa e vai pedir algo para comer. Não demora a retornar.

— Isso parece bom. — falo tentando tomar um pedaço de sua torta. — Aí. — recebo um belo de uma tapa na mão. Acaricio a pele que foi violentamente atacada.

— Se quer vai comprar. Não vem metendo a mão no que não é seu. — reclama dando uma generosa mordida. E fazendo questão de dizer que está delicioso.

— Quanta grosseria. — reclamou. — Esfomeada. — ela dá de ombros sem se importar com minha ofensa. — Vou riscar seu nome da minha lista de convidados para um jantar lá em casa hoje. — curiosa ela para com a torta na metade do caminho até sua boca.

— Vão anunciar a data do casamento? — questiona.

— Não. A ocasião é outra. Inclusive a Rebeca vai convidar a Heloísa.

— Rebeca vai convidar a Helô por livre e espontânea vontade? — questiona incrédula.

— Isso mesmo que você ouviu. Ela me disse ontem à noite.

— E do que se trata esse jantar com a presença da Heloísa?

— Não sei. Rebeca não me disse sobre o que se trata. Mas posso garantir que ela acordou bem animada hoje.

— Aposto que a noite foi quente. — riu com malícia.

— Nada disso. Apenas decidimos algo muito importante.

— Que seria?

— Rebeca quer que André, Eliel e Dominique vão morar conosco. — Anna se engasgou com o suco. Começou a tossir desesperada. Tinha líquido amarelo saindo até por seu nariz. — Respira. Você vai mesmo morrer afogada com suco? — ela fica vermelha de raiva. Começa a rir.

— Deixa eu ver se entendi. — fala tomando fôlego. — Vocês decidiram adotar três filhos? Um adolescente, e duas crianças?

— Sim.

— Caramba! Isso que é coragem. — fico olhando-a sem entender. — Não me entenda mal, acho admirável que queiram dar um lar aqueles três, super apoio a decisão. Mas são três filhos, e um bebê. Poderia ser até um filme, Duas Lésbicas, um adolescente, duas crianças, um bebê e um segredo. — ela diz rindo. — Pensando bem, não daria certo. Nome muito longo eu teria preguiça de ir assistir.

— Eu sei que é uma mudança e tanto. Mas já havia pensado nisso. Claro que não iria propor isso a ela. Não cogitei que ela também teria o mesmo pensamento. Eu já estive no lugar deles. Tive a sorte de encontrar uma família maravilhosa. Consegui uma segunda chance. Isso não tem preço. — concluo.

— Faço ideia. Como eu disse, acho uma atitude admirável. Vocês serão uma grande família feliz. — ela para por um segundo. — É isso! Esse sim, seria um bom título de filme. — brinca e damos risadas juntas.

— Você vai para o jantar?

— Lógico. Estou curiosa desde já.

— Anna, eu vi Virgínia esses dias. — mudo de assunto repentinamente.

— E?

— Nada. Ela parece bem, feliz. Está mais magra.

— Teve tempo de reparar tudo isso? — posso sentir um pouco de desaprovação em seu tom.

— Sim. Quer dizer... Vi ela e a namorada na padaria.

— Namorada?

— Sim. A Lis, aquela tenente que está me ajudando com o caso do meu querido sogro tentando me matar.

— Ah! Entendi. Ela voltou sem ninguém saber?

— Penso que sim. Não é como se ainda fossemos amigas. E acredito que Miguel mesmo que soubesse que ela estava voltando jamais me contaria. — afirmo.

— Verdade. Mas o que deu nela para voltar assim? Será que voltou a trabalhar com a sua cunhada?

— Não sei. — respondo pensativa. Me preocupando se ela estaria sem trabalho.

— Você ainda se importa com ela. — afirma.

— Sim. Mas não dessa forma que imagina. Sinto-me um pouco culpada por tudo que ela passou. Devido à história da irmã com as minhas mães. Ela foi para fora por conta de uma armação da minha mãe. — recordo. — Agora não sei se ela está trabalhando. Isso me preocupa. Percebi que sinto falta dela. Não como mulher, mas como amiga. Você entende? — diz que sim com a cabeça. — Por falar em amiga. Já saiu do apartamento de Heloísa?

— Não. Decidi que não quero voltar a morar com a minha mãe. Preciso do meu espaço. Heloísa disse que eu poderia ficar com ela por um tempo. Até conseguir um lugar para morar.

— Sei. No rumo que as coisas vão, aposto que vai mudar para o quarto dela. — brinco.

— Nada disso. Ainda não estou pronta. — insiste.

— Anna, já disse que desde que vocês queiram o caminho está livre.

— Eu sei. Mas não quero me entregar de novo. Decidi que preciso me organizar antes de entrar em outro relacionamento. Dessa vez serei bem seletiva.

— Tudo bem. Só penso que Heloísa tem adquirido sentimentos por você. Cuidado para quando perceber não ser tarde demais.

— Se ela realmente gostar de mim, vai respeitar meu momento. E chega desse assunto. Paga meu lanche e vamos que a próxima aula vai começar.

            Encerrou o assunto irritada. Fizemos o percurso de volta. A aula seguinte se arrastou como uma lesma em um gramado. Já era quase meio-dia quando saímos. Fui direto para a empresa. Sorri ao observar o quanto André estava bonito. Bem-vestido, com um sorriso no rosto ao me ver chegar.

— Gostei da gravata. — elogio.

— Obrigada. — ele me olha como se procurasse algo para elogiar e devolver a gentileza.

— Eu sei, sou perfeita. Fica difícil encontrar apenas uma coisa para elogiar. — ele ri negando com a cabeça.

— Modesta também. — brinca. — Dona Rebeca está em reunião.

— Com quem? — questiono curiosa. Ele busca a agenda de Rebeca procurando o nome anotado.

— Carmem. — ele diz.

— Bom, já que ela está ocupada vou ver a minha mãe.

            Desço um andar, chegando ao escritório dela. A secretaria me manda segui-la. Bate a porta e espera uma resposta.

— Pode entrar. — escuto a voz da mammy.

— Com licença. Alice está aqui fora. Posso manda-la entrar?

— Claro. Por favor.

            A moça me dá passagem. Mal entro na sala e minha mãe me envolve em um abraço apertado.

— Só assim para te ver. Nem parece que moramos no mesmo bairro. Os meninos têm reclamado de sua ausência.

— Eu sei. Estou em dívida com vocês. Mas tenho feito tanta coisa que mal sobra tempo até para dormir. — confesso me sentando.

— Você precisa de férias. Aliás, todos nós precisamos. Mas pelo menos o feriado do fim de ano se aproxima. — apenas quando ela diz isso é que percebo que o ano está acabando. — A ceia será lá em casa. Sem negociação. — diz rapidamente sem me dar tempo de falar algo. — Como você está? Não tem mesmo dormido direito. Olha essas olheiras. — aponta para o meu rosto.

— Eu estou bem, mammy. — afirmo. Só então me lembro de que ainda não contei sobre a visita de Lis e suas suspeitas.

— O que está me escondendo? — questiona apoiando os cotovelos na mesa, inclinando o corpo em minha direção.

— Nada! — nem eu mesma acreditei no que falei. Meu tom saí quase como um miado.

— Nada? — insiste. Ela é muito assustadora. Com apenas um olhar conseguiria arrancar qualquer coisa de mim.

— Na verdade, tem algo que ainda não contei. — me ajeito na cadeira. — Recebi a visita de uma policial, ela suspeita que o acidente de Tália não foi de fato um acidente.

— Como assim?

            Então, eu começo a narrar tudo desde o início. Conto sobre a batida no dia do aniversário dos meninos, sobre o acidente, e inclusive as suspeitas sobre a morte de Pedro. Dona Isabella fica transtornada. Diz que vai procurar Lis para saber o que fazer. Insiste para aumentar o número de seguranças. Lá estava o exagero que me fez esconder isso dela. Sei que ela é mãe, tudo isso é apenas preocupação, mas sempre exagera.

— Não tem o que reclamar, Alice. É aumentar a segurança. Tanto em casa e quando for sair. Nunca deixar que o carro fique sem ninguém em lugares públicos, não dá para brincar com a sorte. — disse nervosa.

— Tudo bem, mammy. Vou contratar mais seguranças. Pedirei a Montanha que cuide disso. Vou ficar bem. — seguro sua mão.

— Assim espero. — responde me fitando.

— Agora eu preciso ir trabalhar. Até mais tarde.

— Até. Cuidado, por favor.

— Pode deixar.

            Saio da sala sabendo que assim que eu colocar os pés fora da empresa vai ter um batalhão de seguranças me esperando. Aperto o botão do elevador. Em segundos estou no andar da presidência. As portas se abrem e André sorrir ao me ver.

— Carmem já foi?

— Sim.

— Ótimo. Eu preciso trabalhar. — respondo entrando na sala.

            Rebeca está de costas para a porta. Fita o vai e vem dos carros na avenida. As mãos apoiadas na cintura. Está tão concentrada que nem percebe minha aproximação. Ponho-me atrás dela. Minhas mãos repousam em sua barriga. Beijo sua nuca. Ela sorri, deixando a cabeça apoiada em meu ombro.

— Pensando em se jogar? — brinco.

— Sou um anjo, mas ainda não tenho asas. — responde divertida. — Chegou agora?

— Não. Faz alguns minutos. André me avisou que sua mãe estava aqui, eu não quis atrapalhar. Então aproveitei para ir ver a mammy.

— Você jamais me atrapalharia. — sua voz está calma. — Contou a Isabella sobre meu pai?

— Sim. Aposto que ela vai colocar uma cavalaria atrás de mim agora.

— Concordo com ela se o fizer. — ficamos em silêncio alguns segundos.

— Como foi a conversa com sua mãe?

— Melhor do que eu esperava. — há animação em sua voz. — Você deve estar confusa sem saber o que pretendo fazer, não é?

— Um pouco, mas acredito que no momento certo vai me dizer. — afirmo beijando sua cabeça. — Apesar de adorar estar coladinha em você. Eu preciso trabalhar.

— Eu também. Mas antes vou marcar o jantar.

— Então, enquanto você faz isso eu vou ligar meu computador.

            Pega o celular e manda mensagem. Fico presa em seus movimentos, seus gestos. Se fosse possível poderia jurar que estou me apaixonando ainda mais por ela. Mas acredito que todo o amor que cabe em mim, ela já o tem. Sem esforço nenhum.

             O sol já se escondia atrás dos prédios quando chegamos a casa. Como eu já esperava, a mammy montou quase uma cavalaria para me escoltar. Nem vou discordar da preocupação dela. No fundo, saber que tenho corrido risco de morte tem me deixado preocupada. Tenho ficado mais atenta a tudo a minha volta.

— Amor, podemos ir logo para o banho? Às sete o pessoal chega para o jantar.

— Banho juntas? — questiono com malícia.

— Nem vem com essa carinha de safadeza.

— Que carinha? — digo me aproximando.

— Não! Já falei. É apenas um banho. — recua.

— E quem aqui está falando de outra coisa?

— Você.

— Não disse nada.

— Sua face diz. — ela revirou os olhos.

— Isso é calúnia, meus advogados vão entrar em contato com você. — passo a ponta do dedo em seu decote. — A menos que... — seus lábios abrem e fecham com rapidez, para em seguida seus dentes apertarem o lábio inferior. Eu prendo o ar com o gesto.

— Menos quê?

— Você me beije.

            Não dou tempo para que ela responda ou pense em se afastar. Minha boca cola na dela com sede. Nossas línguas danças juntas me causando ondas elétricas que percorrem todo meu corpo. Agilmente minhas mãos estão em sua cintura. Apertando sua pele por baixo da blusa. Um gemido contra minha boca. Sinto meu ventre doer. Uma pontada aguda, me fazendo perder o rumo de tudo.

            Ergo seu corpo com facilidade. Pareço ficar mais forte a cada dia. Isso causa espanto em Rebeca que me olha assustada. Mas logo prende suas pernas em volta da minha cintura. Ela solta minha blusa, me deixando apenas de sutiã. Beija meu pescoço, arranha minhas costas. Me fazendo delirar.

— Vamos ser rápidas. — diz com a voz ofegante.

— Nunca em hipótese alguma vou fazer amor com você sem aproveitar cada segundo. — acaricio seu rosto. Ela fecha os olhos. — Você é perfeita demais para não ser admirada.

— As convidadas... — tenta argumentar.

— Vão entender se nos atrasarmos. — beijo seu pescoço. — Todas são adultas.

— Droga! — diz aflita.

            Ela está entregue a mim, a todo o amor que estou disposta a dar. Todo o prazer que posso proporcionar. Rapidamente nos desfazemos do resto das peças de roupas que usamos. Fazemos amor sem pressa, curtindo cada toque, gemido. Unir nossos corpos é viajar para uma dimensão completamente perfeita.

            Nunca comparei o que tenho com Rebeca ao que vivi ao lado de Virgínia, afinal não tivemos um relacionamento duradouro. Seria completamente injusto. Mas com Rebeca, tudo se encaixa de uma forma tão maravilhosa que eu não consigo me imaginar vivendo nada disso com outra pessoa.

— Minha cara vermelha vai entregar o que nos fez atrasar. — ela reclama secando os cabelos.

— Pensei que seria a marca no seu pescoço.

— Onde?! — corre para frente do espelho. Eu começo a rir. — Engraçadinha. — revira os olhos. — Suas mães vão estar aí. Imagina com que cara vou olhar para elas.

— Com a cara da minha futura esposa, que me comeu gostoso durante o banho. — brinco e ela cora.

— Alice! Estou falando sério.

— Eu também. — visto uma camiseta. — Relaxa! Vou te contar um segredo. — me aproximo dela. — As minhas mães também trans*m.

— Você é impossível. — dá tapinhas em meu ombro.

— E você ama. — afirmo colando nossos lábios.

            Alguém nos chama do lado de fora do quarto.

— Estamos indo. — respondo para Tereza. Logo escuto seus passos se afastando da porta do quarto.

            Não demoramos a terminamos de nos arrumar. Rebeca escolheu um lindo vestido floral, com um decote em V. O vestido tem uma estampa em cores claras, seu cumprimento chega aos joelhos. Meus olhos não cansam de admirar sua beleza. Descemos os lances de escada de mãos dadas. Antes de chegarmos ao térreo escuto as vozes de Heloísa e Anna.

— Nossa! Quanta demora. Juro que se soubesse que viria passar fome teria comido em casa. — minha amiga reclama.

— Nem casa você tem. — implico. — Como vai Heloísa? — dou dois beijos em seu rosto.

— Bem. Encantada com a casa de vocês, é linda. Parabéns. — fala com timidez. — Como vai Rebeca?

— Estou ótima. Fico feliz que tenha aceitado meu convite. — sorri simpática. Anna sussurra: “É o fim do mundo e ninguém me avisou?”. Isso me faz prender o riso.

— Confesso que fui pega de surpresa, mas me sinto lisonjeada por estar aqui. — Heloísa sorri, Rebeca retribui.

            Por um segundo começo a concordar com Anna. Aquela atitude de Rebeca parece mais coisa de realidade paralela. Ou quem sabe um sinal do fim do tempo. Junto-me a Anna em um canto, enquanto Rebeca e Heloísa conversam como velhas amigas.

— Me belisca. — peço. — Aí! — reclamo ao sentir a dor.

— Você pediu. Diz o que fez com ela? — aponta para Rebeca.

— Sexo. — afirmo rindo. Pensando em tudo que fizemos há alguns minutos.

— Me poupe. É meio obvio que o atraso era por estarem trans*ndo. Esse cabelo molhado e cara de quem gozou não me enganam. Sinto o cheiro de longe.

— Cheiro de quê? — Heloísa escuta apenas última parte de nossa conversa.

— Da comida de Tereza. — Anna diz corando. — Estava com saudades. — desconversa.

— Ah! Claro. — concorda voltando a conversar com Rebeca.

            Não faço ideia de como aquela noite vai terminar. Mas posso garantir que ver Rebeca e Heloísa juntas, conversando me deu uma maravilhosa sensação de que nosso relacionamento chegou a um patamar que o ciúme não ganha força. Mostra-me que nosso amor é maior que qualquer coisa que possa surgir. Só não sei se é forte o suficiente para lidar com quatro filhos.

            Ao pensar sobre isso, sinto meu corpo tencionar. Caminho para o bar. Sirvo uma generosa dose de uísque. Bebo tudo de uma vez, sob o olhar atento de Rebeca. Sinto o calor da bebida me aquecer de dentro para fora. Estou nervosa. Aflita com todas as possibilidades diante de nós. O novo sempre é difícil. Mas naquele momento nem sei o que Rebeca quer dizer durante o jantar. E se ela resolve contar sobre nossa decisão as minhas mães? Como elas irão reagir? Será que vão nos apoiar?

— Alice, você está bem? — a voz de Anna me chama atenção.

— Sim. Sim. Claro. — sacudo a cabeça tentando afastar os pensamentos da minha mente.

            A campainha toca.

— Ótimo. Suas mães chegaram. — Rebeca sorri animada.

            Vou até à porta.

— Boa noite! Espero não estarmos atrasadas. — a mamma diz enquanto me abraça.

— Como sempre. — respondo provocando.

— Amor! — repreende Rebeca. — Não liguem para ela. Nós também nos atrasamos. — nossos olhos se encontram. Ela cora ao lembrar o motivo que nos fez atrasar.

            O silêncio é constrangedor.

— Ah! Gente! Me poupem. Todo mundo trans*. — Anna solta.

            Ela tem esse dom de simplesmente tornar as coisas mais leves. Agradeci mentalmente por ela estar presente essa noite. Nós rimos e vamos até à mesa de jantar. Iniciando assim algumas conversas paralelas. Até esqueci que estamos aqui para escutar algo que Rebeca quer propor.

— Eu sei que a curiosidade está tomando conta de vocês. — começa seu discurso. — Mas posso garantir ser por uma boa causa que estamos aqui hoje. — ela tem toda nossa atenção. — Não contei ainda a vocês. — olha para as minhas mães. — Mas conhecemos um lugar onde moram muitas famílias. Em uma situação que ninguém deveria viver. Graças a Heloísa e Anna, Alice conheceu esse lugar e me apresentou aquelas famílias. Depois da morte de Tália...- ela para alguns segundos, respira fundo. — Percebi que de nada vale o dinheiro se não podemos usar para o bem. Então decidi vender minha cobertura. — olha para mim. — Sei que não conseguiria voltar lá. Mas também por termos essa casa maravilhosa. — olha em volta. — Vendi para a minha mãe. O dinheiro quero investir em casas para todas aquelas famílias morarem. Quando resolvi fazer isso, sabia que eu não conseguiria sozinha. Preciso do apoio de vocês. Heloísa por conhecer todas aquelas famílias, Anna por a acompanhar todas as semanas em suas visitas. Alice por ter me apresentado uma realidade que eu desconhecia. — apertou minha mão. — E vocês duas...- olhou para as minhas mães. — Preciso que aceitem entrar nessa nova empreitada conosco. A empresa de vocês é a melhor. Não confiaria em outra a não ser essa. Juro que vou pagar tudo. Bancar cada centavo. Só quero que aceitem. Então?

            A atitude dela, nos deixou sem palavras. Contínhamos as lágrimas. A emoção era presente em cada uma de nós. Por mais que eu tivesse pensado mil vezes sobre o que ela faria, isso nunca passou pela minha cabeça. Acredito que assim como eu, todas estavam em choque total.

 

 

 

Fim do capítulo


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Comentários para 97 - Capitulo 94:
Baiana
Baiana

Em: 02/04/2022

A princípio achei mesmo que elas iriam adotar as crianças,mas por causa da idade do André,achei que elas fossem ajudá-los de outra forma,mas acredito que nada vai atrapalhar essa adoção.

Não imaginei que Rebeca fosse fazer algo do tipo,pensei que ela fosse reformar a escola,ampliar para que as famílias ficassem com conforto e segurança,mas nunca que ela construiria casas para eles,e é claro que as sogras vão topar,e não cobrará nada da nora, será a contribuição delas.

Responder

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Dolly Loca
Dolly Loca

Em: 01/04/2022

A Rebeca é muito perfeita. Que mulher fantástica e com um coração gigante. Ela e a Alice se merecem por serem seres humanos tão especiais.

 

Bjos

Responder

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Lea
Lea

Em: 30/03/2022

Tem como não amar a Rebecca por tudo isso!! Que atitude maravilhosa,que grande mulher! 

Quanto a adoção, será que o André vai aceitar? Espero que sim!!

Responder

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Mille
Mille

Em: 30/03/2022

Parabéns pela atitude Beca e com certeza as sogronas irão ajudar sem o pagamento. Seria tal bom se as pessoas reais tivéssem essa atitude. 

E bora aumentar a família e depois mais uma para fechar a felicidade. 

Bjus e até o próximo capítulo 

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Marta Andrade dos Santos
Marta Andrade dos Santos

Em: 30/03/2022

Pois é! vivemos no mesmo planete e em mundos diferentes.

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