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  • Um Novo Começo: O Despertar de Alice
  • Capitulo 93

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Um Novo Começo: O Despertar de Alice por maktube

Ver comentários: 4

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Palavras: 4262
Acessos: 2403   |  Postado em: 28/03/2022

Capitulo 93

 

Capítulo 93.º

Rebeca

            Dormi bem na noite passada como há muito tempo não dormia. Meu sono foi tranquilo, nem escutei Teodoro chorar durante a madrugada. Acordei com os beijos de Alice em meu pescoço. Faltavam poucos minutos para seis e meia.

— Bom dia! Meu amor. — resmunguei com a voz rouca.

— Bom dia! Minha princesa. — ela brincou imitando o que Dominique falou de mim.

— Eu dormi maravilhosamente bem. — confessei me aconchegando ao seu calor.

— Percebi. Você nem ao menos se mexeu ao meu lado. Cheguei até a verificar se você ainda estava respirando. — conta e me faz rir.

— Isso tudo é medo de ficar viúva? — indago.

— Nem casei ainda. Você não pode me dar esse luxo.

— Não darei. Agora me deixa levantar, pois, temos um dia cheio hoje.

— Temos? — ela me pergunta.

— Sim. Temos. Você tem aula e depois precisa ir para a empresa. E eu tenho que treinar meu novo assistente.

— Verdade. Espero que ele dê conta.

— Ele vai. — afirmei. — Acredito que ele vá se agarrar a essa oportunidade.

— Eu também. E te amo um pouco mais só por dar essa chance a ele.

— Só um pouco?

— Isso. Um pouco. — ela sorri.

            Tomamos café da manhã juntas. Alice saiu antes de mim, devido sua aula começar cedo. Eu percebi que não peguei um telefone para entrar em contato com André, e muito menos perguntei como ele iria até à empresa. Martirizei-me pela minha falta de atenção. Deveria ter oferecido carona a ele.

            Sai de casa quase já quase oito horas da manhã. Segui com o motorista e um segurança. Essa estava sendo minha rotina. Ao chegarmos à empresa, sai do carro e adentrei ao hall. Vi um burburinho na recepção. André estava explicando que havia ido até ali para me encontrar. Mas aparentemente a pessoa que estava na recepção não acreditava no garoto. Ele estava envergonhando. Sentindo-se humilhado. Alguns funcionários engravatados passaram por ele, olhando-o de cima a baixo. Senti uma raiva absurda invadir meu corpo.

            Aproximei-me silenciosamente. Sem que ninguém percebesse.

— Eu já disse, vim ver a Rebeca. Eu vou ser o novo assistente dela.

— Claro. E eu sou o presidente do Brasil. — o homem debocha. — Acho melhor você dá o fora daqui, seu trombadinha. — os ombros de André caem, ele estava se sentindo derrotado.

— Está tudo bem aqui? — questiono.

— Bom dia! Dona Rebeca, está sim. Este garoto já está de saída.

— Por qual motivo você colocaria meu assistente para fora? — questiono. Posso ver o medo no olhar do homem.

— Eu não...- está atônito.

— Da próxima vez que alguém vier me procurar. Seja quem for, independente da classe social ou da cor de sua pele, espero que possa me ligar antes de mandar embora. — falou com a voz firme. — Estamos entendidos?

— Claro, senhora. Sim, senhora. — o homem se apressa em dar um cartão de visitante a André.

— Ótimo. Podemos ir, André? — ele não fala, apenas concorda com a cabeça.

            Entramos no elevador em silêncio. Mas eu sinto que preciso dizer algo. Mesmo que não tenha feito toda aquela cena ridícula e preconceituosa.

— André, eu sinto muito.

— Não foi sua culpa. — ele me tranquiliza. — Já estou acostumado. — confessa encarando os pés.

— Pois não deveria. Deve aprender a de defender. Nunca, nunca permita que ninguém te trate daquela forma. Independente de quem for.

            Ele fica em silêncio mais uma vez. As portas se abrem. Ele abre e fecha a boca vezes seguidas. Dou um passo para fora e ele permanece no mesmo lugar. Apenas observando tudo a sua volta.

— Creio que deva sair. Aqui é o último andar. — eu brinco.

— Não fazia ideia que você era a presidente. — ele me fita.

— Isso muda algo?

— Sim. Não sei se consigo fazer isso. Olha esse lugar, essas pessoas. Não consigo fazer isso. — ele se desespera.

— Claro que consegue. Pode provar para todos eles que é melhor que todos juntos. Posso te ensinar muitas coisas. O salário é bom. Há muitos benefícios. — falo tentando convencê-lo.

— Dona Rebeca, eu não tenho roupas para vir. Deus! Isso é completamente fora do meu mundo. Essa sala é do tamanho da escola que moro. — ele está assustado.

— Podemos resolver isso.

— Isso o quê?

— As roupas. Podemos compra-las. Você vai mesmo precisar se vestir bem. Me deixe ajuda-lo nisso.

— Não posso aceitar. — ele passa as mãos nos cabelos. Está nervoso. Assustado.

— Pode sim. Basta dizer que aceita. Vamos agora ao shopping. — me ponho de pé.

— Isso é loucura. — ele balança a cabeça.

— André, essa é minha primeira ordem como sua chefe. — falo seria. Ele me fita assustado.

            Dou um passo em direção ao elevador. André fica me olhando do lado de fora. Lutando contra seu orgulho. Que naquele momento está completamente ferido. Antes das portas se fecharem ele as impede com o braço esticado. Fica ao meu lado, em silêncio.

            No estacionamento ele encara o segurança que abre a porta para podermosentrar. Aquilo tudo parece muito novo para ele. Quando chegamos ao shopping falo:

— Fique à vontade para escolher o que gostar. Mas lembre-se que precisa usar para trabalhar. Quando escolher tudo vai fazer um desfile para mim. — ele arregala os olhos.

— Você não está falando sério, está? — faço que sim com a cabeça.

            Ele começa a olhar as coisas. Escolhe algumas peças, percebo que olha sempre  o preço antes de selecionar. Deixo-o à vontade e enquanto isso vou para a seção infantil. Escolho algumas coisas que sei que vão servir direitinho tanto em Dominique quanto em Eliel. No fim já estava com mais coisas que André.

            Passados alguns minutos ele já está desfilando para mim. De início fica tímido, mas lentamente vai se soltando. Até brinca fazendo poses. No fim ele conseguiu escolher algumas coisas que ficaram ótimas.

— Dona Rebeca, isso vai sair muito caro. Vou devolver esse dinheiro assim que receber meu pagamento. A senhora parcela em doze vezes? — questiona para mim.

— Não precisa devolver o dinheiro. — enfatizo.

            Coloco as coisas de André com as de seus sobrinhos que eu já havia deixado separado. Ao ver as roupas infantis, André me olha sem entender nada. Eu apenas sorrio para ele. Enquanto escutamos o barulho da mulher somando o valor.

— Sete mil e quinhentos. — a moça informa. André arregala o olho, puxando meu braço e me arrastando para o canto.

— Não posso deixar que gaste todo esse dinheiro. — fala baixo.

— André, esse dinheiro não vai me fazer falta.

— Mas é muita grana. — insiste. Eu fico me perguntando como lhe digo que essa quantidade pode ser muito para ele, afinal não tem nada, mas para mim, é um valor insignificante.

— Nem foi o milhão que gastei com meu cavalo. — brinquei lembrando de Dominique. André sorri mais relaxado. — Não se preocupe. Ainda nem compramos os sapatos. — dou as costas para ele. — Débito por favor. — entrego meu cartão.

            Nesse momento o segurança nos ajuda a carregar as sacolas. Fomos para a loja de sapatos e mais uma vez enquanto André escolhia os seus eu acabei pegando alguns para os meninos. Era quase uma hora quando meu celular toca.

— Amor, onde está? Cheguei à empresa e não te encontrei.

— Vim ao shopping com André. Ele precisava de roupas para trabalhar. — confesso.

— Claro eu devia ter pensando nisso. Já almoçaram?

— Ainda não. Ele está escolhendo alguns sapatos. — observo o menino conversando com a vendedora. — Estou pensando em uma coisa.

— Diga. — incentiva.

            Começo a explicar o meu plano e ela aceita prontamente. Encerramos a ligação. Após comprarmos o que viemos procurar nesta loja as sacolas triplicaram. Tanto eu quanto André precisamos carregar algumas.

— Preciso do número do seu telefone.

— Eu não tenho um. — afirma. — Precisei vender para comprar remédio para Eliel quando ele ficou doente. — me sinto mal por ele.

— Certo. Vamos encontrar uma solução.

— Não vou aceitar que me dê um telefone.

— Mas eu nem disse que daria um. — dei de ombros. Pelo tempo que falei com Alice, acredito que ela deva estar chegando para nos encontrar. — Estou faminta. — digo. — Vamos almoçar?

— Está falando sério?

— Sim. — ele ficou quieto de repente. — Aconteceu algo?

— É que não me sinto bem em comer fora sem os meninos. Nem sei se eles almoçaram ainda. — confessa.

— Ainda bem que eu os convidei. — afirmo segurando seu braço.

            Ele já está usando uma das roupas que comprou. Calças preta, camisa social azul-marinho. Caminhamos em direção a praça de alimentação. Quando chegamos, avistei Alice e os meninos. Eliel correu para abraçar o tio.

— Uau! Você está bonitão. — admirou.

— Gostou?

— Muito. — afirmou. — Oi! tia. — sorri para mim. — Obrigada por dar um emprego ao titio Dré. — ele me abraça. Eu não consigo responder, apenas sou envolta em pequenos braços.

            Alice e Dominique estão em um papo animado. Beijo levemente os lábios de minha amada noiva. Em seguida abraço a menina que estava tapando os olhos. Ela também elogia a aparência de André.

— Tio, você não vai acreditar no carrão que a tia Alice dirige. Parece aqueles de filme. Ela tem dois seguranças.

— É mesmo? Aposto que dever ser um carrão.

— Carão. — Dominique diz. — Aposto que é mais caro que o cavalo da tia Rebeca. — diz pensativa. E nos faz rir. Ela nunca iria esquecer essa história de cavalo.

            Fizemos nossos pedidos. Claro que os três decidiram comer sanduíche. Aliás, mais de um. Dominique e Eliel gostaram mais do brinde que veio junto. Eu ri muito escutando as coisas daqueles três. André os educou bem, mesmo sendo tão novo e sem ter ninguém que também o educasse e pudesse cuidar dele. O que eu vejo é um garoto que com menos da minha idade, viveu muito mais que eu. Amadureceu muito cedo.

            Quem nos visse de longe poderia jurar que nos conhecemos há muito tempo. Mas nossa sintonia foi mesmo imediata. Criei um lanço forte com esses três. Mesmo em curto espaço de tempo. Agora estou com medo do que tem povoado meus pensamentos. Estou com medo dos meus próprios sentimentos. Alice busca minha mão por baixo da mesa. Olha-me com carinho, sorrindo. Ela está feliz. Assim como eu estou.

            Despedimos-nos na saída. Alice iria deixar os meninos no abrigo. André e eu seguimos para a empresa. Aproveitei para passar algumas coisas para ele. Deixei claro alguns pontos, como ter pontualidade e responsabilidade. Não é por gostar dele que acabaria deixando tudo correr solto. Ele não demorou a aprender. Já conseguia me transferir ligações, anotou alguns recados e tomou conta direitinho da minha agenda. Já era quase final de expediente quando ele entrou na minha sala.

— Ainda precisa de mim?

            Só ao escutar sua pergunta é que olhei para o relógio. Já passava das dezessete horas.

— Não. Já vamos encerrar por hoje. Posso te dar carona. Me espera só alguns segundos.

— Espero.

            Comecei a desligar o computador quando escuto novamente alguém abrir a porta.

— Dona Rebeca, sinto muito. Eu disse que estamos de saída. — André se explicou.

            Olhei em direção a porta. Uma mulher com uma carranca me fitava. Seu rosto me era familiar. Mas não conseguia me lembrar de onde a conhecia. André estava ao seu lado, completamente assustado.

— Não se preocupe, André. Irei atender. — tranquilizo o garoto.

— Certo. — ele dá um passo para fora, segura a maçaneta.

— Me espera. — peço. Ouço sua concordância. Fecha a porta ao sair.

            A mulher continua parada me fitando.

— Como posso ajuda-la?

— Poderia começar me deixando ver meu neto. — afirma com a voz em um tom nada amigável.

            Como não percebi antes? Aquela é Suely, mãe de Pedro. A mulher tem um ar superior que beira ao ridículo. Pedro sempre falava o quanto ela era rígida, mas nunca pensei que pudesse ser tão mal-educada, afinal entrou na minha sala repentinamente.

— Me perguntei quando esse nosso encontro aconteceria. — sorriu para ela. — Sente-se, Suely. — aponto a cadeira em frente a minha mesa.

— Estou bem aqui. Não sou uma mulher de rodeios. Vim para conhecer meu neto.

— Claro. É um direito seu. — afirmo. — Mas para isso preciso me organizar.

— Precisa se organizar para me deixar passar um tempo com o menino?

— Não. Preciso me organizar para recebe-la em minha casa. Onde poderá o conhecer. — esclareço.

            Ela resmunga algo inaudível. Encara-me com raiva, seu rosto adquire um tom avermelhado.

— Quem você pensa que é?

— Até onde me lembro, sou a mãe dele. — afirmo.

— Não vou até sua casa. Ainda mais com aquela garota morando sob o mesmo teto do meu neto e dividindo a cama com você. — senti meu sangue ferver.

— Como ousa falar de Alice desse jeito? — apoio minhas mãos na mesa, inclinando meu corpo para frente. Meu tom sai controlado.

— Esse seu relacionamento é uma vergonha. Pedro concordava comigo. — afirma. — Ele iria pedir a guarda do Teodoro. Aposto que foi uma de vocês que mandou matar meu filho. — me acusa.

            A calma que me restava cai por terra.

— A senhora só pode estar louca. Vem até meu local de trabalho, acusar a mim e a mulher que eu amo de matar o pai do nosso próprio filho. O que está pensando?

— Aquela menina não é nada do meu neto. — cospe as palavras.

— Discordo. Afinal foi ela que acordou todas as noites durante mais de quarenta e cinco dias, quando eu não podia cuidar dele. Foi para ela que Pedro pediu que cuidasse de Teodoro como se fosse filho dela, então, não me venha com essa história que ela não é nada dele. Pois, é mãe dele, assim como eu sou. — afirmei espalmando minhas mãos na mesa.

— Pedro não pediu isso. Ele jamais faria isso. — sua voz fica baixa.

— Sim, ele disse. Essas foram suas últimas palavras. Enquanto morria no colo de Alice. — insisto.

            Ela chora. Acredito que caindo sua ficha pelos absurdos que dizia. Ou talvez apenas por lembrar da morte do filho. Naquele momento ela estava sabendo quais foram suas últimas palavras. A mulher está nervosa. Dou a volta na mesa, pego um copo, encho-o com água. Sento-me ao lado de Suely. Entrego a água a ela. Suas mãos tremem ao erguerem-se para pegar o objeto.

— Obrigada. — agradece. — Eu não fazia ideia...

— Pedro percebeu o quanto a Alice me amava. Ele sabia que ela amaria nosso filho do mesmo jeito. No dia que tudo aconteceu, ele se mostrou mais aberto a tentar uma aproximação com ela. Acredito que ele jamais pediria que ela cuidasse do filho dele, se pensasse que Alice era uma má pessoa. — ela continua calada. — Alice é doce, cuidadosa, amável. Acorda quantas vezes for preciso durante a madrugada. Não reclama de nada. Apenas dar amor ao seu neto. Sei que ela não tem um laço sanguíneo. Mas isso não muda que ele é filho dela, assim como é meu. Nos vamos nos casar. — informo. — O nome dela vai estar na certidão do Teo. Ele não vai deixar de ser seu neto. — toco a mão dela. — Mas para isso preciso que respeite as mães dele.

            Ela continua muda. Apenas me encarando.

— Peço que pense nisso. E me procure quando decidir o que deseja fazer. Mas eu espero de todo coração que a senhora consiga entender que somos uma família. Depende de a senhora querer fazer parte dela, ou não. Agora se me dá licença. Eu preciso ir embora.

            A mulher segura sua bolsa. Deixa o copo sobre a mesa e sai sem dizer uma única palavra. Eu respiro fundo. Agradecendo por Alice ter saído mais cedo e não ter presenciado aquela cena que com certeza a destruiria.

— Dona Rebeca, está tudo bem? — pergunta colando a cabeça para dentro da sala.

— Sim. Tudo. Estou indo. — afirmo secando uma lágrima.

            Durante o percurso até a escola eu fico em completo silêncio. Percebo a curiosidade no olhar de André, mas sei que não terá coragem de me perguntar nada. Ele me viu rir o dia inteiro e agora estou abatida. Cansada da discussão que tive com Suely. Mas também preocupada sobre o que ela possa fazer para prejudicar a mim e Alice. O carro parou.

— Mais uma vez muito obrigado pelas compras. — ele sorri. — Ainda não entendi por que não quis entregar as coisas dos meninos. — ele ergue a sobrancelha.

— Você vai dizer ser um presente seu. Eles não precisam saber que eu comprei. — afirmo. — Diga que lhe paguei adiantado e você pode comprar suas roupas e as deles. — ele me encara. — André, sobre aquela mulher que entrou na minha sala.

— Sim...

— Se importa em não comentar nada com ninguém?

— Entendi. — concordou.

— Obrigada. Amanhã te busco às oito. — afirmo. Ele concorda.

            Fica me olhando por alguns segundos. Meus olhos ficam presos aos dele. Então ele me abraça. Sinto meu corpo tensionar para logo em seguida perceber que eu precisava daquele abraço. A conversa com Suely me tirou do eixo. Quando me solta, dá um sorriso.

— Até amanhã!

— Até.

            Aviso a Alice que vou me atrasar para o jantar. Decidi precisar conversar com alguém. Nesse momento senti falta de Tália. Seria para ela que recorreria. Sabia que pela hora Letícia ainda estaria na clínica, então desisto de ligar-lhe. Mesmo assim, fui até sua casa. Contei com a sorte de minha irmã está lá. Toquei a campainha. Esperei alguns segundos até que a porta foi aberta.

— Beck, aconteceu algo? — me questionou.

            Não consegui falar nada. Agarrei-me a ela e comecei a chorar. Meu pensamento estava em desordem. Nem sei ao certo por qual motivo estava chorando. Se pela visita de Suely e a possível ameaça iminente. Ou o fato de ter lembrado a morte de Pedro, assim como a de Tália. E a falta que sinto dela. Deus! Choro apenas por estar viva e eles não.

— Você está me assustando. — ela diz.

— Eu, eu ...- não consigo completar a frase. Choro copiosamente.

            Leva um tempo até que meu choro cesse. Amélia me olha aflita, acredito que com medo de perguntar o que aconteceu e eu comece a chorar novamente. Tomo a água que ela me ofereceu.

— Estou cansada. — afirmo. — Cansada, confusa, com medo.

— Entendo. Tem trabalhado demais, não tem dormido direito. Isso eu sei. Mas confusa? Não tem certeza se quer ficar com Alice? — eu dou uma risada.

— Essa é a maior certeza que eu tenho. — afirmo. — Sinto falta de Pedro e Tália. — confesso. — Ainda me sinto perdida sem ela. É difícil assimilar que se foi para sempre. Hoje seria um dia que estaria conversando com ela.

— Obrigada por afirmar que sou sua segunda opção. — ela brinca e me arranca um riso.

— Na verdade, a terceira. Pensei em Letícia antes de você.

— Auti! Nem assopra antes de bater. — faz drama. Bato meu ombro no dela.

— A mãe de Pedro foi me fazer uma visita hoje.

— A megera? — arqueou a sobrancelha.

— A própria. Disse-me coisas horríveis. Inclusive insinuo que o neto dela não é filho de Alice. — respiro pesadamente.

— Absurdo. Onde ela esteve todo esse tempo para se achar no direito de julgar algo a respeito de vocês? Alice é mãe de Teo antes mesmo dele nascer. — dou um largo sorriso. Nunca pensei que fosse presenciar minha irmã defender Alice. — Não começa. — ela cora, parecendo ler o que penso.

— Falei isso para ela. Contei sobre o pedido de Pedro a Alice. Ela se comoveu, chorou. Mas não sei se ela vai entender.

— Ela não precisa entender nada. Alice é sua mulher. Vocês têm um filho juntas. Dane-se a opinião dessa mulher. — afirma.

— Só tenho medo que ela possa querer envolver a justiça nisso. E eu não quero. Teo é apenas uma criança. Merece amor e cuidado. Se Suely quiser fazer parte da nossa família deixei claro que será bem-vinda. Mas não vou permitir que ela fale sobre Alice daquela forma.

— Então esse é o seu motivo de estar com medo?

— Não. — afirmo. — Quer dizer, é apenas um deles.

— Tem mais?

— Papai está tentando matar a Alice. — conto.

— Oi?

— Isso que você ouviu. — conto toda a investigação que Lis estava fazendo, e ainda não tínhamos como provar que a pessoa que sabotou o carro é a mesma que atirou e matou Pedro. Amélia fica assustada, mas não se surpreende. Conhece bem nosso pai. — Fora tudo isso. Virgínia voltou. E eu não paro de pensar que Alice vai perceber que a ama.

            Amélia começa a rir. Mas não é um simples riso, ela gargalha a plenos pulmões. Daquelas risadas que a barriga chega a doer.

— Desculpa. — pede tentando se controlar. — É que isso é tão idiota que chega a ser cômico.

— Como assim?

— Como assim? Rebeca, não seja tola. Alice não ama Virgínia. Ela amava você. Isso é notório no ar que ela respira. Se ela pudesse, tatuaria seu nome na testa. — continua rindo. Atiro uma almofada nela. — Sem violência. — reclama. — Se esse é um dos seus medos pode riscá-lo da sua lista. — eu dou um longo suspiro me ajeitando no sofá.

— Contratei um novo assistente. — conto. — Ele é um garoto de dezoito anos que cuida de dois sobrinhos. Dominique e Eliel. — ela me escuta com mais atenção.

— Acho que Letícia falou sobre esse rapaz, não o do tal abrigo?

— Sim. Ele mesmo. — afirmo.

— Eu conheço esse olhar. — ela diz. — O que está tramando?

            O ruim de conversar com alguém que te conhece bem, é que mesmo quando você não quer contar algo. A pessoa já sabe que tem algo a ser contado. Fecho os olhos. Deito meu pescoço no encosto do sofá. Fito o teto.

— Então? Não vai me dizer o que está passando nessa sua cachola? — ela senta-se na do mesmo jeito que eu, olhando na mesma direção.

            Conto então o que penso desde que conheci aqueles três. Amélia não me julga em momento nenhum. Apoia-me e diz que o que eu decidir vai ser o melhor a ser feito. Depois que conversamos por algumas horas decido que é hora de ir para casa.

— Obrigada por me ouvir. — agradeço abraçando-a.

— Depois você paga pela consulta. — brinca. — Eu amo você, quero te ver feliz. — toca meu ombro. — Tudo vai ficar bem.

— Eu sei que vai.

— Quanto a sua outra ideia. Penso que deveria falar com a mamãe.

— Vou falar, assim que tiver tempo. Preciso ir.

— Se precisar de mim, sabe onde me achar.

            Aceno-lhe e vou até o carro. Durante o percurso penso muito sobre minha decisão. Repenso mil e uma formas de contar a Alice. Torcendo para ela aceitar a minha ideia. Por mais louca que possa ser.

            Quando entro em casa tudo está quieto. Tereza já deve ter ido dormir. Subo as escadas e observo a luz do quarto de Teodoro acessa. Abro-a lentamente. Me deparando com Alice lendo uma história para nosso filho dormir. Ela abre um sorriso, mas percebe que eu estive chorando.

— Está tudo bem? — questiona em um sussurro.

— Sim. Eu só preciso de um banho.

— Então vai indo. Ele dorme já e vou me deitar com você.

            Entro no banho, deixando a água lavar minhas preocupações do dia. Permito-me fechar os olhos e não pensar em nada além de descansar. Saio do banheiro com os cabelos presos em uma toalha, vestindo meu roupão.

— Você comeu algo? — inicia uma conversa.

— Não. Mas estou sem fome. — sorrio para ela. Alice me conhece assim como Amélia. Sabe que algo não está certo.

— Tudo bem. — há uma pausa.

— Preciso conversar algo com você. — falamos juntas. Ela sorri e eu também.

— Você primeiro. — ela diz.

— Que tal falarmos juntas? — falo na esperança de amenizar o que irei propor.

— Certo. No três? — concordo com a cabeça. — Um, dois, três. Eu quero marcar a data do nosso casamento. — ela diz.

— Eu quero que os meninos venham morar conosco. — Alice para me fitando. Assimilando o que eu acabei de falar.

— O que disse?

— Quero oferecer moradia ao André, Dominique e Eliel. — explico.

            Ela continua parada apenas me olhando. Seus olhos ficam indecifráveis. E eu começo a me arrepender por falar aquilo.

 

Fim do capítulo


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Comentários para 96 - Capitulo 93:
Baiana
Baiana

Em: 30/03/2022

Espero que a mãe do Pedro respeite a vontade do filho e que não seja mais uma pedra no sapato das duas.

Realmente,a família delas vai aumentar,mas de uma forma diferente da que imaginei,mas não duvido que as sogras vão adotar os meninos como netos.

Ah,sabe o que senti falta? De um extra da minha eterna crush

Responder

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Marta Andrade dos Santos
Marta Andrade dos Santos

Em: 30/03/2022

Legal!

Responder

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Lea
Lea

Em: 28/03/2022

Rebecca tem um bom coração!

Essa Suely não vai consegui nada vindo intimidar a Rebecca!

E eu que pensei que essa ideia de adotar os meninos viria da Alice!!

Responder

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Mille
Mille

Em: 28/03/2022

Oi autora 

A megera apareceu mais já pode pastar kkkk espero que ela não tente nada para tirar o Teodoro da Beca e Alice.

Bjus e até o próximo capítulo 

Responder

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