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Amoras por Klarowsky

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Palavras: 4902
Acessos: 863   |  Postado em: 30/03/2022

Palestra

Alice

Subir ao palco, como palestrante principal, excede toda compreensão da realidade. São anos de estudo e muito esforço, renúncias de encontros, viagens, momentos em família e com amigos, em busca de um bem impossível de ser tirado de mim: meu conhecimento. Receber esse reconhecimento, é surreal. Estar vivendo isso, é a realização de um sonho, daqueles mais inatingíveis. O coração palpita diferente, a postura se arqueia com orgulho, de si. Só eu sei, o quão árduo foi o caminho, até aqui, e quero conseguir mensurar essa conquista, através da minha fala para todas essas pessoas. Quero cativá-los e encantá-los no mundo dos negócios, tão instigante e com possibilidades infinitas.

Como um pugilista que, ao subir no ringue, seu foco é apenas ganhar a luta, ao ouvir meu nome, subi ao palco focada em vencer o desafio que me foi proposto. Um processo de imersão, fazendo jus a todo investimento que proporcionei em mim. Uma hora e meia depois da primeira palavra mencionada, concluí, agradecendo a presença de todos e, a oportunidade a mim concedida de expor meu trabalho. A plateia levantou-se para aplaudir e, entre todos os presentes, apenas uma pessoa destacou-se. Exuberante como sempre, com um turbante coral e manto com estampas africanas cobrindo os ombros, decote avantajado, mostrando a protuberância dos seios. Lindíssima ao extremo, sorrindo, com olhos tomados de orgulho, Laura me aplaudia. Definitivamente não sei se o planeta parou seu movimento de rotação, ou se, foi apenas meu coração traidor que, contradizendo toda minha razão, tomou conta da situação e começou a pular, como uma criança feliz. As pernas bambearam e me faltou o ar suficiente para que os pulmões completassem o processo de respiração. Não podia acreditar que era real. Pisquei lentamente, apertando os olhos para limpar a visão e assim, poder ver com clareza se o que via era ilusão de óptica ou realidade e, sim, a detentora dos meus sentimentos machucados, estava aqui, em carne e osso. Muita carne, no caso, deliciosa e tentadora carne. O pedaço de perdição que me tenta, levando-me do êxtase da conquista profissional, ao mais profundo abismo da derrota amorosa. Engoli em seco, e com dor aguda em meu âmago, desviei o olhar, voltando a me concentrar nas outras pessoas que em agradecimento e reconhecimento, me aplaudiam. Os pensamentos acelerados, desmontaram toda minha postura de mulher de negócios. O cerimonialista tomou seu lugar de fala e agradeceu, liberando-me para descer e juntar-me a todos no coquetel que se iniciara. Zee estava à ponta do palco, com um sorriso largo e braços abertos a me esperar. Abraçou e parabenizou-me.

- Ela está aqui! – cochichei em seu ouvido – Não sei o que faço.

- Quem está aqui? Laura? Sua Laura? – perguntou-me ainda em cochicho, dentro do abraço forte e demorado.

- Sim.

Afastou-se do abraço e me sorriu animada, segurando minhas mãos.

- Mantenha-se firme!

- Fica aqui, por favor – pedi fazendo uma careta – Estou desesperada, veja – mostrei minhas mãos trêmulas e ela sorriu.

- Esse coraçãozinho está muito animado, não é?!

- Sim – sorri, com expressão sapeca.

- Estarei por perto. Fica tranquila.

Zee saiu e várias pessoas me aguardavam para cumprimentar-me e parabenizar. Fui atendendo e conversando com cada uma. Muitas propostas de outros eventos e novas empresas para trabalhar. Para cada uma, entreguei meu cartão de visitas. Entre todos, a figura da tentação em pessoa, se aproximava. A cada passo que ela dava, meu coração palpitava mais. Aquele arrepio, também traidor, subiu desde a panturrilha até a nuca e me desconcentrou, fitando-a em resposta ao seu olhar, que me penetrava a alma e por alguns segundos, não ouvi mais o que um renomado empresário me propunha. Entreguei-lhe meu cartão, sem saber se o que ele queria era isso. Meus olhos não conseguiam se desviar dos de Laura, que insistia em me fitar, com os olhos carregados de sedução e desejo e eu, a olhava sentindo fúria e desdém. Como poderia estar aqui, a mais de 2 mil quilômetros de distância de São Paulo? Quem acha que é, para me encontrar em um evento que, sequer mencionei, que participaria? A beleza estonteante dela, tentara arrebatar-me para nosso pequeno mundo, no entanto, meu orgulho ferido, me manteve fixa na racionalidade dos meus atos. Ela chegou até mim, com um sorriso encantador estampado em sua linda face e com voz meiga me cumprimentou:

- Parabéns, Alice Stromps. Mais uma vez, sua palestra foi incrível.

- Obrigada – respondi, com desdém, desviando o olhar para as demais pessoas no salão, evitando manter contato visual com ela.

- Posso te dar um abraço, de parabéns? – perguntou, tocando em meu ombro e descendo a ponta dos dedos do antebraço, até o cotovelo. Um singelo e discreto toque, suficiente para me despertar os mais ávidos sentidos, e a respiração ofegar em resposta.

- Um aperto de mão já o suficiente – sorri sem vontade e a contragosto, estendi a mão em cumprimento, sentindo um nó na garganta. Meu desejo genuíno era abraçar-lhe e beijar sem tempo para acabar, fugir com ela para meu quarto e amar-lhe da forma mais inusitada possível. Ela olhou para minha mão estendida e voltou os olhos para minha boca, mordiscou discretamente os lábios inferiores e sorriu pelo canto dos lábios. Percebi que engoliu em seco e apertou minha mão, me olhando fixamente, com expressão imponente.

- Sucesso, Alice – arqueou a sobrancelha e franziu o cenho – É um imenso prazer, tê-la em minha equipe – e sorriu ironicamente.

- Não por muito tempo, Laura Veigas – sorri com sarcasmo, apertando-lhe a mão com força – Por hora, obrigada.

Ela mordeu mais uma vez os lábios inferiores e me penetrou o olhar. Foi impossível não lembrar da nossa última trans*, com fúria por ciúmes e desejo incontrolável, em que Laura me pediu para a foder forte e juramos ser uma da outra para a vida toda. Minha intimidade reagiu ao seu olhar e, após engolir em seco, soltei sua mão.

- Vai participar do coquetel? – me perguntou.

- Depois que atender a todos – apontei com a cabeça, a fila que se formara atrás dela – Trabalho, é sempre bem-vindo, não é?

- Sem dúvida – me sorriu com encanto – Te admiro, também por isso. Aguardo você.

- Não perca seu precioso tempo – sorri ironicamente – Estou bastante ocupada. Sinta-se livre para caçar por aqui. O salão está cheio de pessoas interessantes – arqueei a sobrancelha e sorri com sarcasmo – Fique à vontade.

- A senhorita sabe muito bem qual é o meu interesse – sorriu também com sarcasmo – Estarei em seu aguardo.

- Nisso está certa! Sei bem qual o seu interesse. Vi com meus próprios olhos - falei com expressão séria, fitando-a.

- Podemos conversar sobre isso? Preciso que me ouça.

- Dispenso suas explicações, senhorita Laura Veigas - sorri em ironia - Aproveite a estadia e mais uma vez, obrigada pela participação.

- Alice! - falou com tom firme e voz baixa, segurando meu braço, chegando perto do meu ouvido - Deixa de infantilidade. Preciso conversar com você.

- Não fui eu que fui infantil, Laura - respondi também com voz baixa, a olhando de canto de olho - No momento, estou trabalhando e bastante ocupada. Não tenho tempo para conversinhas. Me dê licença, por favor.

Laura me soltou o braço e saiu, pisando firme. Dirigi o olhar para o próximo da fila, colocando um sorriso gentil no rosto e continuei a atendê-los com gentileza e profissionalismo. Entre muita conversa e atendimento a todos que queriam me parabenizar, Zee trouxe um drink e me deu um beijo no rosto, retribuí com um sorriso e a agradeci pela gentileza. Discretamente corri o olho pelo salão e percebi o olhar de Laura se enfurecer, à distância, me observando. Imediatamente ela virou o drink que bebericava, em um só gole, conversando com algum empresário de renome. Apertou os lábios em um gesto inusitado e pegou outra taça, da bandeja do garçom que passara ao seu lado, sem desviar o olhar de mim. Continuei a conversar com os senhores à minha volta, até que se acabaram todos e pude ir ao encontro de Zee, que me aguardava em uma mesa próxima à piscina. Ela sorriu ao me ver e levantou a taça em brinde. Me sentei à sua frente, com campo de visão para Laura, que conversava em pé com algumas pessoas.

- Laura é belíssima – Zee sorriu e falou baixinho – Agora estou a entender o motivo de encantar-se tanto.

Revirei os olhos e sorri despretensiosa.

- Falou que ia me aguardar para conversar, e eu falei pra ela não perder o valioso tempo.

- Alice, bem notas que se amam! – falou balançando os ombros e segurou em minha mão, apoiada na mesa - Podes até tentar evitar, mas ainda virei de Angola para cá, participar do casamento.

Gargalhei e tomei um gole do drink, apertando levemente sua mão.

- Que assim seja, Zee - falei e senti o sorriso nos lábios, aos poucos fechar-se ao ver Laura vir em nossa direção, a passos largos e firmes, que ecoavam pelo ambiente aberto. Seu olhar estava tomado de fúria e a expressão descontente. Colocou a taça na mesa com força e me dirigiu o olhar, nada amigável.

- Podemos conversar, Alice?

A olhei de baixo pra cima, com os olhos arregalados e fui enfática em dizer:

- Não tenho nada a falar com você, Laura.

- Mas eu tenho! Preciso que me ouça.

Zee percebendo o clima nada agradável, pediu licença.

- De forma alguma Zee. Fique aqui. Nós sim, estávamos conversando e temos ainda, muito a conversar. Aliás, Laura, já conheceu a Zeuma?

Ela virou apenas o rosto, mantendo as costas para Zee e limitou-se a dizer:

- Oi, prazer.

Voltou-se novamente a mim que a observava perplexa com tanta arrogância.

- Vamos em algum lugar mais tranquilo?

- Laura, acho que já te dei indícios o suficiente para que entenda que não quero e não vou falar com você. Tudo o que precisava ouvir da sua boca, eu vi com meus olhos.

- Você não sabe o que viu.

- Sei muito bem. Ah se sei! - sorri ironicamente - Agora, por favor, mais uma vez te peço, nos dê licença.

Laura suspirou fundo e mordeu os lábios com força. Olhou mais uma vez para Zee, que nos observava em silêncio, expressando toda sua fúria e saiu. Andou um pouco e voltou.

- Estou com o jatinho, saindo daqui 40 minutos – falou sem muita cordialidade, ao voltar à nossa mesa - Venha comigo.

A olhei de baixo pra cima mais uma vez e sorri com sarcasmo.

- Oi? – dei de ombros – O que te faz pensar que irei embora, com você?

- Alice, eu realmente preciso que me ouça.

- E para isso, teve a brilhante ideia, de me levar embora, no seu jatinho? - fiz uma careta, balançando a cabeça - Você consegue se superar.

- Se ao menos me atendesse, ou respondesse as mensagens, não seria preciso agir assim.

- Então né, Laura. Se ao menos você tivesse agido de forma humana e um pouquinho mais sincera, também não seria preciso eu agir assim.

- Foi tudo um mal entendido, Alice.

- Sim! Eu vi como estava se entendendo bem mal - franzi o cenho e sorri com sarcasmo - Aliás, a definição para "mal entendido" foi atualizada e eu, não me atualizei.

Laura mordia o canto da boca, por dentro, expressando estar muito nervosa.

- Não vai mesmo??

- Não, Laura – respondi dando de ombros e sorrindo, perplexa – Estou aqui a trabalho. Meu contrato é até amanhã.

- Você, ficará também? – perguntou com expressão petulante, à Zee.

- Sim – respondeu amigavelmente a Angolana – Ficarei até um pouco mais.

- Entendi – respondeu à Zee, me olhando com fúria e, era possível, sentir sua respiração pesada através do decote - Se puder, ao menos me atenda, no telefone – falou, com expressão nada amigável- Com licença.

Saiu em direção à saída, pisando forte, quase a sair faíscas de seu salto fino. Um verdadeiro furacão passando por entre as pessoas. Um furacão de categoria 5, que me causou danos catastróficos nos sentimentos. Eu e Zee, observamos o monumento em forma de mulher se ausentar do local, ambas boquiabertas com tamanha beleza e presença. Seu corpo, modelado por mãos de anjos, me arrebataram todos os sentidos e me lembrei do seu gosto delicioso, impregnado na minha boca.

- És lindíssima – falou Zee, encantada – E brava, também.

- Eu te falei que essa mulher é minha perdição – sorri com o encanto de Zee - Desculpa a discussão, na sua frente.

- Não se desculpe. Mas, vais reconsiderar a ideia de conversarem, não vais?

- Uma hora Zee, uma hora – respondi dando de ombros - No momento, estou com ranço. Viu o jeito que ela fala? Como se eu tivesse obrigação de ouvi-la?! - revirei os olhos.

- Ela está a fazer a parte dela. Quer se explicar.

- Explicar! - meneei a cabeça - Explicar que estava se pegando com outra, logo após voltarmos de um final de semana encantador. Belíssima explicação terá que ter.

- Acalme-se. As coisas vão se resolver.

Toda a euforia que estava pelo sucesso profissional, esvaiu-se com essa insistência de Laura. Senti vontade de me ausentar e ficar sozinha. As coisas perderam a graça, a cor, o sabor.

- Zee, vou para o quarto! Desculpa, perdi a vontade ficar no meio social.

- Não faça isso, amiga. Fica aqui, distraia-se.

- Depois eu volto. Perdi a vontade.

- Poxa! - deu de ombros - Depois me procure para conversarmos.

A abracei amigavelmente e me dirigi ao meu quarto. Ao chegar lá, certa de que iria ficar sozinha, abri a porta e para minha surpresa e espanto, Laura me aguardava, sentada na cama.

- Que absurdo é esse? - perguntei esbravejando, ainda com a porta aberta.

Ela se levantou e me puxou para dentro do quarto, fechando a porta. Me empurrou contra a porta e debruçou-se sobre mim, balbuciando meu nome e me cheirando o pescoço. Seu cheiro, me embebedou. O toque do seu corpo ao meu, despertou sensações inexplicáveis. A saudade do seu toque e do sabor dos seus beijos me dominou e por alguns segundos, esqueci a mágoa que estava dessa tentação que me desestrutura. Nossas bocas se procuravam, com respiração ofegante. Me lembrei que da mesma forma que estava a roçar seu rosto ao meu, ela estava com aquela bonita moça, em sua sala e, tomada mais uma vez pela tristeza causada pelo momento, acompanhada da fúria por me enganar e brincar com meus sentimentos a empurrei com força.

- Laura, vai embora! - abri a porta e apontei a saída.

- Alice, preciso que me ouça. Eu não fiquei com a Tati - falou segurando em minhas mãos.

- Eu sei o que eu vi, Laura. Saia daqui.

- Alice, eu preciso de você - me falou com os olhos marejados.

- Pensasse nisso antes de fazer o que fez.

- Por favor, me dê uma chance de conversarmos. Tenho tanto a te falar.

Fechei os olhos, na tentativa de me concentrar e não manter o contato visual com ela, que me desconcerta. A vontade de abraçar e me entregar é o que mais me atormenta. Como posso ser tão besta por essa mulher? Ela faz o que quer comigo e eu, ainda fico assim por ela?

- Eu não tenho nada a falar com você. Por favor! Sai daqui - ainda com os olhos fechados pedi, sentindo minhas mãos suarem e o coração quase saltar do peito à fora.

Senti o hálito dela perto o suficiente para evitar qualquer ação. Ela soltou minha mão e sem que eu pudesse evitar, me segurou a nuca com as duas mãos e puxou-me para um beijo ardente, com saudade e entrega. Beijou-me com todo seu ser. Demorei a corresponder, mas não consegui me conter e me entreguei aos seus encantos. Seus lábios carnudos, envolvidos nos meus, sua língua quente, sugando a minha. Um beijo intenso. Mais uma vez, meus sentimentos complexos, em linha tênue de amá-la e odiá-la, tomaram conta do pouco raciocínio que me restara e a empurrei.

- Chega! Você não irá mais brincar com meus sentimentos, Laura. Saia daqui!

Coloquei-a para fora do quarto e fechei a porta, com força. Encostada sobre a madeira, escorreguei-me ao chão, junto com minhas lágrimas que me lavavam o rosto e a alma. Laura verdadeiramente acha que eu sou o brinquedo preferido dela. Brinca comigo, com meu sentimento. Não valoriza o que tenho de melhor. Não posso permitir que me destrua assim. Não sei como conseguiu entrar aqui, mas sei que isso está errado. Sentada no chão, com as lágrimas escorrendo e sentindo ainda a doçura do seu beijo em minha boca, vislumbrei minha completa decadência.

Estou em um hotel maravilhoso, recebendo muito bem pelo meu trabalho, realizando um sonho profissional e ainda assim, me encontro trancada no quarto, às lágrimas, pois Laura Veigas se acha acima do bem e do mal, e resolveu me destruir, sem ter feito nada a ela.

Sequei as lágrimas, levantei-me, refiz a maquiagem e sai do quarto, enfurecida com Laura e com a falta de segurança do hotel. Fui até a recepção e deixei uma reclamação por escrito, que meu quarto fora invadido e isso é inadmissível. Voltei ao coquetel e resolvi curtir meu momento. Há anos aguardo esse dia, e não será Laura que destruirá.

Zee que estava conversando com uma empresária e sorriu ao me ver, vindo logo ao meu encontro.

- Bom te ver de volta. Vamos aproveitar nossa estadia.

- Sim, mas sem falar de Laura.

- Como quiser!

Seguimos nosso coquetel com muita conversa, comilanças e vários outros drinks. Uma amizade leve e descontraída nascera do encontro inesperado. Zeuma mostrou-se uma mulher íntegra, com valores éticos e morais acima das suas vontades e desejos. Personalidade ímpar, que pretendo levar ao longo de minha vida, sua amizade e parceria, mesmo com o Oceano Atlântico a nos separar.

Já tarde da noite, após caminhar pela praia e brincar nas ondas, nos despedimos.

- Vou embora amanhã cedo. Meu vôo será às 8 horas. Acho que não vou mais te ver – falei com aperto no coração.

- Que pena! Foi uma grata surpresa te encontrar.

- Você também! Obrigada por esses poucos, mas valiosos momentos. Vamos manter contato, hein?

- Certamente. Já moras aqui – colocou a mão no coração – Tens um lugar especial.

- Linda – a abracei forte, segurando as lágrimas emocionadas de capricorniana entregue a amizades – Você também já mora no meu coração.

- Não demores a ir ao encontro de sua felicidade – falou-me, olhando nos olhos – És muito especial e, seu coração, já tem dona. Estarei no aguardo de notícias.

- Está bem! Obrigada por tanto carinho. Me aguarde em sua casa para comer muamba com funge.

- Será um prazer cozinhar para ti. Até breve, querida amiga.

Nos abraçamos mais uma vez e com lágrimas nos olhos, nos afastamos, seguindo para nossos quartos.

*** Zee é uma homenagem à uma querida leitora Angolana, que está acompanhando Amoras lá do outro lado do mundo. Em agradecimento a esse intercâmbio cultural que a leitura me proporcionou, criei essa personagem tão carismática e importante na evolução da nossa querida Alice. Obrigada Zëë pelo apoio e trocas culturais.

Laura

Não posso acreditar, ser real que Alice está bem aqui na minha frente. Quanto desejei saber onde estava, e, se estava bem, e agora, minhas preocupações esvaneceram-se, dando lugar à alegria em vê-la, tão linda. Sim, Alice, lá vamos nós! Respondi seu post, em pensamento, permitindo-me embarcar em mais uma arrebatadora palestra, ministrada por ela. Vamos, e vamos juntas. Definitivamente, quero essa mulher na minha vida. As sensações que ela provoca em mim, não são comuns às pessoas normais. É sobrenatural sentir-se completa a ponto de transbordar-se. Alice faz eu me sentir assim. Como num passe de mágica, tudo em minha volta ficou mais bonito e cheio de cores. A vida pulsa em seus olhos brilhantes e sorriso encantador, contagiando tudo a sua volta. O modo com que fala com segurança e entusiasmo, envolve a todos. Ela é encantadora e extremamente competente. Sua inteligência me instiga e meu desejo, é subir ao palco e beijá-la, na frente de todas essas pessoas, para saberem que ela é minha. Só minha. Tentei me concentrar no assunto tão importante que está sendo abordado, mas a palestrante me tirou do eixo racional, e tudo o que soube fazer, foi suspirar de paixão e encantos por essa mulher, dona do meu coração. Se ela soubesse o quanto de poder tem sobre mim, não estaria com essa insegurança toda e triste pelo que acredita ter visto. Por alguns segundos, fui dominada pela falta de juízo e fiz o que não deveria ter feito, mas meu coração, meus sentimentos, meu ser, por completo, pertence à Alice. Assim que sua palestra acabou, a plateia a aplaudiu em pé, e eu, não queria estar apenas em pé. Quisera carregá-la no colo e sumir com ela para um lugar só nosso. Talvez meu entusiasmo, contagiou toda minha áurea e consegui chamar-lhe a atenção, pois, lá de cima do palco, distante uns 15 metros, me avistou em meio aos demais participantes e nossos olhos se conversaram. Sorri com alegria, sentindo meu coração disparar-se ainda mais, e a emoção me dominou. Saí do meu lugar, apressada em ser a primeira pessoa a parabenizá-la, no entanto, descobri que não fui a única com esse intuito. Uma moça lindíssima, também negra, cabeça raspada, olhos vibrantes e um sorrisão na face, a aguardava ao lado do palco, de braços abertos. Alice, jogou-se nos braços dela e abraçou forte, com os olhos fechados. Cochichou algo em seu ouvido e obteve resposta, seguido de trocas de olhares, aperto de mãos e sorrisos. Não é possível que estou vendo, o que estou vendo. À distância, observei a cena, incrédula. Minhas mãos suavam, e as pernas ameaçaram tremer. Alice não faria isso. Não a minha doce, e, encantadora, Alice. Coloquei a cabeça no lugar e encarei o fato, de poder ser apenas uma amiga. Amigos também se abraçam e se confraternizam. Estou tomada pelo ciúme e enxergando coisas, irreais. Na verdade, estou insegura devido ela estar ignorando minha existência, mas não posso deixar ser dominada por esse sentimento. Logo chegou minha chance de falar-lhe e foi difícil conter a vontade de a abraçar e beijar. Ela, manteve-se impenetrável. Seu sorriso, outrora espontâneo e levíssimo, agora está carregado de ironia e sarcasmo. Pedi se poderia a abraçar, e a resposta foi que um aperto de mão já era suficiente. Para mim, não é. Jamais será! Quero ela inteira, não só um aperto de mão ou um abraço. Quero ela em mim e eu, nela. O que me conforta, é que, independentemente de todas essas pessoas ansiosas por contratá-la, ela faz parte da minha equipe e, achando que estava um passo à frente de todos, falei isso a ela. Deveria ter ficado calada, pois sua resposta, me alertando que não é por muito tempo, me tirou o chão. Estou perdendo-a nos sentimentos, e perdê-la também no profissional, será demais para aguentar. Preciso encontrar uma forma urgente de tê-la novamente para mim e comigo. Não vou permitir essa perda. Não posso permitir. Alice é a luz do meu caminho, a calmaria em meio ao caos, meu porto seguro e a força que preciso para enfrentar o mundo. Trocou farpas referente sua mágoa e a entendo, só não consigo entender porque fechou-se a qualquer possibilidade de diálogo. A observava à distância, quando mais uma cena patética me tirou do eixo. A mesma moça negra, levou um drink e beijou-lhe o rosto. Senti a raiva dominar meu ser. Até me esqueci da promessa de não mais beber. Virei a bebida que estava em mãos, de uma só vez e prontamente, já peguei outra. Minha vontade, era jogar as taças no chão, fazer um estardalhaço todo, chamar a atenção das pessoas e fugir com Alice do lugar. Um calor, de fúria, subiu dos calcanhares até a ponta da cabeça e a chama só aumentara. Não bastasse isso, Alice, ao terminar de atender muito cordialmente a todos, foi sentar-se com a moça, que lhe pegou nas mãos e falou baixinho, alguma coisa que a fez gargalhar. Foi o que me bastou. Quando dei por mim, já estava à sua frente, quase afundando o salto da sandália no chão, imensamente furiosa, a chamei para conversar e ela, com desdém, me afrontou, dizendo não ter o que falar comigo e ainda, me apresentou sua nova conquista: a estrangeira Zeuma. Tive vontade de bater a mão naquele drink barato que segurava, grudá-la pela elegante vestimenta africana e esquecer dos nossos laços ancestrais, jogando-a na piscina. Sentia meu rosto queimar de fúria. Alice, manteve-se intacta, me olhando com ironia. Ainda insisti, pedindo para ir embora comigo, mas em vão. A fim de não efetivar os atos que meus impulsos estavam quase a fazer, achei melhor me ausentar, enquanto me restara um pouco de sobriedade e raciocínio. Estava saindo quando tive a ideia de solicitar na portaria qual seria o quarto de Alice, que, gostaria de entregar-lhe uma proposta de trabalho. Gentilmente o recepcionista me informou qual seria, e me apressei em ir ao local. Estava disposta a esperá-la do lado de fora, no entanto, a camareira estava saindo do quarto e me perguntou se era o meu. Não perdi tempo! Disse que sim e que poderia deixar a porta aberta, e rapidamente, entrei.

O ambiente, tomado pelo cheiro de Alice, me embriagou. Como uma adolescente perdidamente apaixonada, cheirei suas roupas deixadas em cima da mala, sentindo o coração se disparar pela sensação causada. Vi seu celular em cima da cama, ainda com a notificação de que curti sua foto. Sentei-me na cama, e peguei o travesseiro, também com seu cheiro delicioso. Que vontade dela, do seu gosto, seu corpo. Saudade do conforto de seu abraço a me envolver. Abraçada no travesseiro, desejei mais uma vez voltar no tempo e tê-la todinha pra mim. Me assustei quando ouvi o cartão de abrir a porta ser encaixado na fechadura. Rapidamente devolvi o travesseiro no lugar, cruzei as pernas e aguardei a abertura da porta. Ao me ver, Alice esbravejou. Sem pensar muito, a puxei pelo braço e fechei rapidamente a porta, a empurrando e contra a madeira, tomada de desejos. Tentei me conter, inalando seu delicioso cheiro e passeando a pele do meu rosto, ao seu. Alice me empurrou e colocou-me pra fora, enfurecida. Eu, cega de desejos, quase a desfalecer de saudade, a agarrei e beijei. Um beijo com saudade e intensidade. Não demorou para ela corresponder e quando acreditei, ter dominado a situação, ela mais uma vez me empurrou e fechou a porta, falando que não irei mais brincar com seus sentimentos.

Antes tivesse ficado apenas com seu silêncio. Ouvir que estou a brincar com seus sentimentos, feriu ainda mais, os meus. Jamais faria isso com qualquer pessoa, menos ainda com ela. Alice é a mulher da minha vida. Como poderia brincar com ela? Suas palavras me acertaram outra vez como uma flecha inflamada com o mais letal veneno. A doçura dos seus lábios ainda a saborear os meus, contrapôs à amargura que me invadiu a alma. Dirigi-me ao carro que me aguardara, e pedi que fosse logo para o aeroporto. Na garganta, um nó se formara e a dor de perder Alice, agora começara a concretizar. Vê-la sorrir, com outra mulher, me machucou o ego, a alma, o espírito e todo o entendimento, mas ouvir que o que ela acredita, é que estou me divertindo com a situação e seus sentimentos, derrubou-me para um abismo espinhoso. Cheguei no aeroporto, e alguns fotógrafos aguardavam minha chegada. Passei por eles com expressão de poucos amigos, querendo que a terra se abrisse e me engolisse de vez para seu seio. Entrei no avião, e fui diretamente ao bar. O piloto gentilmente me perguntou se poderia me ajudar em alguma coisa.

- Sim – respondi, abrindo uma mini garrafa de Red Label – Pedindo autorização à torre para voar, imediatamente.

- Sim, senhorita. Vou ver se consigo.

Sentei na poltrona e a cada gole, que descia queimando minha garganta, sentia meus sentimentos queimarem-se ainda mais, tomada por uma tristeza imensurável. Destruí por nada, o que estava construindo com a mulher da minha vida.

- Senhorita, conseguimos permissão. Aperte os cintos que iniciarei o processo de decolagem.

- Obrigada – respondi, amargamente.

À medida que a aeronave subia, e olhava pela janela o mar ficando pra trás junto com minha amada, a janela da alma desaguou. Será necessário muita calma e cautela para conquistá-la mais uma vez e, provar-lhe que meus sentimentos são verdadeiros. Tão verdadeiros, que apenas nela, encontro a força que preciso, para enfrentar a crueldade do mundo. Afundada na tristeza, concluí a viagem, chegando já noite na iluminada São Paulo.

Não bastasse a amargura que me invadira, ao chegar de volta em casa, do outro lado da rua, avistei Bia sair de um carro, cujo motorista, era o desequilibrado e ridículo, Joseph Gordon. Se antes tinha alguma dúvida de que estavam envolvidos, agora, essa encontrei a resposta.


Fim do capítulo


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Comentários para 53 - Palestra:
mtereza
mtereza

Em: 10/04/2022

Gostei da Zee muito massa a sua homenagem . Quando amainar a raiva um pouquinho acho que Alice deveria só menos escutar a Laura mas não voltar tão fácil deixá-la sofre um pouco mais 


Resposta do autor:

Rsrss Alice é dura na queda!! Obrigada pela Cia.

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Rafaela L
Rafaela L

Em: 30/03/2022

Que revira volta! A Alice está sendo bastante madura mediante aos acontecimentos! Gostei da Zee ! 

Parabéns pela inspiração!

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