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Amoras por Klarowsky

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Palavras: 3831
Acessos: 860   |  Postado em: 30/03/2022

Morador de rua

Laura

Subimos para o décimo andar e o elevador me causou náuseas. Participar de uma reunião nesse momento, era a última coisa que queria ou poderia fazer. Estava absolutamente sem condições e tinha plena ciência disso. Ao entrar na sala, os três maiores investidores da minha empresa, me esperavam, sentados à mesa, com expressões fechadas, diferente do costume.

- Bom dia senhores - os cumprimentei cordialmente - Sejam mais uma vez, bem vindos ao Complexo Veigas.

Responderam secamente bom dia, no entanto, quase fiquei desnuda com os olhares para meu corpo. Mesmo estando levemente alcoolizada, foi possível sentir os olhares, que me causaram repulsa.

- Dêem-me licença, estou com uma dor de cabeça terrível, vou pegar uma água - falei, dirigindo ao frigobar da sala, antes de juntar-me a eles na mesa.

Precisava esconder meu hálito de álcool e justificar meu olho pesado. Sentei na cadeira à ponta da mesa, eles me olhavam atentamente, aguardando o começo da reunião. Tom permaneceu em pé, próximo à porta, atento ao tablet e, minha mente, continuava presa no episódio de hora atrás.

- Bem senhores, podemos começar? - dei início à reunião.

- Rrr - limpou a garganta o senhor Virgílio - Senhorita Laura Veigas, nosso encontro será breve, para não lhe roubar o tempo.

Senhor Virgílio, é um dos mais antigos acionistas das empresas Veigas. Descendente de uma família muito antiga de São Paulo, detém hoje, praticamente 30% de todas as ações das minhas empresas.

- Fica à vontade, senhor Virgílio - falei cordialmente - Não se preocupe com o tempo.

Os outros dois, sr. Boaventura e sr. Penhour, mantiveram-se quietos e com expressão insípida, com as mãos cruzadas, apoiadas sobre a mesa.

- Pois bem, senhorita, como já investimos a tanto tempo nas suas empresas, achamos de bom tom, marcarmos essa reunião para comunicar nossas próximas ações.

- Sim, pois não - franzi o cenho ao falar, tentando me concentrar o máximo que conseguia.

- Viemos te anunciar, que, a partir de hoje, não investiremos mais em suas empresas e queremos os valores corrigidos das nossas ações.

Ouvi aquela declaração com tanta incredulidade, como se aparecesse no mesmo momento, uma nuvem de algodão doce à minha frente. Não podia acreditar ser verdade.

- Não entendi, senhor - dei de ombros - Por qual motivo, fariam isso?

- Senhorita Laura - tomou a palavra, o sr Boaventura - Nós somos homens de família e tradicionalmente, de bons costumes. Somos cidadãos de bem e honramos pelos valores da família, acima de tudo. Não podemos compactuar com certas, modernidades.

Passei a entender menos ainda, após essa fala, do segundo maior acionista.

- Senhores - tentei manter a pose, falando segura - Eu definitivamente não faço ideia do que estão falando. Eu também sou uma pessoa que, acima de tudo, prezo pela família. Perdi a minha muito cedo, mas fui acolhida por minha tia e..

Bateram à porta e Tom, prontamente a abriu. Ouviu em cochicho algum recado de quem entregara um envelope. Fechou a porta e dirigiu-se a mim, entregando-me o pacote.

- Perdoem-me. Como falava, fui adotada pela minha tia, irmã do meu pai e - abri o envelope enquanto falava - pude receber toda a educação como - meu coração disparou e meus olhos arregalaram-se ao abrir o folder que tirei do envelope - Só um minuto, senhores.

No folder, tamanho a3, impresso em alta qualidade, estava uma foto da minha casa, tirada do alto, com zoom óptico. Na fotografia, eu e Alice nos amando no sofá da minha sala. Em cima da foto, escrito com letras garrafais: EU TE AVISEI, VOCÊ NÃO ME OUVIU. SE PREPARE, ESSE É SÓ O COMEÇO. VOU TIRAR TU-DO DE VOCÊ!

Por alguns segundos, tive a impressão de entrar em um túnel com ilusão de óptica e tudo parecia girar. Meus pés e mãos gelaram e as pernas amoleceram. Nem nos meus piores pesadelos, vivenciei tal sensação. Meu intestino retorceu, e o estômago nauseou. A mente girava e não conseguia ouvir nada, além das batidas do meu coração, batendo no ouvido. Empalideci e senti perder o sentido rapidamente, numa queda de pressão. Respirei fundo, tentando manter o cérebro arejado e recobrei a consciência, enjoada e com vontade acordar do pesadelo que está sendo esse dia.

- Senhorita Laura - ouvi ao fundo, Tom me chamar - Senhorita Laura?

- Ahn - respondi ainda atônita, com o folder na mão.

- Precisa de ajuda? - perguntou-me, segurando minha cabeça encostada em seu abdome - Laura? Toma um pouco de água - me serviu água, tomei e o agradeci. Dobrei o folder e o entreguei, falando baixo.

- Fica com isso, por favor - ele consentiu e pôs embaixo do seu tablet.

Retornei a atenção aos acionistas, que me observavam atentos e incógnitos.

- Desculpem o mal jeito, recebi uma notícia amarga - sorri sem vontade, tentando manter-me forte e segura - Onde paramos?

- Senhoriitá, não precisamos nos alongarr nas conversas - falou secamente o Penhour, com seu sotaque francês abrasileirado - Serremos frrancos.

- Sim, senhorita - concordou Boaventura - Como o Virgílio já falou, estamos retirando nossos investimentos da sua empresa e daremos uma semana, como está no contrato, para que nossa parte seja ressarcida.

- Eu já entendi isso, senhores. O que não entendi é o motivo - apoiei o cotovelo na mesa, e o queixo nas mãos - Também está no contrato que, caso isso ocorresse, os motivos seriam mencionados.

- Senhorritá, com todo o rrespeito, nós já passamos por cimá de nossos valorres ao investir em uma emprresa liderrada porr uma mulherr e ..

- E? - perguntei com o cenho franzido, já esperando a injúria racial.

- E de corr, senhoriitá.

Arregalei os olhos, com o que ouvia e mais uma vez minha mente girou, fazendo despertar em mim, toda a ancestralidade reprimida.

- Com todo o respeito digo eu, senhor Penhoir - o olhei fixamente - Se quer parar de investir aqui, fique à vontade, mas jamais fale assim novamente. Isso que o senhor acabou de fazer, configura crime, e isso, eu não tenho condições de aturar.

- Ele só quis dizer, que - tentou explicar Boaventura.

- Eu sei e entendi muito bem o que ele disse, senhor. Não preciso que me explique - falei ao Boaventura, ainda olhando para Penhoir.

- Mas é que..

- Senhor, por favor - o olhei com expressão fechada.

- Desculpa, senhorritá, foi só modo de falar.

- Senhor, fique tranquilo que pagarei cada centavo da rescisão do contrato - sorri ironicamente e o fitei - Se tem uma coisa que as pessoas da minha cor, como o senhor mesmo acabou de dizer, fazem, é arcar com suas obrigações. Quanto à eu ser mulher, tenho imenso orgulho em ser, e o fato de eu não ter falo, não me impede de ser igual ou melhor que o senhor.

- Sim, senhorritá - falou, baixando os olhos.

- Senhor Virgílio, em nome do Complexo Veigas, agradeço a parceria estabelecida por anos contigo - acenei a cabeça em cumprimento a ele e ele retribuiu - Aos demais, estendo também o agradecimento - dirigi o olhar ao Tom que nos olhava com os olhos arregalados - Tom, você pode por favor pedir para o diretor do financeiro vir aqui, agora?!

Prontamente saiu e olhei nos olhos de um por um. A cabeça a milhão por hora, não me permita pensar muitas coisas, mas sabia o que essa decisão repentina, significava.

- Permitam-me uma pergunta? - franzi o cenho ao perguntar, com imponência.

Todos consentiram com a cabeça, sem nada dizer.

- Irão investir nas empresas Gordon? - perguntei, mudando a expressão e sorrindo ao final, ironicamente.

Em sincronia, me olharam surpresos e antes que me respondessem, já obtive a resposta.

- Façam um bom investimento! Mas, se me permitirem ainda uma consideração, em nome dos muitos anos de boa parceria - consentiram mais uma vez, em sincronia - Não invistam tudo de uma vez. Façam uma reserva - e sorri ironicamente, mais uma vez - Joseph Gordon, gosta de trabalhar com investimentos de alto risco - dei de ombros - Podemos ser surpreendidos nesse tipo de apostas - elevei a sobrancelha.

O único que agradeceu foi o sr. Virgílio. Ele sempre foi muito sensato e um excelente negociados. Tão logo, José, diretor do setor financeiro se juntou a nós.

- José, por favor, elabore a rescisão de contrato dos investimentos desses três senhores - falei sorrindo, em ironia e José arregalou os olhos com minha solicitação, ciente do buraco que entraríamos com essa ação - E, nos informe quando a trans*ção bancária puder ser efetuada.

- Sim, senhorita Veigas. Irei providenciar.

- Obrigada. Está liberado - enquanto José saia da sala, levantei-me e gentilmente cumprimentei um a um, com aperto de mão - Obrigada pela confiança. Com licença - sai logo atrás do José. Tom permaneceu na sala para os despedir.

Fui direto ao banheiro. Entrei e, me certifiquei de que estava sozinha, procurando nos sanitários individuais se tinha algum funcionário. Fechei e tranquei a porta, me dirigi à bancada de mármore com cinco pias. Ao me olhar no espelho, senti as lágrimas brotarem em meus olhos. Abri a torneira e peguei um pouco de água nas mãos e molhei a nuca. Minha mente girava e os muitos pensamentos me faziam pensar em muitas coisas e, em nada ao mesmo tempo. O sentimento não era de raiva, nem de tristeza. Era um sentimento, nunca sentido antes. Tudo o que eu mais temia acontecer, e tentei de todas as formas impedir, estava acontecendo em fração de segundos. Por sorte, estava perdendo apenas uma gigantesca porção de dinheiro, no entanto, minha figura perante o público, ainda estava intacta. Não importava o rombo orçamentário interno, a fachada da Complexo Veigas ainda permanecia como a minutos atrás. Orçamento é possível reverter, reputação, não. Me olhava no espelho, tentando encontrar nos meus olhos, algum motivo para seguir em frente nesse dia conturbado. Em uma só manhã, perdi Alice, ouvi verdades da Tati, e, irá sumir da minha conta bancária, quase a metade do meu capital. Ao refletir isso, o ódio me dominou, e jurei encontrar Joseph para acertar as contas com ele. Saí do banheiro decidida a isso. A passos largos fui até minha sala, peguei a bolsa e, antes de sair tomei mais uma dose whisky, para sentir a potência da bebida, incendiar ainda mais minha fúria. Passei pela recepção, pisando forte no chão.

- Não volto hoje, dona Chica. Avise ao Tom - falei com expressão furiosa, sem dirigir o olhar a ela.

- Sim, Laura.

Cheguei na recepção, ainda com passos largos e firmes. Meus pés sentiam toda raiva que sentia dentro do meu ser. O manobrista se apressou em ir pegar o carro e o chamei, também sem olhar para sua face.

- Pode deixar que eu mesma pego. Estou com pressa.

Entrei no carro, e saí cantando os pneus, apressada em chegar logo naquele muquifo que o Joseph chama de empresa. Dirigi perigosamente pelas ruas de Sampa, fazendo ultrapassagens arriscadas, em altíssima velocidade. Sentia já ter perdido o sentido da vida, a partir do momento em que o olhar apagado da Alice, cruzou com o meu. Dirigir em alta velocidade, ao menos me fazia o coração acelerar por adrenalina. Em pouquíssimo tempo, estacionei à frente do prédio e entreguei a chave da Mustang na mão do manobrista que me olhou espantado. Revirei os olhos por sua reação. É sempre assim, quando encontro manobristas jovens que nunca tiveram a chance de estacionar um v8. Hoje estou sem paciência para isso.

- Laura Veigas - falei cruzando os braços a frente do meu corpo, para a recepcionista que me olhava de baixo pra cima, com expressão espantada - Quero falar com o babaca do Joseph, agora.

Imediatamente, ela pegou o telefone e apertou alguns números, sem desviar os olhos de mim.

- Pode subir, 5º andar - falou timidamente.

- Obrigada - respondi já dirigindo-me ao elevador, daquele prédio chinfrim.

A porta mal abriu e eu já estava a empurrando para sair logo e encontrá-lo. A secretária dele, que é amiga do Tom, me recebeu muito amigavelmente e pediu para esperar que ele logo me atenderia. Estava tão impaciente, sentindo a raiva me dominar, que não conseguia parar quieta. Andava de um lado para outro, aguardando aquela maldita porta se abrir. Pouco tempo depois, ele surgiu à porta, com expressão irônica.

- Que honra! Entre - falou, estendendo as mãos.

- Poupe-me da sua ironia - falei, olhando-o no olho, furiosa e adentrei sua sala. O ambiente, um pouco melhor do que esperava encontrar. Uma sala mediana, com uma mesa marfim e dez cadeiras em couro branco. Taco no chão e sem nenhuma decoração. Um lugar frio e sombrio, cheirando à fumo, no entanto, vindo de Joseph não esperava nada muito diferente.

- Me diga, em que posso te ajudar? - falou, puxando uma cadeira para eu me sentar.

- Obrigada, não vou sentar.

- Por favor! Sente-se. Vamos conversar.

Revirei os olhos e a contra gosto, me sentei e ele sentou-se à minha frente, do outro lado da mesa.

O olhava com vontade de jogá-lo janela abaixo. No entanto, Joseph não valia meu réu primário. Minha respiração estava curta e pesada, e o que consumia meu ser, era raiva e ranço.

- Vou perguntar pela última vez, o que você quer, Joseph? - perguntei sem rodeio, fitando-o com nojo daquela barba por fazer, ruiva como o por do sol.

- Meu Deus Laura - respondeu dando de ombros - Já te falei inúmeras vezes, que quero você - balançava a cabeça e fazia expressão de não entender como eu não entendia isso.

- Você quer me comer, é isso?

- Oh! - ele colocou as mãos na boca, surpreso - Não! Não é isso. Imagina. Jamais faria isso.

- Quer o que então? Porque se o que quer é isso, vamos lá, te dou aqui, agora - falava furiosa, cega de raiva.

- Jamais comeria uma mulher como você - me olhou dos olhos, ao decote - Você, não faz meu tipo.

- Então o que quer dizer quando diz que me quer. Eu não entendo.

Ele inclinou-se para frente e cruzou os braços sob a mesa, virou a cabeça e sorriu sarcasticamente.

- Quero você nas minhas mãos. Quero tirar tudo que você tem, igual você tirou de mim.

- Eu não tirei nada de você - encostei-me na cadeira, impaciente - Você é louco!!

- Você me tirou todas as chances de conhecer o amor, Laura - falava entre os dentes - E quero fazer você sentir o que é isso.

Afastei a cadeira e me levantei, impaciente, sentindo meu coração disparar de fúria.

- Meu Deus Joseph - falei indignada - Não fui eu que tirei a Tati de você - dei de ombros - Ela te largou porque quis. Eu nem sabia que você existia.

Ele permaneceu sentado, encostado na cadeira.

- Tati? - sorriu ironicamente - Já superei ela. Foi difícil, mas já passou.

- Então seja mais específico - falei apoiando as mãos na mesa - Eu não entendo você.

Ele gargalhou demonicamente e deu um tapa forte na mesa.

- Não é você a fodona, que está com uma equipe da polícia me investigando? Se vira!! Descubra a verdade, Laura Veigas - fitou-me com expressão sarcástica - Só não demore.

- Vai fazer o que agora? Mandar minha foto pro Fantástico? - perguntei chegando perto do seu rosto, falando com os dentes cerrados.

- Talvez. E agora posso endossar a reportagem - sorriu ironicamente - Já pensou? Laura Veigas, a maior Ceo da capital paulista é lésbica e bêbada - falou mexendo as mãos, como se segurasse as letras entre os dedos - Porque esse hálito aí, não é de quem tomou só uma dose de alguma bebida forte.

- Você é louco!!! - me afastei, balançando a cabeça em negação - Louco!! É isso que você é.

- Talvez tenha puxado a loucura de você! - fitou-me sem expressar nada no olhar.

- O que vai fazer, se eu demorar saber o que quer eu saiba?

Deu de ombros e sorriu sarcasticamente.

- Depende! Se você for uma boa menina e não procurar a sua menina, eu fico quietinho.

- Chega!!!! - gritei - Quer me atingir, mecha comigo!!! - vociferei.

- E não estou mexendo, baby? - sorriu com sarcasmo - Veja, hoje você perdeu apenas três figuras importantes e já está aqui, esperneando, como uma menininha.

- Sou muito mulher, Joseph. O suficiente para te encarar - respondi , sentindo nojo da sua presença.

- Aliás, queria tanto saber como você era, menininha. Será que seríamos amiguinhos? - ele falava olhando para o nada.

- Eu jamais seria sua amiga! Você é nojento.

- Do que será que iríamos brincar? De carrinho ou de boneca? De correr ou de se esconder? - olhei assustada para aquela figura à minha frente, falando coisas sem nexo, parecia em transe - Será que teríamos piscina? E doces? Dividiríamos os doces e os presentes de natal? Como você era quando era menina? - me olhou subitamente, sorrindo com sarcasmo.

- Não te interessa como eu era! Você é louco!!

Peguei minha bolsa e me dirigi à porta.

- Laura - me chamou e eu virei para vê-lo e ouvi-lo - Não deveria, mas vou te retribuir o favor de me dar três milionários para minha carteira de clientes - sorriu com ironia - Fica esperta com sua vizinhança. Às vezes o perigo mora ao nosso lado - piscou e me mandou um beijo, com a ponta dos dedos. Abri a porta e saí atônita. Joseph é um moço claramente perturbado. As coisas que ele fala, não fazem sentido. Saí da sua sala, pior do que entrara. Sua mente confusa, intoxica quem está à sua volta. Meu dia que já estava péssimo, recebeu uma dose extra de pavor e desgosto. Ao sair na calçada e esperar meu carro, que o manobrista com sorriso no rosto foi buscar, um senhor, morador de rua, com roupas sujas e rotas, coberto por uma coberta mal cheirosa, pele e cabelos sujos, pés descalços e unhas grandes, com sujeiras acumuladas, passou por mim e estendeu as mãos, pedindo esmola. Abri a bolsa e dei a ele uma quantia em dinheiro, suficiente para passar o mês. Ele, tomado por euforia me abraçou, apertando-me até os braços ao lado do corpo. Abriu um sorriso, banguela e seus olhos brilharam:

- Obrigado moça. Que nunca te falte tudo o que é necessário, em especial, coragem para lutar pelo amor. Não existe nada mais valioso que o amor.

Soltou-me do seu abraço, e saiu, apressado pela calçada, colocando o dinheiro no bolso. Não entendi nada daquela atitude, mas senti meu corpo arrepiar com a mensagem. O jovem manobrista chegou com o carro, e parecia criança com presente de natal. Sorri com sua felicidade.

- Gostou? - perguntei, assim que ele entregou as chaves

- Oh dona! Muito lindo. Parabéns.

- Espero um dia te encontrar com o seu, igual ou melhor que esse - falei, entregando-lhe uma gorda gorjeta.

- Que isso, dona! É muita coisa - olhou assustado para as mãos - Não posso aceitar.

- Pode sim! Põe no cofre pra ter o seu - sorri e pisquei a ele, amigavelmente - Um dia hein, vou te encontrar com o seu.

Ele sorriu e acenou, feliz, agradecendo. Pelo menos alguma coisa boa no meio desse dia.

Saí para o trânsito me lembrando do dia que um senhor me falou a mesma coisa, no estacionamento de um supermercado. Às vezes, no orfanato, nos permitiam ir ao supermercado que tinha do outro lado da rua, fazer as compras da feira da semana. Eu sempre fui apaixonada por carros de luxo, com motores potentes. O ronco grave do motor, sempre me cativou. Nesse dia, tinham nos deixado ir fazer a feira, e quando saímos, chegou um senhor com um Opala Diplomata chumbo, lindíssimo, ronco grave e estacionou. Eu fiquei parada, boquiaberta, segurando as sacolas com verduras, completamente estática, babando no carrão da época. Ele saiu do carro com um sorriso largo, chegou até mim, abaixou-se à minha frente e colocou uma moeda de 50 centavos na minha mão e falou:

- Pra você comprar o seu. Um dia quero te ver com um igual, ou melhor. Um dia, hein... - e entrou no supermercado.

Até hoje, ainda não o encontrei e os 50 centavos já usei, na compra do meu primeiro carro, que foi um Fiat Uno Mille, que um ano depois vendi para investir no mobiliário do meu primeiro escritório.

Às vezes, só precisamos de alguém que acredite em nós, quando nem nós acreditamos.

--x --

Cheguei em casa, refletindo as coisas que o Joseph me falou. Passei pela sala, e vi o sofá onde um dia atrás estive com a Alice e desejei sentir mais uma vez seu cheiro, e o aconchego do seu abraço que me acalenta a alma. A ausência dela, faz tudo desmoronar. Didi deixara um dos seus bilhetinhos, grudado na geladeira:

"Me dê notícias. Não paro de pensar em você. Meu coração parece que está batendo fora do peito hoje."

Sensitiva ao extremo, Didi já pressentira meu dia horroroso. Peguei uma maçã e subi para meu quarto, tomar banho. Mandei mais algumas mensagens para a Alice, que nem visualizou. Peguei o folder de dentro da bolsa e analisei a foto. O ângulo que foi tirada a foto, é da frente de casa, onde tem o prédio. Tentei entender o que o Gordon disse de tomar cuidado com a vizinhança. Saí na sacada do meu quarto e analisei o prédio. Me falta alguma informação para completar esse quebra cabeças. Sr Carlos me avisou por relatório disfarçado, que estava com a mãe de Joseph em um hotel, pós tirá-la da clínica e que ela ainda não estava em plenas condições mentais. Considerando a inconstância do Joseph, provavelmente é de família ter problemas mentais. Voltei para meu quarto e dei uma olhada no celular, à espera de algum sinal de vida da minha menina dos olhos de amoras verdes. Nada. Um silêncio desesperador, que me maltratava. Tomei banho e desci comer alguma coisa. O celular vibrou e meu coração disparou, com a possibilidade de ser ela. Abri a mensagem, afoita, sem prestar atenção na foto do contato.

Número desconhecido: Oi. Sou eu, a pedra do seu caminho 😊 Salva meu número aí. Peguei seu contato com o Tom. Vou sair às 22h. Estou no Hotel Unique. Passa lá pra gnt tomar um drink no bar.

Revirei os olhos para a mensagem. Se Tati acha que vou cair nesse papo mole dela, está muito enganada. Não é porque conversamos como amigas e acertamos os ponteiros, que vou me dar a liberdade de cair na sua armadilha mais uma vez. Minha vida está uma bosta hoje, tudo graças a ela, e não pretendo, torná-la ainda pior.


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Comentários para 50 - Morador de rua:
mtereza
mtereza

Em: 09/04/2022

Então o psicopata é irmão da Laura, que apesar de tudo consegue se controlar como ela não chutou o pau da barraca com aqueles velhos, racistas, hipócritas, homofóbicos, devem todos terem seus esqueletos no armário com certeza quando abrem a boca para dizer que são cidadão de bem e colocam a família acima de tudo já se imagina o nível de escrotice e  de sujeira que praticam 

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Rafaela L
Rafaela L

Em: 30/03/2022

Tchê!

Joseph psicopata é irmão dela! Tenho certeza!

E ele não conseguiu as imagens delas e saber o teor das conversas sem alguém da confiança da própria Laura,dando-lhe informações.

O Tom tem dedo nisso!

E tô na dúvida,se a Tati tbm.Todo mundo é suspeito agora.

Como ele conseguiu saber q elas se chamam de "menina" ? Tinha escuta na casa antes? Só pode!

E como quem organizou a casa,foi o Tom.Ele deve tá envolvido.

Cadê o motorista que ia investigar o Joseph???

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