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Amoras por Klarowsky

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Palavras: 4159
Acessos: 1089   |  Postado em: 27/03/2022

Dona do Elevador

Laura

 

Ouvia ao longe passos e sabia que tinham pessoas à minha volta, mas a dor de cabeça e o gosto de álcool na boca, me enojavam ao tentar abrir os olhos. Tive que ser forte e vencer o enjôo e acordei. Constatei que estava na sala de casa, deitada no tapete e que foi ali que dormira.

 

A Marcia, faxineira estava na cozinha preparando algo e falava ao celular. Me sentei e o mundo girou em trezentos e sessenta graus. Fechei os olhos e a rotação aumentou, me fazendo quase vomitar. A cabeça doía e a claridade do dia, estava exacerbada. Ouvi o porteiro dar bom dia para alguém e tão logo, descobri que a pessoa que chegara era o Gil que, ao me ver, arregalou os olhos e correu em meu encontro.

 

- Laura, o que aconteceu? – perguntou preocupado, sentando no chão, do meu lado.

 

- Oi, Gil! – falei segurando a cabeça entre as mãos – Acho que bebi um pouquinho demais ontem.

 

Vi que o Gil encontrara a garrafa de vodka quase vazia, caída no chão e levou até a cozinha, falando alguma coisa com a Márcia, que não consegui ouvir.

 

- Vamos para um banho! – falou com expressão séria e me levantando do chão – E não adianta falar não.

 

- Eu vou sozinha, Gil – falei com os olhos pesados.

 

- Você não está em condições nem de levantar sozinha, acha que vai tomar banho sozinha? – falava com o cenho franzido – Fica tranquila que do que você tem, eu queria ter igual – falou me fazendo rir, enquanto colocou meus braços em volta de seu ombro e me levava para meu quarto.

 

Márcia já estava preparando o banho e ajudou Gil na tarefa. Ao sentir a água gelada escorrer pelas costas, acordei para o mundo. Senti vergonha da situação que me encontrava. Lembrei de quantas vezes Didi fez isso, na minha adolescência regada a muito álcool, quando ainda não sabia lidar com a ausência do meu amado paizinho e descontava todas as tristezas em muita bebida. Gil e Márcia terminaram de me banhar e me ajudaram a colocar uma roupa. Deitei na cama e Márcia me trouxe uma caneca de café, bem forte e sem açúcar. Os olhava e sentia meu rosto queimar de vergonha.

 

Tão logo a Didi apareceu e com as mãos na cintura, me olhava com expressão de poucos amigos. Agradeceu o cuidado do Tom e da Márcia e pediu licença para ficar a só comigo. Fiz uma careta, pois sabia que viria bronca pesada. Ela fechou a porta e veio em minha direção.

 

- Oi, Didi – falei a olhando com pouca expressividade, enquanto tomava o café que a Márcia me oferecera.

 

- Você já está sóbria o suficiente pra me falar o que aconteceu – falava rude – E não adianta tentar me enrolar.

 

- Bebi mais do que devia! – respondi dando de ombros.

 

- E acha bonito, assumir isso? – me perguntou com expressão brava.

 

- Não. Não acho! E peço desculpas – respondi baixando os olhos.

 

- Olhe para mim e fala de novo – impeliu – Vamos!

 

A olhei nos olhos e falei baixinho, dando de ombros.

 

- Desculpa!

 

- Eu ainda não ouvi! – falou novamente brava – Quero ouvir a mulher Laura Veigas me pedindo desculpas, não essa criança que está parecendo na minha frente.

 

- Desculpa, Didi! – falei alto e brava.

 

- Vai começar com essa putaria de novo? – me perguntou com o cenho cerrado – Se for, me fala logo!

 

- Não. Não vou começar nada! Só tive uma recaída – respondi baixando os olhos.

 

- Recaída? Recaída é o que você tem todos os dias, com seu copinho de whisky que eu finjo não saber. Isso que você fez, se chama falta de responsabilidade mesmo! Se chama falta de vergonha! Se chama, querer voltar para seu passado. É isso que você quer? – foi falando e aumentando o tom da voz.

 

- Não! Você pode ao menos me ouvir? – perguntei a olhando nos olhos.

 

- Eu sempre te ouço, Laura – respondeu brava – Só não me venha com justificativas para sua bebedeira.

 

- Não vou justificar nada! Eu sei que agi errado e vou fazer o possível para que isso não se repita.

 

- Não é fazer o possível! É não fazer! – falou brava e sentou-se na minha frente – O que tem pra me contar?

 

- Eu nem sei por onde começar – respirei fundo, sentindo a cabeça doer – Mas vou tentar.

 

- Pra beber não precisou tentar! Vá! Diga logo! – me olhava nos olhos, brava.

 

- Eu acho que estou apaixonada! – falei sorrindo e baixei os olhos.

 

- Ah Laura! – Didi levantou-se e andava de um lado para outro do quarto – Que conversa mais tonta! Paixão não faz esse estrago na vida de ninguém.

 

- Na minha, está fazendo – dei de ombros novamente – Não sei o que fazer.

 

- Beber, não é o que deve fazer, esse é o primeiro passo – falou voltando se sentar – Agora, isso aí é sério?

 

- Sim, Didi – a olhei nos olhos e senti meus olhos marejarem – Mas eu nem comecei, e já estraguei tudo.

 

- Que merd* é essa que tá me falando, Laura? Estragou o quê? Porque se tem uma coisa que está estragada aqui é a sua cara, o que mais você estragou? – falava impaciente.

 

Contei a ela tudo o que acontecera, desde o aparecimento da Alice no shopping até o evento de ontem, as ameaças de Joseph, o cuidado, a equipe de seguranças e meu pedido para esquecer. Ouvia-me atenta. Minha mão suava e sentia um nó na garganta. Quando acabei de contar tudo, ela me olhou, suspirou e falou:

 

- Sabe o que eu acho? – fez uma careta ao perguntar e eu esperava ela concluir – Que você é uma tremenda de uma egoísta. É isso!

 

- Como egoísta, Didi? Você me ouviu? – perguntei indignada.

 

- Egoísta sim!! Você só está olhando seu próprio umbigo! Eu que te pergunto, se você, se ouviu? – me falava com calma.

 

- Como você me diz que sou egoísta, se estou sofrendo por ter pedido para ela me esquecer? – perguntei sem entender o que me falava.

 

- Laura! – segurou em minhas mãos e olhou profundo – Eu venho tentando te falar essas coisas, mas você não me ouve. Parece que está em um mundo paralelo e não enxerga a realidade.

 

- Falar o que, Didi? Não te entendo!

 

- Você está prestes a abrir mão de alguém que, segundo você, te faz sentir coisas que você nunca sentiu antes, apenas porque não quer perder nadinha do que conquistou. Se isso não é egoísmo, é o quê?

 

- Cuidado! – respondi de imediato.

 

- Cuidado com o quê? Com o seu império? – revirou os olhos ao dizer.

 

- Cuidado com me expor, com perder minhas conquistas, meu prestígio – dei de ombros – Cuidado com a Alice!

 

- Com a Alice, não! – me interrompeu fazendo não com o dedo – Pode falar o que for, mas seu cuidado não é com ela.

 

- Como diz isso, Didi? Eu estou montando uma fortaleza ao redor dela, só para protegê-la..

 

- E só está fazendo isso, porque você está com cuidado com você! É para se proteger que está abrindo mão dessa menina! – me falou sendo firme - É o seu preconceito que está te afastando do que poderia te fazer feliz.

 

- Que preconceito, Didi?! Você está invertendo as coisas.

 

- Está bem, Laura! Você não está disposta a ouvir a verdade! Não se esqueça do que já te falei, você tem medo de tudo, só não tem medo de ser infeliz.

 

- Didi, já imaginou o escândalo que seria eu aparecer nas revistas, com a Alice? – perguntei sentindo minhas mãos suarem e vendo a Didi me olhar com os olhos fixos, e cara de desdém.

 

- Escândalo algum! Seriam lindas – deu de ombros.

 

- Didi!! Eu perderia milhões em ações!! Não sabe como é o machismo estrutural?

 

- E daí? – deu de ombros novamente – Se o que você sente, vale a pena, por que não?

 

- Porque não estou disposta a perder o que conquistei. Só eu sei o quanto foi difícil! – cruzei os braços sobre mim.

 

- Egoísmo! É isso que estou falando! – rebateu.

 

- Não é egoísmo!

 

- Preconceito! – rebateu mais uma vez.

 

- Também não!!! Para, Didi!

 

- Você pode dar o nome que quiser para essa sua atitude. Eu não te criei passando a mão na sua cabeça, e não vai ser agora que vou fazer. Quer abrir mão da Alice, abra. Você é livre. Só não fique achando que a cada bebedeira, me terá do seu lado para te ajudar. Quer continuar dentro do armário e viver sozinha, viva! – me falou muito séria, olhando em meus olhos – Você é uma mulher livre!! Mas haja como mulher, e não como criança.

 

- Pegou pesado, hein – respondi à sua bronca.

 

Deu de ombros e levantou-se em direção à porta.

 

- Aprenda uma coisa, Laura – falou andando – Tem coisas, que o dinheiro não compra. Nem sempre perder, significa ficar sem algo. Às vezes é melhor perder o que se pode comprar, e ganhar o que não tem preço.

 

Saiu e me deixou sozinha, refletindo sobre o que conversamos. Didi sempre foi muito carinhosa, no entanto, muito verdadeira. Nunca passou a mão na cabeça para aliviar nenhuma situação. Logo que saí do orfanato e fui para casa dela, era tudo muito novo. Eu sofria a ausência dos meus pais, em especial do meu pai e não sabia lidar com as emoções. Didi já tinha seus filhos, e eu me sentia intrusa. Comecei a tomar as pingas que ela ofertava aos seus santos, escondida. Até que encontrei onde ela guardava, e todos os dias tomava um pouco. Aquilo aliviava meu sofrimento, me fazia dormir e eu me sentia bem. Quando a Didi descobriu o que estava acontecendo, foi muito firme na educação. Buscou todas as ajudas possíveis para uma pré adolescente, alcóolatra. Fiz tratamento com psiquiatra e frequentava semanalmente psicoterapia. Aos poucos, fui conseguindo largar o vício, mas sempre tinha recaídas. Da mesma forma que aconteceu dessa vez. O vazio da perda, é constante. Não tem nada que supra a ausência dos meus pais na minha vida. Eu trabalho, tenho minhas ocupações, mas diariamente, sinto a falta deles. Sou obrigada a conviver com isso. Tem dias que não suporto e ainda recorro ao anestésico, proporcionado pelo álcool. Pouquíssimas pessoas sabem desse meu ponto fraco, a vergonha que carrego na mesma intensidade que a saudade dos meus queridos. Ouvir palavras rudes e firmes da Didi, faz parte do pacote. Ela sempre foi muito carinhosa, me criou com o melhor que pôde, me instruiu a ser quem sou hoje. Devo tudo o que tenho a ela, e seu esforço. Quando consegui meu primeiro extrato com sete dígitos, fiz questão de pedir para que ela escolhesse onde queria morar e dei a ela de presente o que sempre desejou: a tão sonhada casa. A cada conquista, Didi estava presente e hoje, um dos meus orgulhos que trago no peito, é poder proporcionar a ela, uma vida de rainha. Todos os dias vem até minha casa, porque quer. A ocupação dela é tomar conta dos detalhes da minha vida, mas não é minha empregada. É minha Didi, e tudo o que tenho, é dela também. Após muita discussão, consegui que aceitasse receber um valor mensal, e assim, durmo tranquila sabendo que posso ofertar a ela e ao tio Jorge, uma vida digna e confortável. As coisas que ouvi, sobre preconceito e egoísmo, já ouvi outras tantas vezes. Reconheço que preciso ser melhor nisso, mas me falta coragem de encarar o mundo machista, que controla o mundo dos negócios que trabalho. As ameaças de Gordon em relação me entregar na mídia, fazem total sentido. Hoje, sou dona de aproximadamente duzentas empresas, que juntas, formam um complexo empresarial. Cada empresa, é dividida em mini partes, chamadas de ações. É o que mantem a estrutura do negócio. Não tenho uma empresa para tomar conta, tenho uma estrutura e os ganhos, são por ações que um dia se lucra muito, mas no outro, pode se perder muito. Dentro do sistema machista, heteronormativo e branco que vivemos, até que se prove o contrário, todas as pessoas são heterossexuais, e tudo vai bem. Eu, enquanto mulher, negra, lésbica, tive que batalhar trêz vezes a mais do que os demais para conseguir o que tenho. A partir do momento em que alguém foge à regra de ser homem, hetero e branco, a vida muda. No meu caso, além da queda as ações, que poderá ser o começo da ruína, tudo vira escândalo por ser mulher e preta. Tudo é em proporções maiores. Esse é meu medo. Quando a Didi diz que estou sendo egoísta, é porque se eu neutralizo a ameaça de Gordon, e me exponho ao mundo, como sou, ele não tem no que me atingir. Porém, não estou disposta a pagar o preço disso. Não sei até que ponto, a Alice estaria disposta a encarar essa realidade comigo. O que conheço dela, é que mexe comigo de uma forma que não consigo resistir, mas até que ponto, isso é amor ou apenas, uma paixão, como foi com a Tati? Após refletir bastante, me recompus e desci tomar café. Didi me aguardava com a mesa preparada.

 

- Vamos para fazenda hoje? – convidou-me enquanto comia.

 

- Quem? Eu e você? – perguntei sorrindo.

 

- Eu, você e a Chica! – respondeu animada

 

- Chica? A dona Chica? – estranhei

 

- Sim!! A chamei pra passar o fim de semana lá. Precisamos ter uns dias de comadres – falou sorrindo - Vamos?

 

- Ah, Didi! Vão vocês – respondi dando de ombros – Eu ainda tenho coquetel mais tarde e estou desanimada pra sair.

 

- Pensa com carinho! Vai ser bom você estar com nós – me falou carinhosamente – Não precisa ir hoje! Vá amanhã cedo.

 

- Vou pensar – respondi carinhosamente – Quem sabe?!

 

O convite me deu alegria. Dona Chica é uma figura que pretendo conhecer um pouco mais de perto. A companhia dela e da Didi, juntas, certamente proporcionaria um final de semana, no mínimo, hilário.

 

-- x --

 

Alice

 

Acordei com a Carol esmurrando a porta, me chamando. Levantei e destranquei para ela entrar, e ela surge, segurando a porr* da bexiga amarela na frente do rosto. Empurrei a bexiga de sua mão e joguei no chão. Carol me olhava com o sorriso ainda estampado na cara, sem entender nada.

 

- Bom dia pra você também, bela adormecida! – me falou, estática ainda na porta.

 

- Não me chame assim! – respondi mal humorada e voltei a deitar.

 

Ela não se conteve com meu mal humor e pulou em cima de mim, deitando-se também.

 

- Teve pesadelo, pra acordar assim, tão legal? – perguntou ironicamente.

 

- Não! – me contive a responder apenas isso.

 

- Credo!! Que vibe pavorosa – falou sorrindo – Isso que hoje é sexta-feira, imagine se fosse segunda?

 

Conseguiu me fazer sorrir com esse comentário infame sobre o mal humor global que atinge a humanidade às segundas-feiras de manhã.

 

- Uma pergunta: esse astral, tem nome e sobrenome? – perguntou me olhando de canto dos olhos.

 

- Tem! – respondi revirando os olhos – Alice Iludida.

 

- Hum! – fez uma careta – Achei que era Laura Poderosa.

 

Sorrimos juntas com a capacidade incrível que ela tem em me fazer sorrir. Contei a ela o ocorrido e me ouvia atentamente, deitada ao meu lado, ambas olhando para o teto.

 

- Que desgraçada essa Laura – concordava comigo para elevar meu ânimo – No seu lugar eu também estaria muito chateada. Um mulherão daqueles, me fazendo andar até de helicóptero, de repente me fala pra esquecer o rolê de motoca? – ria da minha situação – Miga, na boa, eu estaria pior que você.

 

- Para de desdenhar de mim, por favor? – sorri da minha falta de sorte – Eu estou mal de verdade!

 

Carol me abraçou, ficando grudada em mim enquanto conversávamos. Quis saber detalhes sobre o evento e eu contei tudo o que podia e lembrava. Ao ouvir o nome do Joseph, sentou-se rapidamente na cama, me olhando com os olhos arregalados.

 

- Que foi? – perguntei assustada – Eu hein..

 

- Esse nome aí que você falou, do cara que estava com a Bia – me perguntou, e sua face estava pálida – Fala de novo.

 

- Joseph – repeti – Joseph Gordon, que tem?

 

- Li – ela engoliu em seco – Esse cara – ela procurava as palavras para me falar, o que fez meu coração acelerar de tensão.

 

- Que foi, Carol? – perguntei sentando também na cama – O que, que tem o Joseph?

 

- Li – percebi ela ficar com a respiração ofegante – Foi ele que te agrediu no hotel – falou com os olhos fechados.

 

- Que maluquice é essa, Carol? – perguntei assustada com o que me falara – Por que o Joseph faria isso?

 

Carol então me contou tudo o que eu ainda não sabia, pois, minha memória não registrou nenhum ocorrido daquela noite no hotel. Eu ouvia atentamente e tentava encaixar as peças do quebra-cabeças que aos poucos se montava em minha mente. Ela não conteve as lágrimas ao relembrar dos momentos angustiantes que viveu ao meu lado e nos abraçamos, partilhando da mesma emoção de estar viva e seguras. A agradeci por todo carinho e amizade que temos e externei a ela, o quanto ela é importante na minha vida. Em pouco tempo, apesar do mal estar em saber a verdade dos fatos, meu humor já havia mudado e todo o amargor do dia anterior, se dissipara. Preparamos nosso café matinal e conversávamos ainda sobre os assuntos abordados. De repente, a Carol estalou os dedos, como quem tem uma eureca, olhando um ponto fixo e falou:

 

- Lice! Tem coisa aí! A Laura está escondendo alguma coisa.

 

- Por que acha isso, Carol? – perguntei surpresa com a constatação.

 

- Porque, é muita coincidência, ela ter ficado diferente com você, depois que vocês viram o cara ruivo – falava, ainda olhando um ponto fixo na mesa – E do jeito que você me contou que vocês estavam toda se querendo, não faz sentido ela mudar assim.

 

- Sentido, não faz mesmo – respondi dando de ombros – Mas, o que poderia ter? Eu bati no Joseph, e ele bateu em mim. Está tudo resolvido.

 

- Não, Alice – ela me olhou com expressão séria – Deve ter coisa pesada nesse meio e você, é quem está pagando o pato.

 

Continuamos nossas teorias conspiratórias, sem chegar a nenhum fato concreto. Tudo o que sabemos, é que Joseph me atacou, pós eu atacá-lo e a pecinha sobrando, é o envolvimento da Bia com ele. Carol, ligou para o Léo e pediu para ele ajudá-la saber da vida da Bia. Estava disposta a descobrir tudo da vida da linda garota branca, de olhos amendoados e cara de sapeca. Contei a ela do convite da dona Chica para a fazenda e me incentivou a ir, para espairecer um pouco, já que ela iria passear de moto com o Léo e não estaria o final de semana por perto, para me fazer companhia. No entanto, antes de chegar o horário de ir pra diversão, tinha muito trabalho pela frente, exatamente no Complexo Veigas, e torci para não encontrar a proprietária do empreendimento.

 

Fui recebida por Cris e Tom, que foram muito gentis e cordiais. Tive reunião com os acionistas das duas empresas que estão sob minha responsabilidade e as prospecções de crescimento, foram aceitas, o que me despertou uma vontade absurda de contar para Laura, mas me contive em esperar os resultados aparecerem, e eu não precisar falar nada. Liguei para dona Chica, mas ela não me atendia, aproveitei a presença no complexo, e fui até o prédio ao lado, no andar do escritório da Laura, onde dona Chica trabalha. Sentia um leve gelinho na barriga por estar indo até lá, mas meu foco, era acertar o horário com a dona Chica e pelo que tinha ouvido pelos corredores, a patroa não estava presente. As portas do elevador se abriram e me deu um certo alívio, constatar que a informação da sua ausência era real. Combinei a saída com dona Chica, que estava muito animada e feliz com seu passeio e desci, tranquilamente, com o coração em paz de que não veria Laura Veigas tão cedo. Pelo menos, até a outra semana, estaria livre de seus encantos e seria tempo suficiente, para focar no que me pedira, tão secamente, e tentaria esquecer os momentos que passamos juntas.

 

Estava encostada no espelho do elevador, de frente para a porta e olhando pra cima, vendo o painel que mostra os andares, quando cheguei no térreo e as portas se abriram para eu sair. Parada à minha frente, aguardando a porta se abrir para subir, vestida com um macacão amarelo ocre com estampas afro, e turbante preto, a própria dona e proprietária do elevador. Imediatamente meu coração acelerou-se mais do que poderia imaginar ser possível. Prendi a respiração e senti um gelo que subiu desde a panturrilha até a nuca. A boca secou, e a garganta sentiu.

 

- Oooiii – me falou, abrindo aquele lindo sorriso que me desmontou inteira - Que surpresa te ver aqui!

 

- Oi – respondi secamente a olhando encantada com tanta beleza – Surpresa, também – e fui saindo do elevador.

 

- Está trabalhando aqui, hoje? – continuou a conversa, colocando a mão no sensor da porta.

 

- Sim – acenei com a cabeça em afirmação – Reuniões com acionistas.

 

- Interessante – falou sorrindo, me olhando fixamente e entrou no elevador – Já tem alguma novidade?

 

- Ainda não. Quando tiver, te passo o relatório – respondi me mantendo profissional.

 

Ela levantou as sobrancelhas e concordou, fazendo uma careta, movimentando o lábio inferior.

 

- Ok! Estarei no aguardo – respondeu sorrindo cordialmente e me olhando profundamente.

 

- Então, é isso! – sorri sem vontade e apontei a direção que iria – Vou indo! Até mais.

 

- Até! – respondeu, com um sorriso cordial.

 

Não esperei a porta se fechar e me apressei em ir para onde estava indo, sentindo as pernas descoordenadas e o coração descompassado. As lembranças da sensação horrível que senti na noite anterior me vieram à mente, junto das lembranças do café com a Carol, me falando de Joseph. Senti um nó na garganta e vontade sumir dali. Cheguei em minha sala e guardei minhas coisas, pronta para ir embora e o telefone na mesa tocou:

 

- Alice Stromps, pois não? – atendi rapidamente.

 

- Oi, sou eu – ouvi sua doce e, encantadora voz que me fez bambear as pernas e rapidamente me sentei.

 

- Oi! – respondi, engolindo em seco.

 

- Vai demorar ir embora? – perguntou-me.

 

- Não. Já estou de saída! – respondi com o coração acelerado.

 

- Hum.. Tem compromisso para o final de semana? – perguntou e eu não entendi absolutamente nada, com aquela pergunta.

 

- Tenho!

 

Um silêncio se fez presente por alguns segundos.

 

- Então tá! Ia te fazer um convite, mas, fica pra próxima.

 

- Ok! Pra próxima, é melhor – respondi ironicamente, sentindo vontade de xingar, ao mesmo tempo que tinha vontade desmarcar com dona Chica, mas me lembrei do seu pedido para esquecer tudo, e me mantive firme no propósito.

 

- Tá bom! Bom final de semana – me falou com a voz em baixo tom.

 

- Pra você também! Se cuida – e desliguei, antes de ouvir a resposta e não me permitir ficar ainda mais iludida.

 

Fui embora, com o nó na garganta se fazendo presente, desejando subir para seu escritório, pedir para que ela, me esquecesse. No entanto, me faltou coragem suficiente.

 


Fim do capítulo


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Comentários para 43 - Dona do Elevador:
Rafaela L
Rafaela L

Em: 28/03/2022

Armário não dá genteee!

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