Marga saiu de casa acompanhada de Alice, Lina e minha mãe e claro fui atrás delas como uma sombra.

Alice ate se assustou quando chegou ao portão da quadra e viu todo aquele armamento.

--puta merd*.—disse ela pasma ao ver as armas.

--e não é nem metade do que tenho. Então escolhe ai e pica a mula.—Marga realmente queria se livrar da Alice.

--o que esperar de você né.

--Alice vai entrar em um prédio sozinha? Deve esta lotado de infectados.—falei ganhando um olhar ansioso de Alice. Ela não queria pensar sobre isso.

--vou dar meu jeito.—falou ela tentando esconder aquele receio.--Não são tão difíceis de matar depois que você pega pratica.

--(rs) os desgraçados são rápidos.um tiro na cabeça resolve mas só se você acertar.—minha mãe avisou mas vi Alice sorrir.

--no dia que tiver que usar uma faca para mata-los vai ver o que é dificuldade. O condomínio bela arte é um prédio alto mas se eu contar com a sorte entro e saio de lá com ela sem muitos problemas.—Alice escolheu sua arma e estava disposta ao que for para esse resgate.

--não acho justo você ir sozinha.—falei e percebi de longe o olhar surtado de Marga me implorando para não abrir minha boca.

--o que?—Alice perguntou.

--poderíamos ir com ela.—minha proposta era inocente e Marga me encarou.

--que historia é essa?—perguntou Marga indignada. Era obvio que ela não queria ir.--Viramos seguidoras da madre Teresa? Todo mundo que vem aqui a gente tem que ajudar?

--ela não vai conseguir sozinha e você sabe. Por isso foi com ela ao prédio. —assim que falei vi que ela estava se controlando pra não dar na minha cara. Eu procurava. Só podia.

--porque não se tratava de contaminados e sim pessoas.—respondeu ela e ate que fazia sentido.

--você foi com ela para confirmar que Alice ia fazer o trabalho. Assume Marga.—minha mãe falou e Marga não tinha o que responder.

--(rs) ela te pegou.—Lina escondeu o riso enquanto Marga respirava fundo vendo que aquela situação não estava mais nas mãos dela.

--agora quero ter certeza que vai conseguir salvar sua mãe.—falei a Alice e Marga bufou deixando transparecer toda raiva pela minha escolha.

--pra porr* Mari!—disse ela frustrada.

--se não vai eu vou.—a respondi em meio aquele piti.

--você ta falando sério?—minha mãe perguntou e eu não podia arregar agora.

--estou mãe. Alice, você disse condomínio bela arte né? Eu o conheço. É onde Angelo mora.

--tinha que lembrar do anjinho.—o sarcasmo de Marga funcionava muito bem para me contrariar e para dar apelidos carinhosos a quem ela desprezava.

--não estou indo por ele.—respondi e ela riu.

--acredito.

--então também vou.—escolheu minha mãe.--to cansada de ver vocês saindo e adoraria conhecer esse menino.

--mãe!—corei na hora com ela interessada. Ainda mais na frente de todo mundo.

--eu vou dar um tiro na cabeça dele se vier com essa merd* pra cima de mim Mari.—Marga estava revoltada mas eu precisava que ela fosse.

--ótimo, então quer dizer que vai conosco? Por que se vai dar um tiro nele tem que estar lá.—a respondi e ela ficou calada me encarando puta da vida ate Alice se aproximar dela com um sorriso maroto.

--(rs) que milagre alguém que curte sua companhia.—Alice deu um tapinha nas costas de Marga e o olhar da dona do morro pra mim só faltou me fulminar.

--então, vai arregar?—perguntou Alice e me pareceu um desafio a Marga.

--(rs) Lina pega um carro pra caber essa galera toda. E vê se não se esquece da velhinha.—Marga a respondeu e era ótimo que seu orgulho não ousasse se perder para uma simples missão de resgate. Além do mais seu titulo de dona do morro da prata ainda era alguma coisa e pela sua cara desafiada o serviço seria moleza.

--é disso que eu gosto!!—Lina correu deixando a quadra em busca do carro e minha mãe e Alice já começaram a se preparar.

Tentei não rir da cara de Marga quando desafiada e tão prontamente se defender de uma fama de perdedora e acho que também foi um alivio pra mim ver que todas iriam ajudar Alice além dos meus outros motivos.

--pode ir contando..por que disso logo agora? Angelo é tão importante assim pra você?—perguntou Marga a mim enquanto as outras estavam ocupadas.

--não, mas Milena e Roberta sim.

--pff devem estar mortas. E você se me lembro bem ficou alegre satisfeita quando ela foi embora.

--(rs) estamos indo justamente para o mesmo lugar o que custa dar uma olhada no apartamento delas?

Ela me olhou desacreditada e ela realmente estava certa em me olhar assim. Eu queria saber de Roberta tudo sobre a reserva e iria ate o fim deste assunto se fosse preciso. Precisávamos disso.

Lina trouxe um carro de sete lugares chiquérrimo de viagem e não era pra me surpreender já que Marga tinha vários como coleção. Contudo, Alice viu o carro e era fácil saber o que ela pensava a respeito disso.

--você e seus carros..—Alice balançou a cabeça a negar e entrou no automóvel em silencio.

--o melhor para nossa ilustre visita não é mesmo?—a risada sarcástica de Marga estava adorando torturar Alice.

Entramos no carro com Lina na direção e Marga ao seu lado. Eu,minha mãe e Alice ficamos atrás.

--prestem atenção, quando chegarmos, temos que ser rápidas e seguir pelas escadas dependendo da entrada.—Marga guardou a arma e virou pra gente enquanto Lina ligava o carro.

--e se eles estiverem nos portões do condomínio??—minha mãe perguntou.

--a gente atrai eles para longe e entra. Reze para sua velha estar viva Alice.—Marga foi direta com Alice.

--eu não queria dizer mas obrigada. A todas..

--não fique sentimental agora. Agradeça se escaparmos.—Marga desvirou-se e sentou-se direito e olhando ao todo Alice agora estava amparada, Marga, Lina e minha mãe eram as melhores.

E como sempre sair do morro da prata era muito fácil. Lina atropelou quem estivesse na frente, tudo com um sorriso no rosto e logo tínhamos um carro sujo de sangue para combinar com o ambiente. Marga nem se importava e talvez eu devesse me acostumar.

--toma.—minha mãe pegou minha mão e entregou uma pistola.—pra você se defender caso precise.

--mãe eu..

--só se precisar.

Aquele peso daquela arma me fazia responsável como todas elas pela proteção de alguém daquele grupo. E a certeza que eu ia errar já era obvia mas eu entendia o perigo que estávamos nos metendo.

--se liga, temos que fazer silencio então guarda essa coisa muito bem.se atirar em mim eu te mato.—disse Marga baixinho pra mim e como sempre ouvindo tudo muito bem.

--Eu não vou atirar Marga.—a respondi e ela me olhou desacreditada.

--acho bom.

O prédio de tom arroxeado e de grades bronze já estava a alguns metros de nós e para nossa sorte a rua parecia intocada. Sem contaminados e sem toda a bagunça de carros abandonados pelo caminho.

Pelo vidro do carro observamos a portaria e dali tudo parecia calmo demais.um silencio estranho e de arrepiar.

--não tem ninguém.—a voz de Lina era a única coisa que ouvimos.

--não tem ninguém a vista.—Marga nos lembrou.--ok,vamos entrar e se tiver contaminados não se desesperem e nem se afastem. Qual o andar da Milena Mari?

--decimo.—respondi.

--e o da velha Alice?

--decimo dezoito.—Alice respondeu.

Marga olhou para mim e avaliou nossa situação.

--helena você e Lina ficam com ela. O resto vem comigo.

--resto?(rs) e se tivermos algum problema com os moradores infectados?—perguntou Alice a Marga.

--a gente volta caralh*.na hora a gente decide.

--mas..

--puta merd* só confia!

Saímos do carro e Lina com um jeitinho conseguiu destravar o portão e passando pela portaria vi o rastro de sangue seguindo para o interior do prédio. Dava pra ter ideia de como os contaminados arrastaram quem estava ali e o desespero deste registrado pelas marcas de mãos pelo piso.

--Mari, vamos.

Marga tomou a frente junto de Alice e Lina e indo ate o saguão encontramos ali no cantinho o porteiro devorado. O que sobrou dele me fez virar o rosto. A cabeça estava aberta e o rosto tinha sido rasgado. Não havia olhos e nem nariz. A mandíbula tinha sido quebrada e o que restara da língua estava no chão. Seu estomago estava aberto e as entranhas soltas ao seu redor. Suas pernas tinham sumido.

--não olha.—minha mãe me puxou para longe dali me colocando de costas ao corpo.

Marga e Lina conferiam a entrada das escadas de emergência e cautelosas abriram a porta e entraram.

--ta limpo. Venham.

Subimos sem esperar muitos encontros, mas como estávamos com pressa subimos rapidamente esquecendo o barulho que nossos pés faziam ecoando a cada degrau.

--decimo andar. Vocês ficam aqui ate voltarmos.—Marga nos avisou antes de nos separar.

--vê se não demora.—falei e Marga acenou e subiu apressada para acompanhar Alice.

Minha mãe e Lina foram cuidadosas ao abrir a porta para o andar enquanto via Alice e Marga subindo as escadas em direção ao decimo oitavo. Oito andares a cima de nós

--Mari,vamos..—falando baixinho Lina abriu a porta e entramos no andar.

Tirei da bolsa uma lanterna e entreguei uma para Lina e fiquei com mais uma. Minha mãe estava atenta a qualquer barulho com sua arma em mãos e me mantinha praticamente colada a ela.

--qual a porta?—perguntou ela baixinho.

--808.

Seguimos ate a porta e levemente eu bati e bati porem o silencio foi a resposta.

--viu!?Não tem ninguém.—disse Lina impaciente.—vamos antes que apareça algum contaminado.

--arromba. —mandei e ela ate se surpreendeu com o pedido.

--o que? Mari não tem ninguém.

--Lina.—insisti e minha mãe acenou aprovando também.

Lina com um tiro de pistola silenciada destruiu a tranca e assim que a porta se abriu esperamos um barulho porem nada. Entramos e chegando a sala encontramos tudo desarrumado. Parecia que tinham saído às pressas.

Minha mãe olhou na cozinha e em um quarto e Lina tentou o outro quarto e também voltou sem muitas expectativas.

--Mari não tem ninguém droga!—Lina voltou do quarto e isso me encheu de perguntas.

--...ela tinha me dito que ia tentar chegar na reserva.—falei pensativa mas Lina me olhou confusa.

--que?

Caminhei pela casa e minha mãe veio de mais um cômodo revistado.

--aqui também não tem nada.—dissera ela me observando a pensar.

Do banheiro escutamos uma batida.

Minha mãe e Lina avançaram e abrindo a porta do banheiro um corpo caiu ao piso. Era Roberta transformada e ao me ver já erguera do piso pronta para me atacar. Recuei e minha mãe a pegou pelo rabo de cavalo e a derrubou novamente no chão finalizando com um tiro em sua cabeça.

Seus pulsos tinham sido cortados e pelas feridas ela estava amarrada em algo, o que constatei pelo pano feito em tiras amarrados na barra de segurança da banheira.

--de alguma forma ela se soltou..—examinei o lugar e o cheiro só me dizia que estava ali a dias.

--acha que Milena conseguiu chegar aqui??—perguntou minha mãe tensa ao ver o estado de Roberta.

--eu não sei o que aconteceu..mas ela estava aqui para amarra-la.com certeza deve ter feito isso antes de partir. Ela tinha me dito que a mãe dela estava indisponível. De alguma forma se contaminou..

Corri para o quarto de Milena e nele encontrei suas roupas em uma perfeita bagunça. Ela tinha ido embora dali com toda certeza.eu tinha que achar alguma pista da reserva.

Por isso comecei minhas buscas. Procurei em cada cômodo, cada mesa e gaveta da casa procurando algo sobre a reserva sob os olhares da minha mãe e de Lina.

--você ta maluca por acaso?—minha mãe já estava impaciente me vendo de um lado a outro.

--tenho que achar uma coisa.—respondi unicamente.

--o que?

--uma informação que aquela filha da mãe poderia ter nos dado ao invés de jogar na nossa cara que ficaria bem depois que saísse do morro.

--ahn?que merd* é?—perguntou Lina querendo ajudar.

--Milena tem a localização exata da reserva.um lugar onde os ricos e poderosos estão escondidos.

--tipo os abrigos de onde Alice veio?

--não. Milena disse que eram melhores! Um lugar totalmente diferente!

--aquela arrombada! Ela não vai conseguir entrar num lugar assim Mari. Deve ter centenas de guardas!

--filha isso não é pra nós.

Eu não queria saber e ia ate o fim disto. Nem que eu revirasse todas as gavetas daquela casa e não demorou para ouvirmos Marga e Alice voltando e os gritos altos foram terríveis no nosso andar.

--FECHA A PORTA!!—Marga gritou e minha mãe e Lina correram para corredor do andar onde a porta da escadaria precisava ser trancada devido aos contaminados que os perseguia.

--mais que porr*!!—falei irritada porque agora eu tinha que me apressar.

--olha a boca!—minha mãe mesmo de longe continuava sendo minha mãe mesmo segurando uma porta de contaminados.

Eu precisei voltar ao escritório de Roberta e terminar minha busca e já ouvia Lina e minha mãe me dedurando para Marga. Ela chegou furiosa e cansada no escritório que gelei.

--que merd* você ta fazendo!?!?a gente precisa cair fora daqui!!—ela tentou me barrar mas desviei dela e de suas mãos.

--eu preciso achar uma coisa. Só um minuto!!

--é aquela historia de reserva Marga.—Lina me dedurou e tentei não ligar.

--pra que merd* você quer isso!!??—perguntou Marga cansada.

--pra ter a merd* de uma chance!!Acha que quero viver no morro pra sempre!!??—falei irritada e acho que pelo olhar de Marga a magoei. Ela exalou fundo e soltou uma breve risada sem vontade mas não deixei de acreditar no que senti quando seus olhos focaram em mim.—eu só preciso achar uma informação e a gente pode ir embora.—tentei ser mais calma e ela me encarou.

--a gente ta com a velha e vários contaminados na cola mas tudo bem a gente espera.—ela puxou uma cadeira e sentou. Achei sua ironia fora do comum mas era o tempo que eu precisava.

--mas que merd* estão fazendo??—Alice apareceu e me achou revirando as gavetas do mesão do escritório e Marga ali tentando parecer calma mas louca para me matar.eu sentia isso observando a perna dela saltitar ansiosa.

--é só uma coisinha.—respondera Marga com uma calmaria assustadora.

--a gente tem que achar outra saída!—dissera Alice deixando o apê.

--pois é..(rs)

Na ultima gaveta em meio a cadernetas de anotações eu achei um mapa.eu o abri e marcado com tinta de caneta estava escrito um pequeno texto sobre a reserva e sua localização.

--achei!!!(rs)—parecia que eu tinha ganho na loteria.

--agora vamos embora agora!!—minha mãe praticamente me arrastou.

Guardei o mapa dobrado no meu bolso e saímos do apartamento de Roberta para o corredor do oitavo andar.

--como a gente vai sair daqui??logo eles vão quebrar essa porr*.—Lina dera um jeito de prender a porta de emergência mas não duraria mais que alguns minutos o bloqueio.

--não vão mas..podemos tentar o elevador?—perguntou minha mãe olhando para a porta fechada.

--não tem energia.—lembrou a senhora assustada.

Marga e Lina mais uma vez abriram as portas puxando-as com toda a força e as cordas do elevador balançavam firmes e fortes como duas cordas.

--desculpa mas tem gente aqui que não vai conseguir descer por ai.—lembrou Alice porem a senhora a tocou acalmando-a.

--sou velha mas aguento.—dissera ela.

--infelizmente não é só a senhora.—Marga olhou pra mim e logo senti a indireta.

--vai se foder Marga.—peguei minha lanterna e iluminei as paredes do elevador onde as escadas que os mecânicos usam para consertos se revelou.—podemos descer por aqui.

--então vamos.

Rapidamente cada um foi descendo aquelas escadas de ferro adentrando a escuridão e o medo da altura veio em mim em forma de arrepios e vertigem. Descemos todas ate chegarmos ao teto do elevador no primeiro andar e abrindo a tampa do teto do elevador Lina,Alice,minha mãe e a senhora desceram cautelosas para seu interior, e assim que pousei meus pés no teto do elevador olhei para o alto e avistei Marga ainda alguns metros acima. Quando todas abriram a porta do elevador e saíram pulei para dentro da cabine do elevador e nisso ouvi uma porr*da no teto do elevador e um grito de dor da Marga.

--Marga!!—assim que falei todas retornaram seus olhares a porta do elevador porem o elevador soltou seus freios com o peso de Marga caindo sobre ele.

Acho que descemos ate o solo da garagem comigo sendo jogada do teto ao piso e depois ainda ter Marga caindo sobre mim ao entrar.

Fim do capítulo