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Amoras por Klarowsky

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Palavras: 4634
Acessos: 1055   |  Postado em: 24/03/2022

O passado

Laura

Saindo do hospital, encontrei com o Gustavo trocando de turno com um faxineiro, chamado Augusto. Trocamos olhares discretos, porém, o suficiente para que nos entendêssemos. Vou para a casa aliviada, sabendo que a equipe de segurança está a postos, conforme o combinado.

A vida real, longe dos encantos de Alice, não parou! Por um instante já sinto falta de estar por perto e me envolver na magia que ela emana de me fazer esquecer dos problemas. Porém, vou me reservar esse tempo precioso, como forma de recompensa do dia de trabalho e solução de conflitos.

Cheguei em casa apressada para me arrumar e ir à empresa. Já estava com os pés na escada, quando ouço a voz de Didi vindo da cozinha:

- Onde vai, com tanta pressa?

Virei-me a ela e sorri.

- Trabalhar!!! - desci do degrau e fui ao seu encontro. Dei-lhe um beijo apertado na bochecha e um abraço rápido.

- E esse olhar? Vai me explicar ou vou ter de arrancar à força? - perguntou-me olhando pelo canto dos olhos.

- Que olhar, Didi? - a encarei com expressão misteriosa.

- Esse aí - e apontou para meus olhos - De quem tá com dança de mico.

- Ah! Não começa vai?! - sai sorrindo rumo à escada.

Didi convive comigo desde que eu era criança e sempre teve o "dom" de ler meu olhar. Não existe o que eu consiga esconder dela. E como meu pai sempre falava: " Os olhos são o espelho da alma", ela vive a declamar. Exclusivamente hoje, estou animada. Provavelmente é isso que ela está enxergando.

- Como foi a noite no hospital? - perguntou, me seguindo para o andar superior.

- Foi tranquila. A Alice dormiu a noite toda. E agora cedo, a médica passou e informou seu caso - respondi enquanto escolhia uma roupa para vestir - Terá que ficar essa semana internada e em observação.

- Nossa! E ficará lá mesmo, no Einstein?

- Sim! Faço questão que seja lá!! – a respondi rapidamente.

Ela estava sentada na poltrona ao lado da banheira e me examinava com seus grandes olhos amendoados.

- Que foi, Didi? Por que está me olhando assim? – sorri ao perguntar.

- Não posso mais te olhar, Laurinha? – me falou com sorriso no canto da boca.

Revirei os olhos antes de respondê-la e fiz uma careta.

- Claro que pode. Só não estou entendendo esse olhar, de quem está me examinando.

- Só estou te olhando, minha menina – falou-me ainda cor ar de sorriso – Você está com uma aura muito boa e isso me deixa feliz.

- Sei – arqueei a sobrancelha e fui em direção ao banho.

Didi, permaneceu sentada na poltrona e com os pensamentos voltados a alguma coisa que a fazia sorrir em silêncio. Fui breve no banho e apressei-me em vestir-me.

Estava colocando o macacão preto que escolhi para vestir por baixo do blazer branco, quando ouço-a perguntar, com expressão enigmática:

- Essa sua nova amiga... vou poder conhecer?

A olhei com interrogação. Está falando da Alice? Qual o interesse em conhecê-la? Franzi a testa ao responder, fazendo careta:

- Se quiser, pode sim. Mas por que, gostaria de conhecer a Alice?

- Porque ela deve ser muito legal! Faz tempos que não te vejo tão empolgada, empenhada e animada com alguma amiga – falou-me olhando no fundo dos olhos.

- Ah! Didi – respondi enquanto começava a me maquiar – Ela é legal sim. Mas sou muito grata pelo que fez por mim no shopping. Você sabe como sou com essas questões de preconceito racial, e ela foi implacável. Acho que tudo que puder fazer para retribuí-la, ainda é pouco.

- Entendi!! – ela balançava a cabeça e me olhava pelo espelho – Então, quero conhecê-la, ainda mais agora. Me avise quando terei o prazer.

- Pode deixar, Didi – fiz uma careta pra ela pelo espelho, que sorriu e saiu, direcionando o olhar pra mim.

Conheço muito bem esse tom da Didi em me interrogar dessa forma. Ela certamente está pensando que eu estou com outras intenções ao ajudar a Alice. Quem dera!! Se eu soubesse que teria as mínimas chances, investiria pesado, mas, não passa de uma amizade que está surgindo. Lembro das trocas de olhares e diálogos de sentido ambíguos e brota um sorriso despretensioso em meus lábios. A Alice tem uma doçura no olhar, que me encanta. Aguardo ansiosa ela estar recuperada. Aparenta ser aquelas amigas que a gente chama pra tudo. Sinto falta de ter alguém assim por perto.

Me despeço da Didi, que gentilmente me beija a testa e me deseja com todo amor que existe dentro de si:

- Axé, minha menina!

Ouvir sua benção, me enche de força e esperança. E no momento, é tudo o que preciso!

O senhor Pedro apresentou-se estranhamento calado no caminho para o escritório. Tenho a impressão de que ele está incomodado com alguma situação, e está assim, desde ontem, quando ouviu o nome de Joseph. Para desviar de um congestionamento, ele desviou o caminho de modo que passamos paralelo ao hospital, e mais uma vez me lembrei da linda mulher de olhos verdes e sorriso largo. A memória da sua mãe, dona Fátima, me martela o cérebro. A conheço de algum lugar que não consigo me lembrar, mas sua face e modo de falar, não sai da minha mente. É como se já a conhecesse a muito tempo.

Tom, me aguardava na recepção. Como de costume, muito profissional e competente. Passou minha agenda e quais as principais decisões e reuniões a serem cumpridas no dia. Pedi a ele que abrisse um espaço para receber o Dr Leonardo, e o inspetor Carlos. Estou ansiosa por notícias.

A hora avançou-se sem que eu percebesse e, em meio a contratos para análise e assinaturas para completar, Mirela anunciou que o Dr Leonardo chegara. Olhei para o relógio que já marcava quinze horas. Permiti sua entrada e ele apareceu, envolto em um lindíssimo terno cinza, com camisa branca e gravata vermelha. Chiquérrimo.

- Boa tarde, senhorita Laura – cumprimentou-me cordialmente e eu sorri.

- Boa tarde, doutor Leonardo! Como vai? – apontei a cadeira para ele se sentar.

Conversamos sobre os últimos acontecimentos e o agradeci por cuidar de todos os detalhes referentes à transferência e tratamento da Alice. Ele foi impecável.

- Léo, e aí?! – perguntei-lhe com um leve sorriso – Você e a Alice...

- Não, Laura! – ele franziu a testa e sua expressão ficou séria – Já lhe disse que somos apenas amigos.

- Eu não estou muito convencida disso – falei a ele sorrindo,

- De fato, é linda. Mas não é para mim – sorriu timidamente – Agora, quem não está convencido com tanto empenho, sou eu!- e me olhou com mistério.

- Céus, Léo – sorri timidamente e senti meu rosto queimar – Que isso! Agora é assim? Acha que todas as mulheres são disponíveis para Laura Veigas?

Ele levantou as mãos e expressou-se fazendo careta.

- Se me diz! – esboçava um sorriso maroto – Quem sou eu para discordar. Mas vamos falar de assunto sério – sua expressão fechou-se rapidamente,

- Eu consegui o acesso às câmeras do hotel onde a Alice estava.

- Que ótimo. E o que temos? – cruzei as pernas e soltei a caneta que estava nas mãos, completamente atenta ao que Leonardo falava.

- Então. São peças de um quebra-cabeças! – ele retirou um pen drive da bolsa e me ofereceu para colocar em meu notebook.

Assistimos a sequência de vídeos, monocromáticos e de baixa qualidade: Alice chega na noite de domingo e faz sua ficha de cadastro. Em seguida, sobe para um dos quartos. Na segunda pela manhã, chega um homem, de terno, com cabelos e barbas grandes e óculos escuros. Faz a ficha na recepção e segue para o bar, onde toma alguma bebida servida pelo garçom. Logo em seguida entra uma moça e conversa com a recepcionista que rapidamente faz uma ligação. A moça segue para o bar, e senta-se de costas para a entrada. O homem que já estava no bar, levanta-se e segue para o corredor dos quartos. A Alice sai do quarto em que estava e segue para o bar onde se encontra com a moça e toca-lhe o ombro. Surge então um outro homem, careca e igualmente bem vestido e conversa com elas. Ao mesmo tempo, é possível ver em outra câmera, o homem que subiu para o quarto, mexendo na maçaneta do quarto da Alice e entrando. Alice com a moça e o homem careca, surgem instantes após, e também entram no quarto. Minutos depois, os dois homens saem e vão sentido ao estacionamento. A moça que estava no quarto com Alice, sai e corre em direção à recepção, voltando em seguida com dois funcionários do hotel. Minutos depois, uma equipe do Samu entra no hotel e segue para o quarto e instantes após, saem com Alice em uma cama, completamente desacordada e aparentemente sangrando.

Ao final da gravação, eu estava boquiaberta. Meu coração batia no ouvido ao presenciar aquelas cenas. Olhei para o Léo e sentia fúria em meu olhar.

- Te falei, é um quebra-cabeças – falou-me com os olhos arregalados – Conversei com o pessoal do hotel. Os relatos foram de que a Alice saiu de lá desacordada e que os homens, não voltaram mais.

- Estou horrorizada com esse vídeo Léo – minha expressão demonstrava o que sentia – Já mostrou isso ao inspetor Carlos?

- Não! Ele virá logo mais aqui e daí veremos juntos, novamente.

- Entendi. E conseguiu acesso à ficha de cadastro? Tem algum nome?

- Então – começou a falar, apoiando o cotovelo na mesa – A moça que aparece no vídeo, é a Carol, amiga da Alice.

- Meu Deus! Que horror!

- Calma! Ela também é vítima! – falou rapidamente o advogado.

- Entendi! E os dois homens?

- O careca que aparece com a Carol, não tem registro dele e a própria Carol, disse que não sabe, pois ele não falou. Já o cabeludo, cadastrou-se no hotel, com o nome de – ele procurou o nome em suas anotações - Bernardo Veigas.

Nesse momento, senti minha pressão cair. A garganta ficou seca e senti um amargor preencher minha boca. O coração, batia dentro do ouvido e as mãos suavam.

- Que brincadeira de mal gosto é essa, Leonardo? – sentia minha voz trêmula ao falar.

Ele olhou assustado para meus olhos.

- Não estou brincando, Laura. Esse é o nome do homem cabeludo. Ele apresentou documentos na recepção – respondeu com convicção.

Eu piscava lentamente, tentando entender o que ouvia.

- Léo – senti meus olhos marejarem-se em lágrimas – Bernardo Veigas é o nome do meu pai.

Pude contemplar o gelo que Leonardo sentiu ao ouvir essas palavras. Empalideceu-se e engoliu saliva em seco. Arregalou os olhos e me fitou, completamente atônito.

- Como assim, Laura? – ele estava tão confuso quanto eu – Não pode ser! Ele apresentou documentos. Eu mesmo vi os documentos arquivados no sistema.

Minha mente girava e tinha a sensação de que, a qualquer momento iria desmaiar. Que pesadelo estava começando a viver? Apoiei os cotovelos na mesa e esfregava os olhos. Léo me olhava atentamente, sem reação.

- Léo – eu procurava as palavras a dizer, pois essas sumiram de meu raciocínio – Preciso de água.

Ele prontamente levantou-se e pegou um copo de água. Me ofereceu e saiu da sala. Instantes depois, voltou e me anunciou que pediu à Mirela chamar o inspetor Carlos, com urgência.

Minha mente estava acelerada. Lembrava do meu pai, da Alice, do acidente, do orfanato. Ouvia e sentia meu coração descompassado e as lágrimas escorrerem, à medida em que eu apenas piscava, na tentativa de entender o que estava acontecendo.

Ficamos em silêncio, à espera de Carlos, que não demorou em chegar. A Mirela anunciou sua presença e ele entrou na sala. Assustou-se ao me ver com lágrimas insistentes em rolar na minha face. Eu não falei nada. Me faltavam palavras. Apenas mostrei-lhe o vídeo, que ele assistiu atentamente.

Ao final, Leonardo percebeu que eu não estava em condições de conversar, então, expôs o que tinha conseguido para as investigações.

Eu os ouvia falar, como se estivessem em outra sala. O volume mais alto aos meus ouvidos, era da minha respiração ofegante, juntamente com as batidas descompassadas do coração. Estava imóvel.

- Senhorita Laura, estou entrando em contato agora mesmo com a divisão criminal e vamos encontrar essa pessoa – falou de forma incisiva o policial pegando o celular e apertando alguns números.

- Quero essa pessoa aqui, na minha frente – falei entre os dentes, sentindo a raiva que invadia meu ser.

- A senhorita, o terá! – respondeu, fitando-me.

Leonardo então falou o nome da Carol, e imediatamente, Carlos pediu seu contato e explicou-me que não poderia chamá-la a depor, no meu escritório. Porém, eu poderia acompanha-los até a delegacia, se assim desejasse. Ordenei que fossem antes de mim e que, iria concluir algumas pendências e chegaria em seguida.

Eles se ausentaram e pedi ao Tom que organizasse o que faltava por mim. Eu estava muito fora do eixo para tomar qualquer decisão.

Meus sentimentos estavam todos aflorados. Lembrava de Joseph, esboçando seu sorriso nojento para mim, no restaurante. Alice machucada no hospital. O nome do meu amado pai, aparecendo inesperadamente em meio a essa bagunça toda. Minha mente girava e minha visão se mostrara turva.

Saí do escritório e solicitei ao sr Pedro levar-me até a delegacia. Ele estranhou o pedido mas obedeceu. Contei a ele o que vi nos vídeos e o nome que surgiu. Ele meneou a cabeça e falou:

- Joseph Gordon!

- Como assim, senhor Pedro? Na filmagem não se parece com ele.

Me olhou pelo retrovisor e repetiu:

- Joseph Gordon.

- Como tem tanta certeza? – o perguntei

- Senhorita Laura, não faça perguntas se não está disposta a ouvir as respostas.

- Mas eu quero ouvir, senhor Pedro – retruquei – O senhor, que não quer me contar.

Ele franziu a testa e sua expressão ficou carregada de mistério.

- A senhorita não está preparada para as respostas que eu tenho.

- E como sabe? – expressei-me brava – Prefere me ver em risco, do que me contar o que sabe?

- Prefiro sua proteção, senhorita Laura – continuava a me olhar pelo retrovisor – Prezo por ela, desde que ficou órfã. Por que acha que aceitei esse serviço?

- Ora, senhor Pedro – o respondi furiosa – Não se faça de salvador da pátria, agora. Aceitou o emprego pois precisa dele.

- Engano seu, senhorita! Eu não preciso! Sou muito bem aposentado e não preciso de mais dinheiro. Meu objetivo sempre foi a sua proteção.

- E protege-me do que mesmo? – perguntei-o arqueando a sobrancelha.

- Do passado, senhorita Veigas – olhava-me seriamente pelo retrovisor – Do passado!

Eu absolutamente não fazia ideia do que o senhor Pedro me falava. Sentia minha mente confusa e a boca amarga.

- Do que o senhor está falando? Que passado que está se referindo?

- Peça ao inspetor Carlos, para investigar a vida de Joseph Gordon – falou, estacionando o carro na delegacia – Eu acreditei que passaria a vida sem ser preciso tocar nesse assunto, mas os acontecimentos estão tomando outro rumo..

- Senhor Pedro, está me assustando com essa conversa – o interrompi.

- Apenas peça que investiguem a vida desse moço. Depois conversaremos melhor.

Saí do carro com a sensação de ter levado um golpe na cabeça. Minha mente está em completa confusão. Não basta as obrigações enquanto empresária, agora me aparecem esses problemas a resolver.

Encontrei com Leonardo que me aguardava na recepção. Senti olhares sendo dirigidos à minha pessoa como se eu fosse culpada por estar ali. Homens fardados e não fardados esboçando olhares asquerosos. Entramos na sala do inspetor Carlos que gentilmente nos atendeu. Sentada à sua frente, estava uma moça branca, cabelos castanhos, alhos amendoados. Muito bonita. Reconheci como a moça do vídeo do hotel e logo concluí ser a Carol. Cumprimentei-a educadamente e ela me olhou com surpresa:

- L-Laura Veigas? – olhou-me de baixo pra cima com expressão de espanto.

- Sim. Prazer! – a respondi, estendendo as mãos.

- Meu Deus! Você é ainda mais linda pessoalmente – ela me olhava como quem via um ídolo.

Senti meu rosto queimar e não consegui evitar o sorriso.

- Obrigada! – dei de ombros timidamente – Estou surpresa com essa fala.

- Surpresa estou eu! – continuava a me olhar espantada – Meu Deus! A Alice fala de você a vida inteira – e revirou os olhos – Jamais imaginei te encontrar aqui.

Essa informação me pegou de surpresa. Como assim, Alice fala de mim a vida inteira? As últimas emoções que senti, por um tempo até me desviaram dos pensamentos na linda moça dos olhos verdes, mas com sua amiga aqui na minha frente, me olhando tão atônita, rapidamente lembrei-me dos seus encantos.

- Não se sinta exclusiva nas surpresas – sorri timidamente – Eu tenho descoberto coisas inimagináveis. Me encontrar, certamente é a menor delas.

Ela sorriu e continuou.

- Antes de mais nada, muito obrigada pelo que tem feito pela Alice – segurou em minhas mãos – Todos que somos próximos a ela, estamos imensamente gratos a você.

- Imagine, Carol – dei de ombros, olhando em seus olhos -É o mínimo que amigos fazem, não é? Cuidar!

- Ah, sim! Amigas! – ela balançou a cabeça e me lançou uma expressão misteriosa confundindo com seu sorriso espontâneo, me fazendo corar.

Não entendo porque as pessoas estranham o que me propus a fazer pela Alice. A única diferença entre mim, e os demais, é que atualmente, tenho condições financeiras que possibilitam oferecer alguns luxos. Nada mais.

O inspetor Carlos então, percebendo que o assunto entre nós se acabara, continuou a conversa que já estava tendo com ela antes que eu chegasse.

- Certo, Carol – olhou diretamente para ela – Podemos continuar?

- Sim, senhor – ela respirou fundo, dirigiu o olhar a ele – como eu falava, a Alice me ligou e estava afoita. Falou que tinha sido perseguida pela marginal, logo após sair do restaurante que ela jantou. Daí ela desviou o caminho e optou por parar nesse hotel. Me pediu para ir na segunda-feira levar roupas e um chip novo, pois ela iria quebrar aquele que estava usando.

- Sim. Prossiga – o inspetor digitava tudo o que ela falava.

- Desligamos a ligação e fiquei preocupada com minha amiga, mas como sei que ela é muito esperta, tentei me tranquilizar.

- Esperta em qual sentido? – perguntou-lhe o policial

- Ah, senhor! - respondeu com expressão de admiração – A Alice é uma mulher muito inteligente. Ela é ligeira em tomar atitudes. Veja, ela pensou em ficar em um hotel, para despistar a chance de ser seguida até sua casa. Eu jamais faria isso – e sorriu – Além de ser praticante de esportes e defesa pessoal. Ela sabe se defender.

- Entendi – olhava atentamente a ela o inspetor – Pode continuar.

- Então, daí, eu fui dormir. Na segunda iria logo cedo comprar roupas pra ela e o novo chip que me pediu – ela baixou a cabeça e vi seus olhos se lacrimejarem – Já era madrugada e acordei assustada com barulhos na cozinha. Levantei e fui ver o que era. Quando cheguei na cozinha da minha casa, o homem careca já estava lá dentro. Ele me deu um tapa no rosto e pediu para que eu não fizesse barulho – escorriam lágrimas em seu rosto – Me fez um monte de perguntas de onde estava a Alice e eu negava saber. Cada vez que eu negava, ele me batia, até que ele apontou uma arma para mim, e falou que já sabia que eu estava mentindo, pois eles tinham hackeado o celular da Alice – nesse momento senti minha espinha gelar ouvindo a Carol depor em meio a choro – Ele mandou eu me trocar que iríamos ao seu encontro.

- Esse homem, estava sozinho? – perguntou o Sr Carlos.

- Sim – ela continuou – Daí coloquei uma roupa enquanto ele me esperava na sala. Tentei ligar pra Alice lá do quarto, mas o celular dela só dava caixa postal. Ela já devia ter tirado o chip. Saímos de casa com ele me apontando a arma na cintura, pedindo pra eu fazer silêncio. Entramos em um carro chique, algum da Toyota, não sei o modelo.

- Conseguiu ver a placa?

- Não, senhor. Eu estava com muito medo. Nem lembrei disso – ela chorava e limpava as lágrimas – Daí no carro ele ligou para alguém e falou que estava a caminho do hotel, e que já estava com a amiga. Ele ouviu alguma orientação e apenas concordou.

- Ele não falou nenhum nome?

- Não. Nenhum nome. Ele me orientou que chegando ao hotel, era pra eu ir pro bar e pedir pra Alice descer me encontrar. E foi isso que fiz. Avisei a recepcionista e fui pro bar. Eu estava com muito medo. A Alice apareceu e se assustou com meu rosto machucado. Daí antes que eu pudesse falar alguma coisa, senti o cano do revólver na costa e aquele homem apareceu pedindo pra subir pro quarto – ela chorava muito – Daí subimos. A Alice estava muito assustada. Entramos no quarto e quando vi, tinha um outro homem lá dentro.

- Sabe descrever como ele era? – perguntou o policial

- Sim – limpou as lágrimas e continuou – Alto, ruivo, barba mal feita. Muito bem vestido. Cara de pessoa mal caráter. A Alice levou um susto e chamou ele pelo nome. Alguma coisa com Joao..José..

- Joseph – a interrompi.

- Isso! Joseph! – ela me olhou assustada – Você o conhece?

- Sim. O nome dele é Joseph Gordon. Almocei com ele ontem – e sorri ironicamente a ela.

Ela baixou os olhos e meneou a cabeça. Sua expressão era de raiva e medo.

- Almoçou? – franziu o cenho ao me perguntar – Ele saiu de lá e foi se encontrar com você, então! Ele falou alguma coisa de compromisso meio dia.

- Provavelmente – a respondi entre os dentes.

- Prossiga, senhorita Carol – ordenou Carlos.

- Ele falou um monte de coisas pra Alice. Xingou e tudo. Ele estava descontrolado na verdade. Ele ria e falava sério. Andava pelo quarto. Apontava a arma. Estava esquisito demais – ela meneava a cabeça ao lembrar da cena – Daí uma hora ele pegou uma foto e mostrou pra Alice.

- Foto de quê? – Carlos perguntou e me olhou.

- Eu não consegui ver direito. Eu estava chorando muito. Aquele homem estava com a arma encostada em mim, eu estava com muito medo – ela voltou a chorar – Mas daí a Alice ficou muito brava quando viu a foto e ele falou alguma coisa sobre ser o que ele queria e ela partiu pra cima dele.

- Ela bateu nele? – perguntei espantada.

- Sim! Deu um murro no queixo. Mas ele virou um tapa tão forte que ela caiu e bateu a cabeça na guarda da cama – ela fechou os olhos e meneava a cabeça. Dava pra sentir a dor dela ao falar – Ele bateu muito nela. Eu gritava pra ela parar, mas a Alice é teimosa. Ela tentou revidar e ele bateu mais. Ela estava com muito sangue escorrendo pelo rosto e ainda assim, apanhando. Eu gritava de medo, de pavor. Ele ia matar minha amiga – ela tremia e chorava – Daí ele jogou ela na cama e apontou a arma pra ela e ela pediu pra ele, para conversarem – ela parou, tomou um gole de água que estava a sua frente, limpou as lágrimas e continuou - Daí ele falou pro homem me soltar e sentou pra conversar, como se nada tivesse acontecido. Eu corri até a Alice, a abracei. Ela estava muito pálida. Ela já é branca demais, mas estava pálida e a boca rocha. Percebi quando ela foi ficando gelada e então ela desmaiou.

- E os homens, fizeram o quê? – perguntou o inspetor

- Eu gritava pelo nome dela e pedia socorro. O ruivo foi até ela, viu se estava respirando, olhou pra mim e falou pra eu limpar toda a sujeira. Daí ele pegou a bolsa dele, colocou uma peruca de cabelo e barba preta e saíram os dois. Eu fiquei desesperada. Escorria sangue da cabeça da Alice. Ela na cama, desacordada. Saí correndo e fui pedir socorro. Dois homens do hotel vieram me ajudar e não sei quem foi, que ligou pra ambulância.

- E você a acompanhou até o hospital?

- Sim! Eu fui com ela na ambulância. Ela foi desacordada o tempo todo. Eu a chamava, segurava nela – ela chorava muito – Meu Deus! Que desespero! Achei que fosse perder minha amiga. Ela é tudo o que eu tenho de mais precioso. Ela é minha irmã de alma. Senti muito medo dela morrer. Eu me culpava por ter levado o homem até o hotel, mas sei que não tinha escolha.

- E você não viu mais nenhum deles?

- Graças a Deus, não! Mas eu não tive coragem ainda de ficar em casa sozinha. Estou no apartamento da Alice, que tem portaria. Me sinto mais segura.

- Muito obrigado por nos contar tudo isso, senhorita Carol – falou o inspetor e em seguida olhou para nós – Já temos motivos suficientes para concluir que vocês foram vítima de uma perseguição elaborada por uma pessoa em específico – voltou os olhos para Carol – Mas por enquanto, é bom manter-se atenta e qualquer movimentação diferente que notar, imediatamente nos comunique.

- Obrigada, senhor – ela falou esboçando um sorriso sem vontade – Estou bastante assustada, mas temos que seguir. E a Alice, não se lembra de nada disso. Nem posso contar por enquanto para poupar sua saúde.

- Exato, Carol – falou o policial – Você já contou para quem precisava. Agora nós continuaremos as investigações e qualquer novidade no caso, notificaremos. O doutor Leonardo a representará também?

Leonardo imediatamente se pronunciou, causando-me surpresa.

- Sim, senhor! Sou eu, o advogado dela.

Olhei para ele que estava com expressão séria, mas, sutilmente, olhou para Carol que retribuiu o olhar. Não é possível, esse Leonardo não perde tempo. Está flertando com as duas amigas, mas que ligeiro. Pensei e, apesar de todos os pesares, consegui sorrir em pensamento.

O inspetor dispensou a Carol e pediu para que eu permanecesse.

- Senhorita Veigas, estamos em frente a uma perseguição aparentemente sem causa. Continuaremos a investigar. Já temos o nome do principal suspeito.

- Sim, sr Carlos. E eu quero que investigue toda sua vida.

- Solicitarei isso a equipe.

- Por favor! E me mantenha informada. A equipe de segurança, mantenha atenta também. A Carol também está segura, não é?!

- Está sim. O doutor Leonardo já havia me passado o nome dela. Estamos com dois profissionais disponíveis a ela, o tempo todo, sem que perceba.

- Obrigada – o respondi gentilmente e levantei-me para ir embora.

- Senhorita Veigas – me chamou novamente – Já ouviu falar: Mantenha os amigos por perto, mas os inimigos ainda mais?

- Já sim, senhor – franzi o cenho ao responder – O que propõe?

- Dê ao Joseph o que ele quer. Faça o jogo dele. Chame-o para eventos, marque algum almoço. Vamos mantê-lo ocupado e acreditando que está conseguindo o que quer. Enquanto isso, o investigamos e na hora certa, o pegamos.

- Interessante sua proposta, senhor Carlos. Farei o possível.


Fim do capítulo


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Comentários para 32 - O passado:
mtereza
mtereza

Em: 29/03/2022

Nossa gostando desse clima de suspense e mistério


Resposta do autor:

:)

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